Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 16
Dezesseis




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Eu estou deliciando-me com minha barrinha de cereal. As meninas foram fazer alguma coisa que já me esqueci. Só a Aninha e a Magali ficaram e estão na fila da cantina. Estou no banco perto da árvore esperando-as. O sinal do recreio tocara a pouco tempo.

– Escutando música para variar!

– Que susto, Cebola!- Falo enquanto tiro meus fones de ouvido.- Que foi?

– Lembra a música que eu te falei ontem?

– Ah, sim, sei.

– Consegui terminar.

– Que legal. Mostra!

– Agora?

– É.

Ele tirou o violão que estava nas suas costas e começou:

...*

– Uau, Cebola! Está muito bom.

– Valeu. Ainda falta uma estrofe e acho que farei algumas alterações no refrão. Estava querendo apresentar no Festival de Música do colégio.

– Festival de Música?

– É. Tem aqui no colégio. Mas as bandas não podem se apresentar.

– Por que não?

– Porque tem um especial de bandas. Só que esse vem antes.

– Ah, sim. E no Festival de Música?

– Esse é mais para cantores ou quem toca instrumento. É porque antes eles faziam um festival só. Mas muitas bandas apareciam tomando vaga de outras pessoas. E algumas pessoas apareciam, mas desistiam por estar sozinho, tipo sem outra pessoa ou banda.

"O Festival de Bandas acontece antes, tipo daqui há uns dois meses e o festival de música uns três.

– E você já está se preparando?

– Não gosto de deixar nada para cima da hora. E me bateu a inspiração.

– Mas de verdade, essa música ficou...

– Cebola! Te achamos.

Eu olhei para a direção da voz. Eu reconheci logo: era o Toni. Um dos tais amigos do Cebola. Ele mesmo já me confessou que odeia-o. E não tem como. Ele é um valentão metido a forte e esperto. Despreza e maltrata quem for contra eles ou desafiá-los.

– Oi. Toni.

– Tá fazendo o que com essa daí? Ah, já sei. Já tá em outra, né? Esperto, muito esperto. A Carmem já tá sabendo?

Eu não merecia passar por esse tipo de coisa. Me fez lembrar que eu descompri o que eu disse para ele. Que só seria sua amiga se ele provar mesmo isso. Para os amigos dele.

Peguei então as coisas pronta para sair.

– Toni, quem sabe da minha vida sou eu. Se eu quiser ficar aqui eu fico tá legal? E "essa daí" tem nome. E é Mônica.

– Uiu. Que medo! Engraçado, muito engraçado. Você não devia falar assim comigo. Tá querendo arranjar briga é? Por causa de uma ninguém.

– Ninguém é você. Não tem nem amigos de verdade. E se for? Se eu quiser arrumar briga? Sinceramente não sei como pude ficar teu amigo.

Uns outros garotos surgiram. Do bando deles.

– Ah, é? Pois tá fora dos Guys agora.

– Que ótimo. Não queria ficar num grupo de merdinhas de vocês.- Ele falou e levantou ficando de frente para o Toni.

– Qual que é? Eu acabo com você é teu bando em um segundo.

– Eu não tenho bando. Nem medo de você. Não sou covarde para atacar em bando como você.

– Então eu e você. No fim da aula.

– Onde?

Eu não estava acreditando. Briga? Eles estavam arrumando uma briga? Eu já li isso num livro. Estranho como as vezes a vida tem momentos de livros. Mas se for uma briga como aquela eu precisava fazer algo. E rápido.

– Parem. Os dois. Pára, Cebola.

– Uiu. A garotinha precisa falar por você é, Cebola? Precisa de uma menina para te defender, Cebola.

Aquilo me fez perder a paciência.

– Olha, aqui, garoto. Não sei que você é e pelas tuas atitudes não quero saber. Ninguém falou contigo, aqui. Se não parar logo eu vou chamar o inspetor. Agora.

– Você tá fora dos Guys.

Puxei o Cebola para longe que agarrou o seu violão.

Quando já estávamos longe, sentamos num banco perto do prédio dois.

– O que fora aquilo, em?- Eu perguntei.

– Nada. Só um idiota que tive de encarar. - Rimos. - E você? Adorei seu jeito de mandona. Você serve para isso. Ainda não acredito.

– Nem...eu. Acho que foi a primeira vez.

– Bem, sempre há uma primeira vez para tudo.

– Agora você. Não devia ter encarado ele. Ainda mais por...

– Pelo que, Mônica? Por um motivo importante, claro. Eu não quero mais deixar que as pessoas me digam o que eu tenho que fazer e como. Você me ensinou isso.

Eu fiquei totalmente cotada.

– É isso aí. Assim que se fala. Agora vou te dar um conselho como amiga...

– Amiga? Somos amigos, então?

– Não abusa.- Eu ri. - Mas acho que sim. Ah, não se mete em confusão, tá? Posso não conhecê-lo, aquele Toni, mas deu para perceber que o que ele quer é platéia. Quer arrumar confusão.

Ele assentiu.

– Mônica, estávamos te procurando! Ah, oi, Cebola. Desculpe, não te vi.- A Aninha falou.

– Err... Mônica, eu vou indo. A gente se vê na sala. Tchau.

Ele foi-se.

– Oi, Aninha. Cadê as outras?

– A Maga tá na cantina e o resto foi para o ginásio.

– Ah.

Comemos um pouco em silêncio e ela resolveu falar:

– Mônica, o que você tem com o Cebola?

– Como assim?

– Ah, sei lá... Vocês estão tipo...ficando, namorando, tendo um rolo...?

– Ahh. Nada disso. Somos amigos. Apenas isso.

– Amigos. Aham...

– Que foi?

– Nada.

– Ah. Aninha, por que perguntou?

– Por nada. Só curiosa.

– Sei, lá. Pelo que me parece... Vocês já tiveram uma história com o Cebola.

Ela arregalou os olhos.

– Como assim?

– Sei, lá. Eu só tive essa impressão.

– Não, desencana. Nada demais. Eu só fico preocupada com a minha irmã mais nova.- Ela me dá um abraço e um peteleco de leve no braço.

– Sou sua irmã?

– Vocês todas são. Só que você é a mais nova.

– Ei, eu tenho dezesseis, o.k.? É a mesma idade da Magá.

– Eu sei. Mas, por falar nisso, quero aproveitar que só está nós duas. O niver da Magá é na sexta. A gente tem que começar a planejar algo.

– Hum... Que legal. Mas vocês estavam pensando em que?

– Ah, isso agente iria ver. Tipo, uma festinha simples. E depois a gente sair para algo lugar.

– Gostei da ideia. Podemos planejar.

– As meninas estão na secretaria para pedir isso. Para comemorarmos aqui na escola, na sala.

– Ah, tá.

– Shh. Que a Magá vem ali.

Ficamos caladas.

– Gente! Tava a maior fila na cantina. Tive que praticamente brigar pelo meu croissant de camarão com catupiry!

Nós rimos.

Quando as meninas chegaram para falar conosco o sinal do recreio tocou, anunciando seu término.

Ao contrário de mim, elas sabiam disfarçar e mentir muito bem. Até eu nem perceberia, se não me falassem.

Cada uma foi para sua sala. Mas a Aninha, a Marina, a Denise e eu, marcamos de nos encontrar no banheiro, logo assim que o sinal do último tempo tocasse. Hoje é quinta-feira. Temos dois dias para planejarmos.

Teríamos que ser discretas. Os professores não poderiam desconfiar, tampouco a Magali. A Marina e a Denise eram da mesma turma, e por isso teriam que ir uma e depois a outra esperar cerca de três minutos. Combinamos detalhes para a festinha que seria daqui a dois dias.

Com certeza o mais difícil para mim é ser discreta em relação a isso. Quando a Magali me olhava nos ensaios e no resto do dia, eu tinha quase certeza que ela tinha descoberto nossa tramoia. Por culpa mim, ainda.

Estava pensando extende nisso e a Magá invade o quarto caindo na minha cama.

– Mônica, vamos!

– Oi? Para onde?

– Ah, a Alice está chamando nós, os integrantes da banda. - Ela me respondeu me puxando enquanto descíamos as escadas do nosso prédio.

– Quando? Para que?

– Pelo aplicativo de mensagens. O Uadizáp* ¹.

– Ah.

– Todo mundo tinha sumido. Fui procurar, lembra quando te falei que tudo mundo tinha sumido?

Eu estava lendo na minha cama com fones de ouvido. Eu sequer tinha reparado se havia ou não alguém no quarto. Mas assinto para não contrariar.

– Então, a Alice mandou uma mensagem há uns 10 minutos.

– Nem vi.

– Vamos!

Ela me puxou até chegarmos na sala. Não era lá muito longe, mas reclamei mesmo assim.

– Alice, foi mal pelo atraso.- A Magali se prontificou.

– Imagine, meninas. Acabamos de chegar.

Entramos na rodinha que tinham formado.

– Então, gente, eu queria falar que... consegui um show para vocês!

Um...show?


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Notas finais do capítulo

Oi, gente!
Tudo bem? Espero que sim.
Como podem notar, não fui logo explicando os "*", até por que não são de música.
Vocês não sabem, mas eu sou uma poetisa. Comecei nesse mundo de escrever fanfics, por acaso, mas me apaixonei. Quando pequena, eu escrevia músicas, mas mudei para poesia. Eu resolvi fazer essa fanfic, pois eu queria fazer uma songfic assim, eu sempre procurei para ler e nunca encontrei, aí resolvi fazer a minha. As que eu lia, as pessoas pegavam músicas já existentes e colocavam como própria criação da fanfic. Não vejo nada demais, afinal elas colocam o link e vemos que são musicas existentes. Mas na minha fanfic, não queria isso. Aí eu resolvi criar músicas só para a fanfic, por isso, leitores, sintam-se especiais!
O primeiro "*" é para explicar que, eu criei a música do Cebola, mas vocês não verão agora, acho que até imaginam quando verão(ô, minha santa dos spoilers!). Enfim, eu fiz as outras músicas que eles compõem, mas não estam totalmente prontas. Uma melhor amiga que eu consulto, me disse que eu deveria colocar algum link para vocês escutarei a música. Eu até canto, mas não sei se isso vai funcionar, aí não vão aparecer músicas que eu compus para a fic agora, até esse assunto for resolvido.
Agora o segundo "*", é sobre aquele aplicativo que muitas, mas muitas mesmo, pessoas usam para mandar mensagens, um verde...vocês sabem. Enfim, eu resolvi aplicar essa ideia de não fazer divulgação, como a própria TMJ faz. Até porque não estou sendo paga para fazer qualquer tipo de divulgação.
Essa ideia de escrever o nome como se fala. Como eu já disse, moro no Rio de Janeiro, aqui, tem gente que fala "Uatizap", colocando bastante ênfase na sílaba "ti", tem os que falava "zap" e os que falam, assim como eu, " Uadizáp", mas a sílaba "di" bem rápida, integrando-se à sílaba tônica da frase.
Meus querido e queridas, é isso.
Até o próximo capítulo!

Beijokas da Pietra



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