Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 8
Oito




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Decido que não.

Não, não quero encontrá-lo, não quero cair no papo do Cebola. Talvez ele esteja lá, esperando que eu vá ao seu encontro. Cebola parece ser um grande problema . E eu já os tenho bastante, não preciso de mais nenhum. Já basta eu ter problemas com essa Carmem, que cujo o nome da dona nunca falei, mas dizem que eu terei problemas com ela.

Eu preciso dormir. Amanhã eu terei meu primeiro dia de aula numa escola de verdade. Respiro fundo. Estou ansiosa, porém decidida a acabar com essa ansiedade que não me deixa dormir. Bufo, rolo de uma lado da cama para o outro. Me cubro, me descubro. Fecho os olhos, chego até a contar carneirinhos e bufo novamente.

"Argh! Não consigo dormir!" Grito mentalmente.

Ponho minhas pantufas de coelhinho. Me odiarei, mas que importa? Desço as escadas o mais silenciosamente possível. Abro a porta delicadamente.

É, ele está lá. Passam-se longos minutos até que ele se vira e percebe que eu estou ali. Olhando para ele.

– An...Oi. Eu estava sem sono - Falo corada.

" Ai, que vergonha. Ele me pegou olhando para ele!"

– Eu sinto isso quase todas as noites.

– É, você disse.

Ficamos calados por alguns instante.

– Cebola, você realmente fica sem sono todas as noites? - Quebro o silêncio.

" Ai, que droga! Eu não acredito que eu tô fazendo isso!"

– Sim. Pelo menos a grande maioria delas.

– Bom, eu já vou entrando, o.k?

Ele assentiu.

– Ah, - Ele começou enquanto eu abria a maçaneta - Boa aula, amanhã. Soube que é seu primeiro dia numa escola.

– An...Obrigada.

Voltei para debaixo dos lençóis em passos largos, contudo silenciosos. Dormi profundamente.

* * *

Acordei sobressaltada com o despertador.

– Mônica! Desliga isso! - A Denise gritou.

– Está na hora de acordar. São sete horas. O café é ás oito. E, aliás, eu tenho que estar mais cedo, pois tenho que passar na secretária.

E aos poucos elas foram levantando. Acho que tanto eu quanto elas não estávamos acostumadas de acordar tão cedo. Bom, mas a Magá disse que elas acordavam ás sete. Aproveitei esse estado de preguiça e fugi da regra de disputarmos o lugar. Bom, se não havia ninguém para fazer o jogo não quebrei as regras.

Enquanto a água caia no meu corpo me deixe ter o luxo de pensar um pouco. De esvaziar minha mente. Eu adoro pensar enquanto tomo banho. Acho que a água me relaxa e me ajuda a pensar melhor. Quando eu percebo que já estou oito minutos no banho saio rapidamente e me visto. Eu ponho uma calça jeans, uma blusa branca e uma blusa xadrez amarrada na cintura. Amarro meu tênis All Star preto e branco e penteio meu cabelo. Quando eu abro a porta eu encontro a Cascuda e acho que ela está com tanto sono que nem questiona o porquê que eu fui à primeira.

Ás oito horas estamos caminhando para tomar café. Quando chegamos ao refeitório já tem bastante gente. Pegamos as bandejas e nos servimos da comida.

–Há bastante gente aqui, né? – Eu falo.

– Ah, sim. Aqui é um dos momentos que nos encontramos. - A Magali fala.

– Gente, em qual turma vocês ficaram? – A Marina pergunta.

– Eu sei que eu e a Cascuda ficamos na três. – A Aninha fala.

–Na três? – Eu pergunto.

–Na 2203.- A Marina explica - Eu, a Maga e a Dê ficamos na dois, na 2202.

– Pera, eu, a Maga e a Dê na dois, a Cascuda e a Aninha na três...então resta a...

–Tá de brincadeira! Eu vou ficar sozinha!- Eu exclamo – Eu não conheço ninguém lá.

– O bom é que você faz novas amizades. – A Magali fala.

– Humpf.

Eu bufo.

– Qual a primeira aula de vocês?- A Aninha pergunta.

– Nós da dois, temos...acho que é Geografia. – A Magali fala.

– Cascuda acho que a gente tem Português, né? – A Aninha fala.

– Sim, sim. – A Cascuda responde.

– Eu tenho... - falo desembrulhando o papel de planilhas - Licurgo. Licurgo? Que matéria é essa?

– Licurgo é o nome do professor. Esse traço é o nome da matéria. – A Cascuda me explica.

– Como assim? – Falo mais confusa ainda.

– Você vai ver... – Ela fala.

– Nossa, a hora! Tenho que passar na secretaria ainda. A gente se vê... no recreio das onze, né?

– Isso mesmo. - A Cascuda fala.

Quando eu cheguei na secretaria tive de assinar um papel que dizia que eu estava comprometida a seguir as regras do colégio e coisas do gêneroQuando peguei na maçaneta da porta para enfim sair o sinal, que alerta o começo e fim das aulas e o recreio, tocou. Escutei Lúcia, a secretária, dizer:

– Boa sorte.

Lhe respondi com um tímido sorriso. Saí de lá em passos largos e pus os meus fones de ouvido. Em passos largos eu procurava a sala 36.

Céus! Onde fica essa sala? Eu não posso chegar atrasada de jeito nenhum!

Já estava xigando mentalmente até achar a sala. Eu estrava atrasa certa de 5 minutos, para mim pareceu uma hora inteira até achar essa sala. Minha respiração ficou descompassada. Suor brota na ponta dos meus dedos enquanto eu dou uma leve batida na porta. Gaguejo e falo quase imperceptível:

– P-Professor posso...entrar?

– Claro, minha querida! Só não chegue mais atrasada. Hoje é seu primeiro dia?

Eu assinto.-

– Ah, é para você assinar. - Digo pondo uns papéis em cima da mesa dele.

Quando os pego novamente vejo sua assinatura. Me espanto. Ela é um tanto maluca. A forma que o "L" ocupa quase todo o espaço e o resto das letras pequenas alternadas entre maiúsculas e minúsculas e postas de uma forma contrária. A letra final, "O", é quase tão grande quanto o "L". Ele não assinou o sobrenome. E debaixo da linha pôs entre parênteses: eu não sou louco!

– Então, querida, não fique acanhada. Se apresente para a turma! - O professor fala

Respirei fundo.

– Ah, e sem fones de ouvido. - Ele completa e os guardo imediatamente.

Respiro fundo novamente. Odeio falar em público. Fito o chão e começo a falar.

–M-Meu nome é...M-Mônica.

– É melhor falar mais alto, creio que ninguém escutou. - O professor fala.

–M-Meu no...me- Olho para a sala. - é Mônica. - Falo mais firme.

– E quanto anos tem? - Reconheço a voz. É o Dc. É mesmo, ele falou que seria da minha turma.

– Dezesseis.

Depois da fatídica mini - apresentação o professor Licurgo diz para eu me sentar na ponta do triângulo no raio de 90 graus da segunda janela. Olho para com uma cara de "o quê?" e uma menina aponta para onde eu devo me sentar. Como eu fui boba. Era um lugar na primeira fileira perto da primeira janela e único lugar vago.

– Obrigada. - Sussurrei para a menina.

– De nada. O Licurgo é bem louco mais você se acostuma.

Trocamos pequenos risos. Ela era gordinha e tinha os cabelos loiros médio. Seus olhos eram grandes e azuis.

Enquanto eu colocava meu fichário sobre a mesa eu perguntei a ela:

– Que aula é essa mesmo?

– Ninguém sabe. A cada dia ele dá uma aula diferente. Hoje, por exemplo, é sobre...

– Shh! - Alguém pede.

Nos calamos por alguns instantes.

– Qual seu nome? - Ela pergunta sussurrando.

– Mônica. E o seu?

– Isadora, mas, por favor, me chame de Isa.

Isa põe uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. Ela faz uma expressão esquisita como se tivesse se lembrando de algo. Depois de um tempo ela fala:

– Espera, você é a Mônica? Mônica Souza? Aquela que a Denise falou no "Fórum da Dê".

Respirei fundo. Pressionei o lápis que estava na minha mão anotando os símbolos que o professor fazia no quadro. Na minha cabeça um pensamento surgia, até bobo, mas com com resquícios de raiva.

"Denise você me paga!"


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Notas finais do capítulo

Oi, povão!
Bom eu falei que iria surgir capítulos e tudo mais...mas não aconteceu. Eu tive de ir e lá não tinha wi-fi, tampouco internet. Então, minhas sinceras desculpas.
Eu gostaria de agradecer a Jessy chan Menezes e a MonikeLee pelos comentários!

Beijokas da Pietra!



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