Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 7
Capítulo SEIS




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Capítulo

SEIS

Ao som de um singelo timbre que irrompia do sistema de som localizado em alguma parte da qual ela não podia ver, Isabella sentiu os olhares caírem em cima dela quando o Maître os conduzia até uma mesa que fora reservada em algum momento como se o mesmo já soubesse da chegada deles. E mesmo assim tudo indicava que a mesa afastada de toda aquela gente de nariz em pé e que contorcia o pescoço para olhá-los já era destinada ao CEO das Indústrias Cullen.

Bella não desconfiava da importância daquele nome, e ainda incomodada com os olhares, depois de ter a cadeira puxada por Edward, sentiu que o rubor já corria livremente pela sua face. E se a pessoa sentada a sua frente tinha notado isso, não deixara transparecer.

– Aqui está a carta de vinhos e se me permite recomendar um que acaba de... – o Maître de nome Joan começou com um sotaque que Isabella não soubera identificar.

Jura que não bastava o cabelo a caráter francês, também tinha que ter o sotaque? Onde eles achavam essas pessoas?

– Pode se retirar, assim que estivermos prontos para pedir chamamos o garçom. – O magnata Edward Cullen fora categórico ao interromper o Maître, o que fez Isabella se sentir constrangida, como se aquele tom pesado e áspero tivesse sido dirigido a ela.

Joan se retirou, sem em nenhum momento, perder a leveza na face e no tom da voz ao sussurrar um quase inaudível “fiquem à vontade.”

Isabella ergueu o rosto, quando mal tinha notado que tinha deixado-o cair, mantendo os olhos presos na toalha de linho da mesa que gritava sofisticação a cada deslocamento do seus olhos perdidos. E foi quando não se sentiu mais incomodada ao ser observada pelas pessoas que exalavam riqueza ao seu redor, pois agora, quem mantinha os olhos de um verde acalentador sobre ela era o homem a sua frente, que a instantes tinha enxotado o Maître.

Aquilo era perturbador.

Como ele conseguia fazer isso?

Em instantes seus olhos, as suas feições mudavam de teor, e aquilo podia ser loucura, mas isso sempre acontecia quando Isabella estava presente.

Como ela poderia ignorar aquilo?

Aquilo, seja lá o que fosse, era errado e não queria significar nada.

Não podia significar nada.

– Espero que não se incomode do nosso café ter se tornado um almoço no Le Bilboquet – ele sorria ao proferir aquelas palavras, fazendo Isabella reverberar em um contentamento inexplicável.

Antes de responder, balançou a cabeça, tentando afastar pensamentos que tentavam inundar o seu bem-estar mental.

– Espero que não se incomode, porque eu não conheço nada do Le Bilboquet – tentou fazer piada da situação e viu que o sorriso que Edward já mantinha alargou-se, fazendo-a relaxar por não parecer uma completa ignorante aos olhos dele.

Pelo menos era o que tentava se convencer.

De repente, a vontade por um café expresso tinha evaporado.

– Você achou mesmo isso? – Edward posicionou a taça, rindo.

– Sim, aquele pedaço de porta ou de assoalho poderia muito bem caber os dois – declarou a jovem feliz por estar divertindo a pessoa mais temida no prédio das Indústrias Cullen e com certeza fora dele.

Já tinham terminado a comida que Isabella achara muito pouca para um prato principal. Mas o principal de tudo era a conversa que estava tendo com Edward. Mesmo que tentasse fugir ou até mesmo fingir, podia sentir algo diferente que crescia desenfreado. Não era algo que podia evitar, ou controlar. Estava ali, se apossando, reivindicando um espaço que Isabella mal tinha se atentado a sua presença.

Foi quando os risos perderam o furor e Isabella sentiu medo, um medo tão indescritível quanto aquele levitar que já tomava posse do seu ser.

Edward percebeu a mudança e se inclinou sobre a mesa, esticando a mão sobre a mesma para alcançar as de Isabella que estavam entrelaçadas uma a outra de forma apreensiva. Isabela permitiu que as mãos dele repousassem sobre as dela. Dessa vez não sendo pega desprevenida pela eletricidade que percorria um caminho sinuoso que Isabella desconhecia.

Mas não foi apenas ela que sentiu essa eletricidade. Edward se recusava a deixar isso atrapalhar os seus planos, seja o que fosse, ele precisava prosseguir, então manteve as mãos sobre as dela, tentando se concentrar no êxito de sua performance.

– Eles poderiam ter formado um casal lindo fora daquele mar gelado – a tentativa de manter o assunto sobre um filme idiota e consequentemente a probabilidade do personagem poder sobreviver se a outra personagem não fosse tão egoísta e lhe desse um espaço já tinha cansado. Na verdade poderia nem ter começado, mas Edward precisava que Isabella falasse, que se sentisse segura, que confiasse nele, mesmo que fosse para dividir um fato que era dispensável para Edward.

– Podiam – Bella sorriu brevemente pelo comentário. Podia ter dado certo se a Rosie deixasse que o Jack subisse na porta, no assoalho, no que fosse, mas podia ter dado certo.

Uma confusão. A cabeça de Isabella estava uma confusão.

Ela estava tentando projetar a sua vida em o Titanic. Uma vida, um acontecimento que nem ao menos estava acontecendo, ou que aconteceria.

Uma confusão.

Como se o clarão de uma luz tivesse lhe despertado de uma noite sem sonhos, Isabella removeu de forma brusca suas duas mãos que estavam sob as dele. Mãos estas que eram as do seu chefe, um CEO importante que com certeza estava perdendo o tempo com uma garota sem grassa e sem potencial algum para despertar a atenção dele. Por mais que os olhos verdes tivessem sido pego de surpresa com o ato imprudente dela, fazendo-o perder aquele brilho – de fascínio? – que a ela era direcionado, ela tinha que se manter como o script mandava, afinal de contas, não havia uma porta ou um pedaço de assoalho que os manteria longe das águas frias do pacífico.

Edward fora pego completamente desprevenido.

De repente o sorriso dela não estava mais ali, cercando-o enquanto ele tentava divagar para longe dele. As mãos delicadas de Isabella não estavam mais sob as suas e então ele não podia mais sentir aquela descarga de uma energia desconhecida.

Como se não houvesse escapatória, ele estava resgatando de um passado obscuro as sensações que o encanto por Katharine tinham lhe causado.

Era diferente.

Aquilo era diferente.

Era como se... como se... O encanto pela vadia tivesse apenas se mantido na aparência – o que era totalmente verdade, porque afinal de contas foram as aparências que o enfeitiçaram jogando-o no inferno para nunca mais voltar – e agora, por essa jovem completamente indefesa a sua frente que tentava fugir de seu olhar perseguidor tivesse ido além. Muito além, chegando a se manifestar por um simples toque.

O que estava acontecendo.

Ele recolheu a mão discretamente e tão fácil como foi deixar pensamentos involuntários entrarem na sua mente, sentiu a penumbra tensa se esgueirado e reivindicando posse. Desviou os olhos da jovem presa.

– Eu sei o que você deve estar pensando – declarou em um tom brando. Sentiu a tensão irradiar dela com as suas palavras, e sabia que tinha a sua atenção. Seu jogo já tinha começado, ele não tinha mais o que perder, precisava agora continuar dando molde as cenas patéticas de romance dissimulado.

– Olhe para essas pessoas, elas não tiraram os olhos de nós desde que chegamos. – Desviou os olhos de um ponto fixo na mesa, erguendo a cabeça encarou-a novamente, que agora o contemplava, atenta e insegura quanto a sua percepção. – Eu quase posso ouvi-las dizendo: Coitada dela. É a próxima na lista de descarte.

Sorriu petulante tentando decifrar os sentimentos que perpassavam pela face translucida de Isabella com o seu anúncio.

Balançou a cabeça e sentiu que a hora de aproximava.

– Isabella – seu sussurro era fraco, beirando o tom de um começo de choro. A garganta travada diria. – Se você me disser que também pensa isso, que eu só te trouxe até um restaurante caro para não só ostentar o que eu tenho, mas também para brincar com você, eu juro que não lhe dirijo mais a palavra te deixando em paz. Eu só te peço para que não me proíba de olhar para você, de ver o seu sorriso, porque isso eu não posso. Eu não posso. – A última frase foi apenas um leve sopro, mas sabia que ela tinha escutado, seus olhos castanhos espantados denunciavam isso. – Se você me disser que também pensa assim, que... nem ao menos... O que é que estou pedindo? – Se inclinando sobre a mesa novamente esperou pelas mãos dela que teriam que vir ao encontro das suas. – Se nem ao menos quiser me dar uma chance eu prometo que me afasto. Só me diga.

Implorando.

Edward Cullen, o CEO das Indústrias Cullen estava implorando.

Existiam sim resquícios de um Edward que fora morto pelo amor, que um dia não enxergara que na verdade isso era apenas uma definição para a destruição do ser humano. Amor e destruição eram sinônimos.

Os olhos da escuridão se mantiveram fechados, com as mãos ainda sobre a mesa esperava pela consumação tão esperada que veio em forma de mãos delicadas e trêmulas que fizeram um caminho sem volta.


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Notas finais do capítulo

Eu só sei que precisava trazê-lo, atrasado ou não, aqui está. Espero que aproveitem e que tenham tido um ótimo Natal! :)