Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 4
Quatro




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Um alarme soou. Me separou do Cebola. Saí de lá rapidamente, sem ao menos olhar para trás. Multidões já devem tê-lo levado.

Corri em direção ao banheiro. Fechei a porta com força. Encostei nela e respirei fundo.

"O quê eu fiz!?" pensei.

Voltei ao presente. Apertei um botão do meu celular e vi a hora. 22:42. Lavei minhas mãos e rostos. Tinha que ser rápida, pois com certeza as meninas já devem ter ido e eu não quero ficar vagando perdida novamente. Retoquei o batom. Pronto. Já estava ao menos apresentável, caso elas notem algo.

— Mônica, porque demorou tanto?- Levei um susto com a pergunta logo assim que saí do banheiro. Era a Magali e as meninas estavam com ela.

—An? Vocês ainda estão aqui?

— Sim, vimos você entrar no banheiro.- A Cascuda falou.

—An... não precisavam.

— Pensamos que você iria se perder de novo. Aí te esperamos.- Falou a Cascuda.

—Mas onde "cê" tava? - A Denise me perguntou.

—Eu?...an...

—Gente, vamos!- A Marina surgiu e nos puxou dali. Ela não estava na conversa, acho que nem prestando atenção. Ou não. Talvez estivesse e viu minha situação e me tirou dali. Fui salva por ela. Mais tarde agradeceria.

Demoramos um pouco para chegar no quarto, mas bem menos do que eu demorei do quarto até o Salão. Elas estavam conversando algo e brincando. Para afastar meus pensamentos do meu beijo, resolvi prestar atenção no caminho.

—Mônica, que foi? Por que estava tão calada? Ficou tímida?- A Magali me perguntou.

—Não, eu estava...prestando atenção no caminho - O que era em partes verdade - nada demais.

—Hum...

Olhei o relógio na parede. Eram 23:00. Nosso quarto ficava no último andar do prédio II, então naturalmente era uma "cobertura" e elas me explicaram enquanto nos revezávamos para ir ao banheiro fazendo o tradicional método, que tínhamos um pretexto para chegarmos mais tarde que outros.

Dessa vez no Pedra, Papel e Tesoura, eu fiquei em quarto lugar. Enquanto a Magali e a Cascuda foram para seus respectivos banheiros, eu tirei meus brincos e procurei por um pijama.

— E aí, Mônica! O que achou da festa? - A Denise me perguntou.

—Uau. Achei legal.

— Já está toda saidinha, né, Mônica? - A Aninha falou me dando um leve tapinha no braço.

Fiquei calada e envergonhada.

—Aí, gente. Deixem a garota! - A Marina falou.

Depois disso as meninas ficaram falando alguma coisa que eu não entendi. Enquanto eu esperava minha vez para o banheiro, eu tive uma pequena discussão mental comigo mesma:

—Mônica, preste atenção: se ele te beijou, o que é uma desconhecida para ele, ele deve beijar todas. Deve ser do tipo galinha!

—Ah, mas ele foi tão gentil comigo...ele é lindo!

—Aí, medels...gentil, gentil? GENTIL? Ele só falou qualquer coisa para você e já se deixou levar.

—Nada haver. Você nem o conhece...

—Justamente por isso! Você não o conhece, pode se machucar.

—Não o julgue. Depois de amanhã começam as aulas. Tente pelo menos conhecê-lo, não parecer ser má pessoa. Eu vi...

— Não use argumentos amáveis. Preste atenção Mônica: ELE É UM GALIN...

— Hey, Mônica!- Senti um estalo de dedos

— Ai, que susto, Marina! Que foi?

— Estamos te chamando há anos!

—Ah.

—Tá assim aéria, porque, Moniquinha? Quem foi o garoto? - A Denise implicou comigo.

Senti que fiquei vermelha de imediato, tentei esconder deixando a roupa cair e escondendo o rosto.

—Denise!- A Marina reprendeu-a.

—Que foi? Pensa que eu não vi você correndo em direção ao banheiro apressada e voltando arrumadinha? E você sumiu do nada! E agora tá assim pensativa...Ah, gatz, nem nega para não gastar saliva. Só diz quem foi o gato.

— Não, gente...Foi quando eu fui numa ala...

— BANHEIRO LIVRE- A Aninha gritou lá de baixo.

— Tô indo! - Gritei de volta. - Meninas, depois conto.

— Quero saber tim - tim por tim - tm!

Corri para o banheiro rapidamente antes que vissem o quão vermelha eu estava.

* * *

Eu estava morrendo de sono, aposto que as meninas também. Então me diga: Por quê estávamos sentadas, ás 23:57, numa rodinha no meio do quarto contando nossa noite? Eu, sinceramente, já estava entediada e cochilando. Mas isso era importante para elas e como éramos amigas e amigas faziam isso, né? Céus, mas como era chato.

—Mônica!

— An, o quê, o quê?

—Tava dormindo? - A Aninha perguntou.

—Não, imagina...

— Então o que eu estava falando?- Perguntou a Marina.

— Ah, tava falando de...de...com palavras sobre... sua noite.

—Ah, Mônica! - A Marina exclamou.

—Gente, vou ser totalmente sincera: me desculpem, mas... isso é muito chato. Á meia - noite de um sábado, ou domingo, falarmos de garotos? Isso é o que fazem?

— Isso é o que TODAS as garotas fazem. - A Cascuda falou.

Fiquei calado por um estante. Eu não tinha experiência para saber. Minha tia expulsava todos que falavam um mísero "oi" comigo. E lá eu estudava com professores particulares, não queria admitir, mas essa é a minha primeira escola e agora minhas primeiras amigas.

—Ah, tá. Bom saber. Vou anotar ali e já volto. - Falei com um sorriso sem humor.

—Na-na-ni-na-não. Moniquinha, volte aqui. Não fuja, não seja má menina. Agora só falta você. Aliás, tô curiosa para saber o que aconteceu quando você se perdeu.

—An? Como assim? - A Magali perguntou.

—Lembra, Magali, antes da diretora falar o anúncio e tals, ela disse que aconteceu não-sei-o-quê no não-sei-a-onde. - A Denise disse.

—Noossa, Denise, explicou muito. - A Cascuda zombou.

Contei-lhes o que aconteceu na ala que fui, parando na parte que encontrei-as.

— E foi isso.

Elas entreolharam-se. Eu me perguntava o que eu disse.

—An...gente?

— Mônica,- A Magali foi a que teve coragem de falar primeiramente- a ala onde você foi parar foi a dos riquinhos ou dos pops. Eles são os opimos.

Opimos... já escutei essa palavra. Opimos...opimos...humpf...quer dizer exelente. Quanta pretensão!

—A ala deles é impecável. São beneficiados pela sua condição social.- Os músculos da cara da Aninha enrijeceram ao falar isso. - Mas relaxa. Não vale a pena gastar saliva com eles. Só se mantém longe deles.

Eu parei por um estante. Então aquela parte de mim estava certa. Ele com certeza um galinha, que se acha. Era mais um rostinho bonito, riquinho, metidinho. Aí vem a menininha recém chegada, inocentizinha e se apaixona por ele. Que clichê! Que raiva! Lágrimas surgiram nos meus olhos. Pisquei rapidamente e disfarçadamente para que não vissem. Era engraçado como meus sentimentos expressados eram ligados as minhas lágrimas.

Sem pensar muito, eu as contei sobre meu beijo com o Cebola, ocultando algumas partes e simplificando tudo. Elas ficaram chocadas, assim como eu imaginei.

Depois daquela fatídica rodinha, fomos dormir. Eu fui a primeira a levantar e - literalmente - me atirar na cama. A minha cama era a mais afastada, o que me deixava mais livre e liberta para ligar o abajur. Eu precisava conversar, falar com um velho amigo. Queria fugir dali para falar com ele o quanto antes...


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Notas finais do capítulo

Meu querido povão adorado!
Peço que não me xinguem. Parece até desculpa esparrafada, mas eu realmente fiquei muito atarefada devido a semana de provas, aos trabalhos em grupos e ao meu computador que está no concerto! Agora estou usando meu notebook, mas ele fica na casa do meu pai e fica difícil ficar levando e trazendo-o.
Peço mil perdões!
Até o próximo capítulo (no qual serei mais cuidadosa)!

Beijpkas da Pietra!



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