Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 18
Dezoito




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– AMIGA, DESDE quando você é o Cebola estão tendo encontros?- A Magá me pergunta.

– Magá, não exagere. Não é um encontro. É só uma conversa que vamos ter. Tipo um tempo que vamos passar juntos.

– É uma expressão estrangeira para encontro?- A Marina pergunta nos fazendo rir.

– Gente, não é um encontro.- Me forço a ficar séria.

– Não, é? Miga, então me diz: por que você nos convocou para ajudar você a se vestir e espalhou essas roupas pela sua cama inteira?- A Denise questiona.

Olho ao redor. É talvez seja um encontro.

– Ah, mas... Nem todas vocês. A Cascuda está dizendo se está legal e está no computador.

– Estou fazendo um relatório de ciências.- Ela fala.

– Hum... Será que nossa Moniquinha está se apaixonando pela primeira vez?- A Aninha me cutuca.

Eu rio, pois sinto muitas cócegas. Mas isso me faz pensar.

" Apaixonada? Eu? " Tenho que pensar sobre isso. Os livros que eu leio e as músicas que eu ouço deveriam ter me informado.

– Gente, vocês já estão exagerando...- Respondo sentindo meu rosto queimar.

– Ai, que fofo!- A Marina exclama.- A Mônica fica vermelha.

– Olha, já está até vermelha. Obviamente está mentindo.- A Magá fala.

– Que feio, Mônica. Mentindo... Tsc tsc...por isso eu não esperava. - A Aninha brinca.

– Ah, gente. Deixem a garota em paz. - A Cascuda fala.- Se ela está apaixonada e não quer assumir, qual o problema?

Com toda aquela pressão... Bem o que eu poderia fazer?

– Chega!- Explodo.

Elas me olham assustadas. Eu não sou de gritar ou se explodir.

– Eu...- Respiro fundo.- Tá talvez eu esteja meia apaixonada...- Confesso.- Ou sei lá. Não sei bem ao certo, nunca estive assim antes.- Falo séria.

– Owwww!- Ela exclamam em uníssono.

Recebo um abraço de todas.

– Essas crianças crescem tão rápido. - Aninha brinca enquanto finge estar limpando uma lágrima. Nós rimos.

–Bom, agora já passou a parte da fofura.Chega de mimimi. Agora que sabemos que o caso é paixão.

– Uma talvez.- Interrompo-a.

– Enfim,- Ela continua - Temos que te arrumar para essa nova fase.

– Denise, só não escreva em uma blusa branca com purpurina vermelha " estou apaixonada".

– Ah!- Dê dá um gritinho de indignação- Nunca! Jamais de la vie!* Vamos vesti-la de acordo.

– Nada de que não condiza com sua personalidade.- A Marina fala.

– O.k...o.k.

Mal acaba de dizer essas palavras, ela me puxa. Faz uma maquiagem bem simples que mal pode ver. Ela escolhe um vestidinho azul de alças. Ela fuça meus sapatos e pergunta:

– Menina, quantos tênis você tem? A loja All Star inteira?

Eu ri.

– Que tal uma sapatilha emprestada?

– Sapatilhas me dão bolhas nos pés.- Falo.

As meninas se espalharam. Algumas vendo de longe, outras concentradas em suas tarefas.

No fim, ela pôs uma presilha discreta no meu cabelo é um tênis sapatilha. Eu realmente gostei muito do resultado.

– Uau, Denise! - A Magá falou.

– Você se superou, Dê.- A Marina fala.

– Eu também amei!- A Cascuda confere.

– Ficou demais!- A Aninha abraça-a.

– Obrigada, Dê! De verdade.- Eu agradeço.

– Servimos bem, para servirmos sempre, cherrie *¹. Agora, vai, Mônica. Já são 14h 49mn, chegar atrasada é chique, mas sem exagero. E como a Magá diz " não condiz com sua personalidade".

Rimos e eu saio.

• • •
No banco, vejo o Cebola. Eu acabei de chegar.

– Oi.

– Nossa, você está...linda.- Ele fala tímido.

Sinto meu rosto queimar.

– O-obrigada.

Mas essa minha timidez toda meu deu uma enorme vontade de ir ao banheiro.

– Cebola, eu sei que eu acabei de chegar, mas...

– Lá vem esse mas...

Sorrio.

– Não é nada. Só quero ir ao banheiro. Fica aqui perto.

– O.k.

Eu vou dando passos largos.

Na cabine do banheiro estou cantarolando. Enquanto lavo as mãos também. Então, descendo a rampa do banheiro tenho a velha sensação que estou sendo seguida. Olho para trás mas não há ninguém. Tampouco rastros. Dou mais alguns passos e repito a operação. Nada.

Até que ouço alguém me chamando. Viro-me para frente, á direita e avisto a Carmem em cima do prédio, provavelmente na sala de espelhos, no segundo andar, afinal naquele prédio só haviam mesmo dois andares. Não tinha nome e então era chamado de prédio verde.

E em questão de segundos sou atingida por uma coisa líquida, mas gosmenta. Pelo cheiro enjoativo reconheço: tinta.

Eu grito baixo e como o Cebola está perto logo corre. Quando me vê ele se assusta.

– O que...aconteceu?

– Eu não sei. - Falo indignada. - Fui atingida!

– Por quem? Por onde? Como?

– Foi a Carmem, claro. Ela estava naquele prédio.- Aponto.

– Sei... E o que te leva a crer que foi ela?

– Eu a vi, Cebola.

– Tá, tá. Depois a gente fala disso. Vamos te limpar logo.

– Onde? Você não pode entrar no banheiro das meninas, tampouco eu posso entrar no banheiro dos meninos.

– E quem disse que vamos nesses banheiros?- Vamos em qual, então?

– No dos visitantes, ué.

– Mas não pode, né?

– E quem disse? Ele é unissex. Só temos que ir logo.

Mais tarde, quando chego no quarto, as meninas estão me rodeando de perguntas. Inclusive por eu ainda estar com algumas partes verdes. Respondo-lhes logo. Com um largo sorriso. Porque uma coisa não saí da minha cabeça: o beijo que ele deu na minha bochecha.

" É, talvez eu esteja apaixonada. Um pouco apaixonada."

• • •

Hoje é o dia da Magá. Hoje é o dia da banda.

Tantos eventos que minha cabeça não consegue proceder.

Meu único papel hoje é distrair a Magá, enquanto as meninas arrumavam as coisas e depois cantar.

É tão simples. Por que eu estou tão nervosa? Odeio ser tão tímida.

Tivemos a permissão de usar a sala De Interação e depois limpar tudo. Seríamos nós e os meninos da banda. E mais algumas meninas e meninos que elas conhecem.

Conduzo a Magali até a sala de Música. Não tem ninguém aqui e será perfeita com o argumento "que precisamos nos preparar". Não deixo ela respirar levando-a de um canto para o outro. Enfatizando toda hora que hoje nós temos o nosso primeiro show, sem deixá-la respirar para que lhe diga que é seu aniversário.

Se ela ficou decepcionada por não receber os parabéns, disfarçou bem. Ela agia conforme eu havia planejado, quer se parar para pensar é algo bem esquisito.

Às três horas da tarde em ponto meu celular vibrou. Era uma mensagem das meninas.

Eu já podia levá-la.

– Mônica, eu tenho que te confessar uma coisa.

– O que foi, Magá?

– Eu também estou nervosa por causa da apresentação. Eu, sei lá, tenho me dó de errar é tudo mais.

– Magá,- Dei-lhe um abraço- você nem precisa ficar nervosa. Você toca super bem e já fez isso antes. Você tem talento e sabe o que faz e eu...

– Você também. Não se subestime, Mônica. Você sabe que canta maravilhosamente.

– Nossa, obrigada, mas forçou um pouquinho. - Nós duas rimos.- Ah,- Falei saindo do abraço, me lembrando do meu propósito- Me lembrei agora que eu tenho que buscar um...uma a-agenda na sala de Interação. Vai comigo?

– Tá bom. Mas não vamos demorar. Depois tenho que dar uma bronca nas meninas.

– Pelo que?- Pergunto cínica.

– Nada. Depois você vai ver.

Entramos no prédio Educativo 2 e subimos quatro lance de escadas.

– Nunca me pareceu tão longe essa sala. Se bem que eu vim aqui só uma vez.- Eu falei.

A Magá riu.

Adentramos o corredor e eu fui na frente. Peguei na mão da Magá quando faltava poucos passos.

– Você tem a chave, Mônica. Senão vamos ter que ir na secretaria.

– Não, não. Eu tenho.

"Droga. Não tinha pensado nisso. Se eu falar que aporta tá aberta... Não. É melhor fingir."

Peguei qualquer chave que a Magali não fosse reconhecer. Para fingir que estava abrindo.

Eu esperava que logo assim que a porta abrisse, eles gritariam surpresa, ligassem a luz, essas coisas. Mas nada aconteceu. Eu esperei alguns segundos e nada. Cheguei até a pensar que estava na sala errada.

– Vamos, Mônica.

Entramos na sala.

– Magá, liga a luz aí.

– Tá. Onde fica? - Ela tateou a parede.- Ah, achei. Você sabe se...

– Surpresa!- O pessoal gritou em uníssono. Aliviou-me.

A Magali chorou de surpresa. Ela disse que estava chateada por não lembrarem, mas que adorou a surpresa.

Revirei os olhos.

Eu odeio surpresas.

Balões coloridos. Enfeites em tom amarelo. Realmente, agora me lerei que a cor favorita da Magá é amarelo. Tudo está bem legal e ao mesmo tempo simples. O bolo fora encomendado, os salgadinhos e sanduíches também. Pus logo a mão no suco de maçã, um dos meus favoritos. Mas parece-me que gostam mais de refrigerante.

"Mais para mim" pensei.

Quanto aos convidados, reconheci alguns é conhecia poucos. Todos da banda foram, as meninas também, obviamente, é só conhecia estes. Ah, e me assustei ao ver a Carmem lá. Ainda por cima conversando com a Irena e a Penha. Elas me escolheram para ser do time de vôlei.

– A gente não convidou ela. Ela saiu entrando.- A Cascuda disse. Ela havia percebido que observava a Carmem.

– Não tudo bem.- Disse- A festa é da Magali e não queremos estragar, não é mesmo?

As meninas sabiam que a Carme foi criando uma implicância comigo. Eu as contava tudo, ou praticamente tudo. Ocultei alguns fatos que ocorreram com o Cebola. Achei desnecessário contá-las e também por que queria guardá-los só para mim. Sim eu admito. E também admito que a segunda afirmativa é a mais verdadeira.

Meu celular e o da Magá vibraram, juntamente com os da meninas, o do Dc, do Cebola e do Cascão. Justamente quando eu falava com o Cascão. Passei praticamente conversando com ele. Era o integrante da minha banda que eu mal conhecia.

Ele é bem engraçado e piadista. Disse que adora tocar, mas também adora andar de skate. Ele me faz rir toda hora. Ele também é um nerd assumido. Adora vídeos-game e animes.

Meu celular vibrando significa que já são 16:30. Significa também que é hora de irmos para a loja e nos prepararmos. Respiro fundo. Nossa caminhada começou.

Tento acompanhar os 10 passos rápidos, mas não consigo. Parece que o oxigênio fugiu de mim.

– Gente...eu... preciso parar...

Enquanto alguns reclamam o Dc vem e põem a mão no meu ombro.

– Você tá bem?- Pergunta.

Eu faço que sim com meu polegar. Mas não estou bem. Estou nada bem. Tento disfarçar enquanto nos arrumamos já no vestiário improvisado da loja. Mas nunca fui boa em disfarçar.

Faltam vinte minutos para nosso primeiro show. A loja não é enorme, tampouco minúscula. Mas mesmo assim minha respiração está ofegante. As meninas que ficaram para terminar a bagunça da festa já estão aqui, me tranquilizando. A Magá vem junto com elas. O Dc e o Cascão idem. O único amigo que não vem é o Cebola.

Enquanto faltavam 5 minutos e minhas mãos suavam freneticamente e eu limpava-as no vestido preto que eu usava, senti um leve toque no ombro. Olhei. Era o Cebola. Minha cara de susto e medo misturados não podia ser pior.

– Você tem que conseguir. Boa sorte.

Não é bem a frase que eu esperava dele. A realidade veio como um tapa na cara. Serviu para acordar-me. Eu não podia desanimar.

Meu coração batia descompassadamente.

"Você ensaiou muito, Mônica. Não tem como errar."

Mas não adiantou muito para o meu coração. A adrenalina ressurgindo. O show vai começar.

E de repente estou encarando o meu público. Eu estou errada.

O show já começou.


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Notas finais do capítulo

* Expressão em francês que significa "Jamais na vida".
* 1 Palavra em francês que significa 'querida'.
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Oiê!

Estou muito empolgada! Gente, a primeira recomendação! Obrigada LAEM Lara Menezes! Sua fofa!
Eu queria dizer que essa recomendação não é só minha, é nossa! E eu estou muito feliz (Pulei e gritei tanto de felicidade que o povo aqui de casa teve a certeza que deveriam me internar num hospício)! Ah, e eu também postei a minha felicidade no grupo do Nyah! Fanfiction, no Facebook.
Para o pessoal que já leu minhas outras fanfics, eu estou fazendo o projeto de outra. Estou terminando na verdade, então postarei em breve. Só que essa eu tenho quase certeza que não vou escrever na categoria da Turma da Mônica Jovem. Parte da minha empolgação é isso também.
Gente é isso. Estou muito feliz com os comentários de vocês. Ainda tem muitos leitores fantasmas e esses lindos, eu gostaria que comentassem. Para me dizer a opinião de vocês, o que acham, no que precisa melhorar, dúvidas etc., essa coisas. Afinal, não custa nada, não é?
Então, comentem!
Até o próximo capítulo!

Beijokas da Pietra



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