Alexa e a Guerra da Irmandade escrita por Priscila Luciani


Capítulo 10
Dúvidas




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A tarde passara depressa, e a lua logo brilhou no céu escuro, fazendo o jardim ficar ainda mais encantado do que já era. Alexa tomara um belo e bom banho em uma banheira grande que fez com que se sentisse uma princesa. Domícia trouxe um lindo vestido azul, leve e delicado, parecia ter sido tecido por fadas, que a garota vestiu e ficou rodopiando pelo quarto entoando uma canção alegre, esquecendo-se momentaneamente de seu pai.

— Alexa? – chamou uma voz doce.

A garota parou sua dança e abriu a porta.

— O jantar já está na mesa, vamos? – convidou Aurora.

— Oh, sim!

As duas seguiram pelo corredor tomado de quadros, e atravessaram a sala, mas desta vez na direção oposta, onde uma mesa rústica portando um verdadeiro banquete a esperava. Bernardo e Melinda já estavam a postos, e Domícia colocava o prato principal sobre a mesa: frango com batatas. O cheirinho era maravilhoso, e Alexa colocou-se rapidamente à mesa, ao lado de Bernardo. Não havia comido nada a tarde inteira, a não ser um bolinho e meio que não adiantara de nada, sua barriga roncava, ou melhor, trovoava, e o rapaz percebeu.

— Nossa! Acho que você andou engolindo uma manada de javalis com cólera, e eles estão fazendo uma rebelião em seu estômago.

— E eu acho que você deveria se preocupar em encher essa sua boca de polenta e não me torrar a paciência. – retrucou ela.

— Acalmem-se garotos. – interviu Melinda – Vocês têm o resto da noite para brigar. Agora vamos comer, afinal não queremos fazer desfeita com tantas delícias preparadas por nossa querida Domícia, não é mesmo?

— Ah, Domícia tem mãos de fada. – falou Aurora.

— Verdade. – confirmou Bernardo com a boca cheia.

— Seu ogro! Não sabe que é falta de educação falar de boca cheia? – indignou-se Alexa.

— Sério? – ironizou o garoto, ainda com a boca cheia.

A garota fez cara de nojo, arrancando gargalhadas de Aurora e Melinda, que já estavam se acostumando com a forma “diferente” como os dois se tratavam. Estavam tão acostumadas com a casa vazia, que a presença daqueles jovens trouxe vida ao ambiente, e isso as alegrava.

O jantar foi divertido, Bernardo e Alexa brigavam por tudo, pela quantidade de comida que um colocava no prato, pela maneira animal como o outro comia, pelo vinho que tomavam, pelos talheres que deixavam cair no chão, e até pela atenção de Melinda, que lhes fazia perguntas que ambos se intrometiam em responder. Depois, Bernardo e Melinda ajudaram Domícia com a louça. Alexa também queria ajudar, mas Aurora a convidou para um passeio no jardim, e todos insistiram que ela fosse, então ficou sem graça de recusar e acabou acompanhando a ruiva.

Logo que atingiram uma boa distância da casa, Alexa resolveu fazer uma das várias perguntas que perambulavam em sua mente.

— Como você conheceu meu pai?

Aurora sorriu, já esperava por essa pergunta.

— Seu pai foi um herói.

A garota arregalou os olhos, espantada.

— Ele salvou minha vida.

— Então meu pai já esteve aqui? Aliás, onde nós estamos?

Aurora respirou fundo e se perguntou porquê Alexa tinha que ser tão curiosa.

— Não. Ele era o melhor amigo de meu marido.

— Era? 

— Sim. Meu marido morreu quando fomos atacados pelos soldados das rainhas. Seu pai tentou salvá-lo, mas não conseguiu.

— Por que será que ele nunca me contou.

— Eu já disse, ele sofreu muito com tudo isso, então decidiu apagar tudo da memória.

— Mas ele foi um heroi! 

— Sim. Mas também perdeu aquele a quem considerava um irmão.

— E onde meu pai está agora?

— Não se preocupe com isso, querida. Apenas saiba que ele está seguro e você também.

Elas subiram em uma ponte e pararam admirando a beleza do lago que corria, águas cristalinas brilhavam sob a luz do luar, uma cena realmente estonteante.

— Você tem poderes? - perguntou Alexa.

— Sim. Mas meus poderes estão diminuindo a cada dia. Isso acontece porque eu atravessei a fronteira.

— Então você vai ficar sem poderes?

— Ainda não. Como eu já disse, você não deve se preocupar com nada agora. 

— Desculpe, mas não consigo. Eu não sei nem onde estou, não sei onde está meu pai, nem lua, nem se nossa casa ainda está de pé. Não faço ideia do que vim fazer, e muito menos o porquê de eu ter sido escolhida para estar aqui. E o que mais me atormenta: será que um dia tudo vai voltar ao normal?

Aurora ficou com o coração apertado, sabia que a garota estava certa. Em um belo dia acordara e passeava com Lua até que foi incumbida de levar um entrega que acabou mudando sua vida. Ela entrou em um portal a pedido de seu pai e agora estava cercada por um lugar estranho com pessoas também estranhas a lhe dirigir conversas que nada explicavam. Realmente, não estava nada bem. E a ruiva sabia perfeitamente o que Alexa estava sentindo, aliás ela não era a primeira.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos que passam por aqui e deixam seu comentário, isso é extremamente estimulante para um escritor, afinal, é estupendo quando meu mundo torna-se parte do mundo de meus leitores.

Beijinhos mágicos!!



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