- O que é essa carta? – perguntei

         - Não sei, mas venho da C&A – só deve ser mais uma conta para pagar, não sei como não tinha quase mais nada de dinheiro.

         Peguei a carta e a abri. Dentro tinha um papel amarelo com o logo da C&A em alto relevo. Embaixo do logo estava escrito Parabéns. Será que era mesmo o que estava pensando. Abri o papel e li em voz alta.

         - Parabéns Isabela Martins, você agora faz parte do grupo de empregados da rede de lojas C&A. – quase gritei, tinha até me esquecido que tinha deixado um currículo lá – Você passou na entrevista e no teste, e amanhã dia 31.01 você terá que vir a uma de nossas lojas fazer uma experiência. Aguardamos você lá. Atenciosamente Direção C&A.

         No outro dia fui quase correndo de pressa para uma loja perto da minha casa. Fui voando. Quando cheguei comecei a trabalhar. A mulher que me contratou, Marina, me disse que o trabalho nas lojas C&A era pesado. Comecei a trabalhar no dia 01.02

         Um dia, acho que foi dia 06.02, tinha menos de uma semana. Ingrid mãe de Arthur apareceu na loja.

         - Isa? – ela me chamou.

         - Ingrid! – disse

         - O que você esta fazendo aqui menina? – perguntou ela

         - Ué. Trabalhando oras. – disse

         - Ah, temos sempre que fazer um esforçozinho. – rimos

         Fiquei conversando com Ingrid um longo tempo, muito tempo mesmo, era de a minha personalidade falar demais, eu achava que tinha algum problema, pois essa falação já tinha me prejudicado uma vez e pelo visto ia me prejudicar de novo.

         Marina vinha em minha direção com uma cara de brava, estava com medo dela e do que vinha me dizer. Eu estava tensa, pensei em correr e fugir da loja, mas teria que voltar para trabalhar no outro dia, ou eu poderia simplesmente abandoná-lo. Isso que eu vou fazer, não frequento essa C&A mesmo.

         Sai correndo, com a roupa da loja. Não importava era minha mesmo. No final quando olhei para trás vi Marina correndo atrás de mim. Sai da loja. Só ouvi ela gritando.

         - Volta aqui sua preguiçosa – odiava quem me chamava de preguiçosa, pensei em voltar, mas seria mais uma burrice que faria. Chega já estava bom todas as que cometi.

Cheguei em casa super cansada, Micaela não tinha acreditado no que tinha feito. Riu até da minha cara. Ela ficara imaginando a minha cara de maníaca correndo no meio de uma loja. Mica nunca tinha feito, podia ter qualquer defeito mas não era covarde como eu.

         O telefone de casa tocou. Vitor atendeu.

         - Isa é para você – gritou para mim.

         - Quem é – gritei de volta.

         - Arthur – disse.

         Sai correndo até chegar ao telefone.

         - Alô?

         - Oi amor, tudo bom.

         - Tudo.

         - Você já pensou sobre morarmos juntos – eu já tinha pensado

         - Sim – não esperei ele responder – Nós vamos morar juntos.