Guerreiros escrita por L M


Capítulo 49
友人


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617825/chapter/49

Cinzas...

Cinzas em meio ao solo montanhoso de neve e gelo.

Cinzas misturadas e o gelo e o branco da pedra se tornando vermelho pela mancha dos sangues inocentes derramados.

Era a única coisa que se via, o cheiro forte de pólvora misturado com fumaça e sangue embrulhava o estômago de Hana que quando viu o estado do pequeno vilarejo que levava os alimentos até a cidade Imperial sentiu-se decair. Ela sentiu a tensão acumulada ao redor, até mesmo seu alazão Shu estava tenso e precisou dela acariciar-lhe para o cavalo começar a andar vagarosamente atrás de Tadashi que apertava com força as rédeas do cavalo, enquanto o ódio lhe atingia como uma bala de fuzil.

Eles adentraram no que seria a entrada do vilarejo, encontrava-se completamente destruído, o cheiro se tornava insuportável a medida que se aproximavam ainda mais. Vários corpos carbonizados jaziam ao chão, os olhos de Hana queria desviar da cena, porém sua mente a obrigara ver, a obrigara ver porque estava lutando... Alguns estavam com espadas cravadas no corpo, lanças, flechas e tiveram uma morte rápida, o que nas circunstâncias atuais seria o mais humano. Porém ao olhar a quantidade de corpos carbonizados, consumidos pelas chamas cruéis e dolorosas, a agonia se espelhando era demais para Hana sequer imaginar:

–Dominadores do ar! Quero uma varredura do local!-gritou Tadashi.

Hana viu Goenji, Ran e Hotaru se erguerem em voou rápido e veloz nas alturas das nuvens e começaram a sobrevoar o local:

–Busquem sobreviventes!-gritou Tadashi com a voz rouca ecoando em lástima.

Hana desceu de Shu, conforme todos os garotos faziam o mesmo. Ela começou a caminhar pelos destroços encarando a cada cena um aperto forte no peito, era demasiado horrendo as sensações de crueldade imposta a pessoas inocentes que ali jaziam sem vida.

Hana estava levando Shu em pela cela, e parou encarando com os olhos arregalados o corpo de uma grávida jazido no chão com uma flecha no pescoço, carbonizado e com traços de violência. As lágrimas se acumularam nos olhos de Hana e ela fungou baixo, deixando-as deslizarem por seu rosto.

Ela sentiu uma mão em seu ombro e encarou Shu lhe olhando pesaroso, enquanto ela rapidamente secava as lágrimas:

–Não é vergonha chorar por isso, Haruo-san.-falou Shiro:-Não os restaram nada além das lágrimas anfitriãs.

–É só, que... É muita maldade, Shiro.-falou Haruo/Hana:-A coragem que tiveram para realizar tal ato, não deveria nunca ser chamada de coragem... Foram desumanos.

–Eles não ligam para quais serão os mortos ou os vivos em uma guerra. O bem próprio e a realização de seus objetivos é a única coisa que importam para eles, são homens consumidos pelas trevas em seus corações, não conhecem o amor ou nada parecido.-falou Shiro:-É assim que nascem os monstros, antes pensamos se tratarem de criaturas... Mas os monstros são os nossos semelhantes, é isso o que mais me causa repulsa.

–Ah...-ofegou Hana tapando o nariz com um pano e Shiro fez o mesmo conforme andavam ainda mais, olhando cenas lamentáveis.

No alto de um patamar vendo todo o estrago estava Tadashi com as mãos fechadas em punho, a cabeça erguida encarando os céus escuros por conta da fumaça negra que habitava o local de sepultamento das pobres almas:

–Kami wa watashitachi o tasukemasu.-rogou baixo:

–Comandante Tadashi, sinto informar-lhe mas não é sobreviventes.-falou Kohaku:

–Ele não é de deixar sobreviventes aonde passa, Kohaku! Sabes disso melhor do que eu.-falou Tadashi:

–Maldito!-grunhiu Kohaku:

–Uma fatalidade... Não sabíamos que invadiriam aqui e não o vilarejo maior.-falou Tadashi:

–Porque ele esperava isso.-falou Kohaku.

Daisuke olhava tudo com a cabeça baixa, sentindo a bile tomar-lhe a garganta conforme chegava mais perto dos corpos e adentrava ainda mais no vilarejo:

–Deus! Isso é horrível... O que será de nós também?!-indagou o garoto com a longe franja cobrindo-lhe o olho esquerdo:

–Mando a metade para o inferno antes de perder a minha cabeça.-bradou Hideo com raiva.

Takeshi andava e tentava não se intimidar pelas demais imagens que vinham em sua mente, seu pai lhe contava histórias da guerra e o garoto já sabia o que iria encontrar ali. Mesmo as imagens cravando cicatrizes em sua memória e sabendo que jamais o iriam abandonar, ele continuava adentrando ainda mais, o cheiro ficando ainda mais podre e ele tampava as narinas com um pequeno pano enquanto levava sua égua delicadamente ao seu lado. Vira ao longe Jin parado olhando fixo a um penhasco e olhando para cima viu Ran voando para longe, provavelmente chamando Tadashi.

Takeshi viu os olhos arregalados de Goenji e Hotaru descendo até lá embaixo, o garoto chegou ao lado de Jin que encarava impassível:

–Jin...-murmurou:

–Mitekudasai.-murmurou Jin apontando.

Takeshi olhou e sentiu seus joelhos falharem com a cena.

Os olhos arregalados pela cena de vários corpos em batalha jogados próximo a neve abaixo ainda mais densa. A bandeira do exército do imperador estava estampada em caída chamuscada, enquanto as armaduras nobres do símbolo do imperador eram vistas.

Nenhum sobrevivente, os corpos se encontravam com mordidas fatais de lobos, cabeças cortadas, mortos de um modo brutal. Havia poucos mortos do exército inimigo o que causou em Takeshi uma raiva incomum:

–Por isso assassinaram Fugaku...-murmurou Jin:

–Nani?!-indagou Takeshi:

–Fugaku deve ter encontrado o entregador da carta antes dos miseráveis o matar, e quando interceptou a carta o mataram.-falou Jin encarando:-Agora tudo faz sentido.

–Era um aviso...-murmurou Takeshi:

–Queriam reforços, como pôde ver. O Imperador esperava que não estivessem interceptando as correspondências ainda, porém sabemos que não...-murmurou Jin:

–Há muitos mortos aqui, Jin.-falou Takeshi:

–Sim. E haverá ainda mais.-falou Jin.

Jin saiu a passos lentos indo em direção a Tadashi e Kohaku que encaravam a cena abismados e pálidos, o Wurochiha de cabelos brancos iria contar o que deduziu.

Hotaru voou até o lado de Takeshi e ali firmou os braços cruzados, Takshi reparou que os olhos verdes não continham o brilho de felicidade que ele invejava, porém não podia culpá-lo:

–Não sobrou mais ninguém...-murmurou Hotaru chamando a atenção de Takeshi:

–O que disse?-perguntou Takeshi:

–Não há mais nenhum exército a disposição, a não ser a gente!-falou Hotaru:-E se isso aconteceu com eles, que dirá conosco?! Perder as esperanças é algo que não se deve ter na guerra, porém com tudo isso... Fica difícil crer que voltarei para casa.

–Não perca as esperanças tão facilmente.-falou Takeshi olhando ao horizonte:-“Transforme grandes dificuldades em pequenas. As pequenas não tem muita importância”.

–Hum...-murmurou Hotaru rindo de lado.

Ao longe Daisuke e Norio tampavam os corpos com água e os congelavam em seguida, não era uma tarefa fácil, porém não iria deixá-los a mercê de apodrecer sem nenhuma dignidade por suas mortes:

–Oh, meu Deus! Que eles descansem em paz...-murmurou Daisuke:

–Hum...-murmurou Norio.

Riki estava olhando para todos os lados a fim de encontrar Hana, não gostava de deixá-la sozinha em meio a toda essa carnificina, o coração dela já estava bem ferido com tudo o que havia acontecido e ele temia por ela:

–Oe, Riki!-exclamou Kyo saltando de uma rocha a frente de Riki:-Sore wa nanideshita ka?

–Estou a procura de Haruo, você o viu?-perguntou Riki olhando os lados.

Kyo estava com a mão na cabeça olhando para os lados:

–Não. Penando bem, faz um bom tempo que não vejo Shiro também.-falou Kyo:

–Oh, maravilha!-indagou irônico Riki recomeçando a andar a procura da amiga.

Hana estava andando mais afastada dos outros ao lado de Shiro que a fazia companhia e ela agradecia aos céus, por tê-los junto. O garoto roliço possuía uma aura bem viva e alegre, e era fofo e doce como um garoto da guerra não deveria ser, porém ela o achava ainda mais forte por isso.

Hana via crianças caídas feridas, sem os membros jazidas no chão mortas, provavelmente vítimas dos malditos lobos que cercavam o exército de Kabuto. O coração frágil de Hana se despedaçava ainda mais com essas imagens, ela queria chorar, porém sabia que não deveria fazê-lo:

–Nem as crianças escaparam...-murmurou tapando a boca:

–Triste imagem.-murmurou Shiro fazendo uma oração em silêncio para as pobres crianças jazidas no chão mortas com os olhos abertos e as bocas escancaradas saindo filetes de sangue.

Hana abaixou-se e pegou uma pequena boneca de pano, que provavelmente seria de uma garotinha que estava morta agora. Ela viu Shiro colocar uma espada extra ali em sinal de sepultamento.

Ela se aproximou e colocou a boneca encostada na espada:

–Não consigo ver mais Shiro. é muito sofrimento.-bradou Haruo/Hana:-Não posso...

O garoto apenas colocou a mão no ombro de Hana e sorriu triste de lado:

–“Há pessoas que choram por saber que as rosas tem espinhos. Outras há, que gargalham de alegria por saber que os espinhos tem rosas”-recitou o garoto:

–Onde aprendeu isso?-perguntou sorrindo de lado:

–Meu pai costumava falar isso quando tudo parece está horrível.-falou Shiro e Hana sorriu ambos começando a entrar nas casas para ver se alguém ali estava vivo.

Mas não sabiam que olhos os estavam observando.

Takeshi estava ainda olhando o precipício perdido em pensamentos, enquanto Hotaru o fazia companhia, mesmo que não parando de falar Takeshi gostava de escutar alguma voz conhecida, o silêncio o amedrontava:

–Takeshi-kun...-uma voz ecoou fazendo-o se virar e contemplar Cho com o rosto inchado devido ao choro compulsivo instantes atrás:-Nenhum sobrevivente, o estado de todos é alarmante...

–Vai ficar tudo bem, Cho.-falou Takeshi:

–Temo por você...-murmurou a menina abraçando Takeshi que não sabendo como fazer a retribuiu:

–Vou ficar bem...-ele murmurou contra os cabelos a cheiro de flores dela.

Riki estava começando a sentir o desespero tomar conta de si, onde diabos Hana havia se metido?! Não estava com uma sensação muito boa quanto a aquele lugar.

Riki avistou Takeshi abraçando Cho e a muito contra-gosto foi até, já que o desespero já estava começando a se fazer crescer dentro dele:

–Wurochiha!-gritou Riki chamando a atenção de Takeshi, Cho e Hotaru que o encararam ao mesmo tempo:

–O que quer Nohara?-perguntou frio Takeshi ainda com o braço envolto da cintura de Cho:

–Takeshi vai com calma, briga não, né?!-falou Hotaru:

–Onde está Haruo?-Riki perguntou direto.

O nome chegou aos ouvidos de Takeshi causando-lhe um embrulho no estômago, se ele não estivesse com os braços envoltos da cintura de Cho teria caído. O desespero começou a correr em suas veias, enquanto xingava o(a) garoto(a) de todos o nomes que conhecia:

–Como assim onde está Haruo?! Não o viu?-perguntou Takeshi:

–Ele é da sua equipe e Shiro também sumiu.-falou Riki:

–Maldição!-bradou Takeshi colocando-se sobre sua égua e saindo em disparada.

Hana estava saindo de uma das casas, onde respirava ofegante por ver o que aconteceu com as mulheres que ali moravam. Shiro vinha logo atrás dela com uma expressão de nojo em sua face:

–Eu não sei você, mas eu quero muito ir embora daqui o mais rápido possível.-falou o garoto roliço:

–Eu concordo.-falou Haruo/Hana ainda se recuperando da imagem das pobres moças tendo sua honra manchada daquela forma brutal.

Hana e Shiro estavam retornando por onde vieram, até Hana ouvir um grito próximo as outras casas mais atrás. Ela parou ajeitando o arco em mãos e Shiro retirou a espada da bainha, ambos se entreolharam até em silêncio começarem a ir em direção ao grito.

Pela forme fina, Hana concluiu que era uma mulher. As mãos estava, suando e frias pelo nervoso que sentira e o medo de ir ver aonde a mulher se encontrava:

–AHH! Tasukete! Tasukete! Darekaga watashi o tasuketekudasai!-gritava a mulher em total desespero.

Hana encarou Shiro, ambos parados do lado de fora da casa de onde, provavelmente, a mulher estaria:

–O que você acha?-perguntou Haruo/Hana:

–Por que deixariam uma única mulher viva?-indagou Shiro desconfiado:

–Não importa, se está gritando... Porque deve está viva por um fio.-alou Haruo/Hana entrando:

–Tem certeza?-perguntou Shiro:

–Shimu! Dê-me cobertura.-falou Haruo/Haa entrando dentro da casa.

A casa estava com o telhado em ruínas queimado, havia rastro de batalha dentro da casa e um cheiro forte de pólvora e sangue no ar, Hana tapou o nariz e sentiu lágrimas inundarem seu rosto ao ver crianças caídas mortas no chão. Passou por cima das mesmas e deu pulo preparando o arco e flecha, quando escutou o grito novamente da mulher:

–AHH!-ela gritou:-Darekaga watashi o tasuketekudasai!

–Kuso...-murmurou Hana:-Acalme-se! Estou indo...

A menina viu onde deveria ser a sala dois corpos jogados sem a cabeça, porém passou reto não querendo ter muito contato. Entrou de onde vinha um quarto e viu uma mulher amarrada pelos punhos no telhado, da qual a corda estava se soltando por está queimada. Porém Hana se assustou de haver uma outra corda envolto do pescoço da mulher que chorava com as roupas rasgadas e ferida:

–Deus...-murmurou:

–Onegaishimasu...-murmurou a mulher:

–Ochitsukimasu!-falou Haruo/Hana começando a andar até a mulher com atenção redobrada:-Acalme-se.

–Tarde demais.-uma voz fria soou atrás de Hana e uma faca voou cortando a corda dos pulsos da mulher fazendo-a cair porém com a corda enrolada ao pescoço a sustentando.

Hana viu com horror a mulher se debatendo enforcada:

–Não!-gritou porém sentiu algo perfurando sua perna fazendo-a cair e ver a mulher com os olhos arregalados morta:-Au...

Hana sentia as lágrimas dominando seus olhos, virou-se e viu uma faca crava em sua perna direita. Ela olhou a figura escondida nas sombras que a atacara e sentiu um medo cresce conforme o frio lhe envolvia:

–Conhece-me... O líder do exército inimigo do qual você está lutando contra!-falou a voz fria como navalha nem parecendo se importar por assassinar a sangue frio alguém:

–N-Não...-murmurou Haruo/Hana sentindo-se decair ao pânico:

–Já ouvi muito a seu respeito, Honō ryū.-a voz pronunciou seu nome com desdém e raiva:

–Não...-murmurou Haruo/Hana encurralada:-Kabuto!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

:@