O SINAL TOCOU. O que significa que aquele tempo havia acabado.

Inglês era uma das matérias mais fáceis para mim. Bem, eu aprendi bem  nova assim como outras coisas. Na verdade, eu não sinto muita dificuldade nas matérias. Eu realmente não gosto de Matemática, Física e Química. Não sou de exatas ou biológicas.

Para interromper meus pensamentos, uma batida na porta faz a professora para com a explicação.

— Sim? - Ela abriu a porta.

Alguns alunes entraram. Reconheci dois é um deles era o Titi. O ex-namorado da Aninha. Ele não era apenas o "ex" da Aninha, eles foram namorados por anos. Basicamente uma vida toda. E mesmo em seus desencontros (segundo a Cascuda), entre ida e vindas,  eles ficavam juntos.

De qualquer forma o Titi, pelo que me disseram, sempre foi o típico "galinha" e "canalha". Ele e a Aninha são atrasadas 1 ano (Anninha me disse que ela entrou atrasada, ele repetiu), e pelo que ela me disse ele também está fazendo o tal supletivo e tudo mais.

O verdadeiro motivo dele estar em frente à minha turma, parado juntos com outros três colegas, é que ele é o presidente do Grêmio Estudantil. Ele o Cebola fazem parte daquele grupo horrendo que só faz coisas más a escola. O Cebola me disse que eles são amigos e se falam. Pelo que eu sei... Eles dois são os únicos que estão lá, são "populares" (esse termo é simplesmente ridículo) e já tiveram algum contato do que um dia foi uma turma, uma panelinha (expressão usada pela Denise).

Há muito tempo, eles andavam juntos e eram muito unidos... Agora se falam de vez quem quando. A "turma" era composta por: Aninha, Magali, Titi, Cascuda, Quim (com quem tive algum contato), Cascão, Do Contra, Marina, Cebola, Franja ( o "amigo" da Marina... Ele é uma pessoa legal), Denise, Xaveco (só o cumprimentei algumas vezes) e o Jeremias (ele era amigo do Titi, mas também só o cumprimentei). Há mais pessoas, mas eu não as vi muito bem, só sei disso porque as meninas deixam escapar em suas várias conversas.

— Bem, gente, nós somos do Grêmio e viemos dar um anúncio. - Eu o conhecia. Já havia o visto nos corredores e junto com o Cascão e seus amigos. Ele é negro, e seus olhos também. Acho que seu nome é Jeremias. Ele não era do grupo do Titi, por isso sempre achei estranho o ter no Grêmio.

— Sim, esse anúncio cabe só aos alunos do segundo. A gente resolveu fazer um grupo de estudos com todas as turmas do segundo ano. - O Titi completou.

— E por isso, a turma de vocês tá convida. Vai ser no prédio II, na semana que vem... Da segunda a quarta-feira. Vai começar às 17:00 e vai até umas 20:00... Ou até quando você poderem ficar. Na hora a gente vai se organizar. Por isso, é para vocês, dessa turma, escolherem os melhores em quando matéria Para poder explicar e tudo mais. - Uma menina continuou. Ela é branca e loira e seu nome eu tenho quase certeza que é Inês. 

— Bom, é isso e compareçam se puderem. Podem chegar a hora que quiserem. E sair também. - A Carmen continuou. Isso mesmo, a Carmen. Nem sabia que ela tava lá, porque nem estava reparando nela. Seu olhar esnobe recaía sobre todos na sala. Ao término da frase sente o pesar sobre mim. Me deu calafrios. Não sabia que a Carmen fazia parte do Grêmio.

Eles saíram logo em seguida agradecendo o espaço para poder falar. Dei um pequeno e rápido olhar para o Cebola e ele reparou também. Não precisamos falar qualquer palavra, nossos olhares nos disseram tudo. 

Fiquei impressionada com o jeito que eles completavam a frase um dos outros. Pareciam ensaiados. Entusiasmados demais. 

                      *  *  *

As aulas haviam acabado. E eu estava livre. Livre para almoçar, tomar banho e ir ensaiar. Depois eu tinha deveres para fazer, deixar o quarto mais ou menos arrumado, lanchar, compor, dever, tentar sair, jantar...

Minha rotina está definitivamente agitada. 

"Mas não era isso que eu queria?" Me pergunto indo em direção ao quarto. 

— Não pensei que fosse tão trabalhoso e agitado. - Murmurei me jogando na cama. 

— Ei, Mônica. "Oi" para você também.- A Cascuda me corrigiu.

— Ahn? -Ah, oi, Cascuda.

Ela se senta na minha cama. 

— Tudo bem? Quer conversar? Fui grossa? Desculpe.

— Mais ou menos. Não precisa. Não.- Respondo levantando.

— Agora esqueci até o que perguntei. - Ela faz um careta e rimos. - Pode falar. - Ela insiste. 

— Não é nada muito alarmante. - Começo. - É que... Não sei, nunca pensei que minha vida se tornaria assim...

— Assim, tipo, com a gente? 

— Não. Quer dizer, nunca pensei que você existiam e que fossem tão legais...

— Isso é verdade. Nós somos demais. - Ela brinca.

— ...mas é que... É minha vida, sabe? Está muito agitada.

— Isso é verdade. Mas todas nós estamos assim. Não é só você, Moniquinha. Foi mal, esqueci que você não gosta. 

— Não, tudo bem. - Rimos.

— Oi, gente. - A Marina cumprimenta.

— Oi, Marina. - Eu e a Cascuda falamos em uníssono.

— Pera, você já chegou? Droga! Estou atrasada! Sempre quando você chega eu tenho que estar me arrumando. - Saio em disparada para o banheiro. Tomo banho no banheiro de cima mesmo e saio correndo. 

— Calma, Mônica. Que correria! - Ela exclama. 

— Pois é. - Digo em concordância. 

O que fez nós três rir.