Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 21
Capítulo VINTE


Notas iniciais do capítulo

Cadê vocês? :'(



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617647/chapter/21

Capítulo
VINTE

Definitivamente Edward não era a pessoa que Charlie esperava receber na sua porta no dia de hoje. Talvez em nenhum outro dia, e isso estava bem claro devido a expressão rude cravada em seu rosto enquanto ele encarava um Edward Cullen com a mão ainda estendida em cumprimento.

Tarde demais Edward entendeu que tinha sido uma péssima ideia estender a sua mão.

Esse também nem era mais um hábito seu - as pessoas normalmente fugiam dele antes mesmo de cumprimentá-lo -, mas ele precisava mostrar para o pai de Bella que era um homem educado e que estava ali para conhecer a pessoa que podia estar determinada a tornar seus planos muito difíceis de serem executados. Mas Edward estava muito mais determinado a cumpri-los. Independente dos seus obstáculos. 

Um dia Edward tinha sido um homem educado, um homem que se preocupava. Esse homem não existia mais e de repente ele quis rir daquela expressão fincada no rosto do ex-chefe de polícia Charlie Swan. Uma expressão podia dizer muito sobre uma pessoa, e aquela parecia dizer que a qualquer momento Charlie pularia no seu pescoço.

Edward quis saber, por curiosidade, quem Isabella defenderia.

Talvez ele não se surpreendesse tanto com a resposta.

O apartamento de pelos menos 5 andares, que abrigava famílias de classe baixa, de fachada de tijolos e escadas na fachada com a vista para a rua, ficava na 73, Heaven Avenue e quando Edward Cullen entrou pela porta da frente e subiu os três lances de escadas, até o número do apartamento que lembrava estar no relatório de Isabella Swan, por um breve momento ele hesitou. Como se ele não tivesse o direito de fazer o que estava fazendo e o que veio fazendo desde que colocou seus olhos sombrios em cima da jovem Bella.

Mas isso foi por um breve momento. Um breve momento que o Cullen nem se dera a oportunidade de considerar relevante e digno de sua atenção.

Ele sabia que aquilo tinha que ser feito, talvez apressaria as coisas com a jovem e inocente moça, que nem ao menos tinha noção de que o seu namorado estava tão perto de seu pai como estava naquele momento.

Tudo isso passou pela mente de Edward Cullen numa rapidez imperceptível enquanto Charlie continuava a encará-lo.

Edward tinha uma ideia de que não seria muito bem recebido por ele. Uma ideia que era reforçada pelo comportamento de Isabella todas as vezes que ela falava dele, era como se ela se lembrasse de que o pai era contra aquele relacionamento, o que a fazia retroceder alguns avanços que o Cullen tinha conquistado. Aquilo o enfurecia, mas nem por um momento Edward pensou que a batalha estivesse perdida.

Agora ele estava tão mais perto de Charlie Swan que ele podia sentir o cheiro da raiva que emanava do homem. Edward esperava que não fosse o motivo de um novo enfarto para aquele homem. Quantos já tinham sido?

Charlie parecia ser o tipo de pai que protege a sua cria. 

Quantos urubus ele tinha afastado da vida de Isabella? 

Mas com Edward seria diferente.

Ele não estava ali para conquistar aquele homem que já aparentava ter seus quase 60 anos e trazia nas costas uma bagagem de vida e experiência que Edward nem ao menos podia imaginar.

Será que Charlie sabia das intenções de Edward, entendia o que ele pretendia ser e fazer com a sua filha? Sua bagagem de vida e esperança poderia proteger a sua filha, ou somente jogá-la na jaula do leão mais rápido?

— O que faz aqui? - Charlie interrompeu o silêncio que pareceu ter se estendido por uma eternidade.

Edward já tinha recolhido a mão estendida em vão e seu sorriso simpático sumiu, com um fingido desconforto.

— Oh, me desculpe, eu pensei que Bella tivesse...

Charlie não deixou que ele terminasse.

— Não, ela não falou que você viria.

Não culpem o homem, nem mesmo Bella sabia. Qual seria a sua reação ao vê-lo com o pai? Edward não sabia, mas esperava que ela pudesse ver aquilo como algo que já devia ter acontecido. Afinal, eles eram namorados, apesar de Edward não gostar muito de como aquela palavra soava para seus ouvidos. Era supérflua em meio a tantas coisas que Edward ansiava alcançar para os dois, para aquele relacionamento.

— Tudo bem - ele fingiu tossir para recuperar a voz, como se a tivesse perdido em meio ao desconforto que o antigo Edward poderia realmente ter sentido no meio daquela situação. - Eu posso aguardá-la lá fora, sem problemas.

Ele já ia dar um passo para trás, se retirando quando Charlie abriu mais a porta, dando passagem para que ele enfim entrasse.

— Isabella foi ao supermercado. - Aquela última palavra parecia abalar a estrutura durona dele e Edward sabia porquê.

Com o rosto quase liso - uma forma de enganar a idade que tinha talvez - Edward percebeu que Charlie ainda tinha os cabelos escuros, somente por alguns brancos que tentavam se sobressair em meio ao tom de marrom escuro, o mesmo que lembrava os cabelos de Isabella, mas ainda assim os dela tinha um tom avermelhado quando entravam em contato com a luz do dia que fazia Edward pensar que não podia existir nada como aquilo. Nem mesmo os de Katherine que poderia fazê-lo se lembrar. 

Quando Charlie deu passagem para que um Edward letárgico entrasse - ele sinceramente pensou que ainda existia algum risco do ex-chefe pular em cima do seu pescoço e derrubá-lo no processo para imobilizá-lo. Ou pior ainda, uma arma poderia estar envolvida na sequência daquele acontecimento premonitório.

— Vocês têm um bom apartamento aqui no centro - foi tudo o que Edward conseguiu dizer. Ele não achava que o homem pudesse fazer algo contra ele, mas ainda assim qualquer cuidado era pouco e ele estava ficando irritado com todo aquele silêncio que se seguiu.

— Sim, o aluguel é melhor ainda - ironizou.

Charlie parecia ter um ótimo censo de humor e assim seguiu para a sala enquanto Edward tinha a impressão de que ele não se importaria se ele continuasse parado onde estava na porta.

Edward sabia que o apartamento pertencia a uma senhora que foi enviada a algum asilo de Nova York. Uma forma dos filhos e dos outros herdeiros tomar tudo o que a velha tinha construído em vida. E ela nem tinha morrido.

As pessoas podiam parecer estranhas e mesquinhas, e Edward se enquadrava nesse grupo.

Edward sabia de tudo o que dizia respeito a vida de Isabella, até mesmo das poucas pessoas que só estavam de passagem. Nem todas as coisas precisavam estar naquele relatório encomendado por Edward para seu detetive particular.

Depois de mais alguns intermináveis minutos de silêncio opressor, Charlie indicou o sofá bem conservado da antiga moradora para que Edward se sentasse. Se existia alguma maneira ou alguma chance dele mudar a forma com que o ex-chefe de polícia parecia olhá-lo, Edward não sabia. Era como se ele quisesse estrangulá-lo, a qualquer momento. E se existisse, Edward pensou em não usá-la porque seria muito conveniente. Para ele.

Ele não era uma pessoa de ameaças, mas precisava garantir certos avanços que lhe trariam Isabella para seus braços, definitivamente, sem receios ou medo que desviassem a sua atenção, terceiros que pareciam querer ferrar com o seus planos como o pai dela.

Aquela era a oportunidade, talvez a única, que Charlie Swan tinha para extrair algumas informações daquela pessoa que era uma incógnita para ele. Como chefe de Isabella, a princípio ele tinha pensado que ela seria somente um passatempo nas mãos daquele milionário. Ele reconhecia o valor de sua filha, e ela merecia muito mais do que aquilo. Depois que o tempo passou, e Isabella parecia mais apaixonada por ele, Charlie pensou que podia ser sério, mas nunca descartou aqueles sentimentos que pareciam gritar em protesto para que ele, como pai, para que ele não abandonasse a sua filha.

Porque Edward tinha algo de estranho, Charlie só não sabia como poderia ajudar a sua filha a enxergar isso. Uma pessoa apaixonada não parece conseguir co-existir nos dois mundos paralelos da realidade e da ilusão. Isabella Parecia ter escolhido o da ilusão.

Durante os minutos que se seguiram, a voz de Edward era a única que se ouvia, até Charlie se ajeitar em sua poltrona, com uma dificuldade visível e encará-lo.

Por um segundo Edward pensou em se inclinar do sofá que estava literalmente afundado, para ajudá-lo, mas Charlie tinha sido mais rápido.

— O que você quer com a minha filha? - ele perguntou sem realmente encará-lo, desviando seu olhar para o copo. 

— Eu e sua filha somos namorados - Edward respondeu, voltando a pensar em como aquelas palavras não eram suficientes para ele mesmo.

— Ahan, eu sei dessa parte - Charlie disse com descaso. Tinha pegado o copo com água que tinha na mesinha de centro a sua frente encostando o vidro na sua boca, depois de colocar um comprimido na língua. Bebendo o líquido transparente, ele fez uma careta. Talvez não fosse só o líquido, mas o remédio que era obrigado a tomar.

De repente Edward teve certeza de que Charlie trocaria tudo por uma latinha de cerveja. Mas com os remédios que tinha sido forçado a tomar desde a sua situação médica, ele teve que abrir mão. Do que mais ele abriria mão pela felicidade de Isabella? Deixá-la ir, sem mais interferir nas suas próprias escolhas.

Se afastando do encosto do sofá, Edward se inclinou para frente e uniu as duas mãos, com os cotovelos apoiados sobre os joelhos. Ele queria que Charlie visse a sinceridade que nem mesmo ele podia acreditar ou sequer pensar que fosse real.

As portas do seu coração estavam fechadas, para sempre.

— Eu estou apaixonado por sua filha senhor Swan - e ele emendou. - Eu amo Isabella.

— Vocês trabalham juntos - Charlie não precisava pensar muito no sentido da declaração de Edward. Ele não acreditava.

Charlie não conseguia ver coisas boas daquele cenário.

Seu senso conservador talvez o mantivesse para trás, mas era muito mais além do que achar que estava sendo um pai vil e antiquado que protegia a filha do lobo-mal. Na verdade não importava tanto que eles tivessem ido contra os princípios que a sociedade empurrava para indivíduos que pareciam absorver com naturalidade uma concepção tão arcaica, antiga.

— Sim. Eu sei que isso vai totalmente contra "as normas", mas isso não importa pra mim. - Naquele momento era como se Edward Cullen pudesse ter lido um fragmento de seus pensamentos. - Como presidente e dono da empresa da minha família isso não deve contar.

Ele tentou fazer piada daquilo, com um riso que tentava escapar pela abertura de seus lábios, mas Charlie continuou com a sua expressão dura, intransigente. Inalterada.

— Isso não importa nem pra mim nem pra Isabella - murmurou.

— Então o que importa pra você senhor Cullen?

O tom de formalidade de Charlie era diferente do invocado por Edward, que parecia querer adicionar respeito. Por que Charlie não podia simplesmente acreditar naquele pessoa que estava na sua frente, que devia usar roupas normais nos finais de semana como estava usando, que não devia se importar com o que comeria no dia seguinte, ou até mesmo naquela noite, que não tinha que se preocupar com as contas que não paravam de chegar e por não conseguir ser útil depois que se aposentasse a força por causa da sua saúde delicada. 

Edward Cullen nunca deve ter se preocupado com nada daquilo, mas por outro lado, Charlie vivia, ou tentava viver pensando em como seria se simplesmente deixasse de existir. Se Isabella não tivesse que se preocupar com as coisas que ele tinha que ser o responsável.

Renée não gostaria de vê-lo pensar daquela forma. Ela sempre achou que juntos tinham educado Isabella para que ela soubesse o valor da vida, e que não seria um homem que determinaria quem colocaria ou não o prato de comida na mesa.

Aquilo era um problema seu consigo mesmo e não podia ser aspergido em cima da sua filha. 

Isabella podia se defender sozinha. 

Charlie precisava se agarrar aquela frase. Com certeza, se Renée ainda estivesse ali ela teria dito aquilo. Que Charlie confiasse na educação que tinham dado a ela, e que deixasse ela viver a sua própria vida. Charlie já tinha atrapalhado muito a vida dela, mas ainda existia algo que lhe corroía o peito doente: aquele Edward Cullen parecia ter vivido uma outra vida, com outros personagens. Uma outra pessoa que vivia na escuridão de suas lembranças, lembranças que lhe destruíam a cada contração que o seu coração saudável, ao contrário do seu, dava.

Charlie não conseguia afastar aquela impressão.

E ele nunca tinha acredito em pressentimentos, mas o tinha seguido naquela noite em Forks, em um dia que deveria ter sido normal, só não tinha sido porque a vítima tinha sido a sua esposa. 

— Isabella - disse Edward.

Por um momento Charlie pensou que ele estivesse respondendo a sua pergunta anterior. Mas quando olhou por cima do ombro e viu a filha com as sacolas de papel próximas ao peito ele soube que não.

***

Bella parecia ter corrido uma maratona quando passou pela porta destrancada.

Ela tinha visto o carro de Edward estacionado em frente ao apartamento. E Jasper com certeza deveria estar lá, sentado no banco do motorista. Bella tinha pensado em acenar, mas o vidro não deixava ela enxergar nada dentro, e então ela percebeu que Edward não estaria mais no carro,  mas sim lá em cima. E quando percebeu isso, quase não sentia mais o chão sob suas botas e correu porta a dentro, com as sacolas de papel com as compras que transbordavam e pareciam pesar mais do que deviam  nos seus braços.

Ela nunca tinha corrido tanto, pensando que algo poderia estar errado em tudo aquilo.

Estava sem fôlego quando abriu a porta que estava destrancada e ao entrar, o chão voltou a ficar firme sob seus pés quando pensou que em fim Charlie podia começar a aceitar a existência de Edward e visto o que Bella já tinha enxergado em Edward todas as vezes que olhava para ele.

Não existiam dúvidas. Não maisera o ela vinha pensando. Ela tinha se apaixonado pelo que Edward mostrava para ela, o outro Edward.

— Isabella - Edward tinha se levantado assim que ela tinha passado pela porta.

Edward estava mesmo naquele apartamento. E aquela tinha sido a primeira vez que Bella via a pessoa que já sabia que amava, o homem magnífico e que estava sempre de terno e gravata, e que agora usava uma bermuda caqui simples na cor bege e uma camiseta polo branca, com seus óculos escuros presos no vão aberto entre o peito. Seus cabelos ainda continuavam desgrenhado e ele usava um tênis casual. Ele estava prefeito.

Os olhos verdes dele ainda eram os mesmos que tinha visto dede a última vez que tinham se visto. E nem fazia 24 horas desde que os dois tinham se despedido. Eles eram a confirmação do que ela precisava, de que era real e não fruto da sua imaginação amorosa.

Bella na verdade nunca pensou que poderia ser esse tipo de pessoa. Um dia você ainda encontrará alguém BellaSua mãe sempre fazia questão de dizer isso, não importava se os únicos garotos que tinham passado de forma temporária pela sua vida fossem os dois banguelos do jardim de infância ou o garoto do ensino médio que tinha a chamado para o baile.

Bella ainda sustentava os olhos dele. Ela achava que tinha encontrado, sem nem ao menos procurar.

Uma pessoa podia mesmo passar tanta verdade só com os olhos, não importando a dor que tinha um dia vivido?

Tentando se situar onde estava, Bella desviou os seus olhos dos dele e viu Charlie. Os remédios dele estavam sobre a mesinha e disse que os tomaria e que Bella poderia ir no supermercado. Ela podia ver que ele tinha feito aquilo, porque a cartela estava vazia, o último comprimido, e o copo com água que ela tinha entregado para ele antes de sair, vazio.

Se ela protestava quando o pai parecia querer tratá-la como uma criança que não sabia o que estava fazendo com a sua vida, ela poderia mesmo tratar Charlie como se não pudesse tomar o remédio sozinho?

Ele estava bem e teria pelo menos mais uns dois ao longo do dia para serem ingeridos. Outras cartelas. Mas não era aquilo que Bella estava pensando, e sim como tudo parecia estar bem, diferente do que pensou quando subiu aqueles malditos degraus as pressas, como se tivesse um incêndio que devia ser apagado.

— Pai, Edward - as compras continuavam a pesar em seus braços quando Edward veio ao seu encontro, pegando as sacolas de papel prestes a cair e levando para a cozinha que ficava ao lado.

Charlie ainda mantinha a expressão que para Bella era indecifrável, ligou a TV e começou a zapear pelos canais, o que queria ter feito antes de ouvir a batida em sua porta, achando que podia ser algum vizinho precisando de alguma coisa.

***

— Desculpe ter vindo assim, sem te avisar - Edward foi cauteloso pensando que Charlie podia ouvi-los da sala.

Ele tinha colocado as sacolas com as compras que pegou dos braços de Bella sobre a bancada e ela veio logo atrás dele.

Bella não sabia o que pensar de tudo aquilo. Charlie parecia bem, agora assistindo ao canais de vendas. Não deveria estar programado nenhum jogo para aquela manhã. E Edward estava ali, na minúscula cozinha deixando as sacolas sobre a bancada, como se sempre tivesse feito aquilo.

Ele estava sorrindo quando ela se aproximou e assim passou as mãos pela sua cintura, trazendo-a para mais perto. Normalmente Bella teria olhado ao redor pra saber se alguém os observava, mas ela estava na privacidade do seu apartamento, e dali eles quase não podiam ver a sala.

— Eu não esperava mesmo por isso - ela sorriu se aproximando mais e sentindo o perfume natural dele. Ela sentia uma necessidade de passar suas mãos pelos cabelos desalinhados dele. Edward foi um pouco mais rápido e colou seus lábios aos dela.

Foi rápido, mas o suficiente para deixar Bella vermelha e sem ar.

Ela se afastou, sentindo Edward pegar suas mãos e unir às dele. Ele começava a fazer movimentos circulares com os polegares nas costas lisas de sua mão. Os olhos dele não estavam mais nos seus, agora sua cabeça estava abaixada, olhando com atenção para o movimento que fazia.

— Eu não esperava por isso, mas que bom que você está aqui.

A sinceridade estava em seus olhos, mas ainda assim Bella não conseguia esconder a sua preocupação. Charlie estava lá na sala, aparentemente tranquilo por Edward estar ali, quando, nem muito tempo antes, ele mão estava falando com ela.

Bella não sabia se os pensamentos que teve quando subiu as pressas aqueles lances de escadas que não pareciam terminar nunca eram mesmo reais, enquanto ela esperava ver Edward sendo posto para fora do apartamento, enxotado por um Charlie furioso.

— Mesmo? - A pergunta de Edward talvez estivesse diretamente relacionada com a forma que Bella irrompeu pela porta, vendo-o na sala.

— Sim, mesmo - riu ela.

Bella viu pelo canto do olho que Charlie tinha se mexido no sofá e foi tirar as compras que tinha feito no supermercado da sacola.

— Você gostaria de alguma coisa, de repente posso...

Antes que Bella pudesse continuar, Edward já estava com as mãos de volta às sacolas.

— Acho que um suco seria bom - respondeu. - Mas antes vou te ajudar a guardar essas coisas. -

Antes mesmo que Bella pudesse impedi-lo, Edward já estava tirando algumas coisas da sacola e colocando ao lado.

— Só me diga onde devo colocar tudo e ficaremos bem. - Sorriu, piscando para uma Bella atônita, quando começou a cantarolar.

Claire De Lune.

***

Edward tinha aceitado o convite para almoçar feito por Bella, depois deles terem bebido o suco que ela tinha feito.

Ele tinha ajudado a guardar as coisas nos armários, e a todo momento conseguia roubar a atenção de Bella e depositar alguns beijos na sua bochecha quando eles se esbarravam na minuscula cozinha.

Neste instante eles estavam almoçando enquanto Bella tentava silenciar aquele silêncio opressor que estava lhe perturbando. Os garfos se chocavam e era o único ruído que Bella podia ouvir. Esse e o da respiração dela e das outras duas pessoas na mesa.

Edward tinha suas mãos nas suas e parecia apertar delicadamente a cada vez que Bella suspirava, procurando algo para dizer que não vinha a superfície, algo que pudesse quebrar aquela defesa que seu pai tinha construído ao redor de si mesmo.

— Esse arroz está... - Edward estava de boca cheia e quase cometeu um descuido, mas viu que Bella sorriu um pouco. - Perfeito - completou.

Ele poderia ter falado também do frango e da salada de tomate, mas Bella compreendeu que a sua intenção era a mesma que a dela: tornar aquele silêncio um pouco menos opressor. 

Charlie, por alguns segundos, tinha erguido os olhos do seu prato, mas para pegar o copo com suco.

O sorriso de Bella se desfez logo em seguida, quando a voz de Charlie falou:

— Nós somos bastante simples, senhor Cullen. - Sua voz era tranquila, mas carregava uma crítica que aos olhos de Bella não tinha fundamento algum. 

Bella não gostava daquilo.

Charlie tinha erguido os cotovelos sobre a mesa e entrelaçado os dedos das mãos a sua frente. Ele tinha terminado o almoço e queria se retirar da mesa redonda que parecia ainda mais pequena depois que Edward Cullen tinha aceitado o convite de Bella para almoçar.

— Edward sabe disso, pai.

Charlie não era assim, ele sempre era educado e brincava com as pessoas, principalmente aquelas que não conhecia. Ele sempre dizia que tínhamos que deixar as pessoas confortáveis em nossas casas. Ele não estava fazendo nada daquilo, mas pelo menos não tinha expulsado Edward, mas ainda assim... Bella só podia se sentir mal com tudo aquilo.

Seu pai não podia enxergar além de seus próprios julgamentos.

E ainda assim, lá estava Edward.  Mesmo que Bella soubesse, embora ele também soubesse, como Charlie não aceitava aquele relacionamento, ele estava tranquilo e tentando tranquilizar Bella. 

Ele ainda continuava acariciando a sua mão.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem para eu saber o que estão achando!

Beeijo e continua no próximo capítulo...