Mein Herz ist auf dem See escrita por Peter C Smith


Capítulo 5
Triste Coração




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O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

1 Coríntios 13.7

°

Ernest se afastou num rápido impulso.

– O quê? Mas como?

– Desculpe... - Pallas chorava aos soluços.

Pallas fazia Ernest se sentir como um monstro. lágrimas escoreram dos olhos de Ernest, ele apertou os olhos para contê-las.

Nein... Não precisa pedir desculpas... - disse Ernest - venha...

Ernest a aninhou novamente.

– Calma, esta tudo bem agora.

Ernest não sabia o que pensar. Como aquela criatura abissal poderia amá-lo? Sua mente estava enevoada, mas não procurou pensar sobre isso, apenas esqueceu, deixou se levar pelos tremores e a respiração falha daquela doce criatura.

Ernest realmente não compreendia a anatomia da sereia. Ele olhou para as suas costelas, os brônquios não se moviam, Pallas respirava, e Ernest sentia sua respiração e os movimentos de sua caixa torácica. Estaria ela fazendo isso de propósito? E quanto aos tremores? Como uma criatura de sangue frio poderia tremer? E Ernest percebeu que era agradável... Sentir-se como o guardião de uma frágil criatura. Ele apertou o abraço e beijou o topo de sua cabeça, sentiu um gosto salgado nos lábios, como o de algas marinhas.

Mas Ernest retornou à realidade.

– Pallas...

– Uhm?

– Você não pode ficar aqui.

– Por que não? - Pallas o olhou com seus grandes olhos

– Não é seguro, vou levá-la a praia.

Pallas fez que sim.

Ernest saiu pela janela, por onde Pallas entrara, as ruas estavam escuras e desertas, a lua estava cheia, dando à paisagem um contraste melancólico: o azul escuro do céu e o negro das sombras da cidade. Ambos chegaram às docas, a lua iluminava o oceano atrás das negras silhuetas dos barcos pesqueiros. Desceram à praia, embaixo de uma doca. Ernest sentou-se em uma pedra e Pallas reidratava-se. Ernest a observou, parecia estar se banhando...

– Venha! - disse Mina a Ernest - É por aqui.

Ernest e Mina caminhavam por uma trilha em um bosque, já estavam crescidos, Mina tinha 13 anos, e Ernest, 14, faltando poucos meses para completar 15,

– Venha! Por aqui! - dizia Mina.

– Ai... Já vou, já vou!

Mina estava alegre como sempre, correndo descalça por entre as árvores, com seu vestido branco e fino balançando; Ernest, mesmo de botas, caminhava com dificuldades sobre as raízes expostas das árvores.

– Aqui! Chegamos!

– Afff, finalmente! - disse Ernest ao retirar a boina e jogá-la no chão.

Ernest suspirou admirado, eles chegaram a uma bela fonte de águas cristalinas que escorriam por grandes pedras, num local cercados por paredões.

– Nossa... - Ernest olhava ao redor.

– Não é lindo?

– Sim... É...

Ao terminar de admirar a paisagem, Ernest voltou-se para Mina, que estava tirando suas roupas.

– Mina! Que diabos você está fazendo!? - disse Ernest perplexo.

– Não esperava que eu fôssemos tomar banho de roupa, não é?

Fôssemos!? Mas eu, e você... Não esta pensando em... - Ernest estava corado e nervoso; sangue escorreu de seu nariz.

– Ah, anda Ernest, seja tão tímido, já nos vimos várias vezes - Mina se esforçava para não rir de Ernest.

– Sim, mas nos tínhamos cinco anos!

– E por que agora tem que ser diferente? Venha.

Dizendo isso, Mina agarrou Ernest pela gola e o puxou para água.

Scheiße, Mina! Minhas roupas estão todas molhadas!

– Agora você não tem escolha! - disse Mina rindo, doce como sempre.

Ernest a olhou, não sabia o que sentia por ela. Compadecido? Agradecido...? Adimirado...? Encantado... Pallas era uma criatura fantástica, algo que Ernest adimira, como se ela fosse a personificação de sua grande paixão: o mar. O belo e misterioso mar, aparente mente terrível e feroz, mas na verdade apenas incompreendido. Todavia era tão humana quanto qualquer um, sentia medo, compaixão, dor, tristeza.

Ernest adimirou o seu corpo, sua anatomia fantasiosa, não fazia sentido ser tão paracido com um corpo humano. Ernest já sabia que ela podia respirar fora d'água, portanto compreendia seu nariz, mas... Ela tinha outras partes intrigantes... Como um umbigo, seja lá o que ela fosse, não nascera de uma ova de peixe, e sim de um ventre de mãe; uma cabeleira, longos cabelos azuis, que não pareciam ter uma finalidade em um ambiente onde não há a luz do sol; um belo par de pernas longas, coxas e nádegas redondas, embora não precisasse correr; um belo par de seios maduros, quadris largos... Uma genitália...

Ernest abanou a cabeça, querendo afastar os pensamentos impuros.

Pallas sentou-se ao lado de Ernest, encostou a cabeça em seu ombro e segurou a sua mão.

– Pallas... por que parece que você está sempre triste?

– Porque... - Pallas soluçou - sei que você não me ama.

Ernest sentiu uma bala de mosquete no peito. Ernest se encantara com a bela criatura que ela era, seu amado mar, mas sabia que ela tinha razão, o mar é um amante difícil, e o seu amor seria impossível, pois não poderia quebrar as fronteiras entre terra e mar... Além do mais, seu coração perstencia outra...

– Pallas...

Ernest não sabia o que dizer, estava em um dilema muito grande.

– Desculpe...

Nein... Não precisa pedir desculpas...

Ernest a abraçou com força, por um momento realmente queria poder amá-la. Como era possível não amar uma criatura tão bela?

– Pallas...

– Uhm?

– Quando você me salvou, eu estava chorando...

– Por quê?

– Tive medo não poder ver novamente a pessoa a quem amo.

– Entendo...

– Portanto... Obrigado...

Ernest ficou muito tempo assim, minutos, horas, não importa, o tempo importava para Ernest enquanto ele confortava a doce criatura inconsolável em seus braços, mas logo se deu conta de que tempo de mais havia passado. Ernest desejava que o tempo não passasse e que aquele breve momento fosse eterno. Eram quatro da manhã, o alvorecer estava próximo, da melancólica Harterpool, Ernest precisava ir, pois um longo dia o esperava.

– Já é tarde - disse ele - não posso mais ficar aqui.

Pallas desvencilhou-se de Ernest:

– Então nunca mais nos veremos?

– Receio que não - disse Ernest ao erguer-se - mas saiba que estou eternamente agradecido, e que lhe devo a minha vida.

– Não deves... seja feliz com sua amada e não seja escravo de meu favor... Mas... Apenas... me beije...

– Pallas...

– Por favor... Apenas uma vez...

Ernest olhou para a bela face de Pallas, seus belos e grandes olhos refletiam sua doce alma, injustamente atormentada, que comovia o melancólico capitão. Como era possível, uma tão bela e meiga criatura ter sua inocente alma carregada de sofrimento? Ernest acariciou suas bochechas, lisas, umidas, geladas e macias; acariciou com o polegar, seus lábios macios, e depois interceptou uma lágrima que escorria.

E finalmente a beijou.

Ernest estava reclinou-se em algumas pedras da fonte, próximo à pequena cachoeira, já despido de suas roupas, que secavam ao sol. Estava silencioso, os pássaros cantavam, as árvores sombreavam, a cachoeira banhava as rochas, e de alguma maneira, as águas eram quentes, aqueciam as pedras que estavam em contato com as suas costas e coxas, dando uma sensação de prazer e sonolência ao garoto, como se fosse uma grande banheira.

Mina estava sentada ereta em uma pedra, totalmente fora da água, de costas para Ernest, lavando seus cabelos loiros. Ernest adimirou seu belo e esbelto corpo nu, suas mãos delicadas alisando as mexas e suas belas costas sob os cabelos molhados.

Ah, Mina... pensou ele, admirado como você ficou linda...

– Ernest?

– Mina! Que foi? Nada! Eu só estava... - Ernest corou de vergonha.

– Nada, - Virou-se - só queria saber se você ainda estava ai - respondeu sorrindo.

Mina pulou na água, e se aproximou de Ernest e sentou-se ao seu lado, de modo que suas coxas se encontrassem, Ernest suspirou num pequeno susto ao sentir a pele de Mina contra a sua. Em em seguida, ela o abraçou, e depois passou sua perna sobre a dele, deixando-o ainda mais nervoso.

– Mi-Mina, eu acho que...

Shh.... - Mina levou seu dedo aos lábios de Ernest - Não precisa ter vergonha de mim, sou sua melhor amiga, não?

Ernest olhou o sorriso meigo da amiga, e levemente fez que sim. Mina pôs-se de joelhos na frente de Ernest, de modo que as pernas dele ficassem entre as dela, Ernest tentou desvencilhar-se mas Mina o impediu. Mina aproximou-se lentamente, sussurrou em seu ouvido:

–Feche os olhos...

Ernest, embora perplexo, obedeceu, fechou os olhos com força e tentou ignorar o mundo.

Então Mina o beijou.

Ernest voltara ao seu quarto, mal conseguia dormir, passou as ultimas horas da madrugada revirando se na cama, sua mente carregada o atormentava, como se estivesse do núcleo de um furacão de dúvidas.

Já eram sete da manhã, Ernest sentou-se na cama, pensativo. Ernest pensava em Pallas, de alguma forma ele a amava, ou apenas sentia um misto de gratidão, compaixão e encanto. Ernest sentira isso no momento em que seus lábios tocaram os de Pallas. Aquela sensação... Um beijo macio, suave, com um leve gosto salgado, gosto do mar... pensava... Lembrou-se de seu primeiro beijo...

Ernest estava surpreso. Olhos arregalados, coração frenético, suor. Sentia a pressão de seios maduros, desnudos e molhados em seu tórax, coxas macias pousadas sobre a suas e lábios quentes acariciando os seus... Uma sensação... Explosões de sensações... E era agradável...

Bateram à porta:

Herr Diefendorf?

Ja?

– Estamos lhe aguardando, mein Herr.

Eram dez da manhã, Ernest estava pensativo, sentado à uma mesa no gabinete do fórum de Hartlepool. Alguns homens adentraram a sala. Era o Governador, seguido de três oficiais, todos trajando a casaca vermelha do Exército Britânico, De. Robert era um deles; um criado entrou após, trazendo uma bandeja de prata.

O Governador sentou-se de frente para Ernest, e os oficiais mantiveram-se de pé.

Guten Tag, Herr Diefendorf.

– Guten Tag...

O criado pôs a bandeja diante de Ernest.

Tee? (Chá) - disse o Governador.

Danke... - respondeu; o criado serviu-lhe de chá, mas Ernest não fez menção de tocar na xícara.

O Governador tomou sua xícara, pôs quatro cubos de açúcar e três colheres de leite.

– Então garoto - disse ele em alemão ao adoçar o seu chá - me fale sobre você.

Ernest franziu as sobrancelhas.

– Não ia me interrogar, senhor?

– Não, de modo nenhum. Isto é apenas chá e uma conversa amigável pela manhã. Mas se quiserdes ir direto ao ponto, iremos.

Ernest encarou o Governador, pôs um torrão de açúcar em sua xícara e prosseguiu:

– Bem, não há muito o que dizer, Excelência.

– Sem problemas, filho.

– Sou apenas o filho único de um pescador, nasci e cresci em Norden, minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos, e o meu pai morreu a pouco recentemente.

– Entendo...

– Após isso, entrei para a Escola de Marinheiros. Essa foi a minha primeira viagem, fomos pilhados e... - Lembrou-se de afundar, do frio, da escuridão... Do medo. As lembranças o atormentaram.

– Tudo bem, tudo bem - disse o Governador, - Já entendemos...

Robert o olhou com uma cara feia.

– Realmente não parece ser uma história de grandes feitos.

– Sou apenas um marinheiro insignificante, Excelência.

Robert tossiu de propósito.

– Vejo... - disse o Governador - Bem, foi um prazer conversar com você. Infelizmente ficará aqui mais alguns dias, mas prometo que estarás logo em casa.

Danke, mein Herr...

O Governador se levantou e foi embora, os oficiais o seguiam.

– Esse moleque está escondendo algo de nós, Excelência, posso sentir.

– Tudo ao seu tempo, Tenente.


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