Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 29
Vinte e nove




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ADENTRAMOS O REFEITÓRIO cheio à procura de uma mesa vazia. Aqui não tínhamos uma mesa reservada, do tipo, "mesa que sempre sentamos". A mesa que estava vazia, pegávamos.

Como éramos um dos únicos quartos que tinha 6 pessoas e não 5, demorávamos mais. O fato de ter a Denise conosco nos faz parecer ter 7 por causa de tanta demora que ela tem para se arrumar.

Mesmo descabeladas, com pijama e com odores matinais fazemos nosso incrível método maduro, eficaz e rápido para decidirmos a ordem de quem vai usar qual banheiro e em qual ordem. Hoje, a Denise ficou por último, o que nos fez atrasar ainda mais.

– Obrigada de verdade, Denise, por nós fazer ficar sem mesa. - A Cascuda reclamou olhando para os lados sem encontrar nenhuma mesa.

– Ai, gats, a culpa é de vocês. Eu deveria ser a primeira, ter meu lugar garantido na ordem dos banhos. Afinal, ficar glamurosa demora. - Ela respondeu.

– Gente, mas somos tudo isso de alunos e o refeitório é enorme. Não deveria acomodar todo mundo? - Pergunto.

– Deveria, sim, Mônica. Mas tem gente que não senta com o número máximo de pessoas, que no caso são 6 por mesa. Isso é bom para quem senta com bastante gente, porque aproveita as cadeiras restantes. - A Marina me explica.

– Ah, tá. Valeu, Marina.

Para pegarmos a nossa refeição, entramos numa fila onde ficam várias opções do que pegarmos para comer. Frutas, pães, sucos, leite, essas coisas. A Magali e eu, quando vamos pegar somos as últimas. Quer dizer, ela fica por último de nós 6, eu a acompanho.

– Vamos logo, Magali. - Reclamo. - A Aninha conseguiu uma mesa vazia.

– Ai, Mônica, não reclama. Agora eu só pego um pouco de tudo, não tudo de um pouco. - Ela falou pegando um pãozinho com o pegador.

– Ahn? - Perguntei.

– Isso é verdade! - A Denise gritou no meu ouvido m fazendo tomar um grande susto.

– Denise! - Reclamo.

– Ai, fofa, você toma susto a toa.

A mesa que a Aninha consegui fica perto do centro do refeitório. A mesa do centro do refeitório é onde ficam os populares, os Pops (e aliás, que nome ridículo).

No geral são pessoas riquinhas e metidas. E, como o nome já diz, são populares. Das pessoas que eu conheço, a Carmen, o Titi e o Cebola. Há outras que eu não tenho o mínimo contato, como a Irene, a "Miranda" e alguns que eu não sei o nome. A Irene é do meu ano e da turma da Marina. Mas eu olho bem para aquela mesa e há uma menina que eu nem ao menos conheço ela tem cabelos longos e negros e usa uma boina vermelha. Seu olhar é curioso e distante. Sua expressão é irônica.

– Gente, - A Cascuda começou. - vocês viram quem chegou e já sentou naquela mesa da panelinha?

Pus a bandeja em cima da mesa e me sentei juntamente com a Magali.

– Eu vi sim. Mas não sei quem é? É aluna nova? - Pergunto.

– Ahn... Sim e não. - A Marina me responde com o suco de laranja em mãos.

– Como assim?

– Ela já estudou conosco quando éramos do Ensino fundamental I... Mais ou menos do 1º ao 6º ano. Depois voltou para a terra dela. Em Paris. - A Aninha me explicou.

– Aquela lá é a Penha, Mônica. Ela pode ser até gata, mas não se engane. É uma cobra. - A Denise respondeu.

– Dê, também não fala assim da Penha. - Magali a repreendeu.

– Você só tá falando isso porque já foi amicíssima dela. - A Cascuda alfineta.

Pensei que a Dê faria um escândalo ou a responderia no mesmo nível de discórdia. Mas não. Depois de uma longa pausa, a Dê falou apenas:

– Você disse certo. Já fui. Agora não sou mais.

Não falamos mais sobre isso.

Já no nosso corredor fui ao limite que nos divide. Minha sala e a das meninas. Já estava quase acabando nosso tempo e suspeito que algum de nossos professores já terem chegado.

Me despedi delas com um rápido comprimento. Cheguei na sala e o professor já estava arrumando seu material na mesa.

Sentei no meu lugar de costume. A Isa está do meu lado. Ela dá um aceno e eu o retribuo. Não nos falamos muito além das aulas. Por causa das meninas e por causa dela também. A Isa já tem amigos com quem fica.

Senti um cutucar no ombro e olhei para trás. O Cebola estava lá.

Não que ele me fizesse sentir algo diferente dentro de mim. Não nos falamos ultimamente. Não sei... Estamos querendo provar algo para nós mesmo que não sabíamos o que era.

Ele tinha uma cara preocupada. E eu sussurrei um " o que foi". Ele apenas apontou para frente e eu a olhei. Ela é realmente bonita.

– Bem, gente, quero que dêem boas-vindas a nossa nova colega de classe, Penha. A Penha veio da nossa unidade na França, em Paris. Ela veio para fazer intercâmbio. - O Professor Rubens apresentava-a. Ela sorria elegantemente com dentes brancos e brilhantes.

– Intercâmbio nessa época do ano? Estamos em novembro! - Sussurrei.

– Acredite, a Penha consegue o que ela quiser, na hora que ela quiser. - Ele sussurrou de volta.

– Penha, sente-se ali, perto da Mônica. - O professor Rubens indicou o lugar atrás de mim.

– Eu 'sentarrei' onde 'quiserr'- Ela falou com um grande sotaque francês. A menina apenas olhou o professor de ciências que não fez nada além de virar e começar a dar aula. A arrogância dela é perceptível. Estava certa neste quesito.

Quando o professor começou a escrever no quadro, eu perguntei com um tom de voz baixo ao Cebola:

– Que arrogante! Por que todos a temem? A sala toda ficou parada.

– Porque todo mundo aqui a conhece. Ou quase todo mundo. Ela estudou aqui até ao 6º ano.

– As meninas me falaram.

– Sim, aí a fama dela já é conhecida.

– Que fama? - Pergunto.

Acho que falei mais alto, pois a Isa olhou- nos com repreensão.

– Ela - Começou o Cebola - tem o olhar do desprezo..

– Como assim? Que olhar é esse? - Pergunto rindo. - Que ridículo! - Acrescento.

– Não ria. É sério. Ele te faz sentir um lixo, e ela sabe, de alguma forma, os podres de cada um. E os joga na cara. O olhar dela já basta para conseguir o que quiser.

– Os podres? Olhar convincente?

– Sim. Todos têm um lado negro. Do jeito como a Penha olha com o olhar do desprezo, te faz lembrar dessa parte.

– Isso não parece sério. E eu não tenho um "lado negro".

– Impossível, Mônica. Todo mundo tem. Mesmo que você não o veja... Está no seu interior.

– Tá... E o que você, a Denise... As meninas tem com ela?

– Mônica, Cebola! - O professor nos repreende.

– Depois eu conto. - Ele sussurra. - Você não vai querer saber.

Seu último comentário fez com que minha curiosidade aumentasse e que as aulas passassem se arrastando até o Cebola ter um tempo de me contar.

" Você não vai querer saber."

De alguma forma só me fez querer saber mais. E de alguma forma também, sei que tem relação com algo que ninguém quer me contar. O tal mistério que almejo em desvendar.


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Notas finais do capítulo

Hey, Kon'nchiwa.

Minna-san, como vocês estão?

Capítulo aí para vocês.
Aproveitem! É nosso!

Comentem, de verdade. Adoro responder os comentários e dúvidas de vocês. É bem gratificante para nossa relação autora-leitore.

Favoritem se gostaram, senão deixe sua crítica construtiva para que possamos melhorar! ( ◠‿◠ )

Até próximo capítulo!
Mata nee!



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