Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 7
Sete




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– Eu sou alguém que pode ouvir. Mas agora não pode ver.

– Isso é um tanto óbvio.

– E se eu te disser que eu sou uma obviosidade?

– Eu digo que não acredito.

– Então fique com seus desvairos, senhorita desvairada, até mais!

E a voz sumiu.


– Mônica, onde esteve?- Fui interrogada pela Magali logo assim que entrei no quarto.

Não queria contar-lhe sobre o canto onde eu tinha achado.

– Por aí.

– A gente tava te apresentando a escola e você me diz que tava por aí. Pelo menos não se perdeu. Né?

– Não, não. Já aprendi o caminho

– Ah, bom.

– Hoje é Domingo e os café da manhã de domingo são ás 10:00. De segunda a sexta são ás 08:00. Nossas aulas começam ás 08:30, tolerância de cinco minutos. Há a pausa para o almoço que são, todos os dias, ao meio-dia. O lanche são ás 15:00. O jantar são ás 18:00 e há sempre uma jarra de leite, para casos de insônia. Aqui estão seus horários.- Ela me deu uma folha mais parecida com uma planilha.

–Hum...o.k. Brigada, Magá.

–Ah, e a Denise, a Marina, Aninha e Cascuda estão lá encima. A Dê vai ter um susto ao te ver assim.

– Aposto que não será só ela.

Subi as escadas lentamente, porque eu sabia que elas iriam querer detalhes e não seriam tão discretas quanto a Magali.

– Mônica, o que aconteceu com você?

– Onde estava?

– Se perdeu?

– Cadê o...

Fui bombardeada de perguntas.

–Hey, hey. Acalmem-se. Eu não me perdi. Estou bem.

– Por que saiu do nada?- A Aninha perguntou enquanto eu colocava o quadro de horários no criado - mudo.

– Gente, você me apresentavam para as pessoas de uma forma distorcida de mim.- Sério, eu estava bolada com isso e...outras coisas e aí corri.

– E foi para onde? - A Cascuda quis saber assim como todas;

– Só para a direção oposta.

–Então por que está com o cabelo meio úmido e o rosto com resquícios de maquiagem, fofa? - A Denise perguntou chateada.

– Por que quis tirar disso que me transformaram.

Depois de falar isso deixei os saltos da Denise no pé de sua cama. Peguei roupas limpas e pus. Dobrei as roupas que a Denise tinha me emprestado.

Peguei meus fones e celular e fiquei na cama lendo o bilhete e escutando música. Ali dizia também que eu deveria comparecer na secretário um tempo antes de ir para as aulas.

As meninas tinham saído e eu estava no quarto. Sozinha. Eu estava acostumada com a solidão, ela já tinha se tornado uma ótima companhia para mim. Fazem dois dias que eu conheço as meninas e sinto que as conheço as há bastante tempo. Como se sempre fossemos amigas. E eu já tinha me esquecido da sensação de ficar sozinha. Suspirei. Me lembrei da voz.

Quem é? Por que se esconde? Será que já me viu? Será que eu conheço-o?

São as perguntas mais frequentes na minha cabeça.

E se for o Cebola?

Espera, essa é nova. Cogito da possibilidade de ser ele. De repente tenho vontade de gargalhar. Aquela pessoa desalmada, interesseira e idiota dizendo coisas legais para mim. Descarto rapidamente essa opção.

Entediada, resolvo descer para a sala de tv. É realmente esquisito o colégio inteiro ir ver tv em uma só sala. No meu antigo quarto, eu tinha uma tv nele e via quando quisesse. Mas as pessoas aqui não são tão ligadas nos programas de televisão. Tenho que me acostumar com isso.

Quando chego lá só há duas meninas assistindo uma série que sinceramente não vejo a menor graça: "The Vampire Diares", mas não tenho outra coisa para fazer. Estava quase cochilando ali.

– Também acho essa série muito chata.

Levo um susto. E o olho sobressaltada.

– Prazer, meu nome é Do Contra.

– Isso é nome?

– É um apelido. Me chamam de DC também. Mas meu nome de verdade é...

–Shh- As meninas pedem.

–É melhor sairmos- Ele cochicha.

Quando saímos ele me fala:

– Seu nome é Mônica, né?

–Sim, sim.

– Você vai ficar em que turma?

– Hum... acho que da 2201.

– Da mesma que a minha.

Paramos na cantina para pegarmos um lanche.

– Por que você está pondo sal numa pipoca doce?

– Porque eu gosto.

O nome dele é Do Contra e eu nem desconfio o por que.

Depois de conversarmos bastante, meio esquisito os assuntos já que ele se opõe de conversar normalmente e de ter opiniões normais também, eu fui para o quarto. A Marina chegou depois, mas o resto delas estava lá. Conversamos sobre vários assuntos, enquanto jantávamos. Minha boca já estava cansada de tanto falar. Acho que nunca conversei tanto com tantas. Elas são várias e ás vezes me deixam tonta. Elas me diziam o que esperar do primeiro dia de aula que confessei a elas que estava bem nervosa.

– Nossa deve ser bem esquisito. Tipo, do nada você saí da sua vida quieta, só você, reservada e vem pra cá. Justo para um colégio interno. Cheio de gente. E ainda que é para formação em artes. - A Cascuda comentou enquanto comíamos a sobremesa. Eu estava encantada demais com o pudim quase babando eu diria com sua cauda. Não dava nem para falar algo.

– Mônica, você realmente estudou toda a sua vida com professores particulares? - A Marina perguntou.

Eu assenti.

– Mas tipo, você estudava as matérias principais? Devia ser um saco. - A Aninha comentou.

– Não. - Consegui comentar depois de comer o pudim. - Eu não estudava só Português, Matemática, Ciências e Estudos Socias. É claro que eles também, mas eu também fiz Sociologia, Biologia...hum...Inglês, Francês, Italiano e Alemão.

– Alemão?- Falaram em uníssono.

– Pois é. Coisa da minha tia. Também fiz aulas de piano, teclado, violão, violino, clarinete e violoncelo...e guitarra.

– Pera, Mônica, afinal de contas quem é sua tia? Você nem fala muito dela. - A Denise pergunta.

– A minha...t-tia?-Gaguejo - Hum...Emma Walisun.

– Emma Walisun!?- Elas novamente falam em uníssono.

– Shh.-Peço

– Emma...Walisun - A Cascuda fala em tom mais baixo - Ela é a mulher mais rica dos Estados Unidos.

Expliquei-lhes como era de verdade a minha complicada família.

– Nossa..Por que nunca nos contou? - A Magali perguntou.

– Por que eu...sempre tive medo das pessoas se aproximarem de mim por eu ser rica e tudo mais.

– Mas isso não vai acontecer com a gente! - A Marina exclama.

– Hum...com a gente não. Mas- A Aninha fala com um tom desanimado. - isso a põe na lista negra das Pussycats.

Pussycats...hum...ah, é o grupo feminino que é subdividido dos Pops. Os meninos se chamam Guys. Nossa, Pussycats é gatinhas e Guys é o mesmo que caras. A criatividade deles não me surpreende.

– Como assim?- A Marina pergunta por todas nós.

– Marina, a Carmem é a mais rica da escola. Por isso é a quem está no topo da Pussycats. Loira, olhos azuis e a mais rica, porque seus pais são donos de uma joalheria. Com a chegada da Mônica tudo isso muda. Ela se torna a mais rica. E vamos combinar, a Mônica não é de se jogar fora. -Fico um pouco corada com esse comentário - Devíamos ter pensado nisso.

– Mas eu nem ligo para isso. Nem quero que as pessoas saibam e tudo mais.

– Por nós tudo o.k. Posso falar por todas- A Cascuda fala e todas concordam. Menos uma que estava alheia mechando no celular - Denise?

– Ai, que foi? - Ela pergunta.

– Não vai contar para ninguém que a Mônica é mais rica que a...

Nesse momento nosso celulares vibram e fazem diversos barulhinhos de anúncio de mensagem.

Eu pego o meio e curiosa leio e vejo que foi a Denise que mandou. Ela fez totalmente ao contrário. Ela espalhou por tudo que é possível que eu sou mais rica que a tal Carmem.

– DENISE!- Nós a repreendemos.

– Ah, qual é, povão! Me contam um babado desse e não querem que eu espalhe? Aliás ninguém pediu. E tá, foi mal.

– Tá, Denise. Foi uma fatalidade. Um dia iriam saber.- Eu digo.

Logo depois a Marina puxa assunto para fugirmos daquele. E estamos conversando sobre assuntos banais.

Entregamos nossos pratos e subimos para o quarto. Conversamos um pouco mais e quando é por volta das 22:00 fomos dormir.

Eu contei para elas a respeito do amigo que fiz hoje. Elas me confirmaram que ele faz jus ao nome/apelido.

Dormi com um frio na barriga. Deve ser por causa do meu primeiro dia de aula. Quero parar de pensar nisso, senão sentirei mais medo ainda. Então penso naquela voz. Ela é de um menino, dá para perceber claramente. Não é de ninguém que eu conheça, então talvez conhecerei o dono daquela voz amanhã.

Afasto esse pensamento também. Não conseguirei dormir assim.

Não conseguir dormir...

Penso no Cebola. Ele deve estar agora na sacada. Talvez me esperando. Talvez não. Será que ele vai todas as noites para lá mesmo? De repente uma dúvida arrebatadora me surge. Devo ir até lá ou não?


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Notas finais do capítulo

Oi, povão!
Eu iria postar ele ontem, mas empaquei numa parte do capítulo e só consegui hoje.
(Eu sei que está tarde, mas a inspiração não tem hora para chegar!)
Ah, não sei se notaram, mas eu criei uma personagem. E foi a tia da Mônica. Ela é fictícia, antes que pesquisem. Eu iria colocar realmente como tia o nome da mulher mais rica do Estados Unidos, mas achei que não ficaria de bom tom.
Espero que tenham gostado!
Até o próximo capítulo!

Beijokas da Pietra!



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