Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 11
Onze




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Eu fiquei impaciente. Já estava batucando o balcão enquanto a Magali decidia qual pipoca escolher.

– É importante saber qual a quantidade de sódio tem em um pacote. E como você não pode saber qual pipoca é a mais saudável...

Ela estava dando uma quase palestra. A Cascuda saiu de fininho e sobrou para mim ficar segurando os baldes médios que cada uma de nós pediu. A Cascuda saiu com os refrigerantes.

As pessoas da fila reclamavam, xingavam, mandavam a gente ir logo. Eu estava envergonhada. Como num desespero falei:

– Pipoca com chocolate meio-amargo tem 280 calorias. Pede essa.

Magali parou um tempo para analisar e pediu essa. E ainda do balde grande. E ainda pediu balinhas.

Fomos em direção das meninas que não sabiam se riam ou se procuravam onde se esconder, mas estavam amontoadas no canto perto da roleta de entrada.

– Bonito, em? Eu cheia de coisas na mão, pagando um grande mico e as senhoritas aí! Inclusive você Cascuda. - Comento indignada. Esse comentário fez com que elas rissem.

– Eu?- A Cascuda aponta para si, com a maior cara de inocente.- Fiz nada. Só não iria ficar com vocês duas.

Rimos ainda mais.

A Aninha segurava os bilhetes e deu para cada uma de nós aleatoriamente.

– Ah, gente- Ela começou enquanto passávamos na roleta de entrada para a sala do cinema - não deu para comprar todas ao lado, não.

– Por que não? - A Magali perguntou.

– Porque em cada fileira só há cinco lugares. E uma de nós vai sentar ao lado. - A Aninha respondeu.

– Qual é a sala mesmo?- A Denise perguntou.

– A sala cinco. - Lhe respondi.

Quando adentramos a sala do cinema, eu exclamei:

– Ai, droga! Esqueci minha bolsa naquela confusão das pipocas!

– Vá pegar, Mônica. Ainda faltam cinco minuto para começar e ainda tem trailers e tudo mais.- A Marina fala.

– Já volto.

Fui correndo e nem vi uma pessoa vindo na minha frente. Eu caí junto com a pessoa.

– Me desculpe!- Falei.

– Aí, não vê por onde anda, garota?

– Eu já pedi desculpas, garota. - Espera, eu conheço essa garota.- Carmem?

– Te conheço? Nossa, agora qualquer um sabe meu nome. Como é difícil ser tão popular! E você ainda derramou meu refrigerante diet!- Ela reclamou enquanto eu ajudava-a a levantar.

– Me desculpe! Meu nome é Mônica e eu sou da mesma escola que voc...

– Não me interessa quem você é ou deixa de ser! Agora você vai...

– Como você é grossa!- Falei e lhe dei as costas. Minha bolsa estava no balcão dos pedidos. Sorte que estava ali.

Fiquei furiosa pela queda com a Carmem, e mais furiosa fiquei quando descobri que eu tinha ficado separada das meninas. Os trailers já haviam começado quando cheguei reclamando com elas. Elas se justificaram que esse eram os lugares certo é que meu bilhete era realmente na cadeira da fileira ao lado. Eu verifiquei o bilhete e a cadeira e elas estavam certas. Pedi minha pipoca e meu suco. Fiquei zangada enquanto elas riam baixinho, só que eu conseguia ouvir.

Uma menina começa a passar sem pedir licença e eu encolho minhas pernas. A menina joga sua enorme bolsa na minha pipoca e derruba-a por completo! Fui reclamar com a garota e percebi que era a Carmem.

– Isso foi por me deixar falando sozinha e por derrubar meu refrigerante diet!

A criatura senta ao meu lado.

" Pronto," pensei " não tem como piorar minha noite!".

Mas eu estava enganada. Além de ter derrubado minha pipoca( eu fiquei com ódio de mim por não ter dito nada, só um "irritante" e "idiota".), a loira de cabelos ondulados ficou falando no telefone o tempo inteiro. Ela não sabe que é proibido? Impossível, pois tem varias placas que dizem isso. Atrapalhou meu filme!

Duas vezes o mesmo guarda veio para informá-la que é proibido. Até que na terceira vez, com uma ameaça de expulsá-la dali, ela parou de falar com uma tal de "Irene". Ela estava mais interessada em saber o que ouve na festa da Lorena. Então porque veio ao cinema?

Me queixei com as meninas logo assim que viramos a esquina do cinema.

– E quem foi a menina que te perguntou tanto, Moniquinha?- A Denise me perguntou irônica. O que fez as outras meninas rirem.

– Foi aquela Carmem- Falei tentando melhorar meu biquinho de cara de coitada.

Silêncio. Elas até pararam de rir.

– Que foi?- Perguntei.

– Eu te disse que ele a era uma idiota.- A Aninha falou depois de um logo silêncio. E não falamos mais disso.

A lanchonete favorita delas é bem legal. Fiquei impressionada com a decoração deslocada e tinha até música ao vivo. Achei o ambiente bem legal.

– Aqui é um dos points da galera. Tipo o segundo e terceiro ano. - A Denise me falou enquanto sentávamos na mesa.

– Gostei daqui. Super maneiro.

Era um lugar colorido, mas maneirado. Sentamos numa mesa com assentos de sofá, todas as mesas eram assim. Menos a do fundo. Eram três mesas reunidas e vários assentos envolta dela. Acho que para reuniões de grupos.

– Vocês vão pedir o que? - A Magali logo perguntou. Nós olhávamos o cardápio menos ela. Com certeza tinha em mente o que pediria.

– Eu vou pedir esse smoothie de Morango e um hambúrguer de frango. - Logo falei.

– Hum...acho que eu vou pedir um suco de manga com batata frita.- A Aninha falou.

– Eu vou querer uma batata frita e um refrigerante. - A Marina disse.

– Eu quero um hambúrguer e um suco de morango.- A Denise disse.

– Ah, eu pedir um smoothie de manga e hambúrguer também.- A Cascuda falou.

– Eu vou querer...uma salada...- A Magali falou.

– Só?- Perguntamos.

– E uma porção média de batata frita com suco de kiwi. Calma, gente.- A Magali disse e me fez rir.

O garçom anotou nossos pedidos. A menina que cantava, ingressou numa nova tribo: rock anos 80. Um dos meus favoritas . Gosto de rock antigo e alternativo, um pouco de reggae, pop e algumas clássicas. Eu escuto qualquer tipo de música, para analisar. Ver quais os tipos de instrumentos, para estudá-la e tudo mais.

– Mônica, o quando você vai falar com a professora sobre o seu sim?- A Cascuda perguntou.

Eu estava comendo uma das batatas da Marina que eu troquei por um pedaço de batata estava deliciosa e eu fiquei brava por ela ter interrompido esse momento. E constrangida por estar de boca cheia. Já tinha cometido uma grande gafe por pedir um talher para comer o hambúrguer e elas tiram de mim. Fiquei com uma cara de abobalhada sem ter intendido e finalmente a Magali fala:

– Mônica, não se come hambúrguer de garfo e faca, não.

– Ah, não?

– Não. Olha se pega com as mãos.- A Aninha falou.

– Ai, que nojento. E se a minha mão estiver suja?

– Ah, pára de frescura.- A Cascuda falou.- E olha que quem vos fala é uma pessoa bem fresca.

Rimos. Eu mais de nervoso. E elas pra descontrair. E peguei um guardanapo e comi com ele.

Agora todas estavam olhando para mim com olhos esperançosos.

Limpei minha boca que estava suja com ketchup e terminei de mastigar.

– Gente eu não nunca disse que aceitaria.- Foi o que deu para falar.

– Mas também não disse que não aceitaria, fofa. - A Dê falou.

– Olha, eu já falei que vou pensar. Nunca pensei em entrar numa banda para cantar.

O que em parte era verdade. Sempre me elogiaram por eu tocar bem teclado e piano. Eu via clipes de banda e o tecladista mal aparecia. Sempre escondido, mas seu som inconfundível. Suave entre o som pesado da bateria, leve entre o baixo e a guitarra e harmonizando com o vocal. Montar um banda nunca pensei, mas tocar teclado em uma banda, já.

– Eu nem acho que eu canto bem e tal...- Continuei.

– Ah, não!- A Aninha me interrompeu.

– Mas,- Interrompi-a também - eu prometi que iria pensar. E estou fazendo isso. Sem pressão, o.k.?

– O.k.- Elas responderam em uníssono.

Quando pedimos os sorvetes sugeri para que fôssemos andando, já que estava tarde.

– Mônica, olha, sobre o lance da banda tem algo que eu preciso te contar...

– Magali!

– O que foi? Eu sei que a gente prometeu não te pressionar, mas não é sobre isso.

– O que é, então?- Perguntei.

– Meninas, o ônibus!- A Marina nos gritou.

Eu e a Magali estávamos um pouco mais atrás delas. Começamos a correr feito loucas atrás do ônibus. A Denise nos apressava e nos xingava por ter que correr e estragar o sapato dela.

– Ainda bem que a gente consegui pegar esse ônibus. Senão eu ia estrangular vocês. Me fizeram correr 2km!

– A Dê, para de show! Não correu menos de 3 metros.- A Aninha falou enquanto eu passava na roleta. Nós rimos e ela fez uma cara de brava.

Dessa vez o ônibus estava vazio e deu para nós todas sentarmos. Ocupamos três bancos de dois lugares. Na frente a Aninha sentou com a Magali, A Marina com a Cascuda e eu sentei atrás com a Denise. Ela me fazia rir toda hora, com suas piadinhas.

– Ah, Dê, para! Você está fazendo rir e todos estão olhando para gente.

– Eu não tenho culpa se você tem o riso frouxo. Ri igual a uma hiena.

Mais risos. Ela riu comigo e percebi que não sei como é o riso de uma hiena. Mas não importou. Parece besta, mas estou feliz por ter esse tempo com as meninas. Hoje acho que finalmente sei o que é ter amigas.

Ao chegarmos no colégio, já eram 22:00 e assinamos nossos nomes na lista de "pessoas que saíram". Você tem que assinar quando sair e quando voltar. É tipo um controle da escola.

Aposto que todas estavam tão exaustas quanto eu, tanto que nem descemos para jantar. Também estávamos satisfeitas, nem a Magali desceu. Depois de tomar banho eu queria me jogar na cama de tão cansada que eu estava, mas me obrigaram a conversar. Eu fui para cama, mesmo enquanto elas conversavam, num assunto que parecia sem fim.

Eu estava pensando, temendo por ela. Pela segunda.

E ela chegou tão tenebrosa quanto parecia.

Confesso que estou fazendo um pouco de drama, mas... pelo menos para mim foi. As meninas não mencionaram nada sobre isso o domingo inteiro e a segunda-feira também. Exceto a Marina, na hora do recreio, que me tirou dos meus pensamentos.

– Mônica, você vai falar com a professora Alice sobre aquilo, certo? Quer que eu vá com você?

– Pode ser.

Só ela se ofereceu e só ela que apareceu quando o sinal anunciando o encerramento das aulas. Eu ainda estava arrumando meus materiais e ela estava na porta. Minha barriga congelava e minhas mãos suavam descontroladamente.

"Mas que droga, Mônica! é só você falar e pronto!"

Esse pensamento não ajudou muito, mas enfim. Fechei minha mochila e a segui. Chegamos na porta da sala de música e paramos. A Alice estava lá. A Marina me perguntou:

– Vamos?

Respondi enquanto batíamos a porta:

– Vamos.


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Notas finais do capítulo

Oi, meu querido povão!
Sei que podem estar chateados por eu ter falado que iria postar lá pelo dia 26...mas enfim...eu tenho o dom de atrasar meus capítulos, até mesmo quando eles estão prontos(tipo este)...mas aí eu peguei hoje e fique o dia todo refazendo-o e tudo mais. Antes ele tinha se focado mais no sábado, no cinema e nas meninas com a Carmem, mas eu percebi que..eu 'tô' demorando demais nos capítulos(tipo narrando detalhadamente o dia-a-dia, cada dia e estou querendo dar uma adiantada. Já estamos no capítulo 11 e ela está na segunda semana de aula!).
Ah, sobre o lance da pipoca é verídico o fato das 280 calorias. Eu pesquisei em três sites diferente e deu mais o meno isso(tipo 279,6 ou 280,10 e o outro deu 280 mesmo)
Amanhã eu não tenho aula! Ehh! O Pedro II( colégio onde eu estudo. Ah, fica no Rio de Janeiro) me deu uma folga. Geralmente eu fico triste com esse tipo de notícia, mas eu estou com muito sono acumulado para gastar e com ideias para o futuro da nossa fic para pôr em prática.
Eu sou do tipo de escritora que adianta um monte de capítulos antes de postar o primeiro, mas eu releio e vou mudando e então...
'Tá' agora vou parar, porque eu escrevo/falo demais.

Até o próximo capítulo!
Beijokas da Pietra!



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