Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 22
Capítulo VINTE E UM


Notas iniciais do capítulo

A pouco mais de 5 meses desde a última postagem, revisado e FINALMENTE postado.

Queria agradecer aos últimos comentários e dizer que queria estar de voltar definitivamente, sem intervalos tão longos como esses.

Comentem, eu sempre espero ler os reviews tanto quanto eu acho que vocês esperam ter um capítulo novo de Mistakes.

Boa leitura!!!



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Capítulo

VINTE E UM

 

Emmett tinha enviado uma mensagem para Edward Cullen - agradecido por não ter que fazer nenhum trabalhinho extra que fizesse com que Isabella Swan deixasse a sua casa por alguns instantes. O suficiente para que Edward fizesse o que precisava fazer. Algo sobre ter que conhecer o pai da moça, o que não lhe soava tão bem. Porque do contrário o detetive, rebaixado a babá, teria que subornar alguém ou fingir alguma coisa que chamasse a atenção da moça para fora do apartamento.

Qualquer coisa pareceria no mínimo impertinente para qualquer outra pessoa. Mas Emmett não se importava com aquilo, e nem estava mesmo interessado nas maluquices de Edward. Às vezes o Cullen se excedia um pouco, o que o fez ter mais certeza de que manteria o segredinho das meninas seguro com ele, e não contaria nada sobre Alice Cullen, a irmã do todo poderoso, e a secretária barra namoradinha de Edward terem se encontrado na semana anterior quando ele estava encarregado de informar sobre qualquer "passo em falso" - palavras do cara que pagava uma boa quantia para que Emmett o tivesse como prioridade sobre os outros clientes.

Mas não devia ter nada demais naquele encontro.

As duas tinham pedido café, que com certeza tinha esfriado enquanto elas batiam papo, como boas amigas que deveriam ser, apesar do tempo curto que tiverem para isso. 

No entanto, logo as duas seriam cunhadas. 

Emmett McCarthy não tinha dúvida disso. A habitual determinação de Edward lhe dizia isso. 

Ele estava ainda mais agradecido porque assim que Edward tivesse o que tanto queria, que era Isabella, os seus serviços de babá deixariam de ser útil e ele poderia voltar ao ritmo de risco que gostava de correr com trabalhos mais  perigosos. Ele sabia que aquela missão não era algo tão difícil, devido as investidas que Edward vinha fazendo, ele tão somente precisava reconhecer os seus limites e saber que às vezes as coisas não saiam como ele esperava, e que nem por isso tinham que ser feitas a base da força. Mas o Cullen não parecia ser o tipo de pessoa que gostasse de ser contrariado.

Porém Emmett preferia pensar que ele logo dispensaria os seus trabalhos como detetive barra babá, e ele poderia até apostar que Edward não ia querer mais saber do paradeiro indefinido de Katherine May.

Ele teria superado o abandono.

E Bella parecia ser a pessoa certa para curá-lo.

Edward parecia ser capaz de levantar, de erguer o mundo sobre a sua cabeça se isso dependesse de alcançar os seus objetivos. Isabella parecia ser aquele novo mundo, fazendo ele desistir da saga da sua ex-esposa. Talvez o bilionário arrogante Cullen ainda tivesse salvação.

***

— Sr. Swan, foi um prazer conhecê-lo.

Eles estavam na sala depois que Bella tinha lavado a louça, não aceitando dessa vez a ajuda de Edward para secar os pratos enquanto ela os lavava. Ele a observando enquanto conversavam amenidades.  

Na sala, Charlie ficou de pé quando Edward se aproximou. Ele viu Bella logo atrás, encarando ansiosa. Então, dessa vez ele cumprimentou aquela pessoa, apertando sua mão pelo o que pareceu bastante tempo. Ele ainda queria enxergar por trás de todo aquele mistério que parecia fluir daquele homem que Bella dizia estar apaixonada, e ao mesmo tempo Charlie queria acreditar ser possível, que ele só estivesse errado quanto as suas suspeitas e receio de pai de querer o melhor e assim a felicidade de sua filha.

Será mesmo que Bella não conseguia ver que Edward estava forçando ele em sua vida, com atitudes injustas e egoístas? Ou ela estava cega, apaixonada pela ilusão que o amor criado por ele parecia fazer com ela?

O coração de Charlie estava cada vez mais apertado, mas nada que pudesse ter ligação com o ataque cardíaco que já tinha obstruído a muito as suas artérias.

Charlie não disse nada quando apertou a mão de Edward Cullen, mas viu como Bella pareceu respirar aliviada por ele ter tido ao menos aquele gesto. Era importante pra elaele pensou sentindo a sua garganta apertar. 

Já Edward, este parecia muito contente, como se tivesse ganhado na loteria. A verdade era que ganhar na loteria realmente não mudaria muito as coisas para ele. A não ser que o prêmio da loteria fosse uma moça ingênua e que estava perdidamente e incondicionalmente apaixonada por aquele Edward Cullen.

Aquela seria a primeira noite de muita neve em New York, quando Bella pediu pra Edward esperar enquanto ela pegava um casaco mais apropriado para o frio que já começava a se estabelecer e dar seus primeiros sinais.

Quando ela desceu, Edward estava na porta, as mãos nos bolsos e um sorriso que brincava no canto da sua boca.

Charlie já estava concentrado, ou fingindo concentração, no comercial que antecedia a partida do jogo dos Yankees conto o Sox que Bella desconfiou que ele estivesse esperando ansiosamente para começar o dia todo. 

Bella voltou seus olhos para Edward e viu que ele acenava com a cabeça, concordando com o que só ela estava pensando.

— Pai? - ela chamou, descendo o último degrau e foi em direção a Edward. Ela estava com o casaco nos braços e segurava a mão dele na sua.

Quando Charlie articulou um quase inaudível "hmm" sem se virar, Bella perguntou, sentindo suas mãos cada vez mais unidas com as de Edward.

— Você quer vir com a gente?

Ela não sabia para onde eles iriam, mas de repente, tudo o que Bella mais queria era que seu pai pudesse fazer parte daquilo, que pudesse conhecer mais quem era o Edward Cullen que ela estava apaixonada e que tinha mudado realmente a sua vida, para melhor. Ela sentia isso. Ela queria que Charlie soubesse disso.

Charlie não demorou para responder, seu gesto quase imperceptível de balançar a cabeça dispensava o convite, sem saber que com isso ele estava afastando cada vez mais a sua filha.

Agora não era uma questão de estar jogando o jogo de Edward Cullen. 

A verdade era que não tinha como jogar uma pessoa mais para o abismo quando ela já estava no caminho para isso. Charlie só estava acelerando o processo, sem saber que seus medos inexplicáveis, realmente significavam alguma coisa.

A expressão de Bella, o sorriso de esperança que esperava se confirmar com a resposta do pai se desfez. Por outro lado Edward não se importou, abraçou Bella de lado e beijou o topo de sua cabeça, confortando-a sussurrando que estava tudo bem.

Tudo realmente ficaria bem se Bella percebesse que a sua fragilidade a deixava vulnerável a qualquer tentativa forçada e egoísta de Edward. Ele só sabia esconder muito bem, enquanto ela, se jogava no escuro daquele mesmo abismo.

***

Passeio de helicóptero.

Quando Edward perguntou o que Bella gostaria de fazer, ela não soube responder, só sabia que queria estar com ele e o lugar não importava tanto. Mas nada do que ela poderia ter pensado se assemelhava àquilo. 

Edward tinha beijado a palma da sua mão demoradamente quando disse que ele escolheria então.

Eles estavam no Mercedes de Edward, com Jasper dirigindo sem chamar atenção para sim mesmo, como sempre. E quando Bella perguntou o que ele tinha em mente, ele sorriu e disse somente que ela ia gostar.

— Será uma surpresa - completou sorrindo ainda mais. 

E eles estavam a caminho dela.

***

— Você tem a sua própria frota de aviação?

Eles estavam na região um pouco mais afastada do centro de New York, e quando Bella viu onde Jasper estava os levando, ela começou a se dar conta de que aquela surpresa seria a última que poderia esperar. 

Ela nunca poderia esperar por aquilo. Não fosse ingênua o bastante para saber que com o dinheiro de Edward ele poderia muito bem ter um aeroporto todo para ele, se assim ele quisesse. 

Definitivamente Bella não estava acostumada com tudo que o dinheiro podia oferecer. Mas não era realmente aquilo que a surpreendia, mas sim a preocupava. Ela não tinha muito o que oferecer para Edward, enquanto este estava disposto a lhe oferecer tudo. Embora tudo o que ela esperava era o retorno de todo aquele sentimento que tanto lhe consumia e que na verdade lhe rendia.

Controlava e a deixava refém. 

— Sim Isabella - ele se divertia da expressão assustada que ela fazia. - Sim, tenho que dizer que o helicóptero foi adquirido para facilitar a minha locomoção dentro dessa cidade grande, assim como os outros brinquedinhos - ele riu, despreocupado. 

Bella percebia como ele falava isso com uma perfeita tranquilidade, como se fosse normal ter um helicóptero e Deus sabe, aviões a sua disposição a qualquer momento. 

Bella não conseguia imaginar aquilo.

— Sr. Cullen eu já deixei o piloto avisado da sua chegada. Ele deve estar terminando de prepar o helicóptero. 

Jasper tinha saído do carro para abrir a porta de Bella quando Edward deu a volta para pegá-la.

— Ótimo.

Eles estavam na parte sul do segundo aeroporto mais movimentado de New York, o aeroporto de LaGuardia. O céu ainda estava azul, mas o sol já começava a se pôr e os meteorologistas confirmavam que os novaiorquinos tinham que aproveitar o último dia ameno. Nas próximas semanas que se seguiriam, neve e mais neve fincariam raízes em grande parte do país.

— Ah, Jasper - Edward chamou encaminhando Bella para o portão de ferro do aeroporto, mas não olhou para trás. - Não precisa nos esperar, vamos demorar.

***

Edward tinha fácil acesso ao pátio de pouso e decolagem do aeroporto de LaGuardia, um pouco afastado dos outros pousos e decolagens convencionais dos aviões de passageiros que a cada instante eram avistados por uma Bella fascinada. O céu já começava a adquirir um tom mais alaranjado sob o azul daquela manhã, assumindo logo mais o azul escuro da noite.

Faria muito frio dali pra frente, ela já podia sentir em seus braços descobertos. Normalmente em Forks era sempre úmido, com o céu nublado e riscos de garoa ou tempestades de chuva durante todo o dia. Bella odiava aquelas meteorologistas quando diziam a palavra risco. Ela não precisa de nenhum equipamento para saber que não era um risco, mas sim uma certeza. Em Nova York tinha sido diferente, mas logo isso mudaria.

Foi quando ela se deu conta de que precisava colocar o casaco, Edward percebeu as intenções dela e se aproximou por trás para ajudá-la a colocá-lo. Durante os poucos minutos que se seguiram, Edward não tinha se afastado do lado dela. Ele só parecia esperar enquanto ela admirava o céu.

Não demorou muito para o piloto responsável pela aeronave vir até eles e cumprimentá-los discretamente, sem muito alarde. Ele era gentil e ao mesmo tempo tão calado quanto Jasper. Edward parecia estar cercado por pessoas comedidas, ou que simplesmente não se atreviam a ir além. 

O piloto guiou o caminho até o helicóptero, e quando Bella o avistou, pensou que nunca tinha visto nada igual. Era grande, branco e parecia muito espaçoso e confortável. O suficiente para que um grupo de pessoas pudessem fazer parte daquele pequeno passeio que só teria os dois para aproveitar. 

Por um momento Bella pensou se Charlie gostaria de estar ali. 

Edward sorriu para ela que naquele momento começava a sentir um formigamento intenso na barriga. Um sentimento bom, de adrenalina que antecedia um momento que seria inesquecível.

Tudo aquilo era tão novo para ela. De tudo o que Bella conhecia que por um momento ela se perguntou se conseguiria conviver com aquilo. Ela gostava de Forks, mas sabia que o tempo era um fator dominante que tinha que ser considerado quando ela pensava se, depois de formada, voltaria para casa. Agora, Edward parecia ser o motivo definitivo dela não voltar, uma vez que não existia mais a faculdade, ou qualquer outra coisa tão grande quanto aquilo. 

Forks tinha sido tudo o que ela conhecia - mesmo depois de Seattle - assim como o seu pai, e Bella conseguia entender o desgosto de Charlie com as suas escolhas.

Mas aquele não era o momento para Bella pensar naquilo. Não quando tudo parecia girar em torno de Nova York. Em torno de Edward. Ela não deveria estar fazendo aquilo, entregando a responsabilidade que tinha de ser feliz por si só a outra pessoa. Mas era o que ela estava fazendo.

Estava se entregando a Edward. E sem saber ela estava deixando que a sua vida fosse guiada por ele. Ela mal se deu conta da verdade por trás de Edward ter aparecido na sua casa mais cedo, quando eles não tinham combinado nada, quando ele conhecia a tensão que já existia em apresentá-lo oficialmente para o seu pai.

Já não enxergava mais nada além de Edward e estava transferindo de forma automática a sua felicidade a ele sem se dar conta. 

Tinham que ir mais devagar. Não era algo que ambos tinham concordado, ainda naquele primeiro encontro?

Tudo parecia girar em torno dele.

E de repente era como se Bella pudesse ouvir a mãe:

— Você sabe que os garotos frequentemente fazem isso Bella.

— Fazem o quê? - ela estava tentando parecer distraída do assunto, enquanto pegava um livro na estante. 

— Machucam nossos corações. E você tem que saber filha, que eles só fazem isso porque nos entregamos por completo. Não estou falando que é errado, olha a minha situação - ela estava se referindo a Charlie. - Mas sim que você nunca deve fazer com que a sua felicidade dependa de outra pessoa.

Mas Bella nunca tinha sentido nada como aquilo por ninguém, não tinha como ela saber, não tinha como ela dar menos importância. A verdade é que quando a gente ama, a gente não sabe o que esperar. Isso vale pra todo mundo. E a fragilidade tirava aos poucos toda a determinação de uma garota que tinha ido cursar psicologia em Seattle, longe de casa e dos pais, que tinha perdido a mãe e que por muito pouco não tinha perdido o pai também. 

Como saber se estava mesmo indo rápido demais? Quando Edward parecia ser o chão sobre os seus pés. 

Como ela podia saber as reais intenções de Edward quando ele estava se forçando na vida dela, derrubando barreiras até o seu alvo final, o coração dela?

— Bella?

O Cullen notou como Bella estava dispersa quando ele a chamou ao entrarem no helicóptero, ela nem parecia ter se dado conta de que já estavam dentro dele e quando ela se virou, em direção a sua voz, ela deu um sorriso fraco em resposta, com certeza considerando tudo aquilo. Mas Edward não podia se preocupar menos com aquilo. Sabia que logo mais aquilo mudaria. 

Já estavam com os equipamentos quando finalmente estavam decolando.

O piloto que estava disponível naquela tarde era um dos três que sempre deviam estar a disposição de Edward Cullen quando ele precisasse. Ser responsável pelo voo era algo que ele não queria estar, não naquele dia.   

— Eu não acredito que você pode dirigir uma coisa dessa - Bella parecia cética, mas de uma forma boa. Agora ela não conseguia parar de olhar para fora enquanto subiam e aquele negócio gigante estava girando sobre suas cabeças. Eram as hélices e Bella de repente sentiu um leve tremor. Edward estava ao lado dela e riu, suas mãos não se desgrudaram nem por um segundo.

— Tecnicamente eu não dirijo essa coisa, mas sim, eu piloto - enfatizou, brincalhão.

Bella fez uma careta e mostrou a língua para ele, divertida. Edward definitivamente podia gostar daquela Bella, mas tinham coisas que precisavam ser controladas, e estarem acima de tudo e uma delas era a sua rigorosa perseverança de não errar novamente. Sentimentos podiam ser perigosos na maioria das vezes. 

— Você entendeu - ela resmungou, apertando os lábios em uma linha reta, contrariada. 

Ela ficava ainda mais desejável quando fingia estar emburrada por alguma coisa.

— Sim - ele ainda ria. - Acredite, eu posso pilotar - ele se demorou um pouco na palavra quando Bella tentava saber se olhava para ele pelo canto do olho ou se continuava a admirar a visão que tinha da janela ao seu lado. Eles já tinham passado pela Estátua da Liberdade, visto o Central Park, mas o que estava surpreendendo Bella de verdade era o céu de New York no final da tarde. Era deslumbrante, com as tonalidades que se mesclavam durante toda a paisagem. Eram cores que Bella não sabia que podiam existir. Tinha uma infinidade que ela não saberia definir. E pensar que aquele seria o último dia bonito antes da neve e o cinza pálido chegarem. 

Faltava algumas poucas semanas para uma das épocas mais esperadas de todo o ano.

— Só que não hoje - disse. - Não quando eu posso estar aqui com você, porque não existe lugar melhor no mundo nesse momento do que ao seu lado.

As bochechas de Bella ardiam num vermelho vívido. Sua pele era tão clara que nada podia ser escondido por trás de suas reações tão espontâneas. Será que Edward não podia enxergar que ao cometer o maior erro da sua vida estava cometendo o maior acerto dela?

— Obrigada por ter aceitado o convite.

Edward poderia ter escolhido qualquer pessoa, mas ainda assim, tinha escolhido ela para ocupar o lugar que bem poderia ser de uma modelo holandesa ou de uma atriz de Hollywood. Porque Bella não era nenhuma, nem outra.

Ele já estava com a mão dela entrelaçada na sua, desde quando eles começaram a decolar, e Bella parecia um pouco nervosa. Ela tinha feito isso, aquele gesto sem se dar conta da dimensão que tinha aquilo, na verdade ela tinha feito isso algumas outras vezes sem se dar conta do que aquilo já representava.

Bella não tinha o que dizer. E não queria dar a impressão errada para ele, como se ela não desse a verdadeira importância para o que ele tinha acabado de dizer, então Bella apertou um pouco mais a mão de Edward, esperando que aquilo fosse o suficiente e que fizesse sentido para ele quanto já fazia para ela. Mas não era Edward que buscava certezas, diferente dela ele as impunha.

Numa questão de segundos já tinha Nova York sob seus pés e quando ela conseguiu ver a ponta da torre, a imensa e impetuosa World Trade Tower. O lugar onde tudo tinha começado, o lugar onde tudo tinha mudado quando Bella tinha colocado os seus pés naquele escritório, quando estava esperando um cargo para recepcionista, completamente inferior a sua colocação atual. Aquilo ainda era tão esquisito, não parecia fazer sentido, mas tinham coisas que não sabíamos explicar, certo? Ela se agarrava aquilo com força, como se fosse a sua taboa , o seu pedaço de mobília no meio de um oceano gelado.

O rio que dividia a cidade de Nova York com os vizinhos de New Jersey também podia ser avistado, e aquilo era mais do que Bella poderia esperar. Ela estava vivendo um sonho e não queria acordar. Não era só pela paisagem que tinha a frente, ou a seus pés ou todas as coisas que estava vendo desde que o helicóptero decolou da pista. Era o fato dela estar com Edward, dela ter encontrado algo muito mais precioso, algo que ela nunca pensou que realmente estava procurando. Não tem como pensar em algo quando não se tem.

Quando ela voltou seu rosto, se perguntando se aquele aperto tinha sido uma resposta para ele como era para ela e lembrando que não tinha respondido com palavras ao que Edward tinha falado, ela percebeu que ele estava próximo demais dela. Próximo demais, e o piloto devia estar prestando atenção no voo e não no que eles estavam prestes a fazer.A cabeça dele foi a primeira a se inclinar, como um imã, e quando os lábios dele foram de encontro aos dela começou com um leve roçar, ela podia sentir a respiração dele, assim como ele podia sentir a dela. Será que ele percebia como o seu coração palpitava só com aquela aproximação? Que tinha coisas que ela não conseguiria controlar que era o caso da sua ansiedade, de sentir os lábios dele nos seus, de poder tocá-lo e sentir suas mãos cada vez mais firmes em sua cintura? Eles nunca tinham ido além daquilo, e pelo o amor de Deus, eles não estavam sozinhos.

Bella pôde sentir os músculos de Edward sob as suas mãos que caíram de uma dança louca para a forma escultural do peito dele.

Então ela soube que precisava pará-lo. A ambos. Agora. Ela estava ficando sem ar, e não sabia onde aquilo poderia dar.

Edward sorria enquanto ela se afastava, empurrando o mesmo peito que há poucos instantes estava deslizando as suas mãos. Sua mão parou em punho, mas sem nenhuma força, Edward já tinha entendido. Bella ostentava as maçãs do rosto completamente vermelhas enquanto tentava não rir também. O piloto parecia uma estátua, só não pelos movimentos que Bella presumia serem os certos diante de tantos botões num só painel de controle e o volante pra guiar aquela máquina voadora.

Bella estava parecendo uma adolescente empolgada. Aquilo era só um passeio de helicóptero que sobrevoava Nova York, tão comum para algumas pessoas, para Edward, mas não para ela. Um helicóptero que devia custar mais, muito mais do que as contas que ela e o pai tinham que se preocupar no final do mês.

Não demorou muito para que Edward a trouxesse de novo para os seus braços e para aquele momento só deles novamente. No entanto dessa vez de uma forma acolhedora enquanto sentia o perfume doce de seus cabelos - Bella percebeu com um sorriso que ele fazia muito isso.

Com a paisagem a frente, o céu que não parecia contente com uma única cor, mas sim com diferentes tons de laranja, e o azul escuro que começava dominar toda aquela imensidão enquanto embalava aquele início de noite, numa tarde nas alturas.

O início de uma noite fria, calma antes do inverno.

— Você já reparou como as cores do céu parecem se unir e ainda assim parecerem tão distantes?

Bella tinha o corpo encostado ao peito de Edward. Ele disse que era seguro ela tirar o cinto e aquele troço da sua cabeça que parecia provocar um eco interminável no seu cérebro. E assim ela fez, seguindo o seu exemplo e se escorando no corpo dele logo em seguida enquanto sentia uma mão acariciando o seu braço com as pontas dos dedos, fazendo um caminho inocente, mas tão pessoal que Bella queria que ele nunca parasse.

— Eu acho que sim - a resposta dele tinha sido fraca, baixa, como se ele na verdade não pudesse admitir aquilo.

— Eu nunca gostei muito de andar de avião. Quando tínhamos que visitar a minha avó que morava em Albuquerque era um sacrifício pra mim - ela riu levemente, afundando mais o corpo de Edward contra as suas costas. - Mas era a minha avó, e eu só pensava que estava tudo bem.

— Viajar de avião é uma rotina pra mim. Houve um tempo em que eu passava mais tempo nele do que em terra.

Bella considerou aquilo por um momento. Ele tinha viajado muito, talvez em pontes aéreas intermináveis para reuniões em outros estados e até mesmo países. Edward falava de uma forma como se existisse mais por trás das suas palavras. Um motivo muito maior do que viagem de negócios.

Naquele momento Bella sentiu o corpo dele enrijecer sob o seu e parar com o movimento de sobe e desce em seu braço. De repente ela não queria ver como estava o rosto dele, era melhor mudar de assunto.

— Mas viajar de helicóptero é uma novidade para mim - disse, tentando trazê-lo de volta, seja lá onde ele estivesse. Sentindo-se acolhida nos braços dele mais uma vez.

— Pode não ser mais.

Bella se virou, finalmente para encará-lo. Se sentia mais segura agora para isso, a revelação desconhecido estava esquecida. 

— Você faz muito isso não é? - Bella sentiu medo da sua resposta.

Edward balançou a cabeça uma vez, em negativa. Ele não sorria enquanto afastava uma mecha solta do cabelo de Bella.

— Não, o jatinho particular que eu ainda pretendo te mostrar é o que mais uso. Deixo as viagens mais curtas para as estradas, é bom para pensar. - Ele dizia aquilo como se estivesse sugerindo algo. - E além do mais ele é só para ocasiões especiais como essa.

De repente, a insegurança tão familiar lhe bateu. Quantas mulheres já estiveram naquele mesmo helicóptero, naquele mesmo lugar, sentindo os braços de Edward Cullen a sua volta?

Ele estava confirmando as suas suspeitas?

— Claro, devem ter sido para outras também.

O silêncio que se formou naquele instante era diferente do que tinha se instaurado na mesa do almoço. Ele parecia anteceder algo grande, um lado de Edward que ela nunca pensou existir. E no segundo seguinte ela estava arrependida. 

— Você acha mesmo que outras já estiveram aqui - não era uma pergunta, então Bella continuou em silêncio, abaixando a cabeça envergonhadaa antes mesmo dele terminar de falar. Ela era uma idiota, o que estava fazendo? Ciúmes, aquela altura? Era até cômico pra não dizer trágico.

Ela estava estragando tudo, como a instantes atrás quando, talvez, tenha trazido lembranças que machucavam Edward. 

O que ela estava fazendo?

— Bella você é a única para mim.

Era a primeira vez que ele a chamava assim.

Bella precisava de certezas e era ingênua demais para enxergar a escuridão do passado da pessoa que carregava uma expressão difícil de ler, misteriosa e que retomava o movimento cálido de distraí-la com a mecha do seu cabelo, afastando-a do seu rosto.

Bella voltou a se acomodar nos braços de Edward e ele voltava a inspirar no seu cabelo, como se o ar não significasse nada perto daquilo. 

Tudo estava bem novamente, sem que Bella ao menos soubesse que era somente o começo de tudo que ainda estava por vir.


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Notas finais do capítulo

Ual. Sério... demorei muito pra revisar um capítulo que já estava pronto e peço mil desculpas por isso, mas minha cabeça não estava aqui, infelizmente.

Se afastar às vezes é necessário, mas a saudade de estar aqui e trazer um novo capítulo era demais pra mim.

Me desculpem?

Espero que tenham gostado, quis trazer algumas revelações sem revelar muito kk e quis trazer todo o peso de um pai e que como essa relação entre o Charlie e a Bella tem ficado cada vez mais estreita, assim como o Cullen (argh!) espera :(

Vou estar por aqui, quero muito saber se vocês ainda estão aqui, não tivemos muitos comentários no último, mas vocês fazem falta, e é um pouco frustante saber que temos tantos leitores que nunca nem deram as caras por aqui :(

Obrigada a quem ainda está aqui, e... sim, continuamos... eu sempre estarei aqui, sempre que possível. Beeijos :*

MAIS UM CAPÍTULO ANTES DAS FÉRIAS, CONTINUAÇÃO, PROMETO... MAS COMENTEM!!! :)