Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 9
Nove




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Respirar fundo. É o que mais eu tenho feito.

Fazem cinco dias que começaram as aulas e quando ando nos corredores as pessoas olharam para mim e me apontam. E quando eu percebo eu apenas respiro fundo e continuo a fazer o que eu estava fazendo.

Quando conheci a Isa, uma amiga da minha sala que conheci na minha primeira aula do Licurgo, ela logo associou. E depois foram os outros. Ela é bem legal e naquela, a qual eu estava quase dormindo, ela me emprestou o caderno dela para eu pegar a linguagem de códigos (a qual ele inventou) que ele estava fazendo no quadro.

Eu comecei a enrolar uma mecha da minha pequena franja, já que tenho essa mania. Eu enrolo para o lado esquerdo, depois o direito, não satisfeita eu brinco com sua pontinha, por que meu cabelo é bem liso e não fica enrolado. Quando eu fui olhar para a mecha que eu estava enrolando para o lado direito vi um par de olhos me encarando. Olhei para ele e ele desviou o olhar. Pude ver o sorriso no canto do rosto. Ignorei o Cebola.

Quando o sinal tocou, avisando que a aula do Licurgo havia acabado, pude ver que todos falavam e faziam expressões de alívio.

Eu fechei o fichário antônita. Quando vio Cebola vindo em minha direção. Eu simplesmente virei o rosto à procura da Isa. Não encontrei-a, acho que dissera que iria beber água.

"Droga, como vou me livrar dele?"

O Dc surgiu me proporcionando um susto.

– Não disse que éramos da mesma turma!

– Sim.

– Ah, droga, pensei que não tinha dito.

– Hum...tá.

Após um silêncio considerável, eu olhei para trás. O Cebola não estava mais ali. O Dc olhou na mesma direção e depois para mim com enigmática. Eu balancei a cabeça.

– O que achou da aula até agora?

– An... confusa, um pouco.

Ele riu.

– É minha matéria favorita.

Nem me surpreendi com o comentário.

Apenas o professor Licurgo e a professora de Matemática pediram para que eu me apresentasse. O resto só pediu que eu falasse meu nome enquanto assinavam.

Um barulho de armário fechando me despertou.

– Ai, que susto, Dc!

– Oi.

– Oi.

– No que estava pensando? Os sinal tocou.

– Nem ouvi.

– Só falta essa aula para o dia terminar.

– Está tão ansioso assim?

– Eu não. Não gosto da aula de música.

Tinha até me esquecido que era essa matéria.

– É minha matéria favorita.- Falei furiosa.

Ao chegarmos na sala de música nem todos haviam chegado. Incluindo a professora. Me surpreendi ao ver as meninas aqui.

– Gente, o que estão fazendo aqui?

– Surpresa! - Falaram em uníssono.

– A aula de música é a única que mistura os alunos de outras turmas. - A Magali me explicou.

Verdade, a Isa não estava aqui.

– Puxa, que legal! Que conhecidência nós todas aqui.

– Ah, não. Eu e a Cascuda não ficamos, mas a gente ficou sabendo que as outras estavam aqui e nós fomos pedir transferência na hora do recreio.- Marina falou.

– Ah, por isso que não encontrei vocês.

A professora chegou fazendo todos pararem de conversar.

– Oi, gente! Eu sou a professora Alice, e vamos nos ver toda terça-feira e quinta-feira. Como podem ver, eu sou nova aqui, por que é meu primeiro ano.

Que legal! Uma professora nova. Ela disse que tem vinte e oito anos. Fez a chamada e a Marina e a Cascuda entregaram-lhe um papel, deve ser algo sobre sua transferência. Ela não me obrigou a apresentar para a turma, o que me fez gostar mais ainda dela. Após a chamada, ela começou:

– Bom, posso ver que há uma mistura interessante das turmas do segundo ano do ensino médio. Bom, - ela pegou a lista de chamada - levantem-se as pessoas da 1.

Eu levantei e vi quem tinha levantado. O Dc, o Cebola, um menino que ouvi chamá-lo de Cascão, nem sei se é o nome dele( pensando bem o povo aqui tem uns nomes/apelidos bem estranhos), Maria Mello que ouvi ela respondendo nas chamadas, Alana ( o mesmo da Maria Mello) e Irene( idem).

E assim foi indo até todos os alunos terem levantado.

Na turma da três, me coração bateu mais rápido quando ouvi ela falar que Carmen estava aqui. Ela é loira, tem os cabelos ondulados e olhos azuis. Uma típica patricinha. Ela nem sequer tinha reparado em mim ou falado algo sobre, ou até mesmo olhado é apontado para mim. Talvez as meninas estejam erradas sobre ela.

– Gente, quem quer começar a cantar? Não precisa cantar maravilhosamente.

Ninguém se apresenta com voluntário.

– Vamos gente, ou querem que eu escolha?

Novamente nenhuma resposta.

– Bom, então eu vou sortear.

Ela pega a lista de chamadas.

– Hum... Alana.

A menina de cabelos escuros se assombra e quando vai se levantar a professora continua:

– Escolha um número de 2 a 24.

– Hum... Dezesseis. - Ela suspira aliviada.

– O.k. Obrigada, Alana. O número dezesseis é...Mônica.

Oi? Eu?

– Mônica, é você! - A Marina cochichou.

Levantei trêmula da cadeira. Minha palma da mão suava instantaneamente.

– Errr...professora, é que eu não canto.

– Não tem problema. Pode começar, cante qualquer coisa.

– An...eu...eu...não consigo.

– Mônica, você nem tentou. Respira fundo.

Respirei o mais fundo que consegui.

–Agora feche os olhos e se imagine num lugar que você fica a vontade para cantar.

Fiz como ela mandou. Involuntariamente eu pensei no canto que eu mais gosto da escola: o lago secreto. Apelidei ele assim, porque vigiei alguns dias e ninguém sequer sabia onde ficava. Até perguntei para as meninas se elas sabiam se aqui tinha um lago. Elas disseram que não.

– Agora cante um trecho de uma música. A primeira que vier na sua cabeça, ela terá a ver com que você sente.

Sentir. Uma música que eu escutei ontem, no meu celular. Mas não estou mais aqui, estou debaixo do Ipê Rosa. Eu estou sorrindo, acho.

"Quase nada do que te falei
Fora mesmo o que eu pensei
Nunca soube como evitar
Tal deleite em enganar"*

Uh! Cantei rápido demais. E baixo demais.

Abri os olhos. E a professora falou:

– Não os abra! Eu sei que está nervosa, mas quero que cante a música. Só que mais alto e no seu tempo.

Eu continuei.

"Quase nada do que te falei
Fora mesmo o que eu pensei
Nunca soube como evitar
Tal deleite em enganar

Saiba que da sua parte resta a escolha:
Acolher a prenda ou partir
A melhor mentira dentre todas
Guardo com esmeros só pra ti

Só pra ti"

Abri os olhos. Estavam boquiabertos, todos. A professora pediu para que eu continuasse com a música. E dessa vez eu não fechei os olhos, mas fitei o chão enquanto cantei os resto.

"Só porque você é especial
Cuido sempre de bem forjar
Não quero enfraquecer o apreço
Por isso me esforço desse jeito

Saiba que da sua parte resta a escolha:
Acolher a prenda ou partir
A melhor mentira dentre todas
Guardo com esmeros só pra ti"*

Depois disso eu mesma sentei.

– Muito bem, Mônica! Você só subiu um tom da afinação, mas cantou bem.

As meninas exclamaram um parabéns e meu rosto enrubesceu. Continuei os resto da aula tentando não encarar ninguém.

O sinal tocou. Eu arrumei as minhas coisas e as meninas combinavam de passear o de ver tv.

– E aí, Mônica o que vai decidir?

– Do que?

– Ver TV ou passear?

– Ah, gente, eu vou...vou...irei na biblioteca. Pra...

– Ler?- A Magali sugeriu.

– Isso! Pegar um livro.

"Nossa, Mônica, você mente muito bem!"

Quando passamos na mesa da professora notamos que éramos as últimas a sair. Fomos nos despedir dela e a mesma me chamou.

– À sós.

As meninas saíram com caras confusas. Mais confusa ainda quem estava era eu. À união cá coisa que eu pensava era: O que foi que eu fiz?

– Bom, Mônica, eu sei que você é uma menina que está aqui a pouco tempo e chegou esse ano. Como sabe, esse colégio e voltado para as formações em artes, qualquer expressão artística é válida. Hoje, eu notei que você tem um dom de arte incrível que é cantar, no entanto notei que é tímida em questão de se apresentar a um público. Eu gostaria de sugerir que você participasse do nosso grupo de música. É uma banda que eu e o segundo ano do ensino médio estamos montando. Nós temos um baterista, um baixista e um guitarrista. Precisamos de uma voz é uma segunda guitarra. Queremos incluir também um tecladista. É um projeto que falta bastante, mas estamos progredindo. Gostaria que fosse nossa voz. Não precisa me responder agora. Quero que você pense bastante. Posso até te ajudar em questão de palco e tudo mais, mas só, é claro, se você aceitar.

Eu fiquei sem reação. Estava digerindo cada palavra que ela falou. Eu. Participar. De. Uma. Banda.

– Ahh,- consegui falar e a minha voz saiu falhada - professora...

– Alice, pelo amor, me chame de Alice. Professora é meio formal de mais.

– Então, Alice. É que eu até gosto de cantar e tudo mais...mas...

– Não precisa falar nada. Apenas pense. E me fale o que decidiu até segunda-feira. Pode se juntar as suas amigas que estão ouvindo a nossa conversa. O que acham, meninas?- Ela quase grita.

Eu abro a porta e todas elas caem amontoadas no chão.

– Gente, sério que coisa feia! - Eu exclamo.

– Não, tudo bem. Eu só vou indo. Fale com elas. - A Alice fala rindo.

Ela vai embora enquanto as meninas se levantam. Reclamando de tudo. Principalmente a Denise. Reclamou que a porta é grossa demais e não ouviram nada.

– E aí, Mônica? O que a Alice queria? - A Aninha logo pergunta.

– A Professora, quer dizer, Alice me fez uma proposta.

– Qual?- A Cascuda perguntou.

– Só falo se a Dê prometer que não vai postar nada em lugar nenhum, tampouco contar a alguém.

Ela reclamou e depois de algumas relutâncias concordou. Contei-lhes tudo que a professora falou. Elas sugeriram que eu aceitasse, claro. Mesmo eu falando que era muito tímida para cantar em público.

– Mas, Mônica, você cantou no karaokê direito. Sem errar nada. Não deu nem para perceber que você é tímida.- A Magali falou.

Parei para pensar um pouco. Verdade. Quando cantei no primeiro dia de aula, na festa, não senti vergonha alguma. Nem um resquício de timidez.

– Tá, gente. Vamos andando. - Mudei de assunto.

Elas foram para o quarto e eu corri em direção ao lago secreto. Queria contar a minha novidade a voz, se a conhecesse melhor. Em vez disso, lavei minhas mãos na beira do lago e sentei no banco a baixo do Ipê Rosa. Respirei fundo e me assustei quando escutei-o:

– Demorou para chegar.

– Como assim demorei?

– Você sempre vem aqui no mesmo horário e posso te dizer que está atrasada quinze minutos.

– Então quer dizer que tá contando o tempo que eu venho ou está me vigiando?

– Se eu disser que é um pouco dos dois?

– Eu queria saber quem é você.

– Eu já disse quem eu sou. Eu...

– Não de verdade. Assim poderíamos ser amigos. De verdade. Não eu conversar com um estranho e não saber se ele existe ou é loucura minha. Sabe? Uma amigo. Eu estou rodeada de meninas. Gosto delas, mas às vezes me deixam tonta.

Depois de um silêncio considerável. Ele falou:

– Hoje você cantou maravilhosamente. Boa escolha de música, eu também gosto da Pitty. Acho que todos na aula ficaram impressionados. Inclusive eu.

Não era bem o que eu queria que ele dissesse. Eu queria que ele saísse do seu esconderijo. Eu já tentei procurar, mas pelo jeito de onde ele tá consegue ver tudo.

– Já vou indo.- Falei desanimada.

Peguei minha mochila e saí.

Eu preciso refletir. Eu tenho até segunda para falar para a Alice. Dar uma decisão que eu nem sei. É tão pouco tempo. E eu odeio ser pressionada.

Cheguei no quarto e joguei minha mochila pra um lado e meus tênis para outro. Amanhã é o dia da Cida, a funcionária que cuida de lavar nossas roupas e tênis, vir para pegar nossas roupas. Hoje eu tenho que separar minhas coisas para lavar. Ela vem na segunda-feira e no sábado.

Me ajeitei na cama e peguei meus fones de ouvido. Acho que é o acessório que eu mais uso.

Meu mundo realmente é a música. Eu amo muito isso! Todos falam que eu canto bem e tal. Eu não acho que tanto assim.

Cantar...bem.

A maioria diz isso. As meninas dizem que eu devo aceitar logo, sem discutir. Mas sei lá...tenho medo.

Cantar...maravilhosamente.

Quem disse isso mesmo? Ah, foi a voz. Ele diz que eu canto bem, mas hoje disse maravilhosamente. Espera, como ele sabe a música que eu cantei? E como ouviu-me cantando?

Será que a voz é...da minha sala?


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Notas finais do capítulo

Música: Embrace The Devil Álbum: Agridoce Compositor(a): Pitty

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Oi, povão!
O capítulo está pronto desde domingo passado, mas andei dias sem internet e estou em semana de provas.
Peço obrigada para Star, MonikeLee e LAEM Lara Aparecida pelos comentários! Vocês são umas fofas!
E de uma forma peço obrigada para os nossos famosos leitores-fantasmas, mas também peço que comentem. Torno a repetir que os comentários de vocês me ajudam no que é preciso para tornar a nossa querida fic melhor.
Até o próximo capítulo!

Beijokas da Pietra!

PS: Gostaram da capa? Foi a primeira capa que eu fiz para fanfic. Quero comentários sobre ela(deu um trabalho para fazer!). Espero que gostem!



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