Melodia escrita por Hoshi
ESTAMOS DEBAIXO do carvalho.
Nenhum de nós disse algo. Então eu sei que é hora de conversamos.
— Hum...Cebola, eu queria falar com você por....- Tentei começar.
— Por ter me ignorado sem motivo?- Ele me fala depois de breves segundos.
— Não foi sem motivo. Você sabe exatamente o que fez. Não sou uma pessoa muito sensível, mas não sou forte para aguentar que meus amigos me magoem. E você é meu melhor amigo.
— Pensei que fosse o Do Contra.
— O Dc está meio afastado de mim. Não sei por que.
— Viu, Mônica é por causa disso. - Ele começa a rir.
— Isso o quê? Causa de quê?- Pergunto com ira. Não gosto quando as pessoas começam a rir de mim.
— Ô, calma. Estou falando que é por causa disso que eu não intendo o que eu fiz. Você é tão...
— Tão o quê?
— Inocente...sei lá.
— Não sou inocente.- Falo com raiva.
— É sim. Só que você não percebe.
— Não sou, e vamos mudar de assunto.
Ele continua rindo, o que me deixa com raiva. Até que ele olha para mim.
— Acabou?
Ele assenti.
— Depois desse teu show ridículo. Vamos falar como pessoas sérias, tá? Nada infantil.
— Eu sou infantil por estar rindo?
— Sim.
— Ah, e ficar falando como uma menina mimada não é ser infantil?!
— Eu não fiquei falando como uma menina mimada.
— Ah, não? "Está rindo de que? Eu não sou inocente! Acabou?".
— Vamos parar?
— Tá, então vamos voltar a parte em que você me ignora, me acusa de uma coisa que eu não sei, mas que é sem motivos.
— Ah, você não sabe? Mas é muito sonso mesmo.
— Quê? Eu não sou sonso.
— Falou como uma criança mimada agora.
E nós sorrimos e depois rimos.
— Viu? Que raiva! Não dá para falar sério. - Reclamo.
— Tá, agora vamos ficar sérios. De verdade eu não sei.
Respiro fundo.
— Quando estávamos no camarim, indo para o show. Eu estava muito nervosa. E agitada. E estavam todos os meus amigos meu acalmando. Menos você. Aí, você reclama o tempo inteiro e na hora você fala para mim: "Você tem que conseguir. Boa Sorte". Aí,...
— Eu não fiquei reclamando- Ele me interrompe.- E eu só falei isso por que... Por que..
Fiquei encarando-o esperando uma resposta.
— Não enrola, Cebola, nem tenta inventar uma desc...
— Por que eu tenho vergonha assim como você.
Ui. Essa me pegou de surpresa.
— Oi? Como assim.
— Bom, eu tenho vergonha também, só que eu sei disfarçar mais. Eu estava nervoso. Isso. Acho que todo mundo fica com vergonha, nervoso... Acho que é algo inevitável, mas você tava tão nervosa, e eu... É... Eu estava tão nervoso e quanto você.
— E por que você não falou nada. Amigos são para isso.
— Mônica, se liga! Eu não sei se você notou ou percebeu, mas...antes de você chegar, eu não tinha amigos de verdade.
— Oi?
— Presta atenção, pensa bem. As suas amigas e colegas de quarto nem olhava para mim, aposto que falaram para você não falar comigo.
E elas falaram mesmo. Só que eu não concordei. E também já faz tempo. Bem no início quando eu comecei a falar com o Cebola.
— Enfim, - Ele falou depois de uma longa pausa- eu só tenho um amigo de verdade. E é o Cascão. E a gente estava até afastado. Por eu estar andando com eles...sei lá, eu me tornei esnobe, metido, algo assim para todo mundo.
— Espere, deixe-me entender. Vocês sempre foram amigos? As meninas, o Cascão...
— E até mesmo o Do Contra. Por mais incrível que pareça, mesmo do jeito esquisito dele... Eu falava mais com ele. - Diz.
— Então por que você foi burro o bastante para despertar essa inimizade?
— Bem, é uma história um tanto quanto complicada.
— Por ambição? Por ser sua amiga sei que é ambicioso, cabeça dura, não gosta de perder...
— Imagina, Mônica, que nós todos sempre fomos muito amigos. Muito mesmo, mas nunca fomos completos. Aí, por uma coisa a gente se separou e...
— Que coisa?- Interrompo-o.
— Uma coisa. Mas enfim, aí o Toni chegou na escola e começou a falar comigo. Ele achou-me legal e os Pops convidaram-no para sentarem com ele e falarem com ele, e pouco depois ele virou um deles e me arrastou junto. Pelo menos naquele momento eu tinha com quem ficar. Mesmo que fossem falsos e mentirosos.
"Depois a galera queria voltar a falar comigo, mas por pura ignorância e por eu ser bem burro, por causa dos Pops eu tratava-os com desprezo.
"Só tinha os amigos que eles deixavam. A gente até montou uma banda. No concurso o Cascão foi escolhido para guitarrista. Todo mundo pensou que o Do Contra não faria o teste, mas ele fez para contrariar. Ele não aceitou, mas aí todos acharam normal ele não aceitar, e por isso ele aceitou depois. Começo a falar com o Cascão, meu melhor amigo de infância, mas os Pops proibiram e eu rebati.
"Eles e o outra cara saíram. Eu acatei depois. O que é muito escroto. Sem sacanagem. E aí...- Ele pausou.
— E aí...
— E aí que você chegou. E o resto você sabe.
— Como assim?
— Ah, você meio que me mudou sabe? E é legal isso. Como se você abriu meus olhos.
— Ai, que fofo de se falar.- Eu sorri.
— É sério.
Dei um abraço rápido nele.
— Cebola,as porque os Pops são de tão suma importância para os outros. E sei lá...
— Ah. Eles são como...como a elite da escola. Os metidos e esnobes. Eles fazem coisas más e ruins, para se vangloriar e sentirem-se melhores, sabe? As pessoas tem raiva dos riquinhos, quem dirá dos que fazem coisas ruins. Eles têm influência em tudo, por isso eles ficaram espantados por você não ir para lá. É meio que uma máfia.
— Máfia?- Pergunto assustada.
— Não do jeito que você imagina. Me expressei errado. Foi mal.
— Não já intendi. Valeu, Cebola.
— Quem diria? Mônica de Souza, a menina mais influente do colégio falando "valeu"?!
Dei um tapa no seu braço e nós rimos.
• • •
— Mônica! Que demora. Conversa boa, lá em?- A Cascuda fala quando chego.
— Olá, Cascuda, tudo bem? Como vai?- Ironizei.
— Deixa de ser boba!- Ela fala.- Mas você está conversando lá na direção até agora?
— Ah, não. Eu estava conversando, mas com outra pessoa. Eu já tinha vindo aqui no quarto antes, no entanto vocês não estavam aqui. Aí eu fui lanchar.
— Com quem a senhorita estava conversando?- A Denise perguntou com malícia.
— Ai, Dê, que coisa feia!- A Magali exclamou.
— É verdade.- A Aninha falou.- Mas conta!
— Ué, gente nada demais. Por que de tanta curiosidade?- Perguntei-as.
— Nada, Mônica, nada.- A Maria falou com ar de desdém.
— A gente viu você e o Cebola juntos andando.- A Denise falou. Ela estava pintando as unhas.
— Dê!- Elas exclamaram em uníssono.
— Ué, gente, mas não é verdade?- Indignou-se.- Sou sincera mesmo!
— Nem precisava de tanto, né, Denise.- A Aninha.
— Esse negócio de indiretas, não é comigo.- Ela falou.
— Que coisa feia de vocês, me espionando!- Brinquei indignada.
— Ah, Mônica, conta!- A Cascuda falou.
— Encarnou a Denise agora, Cascuda?- A Aninha falou com ironia.
— O que tem para contar? A gente conversou e não estamos mais brigados. Coisa de amigos.- Falei impassível.
— Hum...sei.-A Magali falou.
— É sério, gente. Agora vamos mudar de assunto.
E como boas amigas que são, elas mudaram de assunto.
• • •
Eu acordei com a bela sinfonia do despertador. Bem, não é bela, e nem é uma sinfonia. É apenas um som que se repete até que desligue. Mas eu acordei de bom humor e quero aproveitar bastante isso.
Como um dia normal, eu sou a terceira a acordar.
Depois do café, nós nos despedimos e cada uma de nós vai para a sua sala. Depois de fazer essa breve análise, percebi como meu dia era sempre o mesmo e talvez um pouco sem graça. No recreio, eu ficaria com as meninas e daria um "oi" para o Cebola.
Estou conversando com ele quando o inspetor entra na nossa classe.
— Silêncio. Vocês são a 1, né?
Respondemos que sim. Que preguiça, está escrito na porta.
— Sim.- A turma toda respondeu em uníssono.
— A professora Mirela não pode comparecer. Vocês vão descer e só vão voltar no tempo seguinte dela. Que é...- Ele pega algumas folhas com os horários das turmas.- após o intervalo. Agora em silêncio, as outras turmas estão em aula.
Pedir silêncio para a nossa turma era a mesma coisa que pedir para fazer bastante barulho. Mas, sem causa aparente, ficamos em algo que eu diria um quase silêncio.
Não poderia voltar ao quarto, tampouco tenho a companhia das meninas para conversarmos. De modo que me sentei cansada sobre um banco qualquer do pátio.
— Oi, Mônica.
— Oi, Cebola.- Falo surpresa.
— E aí, vai fazer o que no tempo livre?
— No tempo livre?
— É... Agora até o recreio.
— Dormir?
— Não. E por que você está com sono? Foi dormir tarde?
Contar-lhe que eu havia ficado até tarde pensando na nossa conversa, não me parecia bom. Tampouco falar que eu o vi na sacada tarde da noite e não tinha falado com ele. De novo. Eu não sei o porquê. Das duas coisas. 1; que eu fico acordada até tarde e as vezes saio e olho o Cebola nos pensamentos na sacada do corredor, que é uma ala das meninas. Se pegarem ele está ferrado. A ala dele é o corredor de baixo. É intercalado um corredor/ala de meninos e outro de meninas. Vê-lo me leva ao 2; Por que eu o vejo.
Me acho estúpida por ficar acordada até tarde. Mais estúpida ainda por ver o Cebola acordado até tarde na sacada em frente ao meu quarto. Ele fica lá, pensa ou quem sabe só olha para o horizonte. Depois vai embora.
O porquê que ele fica ali, eu não sei.
E também não sei por que não pergunto.
— Eu não dormi bem mesmo.
—Ah, tá. Mas e aí?
— Não sei...
— Que tal tirarmos dia para nós?
— Como assim?
— Não estranhe. Amigos fazem isso. Passarmos um dia juntos fazendo coisas que nós dois gostamos.
— Parece-me legal.
— Então topa?
— Aceito.- Corrijo-o.
— O.k., senhorita da língua portuguesa.
E dali nós fomos até a biblioteca.
— Vamos fazer o que aqui?- Ele me perguntou.
— Achar algumas coisas.
Fui até a bibliotecária do tempo, a Joana, e pedi algumas folhas em branco.
Graciosamente ela me deu.
— Para que isso?
— Geralmente, folhas em branco ajudam na inspiração.
— Para que?
— Para compormos.
— Ótima ideia. Como pensou...
— A música é algo que nos une. Uma das atividades que fazemos em comum, gostamos.
— Mas onde?
— É. Isso, eu...
— Ah, sei um lugar.
— Onde?
— Vem!
Ele me puxa dessa vez. Nós vamos até o prédio Educativo. A sala de música! Claro, tinha me esquecido dela.
— Não vai ter nenhuma aula aqui?
— Segundo os horários daqui da porta...não agora.
Eu sento de frente ao piano e ele ao meu lado. Ambos sabemos tocar, mas há receio nele e vergonha em mim.
Quando decido fazê-lo, ele também é nossas mãos acabam se encontrando.
Eu ri de nervoso. Deixo ele tocar.
— Nossa, Cebola! Você arrasa! Parabéns!
— "Arrasa"?! Sério, você está andando muito com a Denise.
— Bobo! Sabia que quando alguém elogia-nos, devemos agradecer?
— Honorável senhorita Mônica de Souza, obrigado pelo seu majestoso e sincero elogio. Fico honrado de ser reconhecido pelo meu trabalho de anos é obrigação pelos meus pais. - Ele diz e nós rimos.
— Espera, obrigação?..
Ele respira fundo e dá um sorriso amarelo.
— Grande história.
Olho para meu pulso simulando olhar para um relógio.
— Nós temos tempo.
Ele dá um sorriso amarelo e volta a tocar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Oi, gente!
Curtiram muito o carnaval? Eu moro no Rio de Janeiro, mas isso não quer dizer que eu curta muito o carnaval...
É, talvez tenha muita ente querendo me estrangular por ter demorado tanto, mas o aplicativo que eu escrevo, "Pad&Quil", não estava abrindo, e depois eu ainda tinha que revisar no Word. Eu fiquei maluca, na por alguma mágica ele resolveu funcionar me deixando feliz >.< Ainda bem que eu tenho os capítulos salvos no meu e-mail!
Enfim, espero que tenham gostado, desse capítulo que fiz com muito carinho! Vou tentar postar o quanto antes!
Ah, se você quiserem ler mais coisas feitas por mim, é só clicarem no meu perfil! Fico bem feliz quando alguém de outras fanfics minha leem essa, ou quando alguém daqui lê uma das minha one-shots!
Ah, vocês gostam de romance? A minha querida melhor amiga e parceira, Romântica10, que está com uma long-fic maravilhosa, chamada "Perdida?". Pesquisem, vocês vão gostar, é da categoria original. Link: https://fanfiction.com.br/historia/671336/Perdida/
Até o próximo capítulo!
Beijokas da Pietra