Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 21
Vinte e um




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ESTAMOS DEBAIXO do carvalho.

Nenhum de nós disse algo. Então eu sei que é hora de conversamos.

— Hum...Cebola, eu queria falar com você por....- Tentei começar.

— Por ter me ignorado sem motivo?- Ele me fala depois de breves segundos.

— Não foi sem motivo. Você sabe exatamente o que fez. Não sou uma pessoa muito sensível, mas não sou forte para aguentar que meus amigos me magoem. E você é meu melhor amigo.

— Pensei que fosse o Do Contra.

— O Dc está meio afastado de mim. Não sei por que.

— Viu, Mônica é por causa disso. - Ele começa a rir.

— Isso o quê? Causa de quê?- Pergunto com ira. Não gosto quando as pessoas começam a rir de mim.

— Ô, calma. Estou falando que é por causa disso que eu não intendo o que eu fiz. Você é tão...

— Tão o quê?

— Inocente...sei lá.

— Não sou inocente.- Falo com raiva.

— É sim. Só que você não percebe.

— Não sou, e vamos mudar de assunto.

Ele continua rindo, o que me deixa com raiva. Até que ele olha para mim.

— Acabou?

Ele assenti.

— Depois desse teu show ridículo. Vamos falar como pessoas sérias, tá? Nada infantil.

— Eu sou infantil por estar rindo?

— Sim.

— Ah, e ficar falando como uma menina mimada não é ser infantil?!

— Eu não fiquei falando como uma menina mimada.

— Ah, não? "Está rindo de que? Eu não sou inocente! Acabou?".

— Vamos parar?

— Tá, então vamos voltar a parte em que você me ignora, me acusa de uma coisa que eu não sei, mas que é sem motivos.

— Ah, você não sabe? Mas é muito sonso mesmo.

— Quê? Eu não sou sonso.

— Falou como uma criança mimada agora.

E nós sorrimos e depois rimos.

— Viu? Que raiva! Não dá para falar sério. - Reclamo.

— Tá, agora vamos ficar sérios. De verdade eu não sei.

Respiro fundo.

— Quando estávamos no camarim, indo para o show. Eu estava muito nervosa. E agitada. E estavam todos os meus amigos meu acalmando. Menos você. Aí, você reclama o tempo inteiro e na hora você fala para mim: "Você tem que conseguir. Boa Sorte". Aí,...

— Eu não fiquei reclamando- Ele me interrompe.- E eu só falei isso por que... Por que..

Fiquei encarando-o esperando uma resposta.

— Não enrola, Cebola, nem tenta inventar uma desc...

— Por que eu tenho vergonha assim como você.

Ui. Essa me pegou de surpresa.

— Oi? Como assim.

— Bom, eu tenho vergonha também, só que eu sei disfarçar mais. Eu estava nervoso. Isso. Acho que todo mundo fica com vergonha, nervoso... Acho que é algo inevitável, mas você tava tão nervosa, e eu... É... Eu estava tão nervoso e quanto você.

— E por que você não falou nada. Amigos são para isso.

— Mônica, se liga! Eu não sei se você notou ou percebeu, mas...antes de você chegar, eu não tinha amigos de verdade.

— Oi?

— Presta atenção, pensa bem. As suas amigas e colegas de quarto nem olhava para mim, aposto que falaram para você não falar comigo.

E elas falaram mesmo. Só que eu não concordei. E também já faz tempo. Bem no início quando eu comecei a falar com o Cebola.

— Enfim, - Ele falou depois de uma longa pausa- eu só tenho um amigo de verdade. E é o Cascão. E a gente estava até afastado. Por eu estar andando com eles...sei lá, eu me tornei esnobe, metido, algo assim para todo mundo.

— Espere, deixe-me entender. Vocês sempre foram amigos? As meninas, o Cascão...

— E até mesmo o Do Contra. Por mais incrível que pareça, mesmo do jeito esquisito dele... Eu falava mais com ele. - Diz.

— Então por que você foi burro o bastante para despertar essa inimizade?

— Bem, é uma história um tanto quanto complicada.

— Por ambição? Por ser sua amiga sei que é ambicioso, cabeça dura, não gosta de perder...

— Imagina, Mônica, que nós todos sempre fomos muito amigos. Muito mesmo, mas nunca fomos completos. Aí, por uma coisa a gente se separou e...

— Que coisa?- Interrompo-o.

— Uma coisa. Mas enfim, aí o Toni chegou na escola e começou a falar comigo. Ele achou-me legal e os Pops convidaram-no para sentarem com ele e falarem com ele, e pouco depois ele virou um deles e me arrastou junto. Pelo menos naquele momento eu tinha com quem ficar. Mesmo que fossem falsos e mentirosos.

"Depois a galera queria voltar a falar comigo, mas por pura ignorância e por eu ser bem burro, por causa dos Pops eu tratava-os com desprezo.

"Só tinha os amigos que eles deixavam. A gente até montou uma banda. No concurso o Cascão foi escolhido para guitarrista. Todo mundo pensou que o Do Contra não faria o teste, mas ele fez para contrariar. Ele não aceitou, mas aí todos acharam normal ele não aceitar, e por isso ele aceitou depois. Começo a falar com o Cascão, meu melhor amigo de infância, mas os Pops proibiram e eu rebati.

"Eles e o outra cara saíram. Eu acatei depois. O que é muito escroto. Sem sacanagem. E aí...- Ele pausou.

— E aí...

— E aí que você chegou. E o resto você sabe.

— Como assim?

— Ah, você meio que me mudou sabe? E é legal isso. Como se você abriu meus olhos.

— Ai, que fofo de se falar.- Eu sorri.

— É sério.

Dei um abraço rápido nele.

— Cebola,as porque os Pops são de tão suma importância para os outros. E sei lá...

— Ah. Eles são como...como a elite da escola. Os metidos e esnobes. Eles fazem coisas más e ruins, para se vangloriar e sentirem-se melhores, sabe? As pessoas tem raiva dos riquinhos, quem dirá dos que fazem coisas ruins. Eles têm influência em tudo, por isso eles ficaram espantados por você não ir para lá. É meio que uma máfia.

— Máfia?- Pergunto assustada.

— Não do jeito que você imagina. Me expressei errado. Foi mal.

— Não já intendi. Valeu, Cebola.

— Quem diria? Mônica de Souza, a menina mais influente do colégio falando "valeu"?!

Dei um tapa no seu braço e nós rimos.

• • •

— Mônica! Que demora. Conversa boa, lá em?- A Cascuda fala quando chego.

— Olá, Cascuda, tudo bem? Como vai?- Ironizei.

— Deixa de ser boba!- Ela fala.- Mas você está conversando lá na direção até agora?

— Ah, não. Eu estava conversando, mas com outra pessoa. Eu já tinha vindo aqui no quarto antes, no entanto vocês não estavam aqui. Aí eu fui lanchar.

— Com quem a senhorita estava conversando?- A Denise perguntou com malícia.

— Ai, Dê, que coisa feia!- A Magali exclamou.

— É verdade.- A Aninha falou.- Mas conta!

— Ué, gente nada demais. Por que de tanta curiosidade?- Perguntei-as.

— Nada, Mônica, nada.- A Maria falou com ar de desdém.

— A gente viu você e o Cebola juntos andando.- A Denise falou. Ela estava pintando as unhas.

— Dê!- Elas exclamaram em uníssono.

— Ué, gente, mas não é verdade?- Indignou-se.- Sou sincera mesmo!

— Nem precisava de tanto, né, Denise.- A Aninha.

— Esse negócio de indiretas, não é comigo.- Ela falou.

— Que coisa feia de vocês, me espionando!- Brinquei indignada.

— Ah, Mônica, conta!- A Cascuda falou.

— Encarnou a Denise agora, Cascuda?- A Aninha falou com ironia.

— O que tem para contar? A gente conversou e não estamos mais brigados. Coisa de amigos.- Falei impassível.

— Hum...sei.-A Magali falou.

— É sério, gente. Agora vamos mudar de assunto.

E como boas amigas que são, elas mudaram de assunto.

• • •

Eu acordei com a bela sinfonia do despertador. Bem, não é bela, e nem é uma sinfonia. É apenas um som que se repete até que desligue. Mas eu acordei de bom humor e quero aproveitar bastante isso.

Como um dia normal, eu sou a terceira a acordar.

Depois do café, nós nos despedimos e cada uma de nós vai para a sua sala. Depois de fazer essa breve análise, percebi como meu dia era sempre o mesmo e talvez um pouco sem graça. No recreio, eu ficaria com as meninas e daria um "oi" para o Cebola.

Estou conversando com ele quando o inspetor entra na nossa classe.

— Silêncio. Vocês são a 1, né?

Respondemos que sim. Que preguiça, está escrito na porta.

— Sim.- A turma toda respondeu em uníssono.

— A professora Mirela não pode comparecer. Vocês vão descer e só vão voltar no tempo seguinte dela. Que é...- Ele pega algumas folhas com os horários das turmas.- após o intervalo. Agora em silêncio, as outras turmas estão em aula.

Pedir silêncio para a nossa turma era a mesma coisa que pedir para fazer bastante barulho. Mas, sem causa aparente, ficamos em algo que eu diria um quase silêncio.

Não poderia voltar ao quarto, tampouco tenho a companhia das meninas para conversarmos. De modo que me sentei cansada sobre um banco qualquer do pátio.

— Oi, Mônica.

— Oi, Cebola.- Falo surpresa.

— E aí, vai fazer o que no tempo livre?

— No tempo livre?

— É... Agora até o recreio.

— Dormir?

— Não. E por que você está com sono? Foi dormir tarde?

Contar-lhe que eu havia ficado até tarde pensando na nossa conversa, não me parecia bom. Tampouco falar que eu o vi na sacada tarde da noite e não tinha falado com ele. De novo. Eu não sei o porquê. Das duas coisas. 1; que eu fico acordada até tarde e as vezes saio e olho o Cebola nos pensamentos na sacada do corredor, que é uma ala das meninas. Se pegarem ele está ferrado. A ala dele é o corredor de baixo. É intercalado um corredor/ala de meninos e outro de meninas. Vê-lo me leva ao 2; Por que eu o vejo.

Me acho estúpida por ficar acordada até tarde. Mais estúpida ainda por ver o Cebola acordado até tarde na sacada em frente ao meu quarto. Ele fica lá, pensa ou quem sabe só olha para o horizonte. Depois vai embora.

O porquê que ele fica ali, eu não sei.

E também não sei por que não pergunto.

— Eu não dormi bem mesmo.

—Ah, tá. Mas e aí?

— Não sei...

— Que tal tirarmos dia para nós?

— Como assim?

— Não estranhe. Amigos fazem isso. Passarmos um dia juntos fazendo coisas que nós dois gostamos.

— Parece-me legal.

— Então topa?

— Aceito.- Corrijo-o.

— O.k., senhorita da língua portuguesa.

E dali nós fomos até a biblioteca.

— Vamos fazer o que aqui?- Ele me perguntou.

— Achar algumas coisas.

Fui até a bibliotecária do tempo, a Joana, e pedi algumas folhas em branco.

Graciosamente ela me deu.

— Para que isso?

— Geralmente, folhas em branco ajudam na inspiração.

— Para que?

— Para compormos.

— Ótima ideia. Como pensou...

— A música é algo que nos une. Uma das atividades que fazemos em comum, gostamos.

— Mas onde?

— É. Isso, eu...

— Ah, sei um lugar.

— Onde?

— Vem!

Ele me puxa dessa vez. Nós vamos até o prédio Educativo. A sala de música! Claro, tinha me esquecido dela.

— Não vai ter nenhuma aula aqui?

— Segundo os horários daqui da porta...não agora.

Eu sento de frente ao piano e ele ao meu lado. Ambos sabemos tocar, mas há receio nele e vergonha em mim.

Quando decido fazê-lo, ele também é nossas mãos acabam se encontrando.

Eu ri de nervoso. Deixo ele tocar.

— Nossa, Cebola! Você arrasa! Parabéns!

— "Arrasa"?! Sério, você está andando muito com a Denise.

— Bobo! Sabia que quando alguém elogia-nos, devemos agradecer?

— Honorável senhorita Mônica de Souza, obrigado pelo seu majestoso e sincero elogio. Fico honrado de ser reconhecido pelo meu trabalho de anos é obrigação pelos meus pais. - Ele diz e nós rimos.

— Espera, obrigação?..

Ele respira fundo e dá um sorriso amarelo.

— Grande história.

Olho para meu pulso simulando olhar para um relógio.

— Nós temos tempo.

Ele dá um sorriso amarelo e volta a tocar.


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Notas finais do capítulo

Oi, gente!

Curtiram muito o carnaval? Eu moro no Rio de Janeiro, mas isso não quer dizer que eu curta muito o carnaval...

É, talvez tenha muita ente querendo me estrangular por ter demorado tanto, mas o aplicativo que eu escrevo, "Pad&Quil", não estava abrindo, e depois eu ainda tinha que revisar no Word. Eu fiquei maluca, na por alguma mágica ele resolveu funcionar me deixando feliz >.< Ainda bem que eu tenho os capítulos salvos no meu e-mail!

Enfim, espero que tenham gostado, desse capítulo que fiz com muito carinho! Vou tentar postar o quanto antes!

Ah, se você quiserem ler mais coisas feitas por mim, é só clicarem no meu perfil! Fico bem feliz quando alguém de outras fanfics minha leem essa, ou quando alguém daqui lê uma das minha one-shots!

Ah, vocês gostam de romance? A minha querida melhor amiga e parceira, Romântica10, que está com uma long-fic maravilhosa, chamada "Perdida?". Pesquisem, vocês vão gostar, é da categoria original. Link: https://fanfiction.com.br/historia/671336/Perdida/

Até o próximo capítulo!

Beijokas da Pietra



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