Mein Herz ist auf dem See escrita por Peter C Smith


Capítulo 4
Harterpool




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“Foi na fé que todos padeceram, confessando que eram apenas peregrinos sobre esta terra.”

Hebreus 11.13

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– Espere! – Gritou ele, tentou se erguer, mas Palas já havia saltado no mar.

Ernest sentou-se, apoiando as costas na parede da caverna. Sentiu-se intrigado ao refletir sobre o que acabara de ver, não fazia ideia de que poderia existir nesse mundo criaturas tão belas como aquela. Sua mente vagou. Refletiu sobre que outras maravilhas poderiam existir sob o véu negro do oceano. Pensou na escuridão do mar e nos mistérios que estariam ocultos nas profundezas. Pensou em que outras criaturas poderiam se esconder naquela profunda escuridão. Criaturas belas, imponentes, majestosas... Colossais... Terríveis...

•••

Ernest mergulhava na escuridão, fria, profunda. A água salgada inflamava os seus olhos e os seus pulmões clamavam por oxigênio. Não conseguia ver nada.

Um vulto abafado irrompeu as águas espessas. Ernest sentiu algo se movendo à sua direita. Algo grande.

•••

Sentiu um arrepio na espinha e um nó no estômago. Abanou a cabeça para afastar esses pensamentos assombrosos. Estava se desviando de seu alvo, e precisava voltar ao foco. Levantou-se e seguiu, rumo à praia.

Mal havia deixado a caverna e já fora surpreendido por cinco baionetas na ponta do seu nariz. Cinco Casacas Vermelhas e um oficial montado o cercavam.

– Alto! - bradou o oficial em inglês, apontando o sabre para Ernest; Ernest ergueu as mãos.

– Identifique-se, alemão - prosseguiu ele, falando em um alemão um tando anglicanizado, mas que Ernest conseguia entender.

– Ernest Diefendorf, senhor - respondeu ele.

– Quem é você e o que faz fora de seu país nesses destroços navais? - disse num tom histérico

– Wow! Vá com calma, britânico, não estou em busca de contendas - respondeu Ernest - Apenas sobrevivi a um ataque e só quero voltar para casa. Se precisar de ajuda com alguma coisa, irei cooperar, mas não se esqueça dos modos.

O cavaleiro olhou com desdém para Ernest, mas no fundo sabia que ele tinha razão.

– Muito bem... - disse ele, embainhando o sabre - mas não fale assim de novo com um alferes da cavalaria, garoto!

Ja, mein herr... - Ernest não pretendia resistir, pois não tinha motivos.

– Então siga-nos! - disse o alferes - Sabe falar em inglês?

Nein.

– Ótimo, melhor assim. - e seguiu em frente Ernest os acompanhou.

Ernest mentira sobre não falar em inglês, falava fluentemente, como qualquer oficial do exército, mas não achou prudente falar a verdade, pois poderia ser perigoso revelar a sua patente. Além disso, não queria que os ingleses se acanhassem a falar alguma coisa que ele não devesse ouvir, quando estiver por perto.

Ernest caminhava entre os mosqueteiros.

– Aliás, - perguntou o alferes - onde está a sua espada?

O coração de Ernest quase saltou pela broca.

“A espada!” tinha se esquecido completamente “ela pode me denunciar!”

Ernest levou a mão ao lado do corpo, mas só encontrou a bainha vazia.

– Eu acho que a perdi.

– Já imaginei.

Ernest sentiu uma onda de alívio correndo pelo seu corpo, mas disfarçou a sensação, ao envés disso, manteve-se alerta.

Foi uma caminhada relativamente curta ao longo da praia, Ernest quase se deixou levar por seus devaneios mas recusou-se a baixar a guarda. Logo eles chegaram a um pequeno município com um porto. “Hartlepool” diziam algumas placas.

Ernest foi levado ao fórum da cidade. Lá, foram recebido por um senhor bem trajado em roupas cor-de-vinho, rechonchudo, de óculos e peruca, talvez o governador.

– Vossa Excelência... - disse o alferes, em inglês.

– Novas, Sr. Robert?

– Encontramos um sobrevivente do naufrágio que ocorreu ontem de madrugada, ele é alemão, não fala a nossa língua, e talvez seja só um aspirante.

Ernest fingiu não os entender.

– Pretende fazer perguntas a ele? - perguntou o Governador.

– Sim, Excelência - respondeu o Sr. Robert - Agora desembucha moleque! - disse Robert ao agarrar bruscamente a camisa de Ernest, falando num alemão cheio de erros.

– Menos, senhor - disse o Governador - não se esqueça dos modos.

Robert o largou.

– Perdoe a hospitalidade, filho - disse o Governador em alemão perfeito - só queremos fazer umas perguntas. Existe alguma coisa que possamos fazer por você?

– Preciso voltar pra casa, senhor

– Veremos isso em um outro momento, mas por hora, vou providenciar um quarto e roupas limpas para você.

– obrigado, senhor.

Ernest ficou alojado numa suíte simples em um palacete, simples mais confortável. Havia uma cama quente e água fervida, o suficiente para que o jovem capitão renove as suas forças.

Caiu a noite, com a noite, insônia, com a insônia, lembranças, com a lembraças, visões, com as visões, pesadelos...

•••

– Ernest! - disse uma mulher - olha só quem veio.

Ernest sentia-se fragilizado, assustado, tivera pesadelos; estava sentado na cama.

Sofie abriu a porta do quarto; Mina entrou. Ela não disse nada, se sentia culpada e envergonhada, apenas sentou-se ao seu lado e esperou, esperou...

– Desculpe por jogar aquela minhoca em você - disse ela finalmente.

Ernest a abraçou, pressionou o rosto contra o peito de Mina e agarrou suas mangas, Mina devolveu o abraço.

•••

Um baque surdo trouxe Ernest de volta à realidade. Alguem entrou pela janela do banheiro.

“O que foi isso!?” pensou, levantado-se bruscamente.

Havia um intruso na suíte. O jovem capitão levantou-se com cautela, encarou a porta do banheiro semiaberta, e finalmente decidiu ir vem quem entrara. Escutou uma tosse seca, muito familiar. Cada passo, cada respirar, cada batida do coração, estava pronto para luta, se preciso for. A porta bem adiante.

Ernest a abriu.

Era Palas, encolhida num canto.

– Água... - ela teve um ataque de tosse - por favor...

– Meu sabre! - ela segurava o sabre de Ernest;

Palas teve outro ataque, ela estava com uma aparência horrível, estava suja e parecia ressecada. Ernest sentiu que deveria ajudá-la. A tomou nos braços e a pôs na banheira, ainda cheia.

– Obrigada... - Palas se reclinou na banheira.

Ela parou de respirar, fendas em suas costelas começaram a abrir e fechar, em um ritimo regular; eram brônquios, como os de um peixe, que retiravam oxigênio da água.

Ernest estava sentado no chão, encostado na parede.

Finalmente perguntou:

– O que estás fazendo aqui?

Palas o olhou, sua expressão era cativante.

– Vim lhe devolver isto - ela lhe entregou sabre; Ernest reparou que os brônquios não se moviam enquanto ela falava.

Ernest o pegou; era uma verdadeira obra de arte, seu punho era como uma concha em espiral, o guarda-mão era uma serpente marinha, seu pomo era uma pérola sob uma garra de caranguejo e havia uma concha de madrepérola ao pé da lâmina com um a âncora gravada.

– Por que a pegou? - perguntou Ernest.

– Não sei... Apenas a achei bonita. - Palas abraçava os joelhos, parecia inocente como uma criança.

– Só isso?

Palas se encolheu ainda mais, como uma criança a sendo repreendida, o que fez Ernest se sentir mal pela sua atitude; ela fez que não com a cabeça. Ernest se aproximou, sentiu ao tremores da criatura, seu cheiro, como o cheiro do oceano. Se aproximou e tentou tocá-la.

– Por favor, não me machuque...

Ernest recuou a mão, sentiu um aperto no fundo do peito.

– Está tudo bem - disse Ernest - não precisa ter medo.

Pelas permitiu que Ernest a tocasse. Ele a tomou nos braços, e a aninhou em seu peito. Sentia-se, de alguma, maneira compadecido.

– O que houve com você? - perguntou Ernest.

– Eu... acho que desidratei.

– Por quê?

– Fiquei muito tempo fora d'água, procurando você.

– Por que estava me procurando?

Palas começou a chorar muito baixo.

– Porque eu o amo


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Notas finais do capítulo

Enteressante, não? Pallas ou Mina? Com quem vocês acham que Ernest vai ficar?



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