Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 24
Sakura no hana




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(Imagem: Sakura e Shaoran - CLAMP)

....

“Sakura, esqueça tudo o que falei ao telefone. Siga com a sua vida, seja feliz”.

Apagou a última mensagem que enviou a ela, dias atrás. Foi tudo o que restou daquela história. Deixou o celular de lado e olhou-se no espelho, estava pacientemente aguardando que as costureiras terminassem de ajustar os últimos detalhes de seu traje, típico chinês, verde, com detalhes dourados. A cerimônia de sua coroação, como líder supremo, começaria daqui 15 minutos. Com a feição séria, não conseguia esconder a infelicidade que carregava.

“Você está lindo, Shaoran!”. A voz da prima o tirou de seu transe.

“Me chame de líder, sim?”. Pediu, zombando.

“Ha ha ha”- Riu de forma irônica. Deu um soco no ombro do primo - “A tia vai ficar impactada quando te ver!”.

“Cadê ela?”.

“Ela está com o líder Wulong e o líder Zhou. Estão conversando sobre os próximos passos. Pura burocracia”.

“Hum… Sei. Ela deve estar os convencendo de que serei um grande líder, coitada da minha mãe”. Disse desanimado.

“Shaoran, eles sabem da vida que você levou fora desses muros. Sabem que você não foi criado nas tradições e que não entende dos negócios da família. Sabem que você é jovem, e que a sua vida foi diferente de seguir protocolos e passar os dias, trancafiado, em reuniões. Mas mesmo assim, continuam nos apoiando porquê a tia acredita em você, acredite em você também”.

“Estou tentando Meilin, estou tentando...”.

“Bem, já é um começo!” - Meilin suspirou alto - “Você pensou equivocadamente que os líderes que exigiam sua presença eram machistas. Mas a verdade é que eles exigiam sua presença porque acreditavam que você abdicaria de liderá-los! E com isso aquele maldito do Fei Wang, assumiria! São gananciosos!”.

“Tenho que tomar cuidado com aquele cara...”- Fay, entrando apressadamente no quarto, assustou os dois, e as costureiras - “Mas que cara é essa, Fay?! Viu um fantasma?”.

Fay tentava recuperar o folego, deixando Meilin aflita: “O que foi que aconteceu? A tia, foi algo com a tia?”. Shaoran ficou preocupado.

Fay ainda buscando o ar, negou veemente com as mãos: “Ele está assim, porquê o líder Zhang está aqui”. Kurogane veio logo em seguida, cruzou os braços.

“O QUÊ?!”. Meilin deu um grito. Logo o burburinho no quarto, aumentou. As costureiras conversavam entre si, surpresas.

“Mas por que esse escarcéu todo? É um dos deuses chineses que desceu a terra?”.

“S-senhor Shaoran, a última aparição do líder Zhang foi no enterro do senhor seu pai Sr. Li Lang. Depois disso, ele nunca mais apareceu”. Fay finalmente, recuperou o ar.

“E o que isso significa?”.

“Significa que podemos ter uma chance de ter um novo aliado, Shaoran!”. Comemorou Meilin.

“Isso, se o idiota aí não estragar tudo”. Disse Kurogane. Shaoran lhe lançou olhares raivosos, inconformado.

“E-eu vou descer! Quero conhecê-lo!”. Meilin saiu apressada do quarto.

“Ele parece o Buda, é tão sábio e iluminado”. Fay tinha os olhos brilhando.

Shaoran balançou a cabeça, e olhou-se no espelho mais uma vez. Respirou fundo. Era quase a hora de ir.

“O que será que você está fazendo agora, Sakura?”.

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“A 5ª luta individual desta competição, irá começará: do lado esquerdo, Kirino Chiba. Do lado direito, Aoyama Motoko”. Ambas usavam bogu (armadura) de cor preta, Motoko tinha uma pequena fita vermelha amarrada nas costas, e Chiba tinha uma fita branca. Eram as mesmas cores das duas bandeiras que cada um dos três juízes já posicionados no shiaijo (a área de combate, tem o formato de um quadrado), carregavam nas mãos, assim eles indicariam quem obteve pontos na luta e o vencedor. Cada uma carregava suas shinais (espadas de bambu).

“Eu disse: 'hey, rá' Motoko vai ganhar! Hey, Rá, Motoko vai ganhar!”.

“Caramba, tá todo mundo olhando a gente, não tinha um grito de torcida menos constrangedor, Naoko?”.

“Deixa de ser chato Kishun!”.

“Motoko está bem concentrada, não acha cerejeira?”. Disse Mamoru.

“Sim!”. Ao lado dos amigos, torcia pela amiga da arquibancada do ginásio. O ginásio estava lotado, muitos vieram de todos os lugares para a competição regional de Kendo. Tirou uma folga dos estudos e foi se distrair.

Não só se distrair dos estudos… Ainda estava sofrendo por Shoaran que simplesmente terminou outra vez e não a atendeu nenhuma das enumeras vezes que ligou. Decidiu que seria melhor esquecer de vez o que havia acontecido.

“Vai Motoko-chan!” - Haruhiko gritou. Ao ouvi-lo, Motoko se retraiu e corou - “Ué, o que foi?”.

“Ah, como eu a entendo”. Touma balançou a cabeça ao vê-la com vergonha. Depois, olhou Sakura que vibrava ao lado de Naoko. Sorriu.

Motoko e a competidora foram até o shiaijo, antes de andarem as suas, respectivas, marcações, que marcavam o limite de aproximação dos competidores quando preparados em posição antes de iniciar o combate, realizaram o tradicional cumprimento japonês. Os presentes faziam barulho, assim que um dos juízes gritou: “comecem”, o silêncio se fez.

Nervosa, Sakura acompanhava a luta com a mão na boca: “Vai Motoko-chan!”. Disse baixinho.

Motoko manteve a espada posicionada a frente do corpo, apontando para a garganta de Chiba que posicionava a ponta da espada mais alta que a de Motoko.

Chiba tentou acertar a cabeça de Motoko, mas ela se defendeu com a espada acima da cabeça. Ambas tomaram uma pequena distância, Chiba batia na espada de Motoko. Sakura e os amigos, ainda vibraram.

“Motoko-chan, está muito na defensiva! ”. Disse Haruhiko.

“Ela deve ter percebido que ela é uma grande oponente”. Concluiu Mamoru.

Motoko notou que Chiba ocultou a espada à direita de seu corpo, com suas mãos na linha da cintura. Ela estava tentando esconder a trajetória que tomaria. Tinha que ficar com atenção redobrada. Por um descuido, Chiba deu um grito e a acertou no abdome. Os juízes levantam a bandeira branca.

Arregalou os olhos, ficou tão preocupada em se defender que esqueceu de observá-la. Voltaram até as suas marcações.

Ao reiniciar a luta, Motoko não perdeu tempo, a acertou na cabeça para delírio dos amigos que antes calados e nervosos, agora, comemoravam. Voltaram a se posicionar nas marcações.

Sakura olhou o cronometro do ginásio e viu que já estava prestes a acabar a luta, a amiga tinha que marcar mais um ponto. Fechou os olhos, não aguentaria ver o restante.

Motoko posicionou a espada ao lado direito do corpo, com a ponta voltada para cima. Ao assumir essa posição, sua espada estava reta e forte como uma árvore. Chiba ficou nervosa, esse era um dos golpes mais fortes de Motoko, o mais temido.

“Motoko-chan está na postura Hasso no Kamae!”. Vibrou Naoko.

“Então Kirino Chiba perderá!”. Comemorou Haruhiko.

Chiba não teve tempo de levantar sua espada em sua defesa, levou outro golpe na cabeça. Os juízes levantaram a bandeira vermelha pela segunda vez e o ginásio veio abaixo com o término da luta.

As duas se cumprimentaram, curvando-se, e saíram andando de ré da área de combate.

“É a vencedora foi Aoyama Motoko, com dois cortes no centro da cabeça (men-uchi)”. Todos aplaudiram. Mamoru assobiava, Naoko e Haruhiko gritavam o seu nome. Touma batia palmas, entusiasmado. Kishun fechava os ouvidos com as mãos, indiferente. Sakura batia palmas, mas, de repente, a figura masculina de cabelos castanhos, que ficou em pé na arquibancada abaixo, chamou sua atenção. Parecia muito com ele, mas seria impossível. O que ele faria ali? Não tinha sentido.

Não conseguia ver seu rosto, mas poderia jurar que ele era sim. Esticou o pescoço, mas mesmo assim não foi possível ver. Ele tirou o celular do bolso, e nele havia um chaveiro. Era um chaveiro de um lobo.

“É ele!”. Sakura se assustou, e apressou-se a descer. ERA ELE!

“Sakura…?! O que foi?”. Mamoru ficou espantando com ela saindo de seu lado, apressada.

“Sakura-chan?”. Naoko não entendia a pressa que ela tinha em descer. Kishun e Haruhiko seguiam Sakura com o olhar, Touma fez o mesmo, viu a figura masculina, parecia ser Li Shaoran.

Sakura continuou a se aproximar, não sabia como Shaoran foi parar ali, mas talvez ele estivesse atrás dela. Era por isso que ele sumiu? Isso seria mais uma das suas surpresas?

Ao se aproximar, o sorriso se desfez, uma mulher com uma criança, nos braços, veio de encontro com “Shaoran”. Ele segurou a criança nos braços e deu um selinho na mulher.

Ela o viu. Não era ele. Parou onde estava. Se sentiu a mais idiota de todas as idiotas. Olhou para trás e viu seus amigos a olhando, assustados com sua atitude. Hesitou, mas continuou a descer a arquibancada, queria ir embora dali!

“Sakura-chan! Aonde você vai?! Sakura-chan!”. Naoko gritou, fez menção de ir atrás dela.

“Eu vou atrás dela!”. Disse Touma, já descendo.

“Mas…?”. Naoko ia falar algo, mas Mamoru a impediu.

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China – Cerimônia do Líder Supremo -

“Pronto?”. Ao escutar a voz da mãe, parada na porta, Shaoran despertou de seus pensamentos.

“Sim” - Levantou da cadeira, e respirou alto - “É hora do show”. Andou até a porta.

“Filho, espere...” - Yelan tirou algo de seu Quimono Chinês - “Era do seu pai, agora é seu”. Ela o entregou em mãos. Era um cordão de ouro, com um pingente de um Lobo com rubis, símbolo do clã. Shaoran percebeu que na pata do Lobo estava cravado as iniciais do clã.

“Ele não deu isso a senhora?”.

“Foi um presente que seu pai ganhou do seu avô, no dia da cerimônia dele. Seu avô disse que isso protegeria a ele, e quem ele amasse”.

“Obrigado”. Sorriu. Yelan pegou de sua mão, e colocou no pescoço do filho.

Yelan puxou a cabeça do filho e beijou sua testa: “Que os deuses continuem ao seu lado, meu filho”.

...

O salão, lotado, estava repleto de flores brancas e apetrechos com dizeres dos deuses chineses. O teto possuía cortinas de cores fortes. Shaoran estava sentado na cadeira acolchoada de madeira, a maior dentre todas, no meio de todos os líderes. A presença de Fei Wang que procurava sempre lhe mostrar todos os dentes, ao sorrir, o irritava. Mas resolveu seguir o conselho da mãe, e o ignorar.

A mesa ao fundo do salão, chamou sua atenção pela quantidade de comida e bebida. Aquilo era um banquete que não perderia em nada para os banquetes de reis e rainhas.

Estava nervoso, não sabia como agir. Passava a maior parte do tempo, olhando o que Fay iria lhe falar para fazer. Olhou para a quantidade de convidados, era surreal. Não conhecia metade daquelas pessoas que estavam ali o olhando felizes e entusiasmadas.

Sua mãe, Meilin e suas primas estavam sentadas juntas as esposas e filhas dos outros líderes do lado esquerdo do salão.

Vestindo uma vestimenta chinesa, marrom, Huo segurava um microfone: “Eu, líder do clã Huo, declaro o início da cerimonia onde proclamaremos Li Xiaolang, filho de Li Lang e neto de Li Bailang, o grande líder dos líderes: O líder supremo que nos guiará a glória e a prosperidade! Com justiça e sabedoria. Proclamemos!”.

Shaoran olhou para Fay, que o pediu que ficasse em pé e se aproximasse do centro. Ficou frente a frente de todos os convidados.

Os líderes se levantaram de suas poltronas, e ficaram de joelhos, curvando-se, disseram em coro:

“Líder supremo Li Xiaolang, nos guie e nos ensine!”. Shaoran os viu se curvando. Segundo as explicações de Fay, ele deveria permanecer em pé, e ouvir aquilo três vezes. Mas decidiu quebrar o protocolo e se curvou, em um gesto, de agradecimento. Alguns dos líderes se mostraram surpresos. Fei o olhou com raiva, antes de voltar a se curvar, ao perceber que algumas pessoas o admiravam.

Muitos dos convidados ficaram surpresos e outros desconfiados. Segundo as tradições, o líder supremo não deveria nunca se igualar aos outros líderes.

Shaoran levantou-se junto com os outros líderes, olhou Fay que estava sendo enforcado por Kurogane. Sorriu com a cena. Certamente, Fay estava levando a culpa pelo que ele acabou de fazer. Voltou a se sentar.

“Líder Xiaolang, como demonstração de minha felicidade em tê-lo como líder, ofereço como presente, uma dança de minha filha, Huo Xing”. As luzes se apagaram.

Ela caminhou em passos rápidos até o centro do salão, usava adornos em forma de flor no cabelo, preso em um coque, o vestido verde de seda colado ao corpo, era realçado pela luz. O som da dizi sendo tocada a fez se mover graciosamente.

Shaoran arregalou os olhos ao vê-la sorrir ao mesmo tempo em que erguia os braços para cima. Era a primeira vez que tinha visto a sorrir desde que a conheceu.

Ela corria para o lado levemente, e unia as mãos, não deixando de sorrir. Movia as mãos de forma coreografada. Shaoran não tirava os olhos da dança, era hipnotizante.

Líder Huo sorria satisfeito ao perceber que Shaoran parecia estar encantado com a sua filha.

“Ele parece está encantado por ela”. Concluiu Kurogane.

“Não, ele não está”. Negou Fay. Ele sabia de quem Shaoran gostava.

Shaoran notou que aquele vestido era da cor dos olhos dela. Como queria que ela estivesse ali na sua frente dançando para ele.

Imaginou a cena. Na sua imaginação fértil, não era mais Xing quem dançava, era ela: Sakura.

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Tóquio – Ginásio Kenshin –

“Aqui”. Touma lhe estendeu um refrigerante em lata. Estavam sentados no banco da praça em frente ao ginásio. Sakura tinha os olhos e o nariz, vermelhos. Tinha chorado.

“Obrigada Touma” - Pegou o refrigerante e o canudo, o abriu e tomou um gole. Estava gelado - “Você deve achar que sou uma idiota chorona, não é?”.

“C-claro que não Sakura!” - Negou também com as mãos - “Eu acho que você é uma garota muito e-especial!”. Gaguejou no final, Sakura sorriu tristemente.

“Não devo ser para muita gente”.

“Sakura-chan, escute...” - Touma a encarou - “Todos que tiveram a oportunidade de conhecer você, pensam como eu. Inclusive, Shaoran...” - Sakura suspirou - “Você é uma garota incrível. Tenho certeza de que Shaoran tem um motivo para ter seguido em frente sem você. Ele não deixaria uma garota como você sair da vida dele se não tivesse um grande motivo. E é esse motivo que separa vocês. Por isso, não ache que a culpa é sua ou tal pouco se menospreze. A Sakura que conheci na adolescência sempre soube o valor que tinha e nunca se deixava abalar. Isso vai passar, Sakura”. Sorriu.

Seu coração foi acalentado pelas palavras de Touma. Sentiu que um peso estava saindo de suas costas.

Não tinha parado para pensar, que a culpa não era sua.

“Touma-chan, Sakura-chan!”. Naoko vinha correndo na direção deles, seguido por Mamoru e Motoko.

“Cerejeira, você está bem?”.

“S-sim!”.

“Sakura, já chega!”- A voz estridente de Motoko assustou - “Seja forte! Você tem que parar de agir como se sua vida fosse um dorama! Shaoran está seguindo com a vida dele e você não pode ficar à mercê de uma história que terminou! A culpa não é sua, você é uma pessoa muito especial!”.

“Motoko!”. Naoko a repreendeu. Sakura lançou um olhar de cumplicidade para Touma, sorrindo.

“Eu amo você, e odeio ver você triste!”. Motoko gritou tudo de uma vez, envergonhada.

Sakura levantou e foi até Motoko, antes de abraçá-la, disse: “Também amo você. Obrigada, Motoko-chan”. Naoko derramava uma cachoeira de lágrimas. Mamoru sorriu de olhos fechados, junto de Touma. Haruhiko e Kishun se aproximaram.

“Mas que choradeira é essa aqui?”. Perguntou Kishun vendo Naoko chorar exageradamente, e Motoko limpando algumas lágrimas. Sakura lhe sorriu, afetuosamente.

“V-você se machucou Motoko-chan?”. Perguntou Haruhiko, preocupado. Motoko ao ouvi-lo, corou, fazendo todos rirem, menos Haruhiko que nada entendeu.

Espreguiçou-se e depois bocejou. Fechou o livro. Estava sonolenta, mas resolveu que estudaria o resto da sua folga, só precisava comer alguma coisa. Estava se sentindo mais disposta. As palavras de Touma e de Motoko foram as causadoras da sua animação.

Não foi culpa sua. Apenas não era para ser. Shaoran se tornaria uma linda lembrança que guardaria em seu coração.

Abriu a gaveta da sua mesa de estudos. Tirou a caixinha preta e abriu, fitou o colar: “Vou guardar com carinho, Shaoran”. Sorriu ao olhar o presente que ele havia lhe dado.

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China – Cerimônia do Líder Supremo – Jantar

“Tudo bem, senhor líder?”.

“Shaoran, Fay. Shaoran”.

“D-desculpe”.

“Só estou com dor de cabeça, até que horas tenho que ficar sentado aqui? Estou morrendo de fome”.

“Só mais um pouco” - Fay olhou os secretários dos líderes formando uma fila, em direção a Shaoran - “Veja, cada um deles vai lhe dar um presente, como forma de apoio e aceitação. Depois disso, o jantar é iniciado”. Apontou para a fila. Fay o puxou, fazendo com que ele se levantasse da cadeira.

“Saco...” - Revirou os olhos. Não aguentava mais tanto protocolo. Sentia-se um robô. Cada um ajoelhava e deixava o presente no chão, sendo recolhido pelas empregadas da família Li. Shaoran, em todas as vezes, agradecia, curvando-se. Arregalou os olhos ao ver um garoto, aparentando ter 10 anos. Franzino, tinha os olhos cor de mel, cabelos pretos, presos em um rabo de cavalo. A criança o olhou rapidamente, e ajoelhou-se - “O que esse menino está fazendo aqui? É filho de um dos líderes?”.

“Ele é o secretário do líder Zhang, seu neto”- Fay cobriu a boca e cochichou no ouvido de Shaoran - “Ele será o futuro líder do clã Zhang”. Shaoran ficou impressionado. Aquele menino, tão novo, já teria grandes responsabilidades?

Não conseguiu tirar os olhos do menino. Quando ele se levantou, o seguiu com os olhos. O viu indo até um senhor com óculos de grau pequenos, de estatura baixa, devia ter 1,50 m, de cabelos longos presos em uma trança e uma barba comprida que vinha até na altura do pescoço. Aquele deveria ser o líder Zhang. Ele fez um carinho na cabeça no menino, que sorria satisfeito, a impressão que dava, é que ele estava parabenizando o garoto.

“Já teve tempo de sair um pouco, meu líder?”.

“Por favor, Lei, me chame de Shaoran”. Suspirou inconformado.

“Mas…?”. Demonstrou confusão com o pedido.

“Ficarei mais à vontade. E respondendo sua pergunta, não, ainda não tive tempo”.

“Se o senhor me permitir, gostaria de me oferecer para lhe mostrar um pouco da China. Há lugares que o senhor gostará muito, principalmente por ser solteiro”. Sorriu.

“Se você for formal assim, terei que recusar”. Shaoran bateu nos ombros de Lei, que ficou sem jeito. Ao ver a mãe de Shaoran se aproximar, se retirou.

“Filho, Líder Zhang e seu secretário”. Os dois curvaram-se. Shaoran retribuiu o gesto.

“Agradeço por ter vindo, líder Zhang. Soube que não costuma se misturar com a gentalha”. Shaoran provocou uma risada baixinha em Zhang. Yelan avistou Meilin, que a chamava e discretamente saiu, deixando eles a sós.

“Estou muito velho para essas coisas, além disso, as reuniões costumam demorar, e eu tenho programas na TV que não perco”. Disse em um tom descontraído. Shaoran gostou dele. Sentiu uma conexão instantânea.

“E esta criança, o que faz no meio de adultos gananciosos e problemáticos? ”. Encarou o menino que se retraiu.

“Aprendendo a não ser como eles. Cumprimente o líder Li, secretário”. Zhang pediu gentilmente ao seu neto, que obedeceu ao avô. A criança se curvou. Shaoran se agachou e ficou na altura dele, o que o deixou surpreso.

“Qual é o seu nome, menino?”. O menino olhou o avô que sorrindo assentiu com a cabeça.

“Zhang Ren, senhor líder”.

Shaoran sorriu de lado: “É verdade que seu clã, domina o estilo Shuai Jiao, do Wushu?” - O menino empolgado, confirmou com a cabeça – “E você sabe lutar?”.

“Sim, senhor líder! O vovô, q-quer dizer... O nosso líder Zhang é mestre neste estilo, ele é quem me ensina!”. Shaoran encarou o franzino e sorridente idoso a sua frente.

“Meu neto se dedica mais a lutar do que aos estudos. A mãe dele me culpa por isso”.

“Eu entendo você. Quando eu tinha sua idade, eu deixava de estudar e ia treinar, meu tio Wei ficava bravo comigo”. Zhang arregalou levemente os olhos ao ouvir o nome do velho amigo que abandonou a China, anos atrás.

“Seu tio é um grande lutador”. Shaoran olhou Zhang com curiosidade.

“O senhor o conheceu?”.

“Sim. Digamos que éramos bons rivais, na luta”. Lembrou-se de toda a rivalidade que ambos tinham quando eram jovens.

“S-senhor líder, podemos lutar algum dia?!”. O menino, com o rosto vermelho, e encarando o chão pediu timidamente.

“Secretário, não esqueça de seu lugar”. Disse Zhang, calmamente. O menino engoliu seco.

“Não ligue para seu avô, esperarei por você nas suas folgas para treinarmos juntos, tudo bem?”. O menino levantou a cabeça, e arregalou os olhos, feliz. Curvou-se empolgado. Shaoran sorria.

“Ora, ora! Líder Zhang, Líder Li vejo que já estão se conhecendo!”. Fei aproximou-se junto de Xing. Shaoran ao ouvi-lo não conteve o desgosto em ter que encara-lo. Ficou em pé, ereto.

“Líder Wang, como vai?”. Perguntou Zhang.

“Muito melhor com a chegada de nosso líder!”- Encarou Shaoran e apertou seus ombros, para o desprazer dele – “Vejo que seu neto está levando a sério em ser líder um dia, não é rapazinho?” – Encarou o menino que apenas curvou-se – “Dá gosto em ver uma criança criada nas tradições, é o caminho certo para se tornar um grande líder. A última coisa que o senhor, Líder Zhang, precisa, é de um aventureiro, não é? Alguém que mal se importe em seguir os protocolos”. Shaoran percebeu a indireta e o encarou. A vontade que tinha era de soca-lo ou deixa-lo sem os dentes que ele insistia em mostrar.

“Pelo pouco que conheci seu neto, líder Zhang, tenho que concordar com o líder Wang. Ele está no caminho certo. Saberá ser um grande líder de seu clã e não almejará lideranças alheias. Não será ganancioso”. Shaoran sorriu e acariciou a cabeça de Ren. Que sorriu com o afeto.

Wang ficou sério e o encarou com raiva.

“Líder Li, sua presença está sendo solicitada do outro lado do salão”. Disse uma mulher, curvando-se.

“Com a permissão de vocês, me retiro” – Shaoran curvou-se, e sorriu para Ren – “Não esqueça de nossos treinos, tudo bem?” - O menino sorriu, mais uma vez empolgado – “Volto já, com a licença de vocês, senhores lideres”. Shaoran se foi, era encarado por Zhang e Fei.

“Tira esse moleque daqui”. Fei pediu baixinho a Xing.

“Quer vim comigo até a mesa dos doces, pequeno Ren?”. Ela esticou a mão. O menino hesitou, olhou o avô que fez sinal para que ele fosse com ela.

“Então seu velho idiota, o que você quer aqui?”. Perguntou Fei, assim que os dois saíram.

“Apenas vim conhecer o filho de Li Lang”.

“Velho, velho... Você não sairia do seu buraco simplesmente para vim conhecer esse idiota. Como uma raposa velha que você é, deve está tramando alguma coisa”.

“Geralmente, as pessoas que vivem tramando algo, desconfiam de tudo”.

“Velho, vou ser direto: Continue isolado. Não se intrometa aonde você não faz nem falta. E se eu fosse você, não ficaria com esse sorriso estupido no rosto. Logo, logo esse idiota vai embora. E eu assumirei a liderança”.

Sorrindo, Zhang disse: “Foi uma sorte seu falecido filho ter puxado a mãe”. Fei conteve a raiva, nítida em sua feição. Sorriu, de forma irônica.

“Sua filha era uma fraca que me deu um filho fraco”. Praguejou.

Zhang arregalou os olhos, mas voltou a ficar sereno: “A falta que minha filha fraca e meu neto fraco fazem a você, se resume no que você se tornou hoje” – Fei o encarou, furioso – “Pretendo participar mais das reuniões. Gostei do novo líder”.

“O quê?!”. Surpreso, não conteve o grito.

“Será um sacrifício em perder alguns programas da TV e voltar a me acostumar com alguns líderes. Mas as más companhias são como um mercado de peixe, acabamos por nos acostumar ao mau cheiro”. Zhang sorriu, pôs as mãos detrás das costas, e saiu andando. Fei apertou o punho, de raiva.

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Dias depois – Japão: Tóquio – Show Kissu´s

“Tóquio! Vocês estão se divertindo?!”- Nakuru gritou no microfone e estendeu para a multidão. Que gritou um sonoro ‘sim’ – “Está fraco, vocês não acham?”— Ela olhou para Eriol, Yue e Yukito, que faziam um sinal de negativo – “Tóquio! Vocês estão se divertindo?!”. Dessa vez a vozes foram ensurdecedoras.

Sakura sorria com os gritos de Naoko, Usagi e as amigas dela, respondendo Nakuru. Ao seu lado, Touma olhava admirado a multidão. Mamoru mexia no ouvido, achou que os gritos o estavam o deixando surdo. Motoko cobria os ouvidos com as mãos.

Estavam na área VIP do estádio. Estava maravilhada. Era a primeira vez que assistia um show com aquela magnitude. Hesitou em ir ao show. Mas Nakuru insistiu tanto que decidiu ir. Toda vez que via o violão dele, preso no suporte, encima do palco, as vezes iluminada por refletores, seu coração apertava.

Já estava mais conformada com o término. Mas mesmo assim, gostaria de saber como ele estava, se esforçava muito em não perguntar a Tomoyo. Sentia falta dele, mas ocupava seu coração e seus pensamentos com outras coisas. 

Sua prova finalmente havia passado e só faltava saber do resultado. Esperava ter conseguido a aprovação. Estava confiante de que iria conseguir. Pena que não poderia compartilhar essa alegria com Shaoran, que tanto torceu por ela.

Touma falou com ela, a acordando de seus pensamentos. Ela lhe deu atenção.

Ele apontava e falava o quanto estava impressionado com a multidão.

Ele estava sendo um bom amigo. Gostava da companhia e de como ele a ajudava a seguir em frente. Ao escutar Nakuru, Sakura fitou o palco.

“Incrível! Estamos muito felizes pela recepção e a compreensão pela ausência de nosso amigo Shaoran Li” – Nakuru fez um gesto de choro— “Mas o show tem que continuar, e logo, logo, ele estará de volta, não é Shaoran?”. As luzes do palco apagaram-se e as fãs gritaram ao ver a figura de Shaoran no telão.

Sakura arregalou os olhos, e levou as mãos até o peito. Não tirou os olhos dele. Ele usava uma vestimenta chinesa, branca. Sentado em uma poltrona de madeira, acenava. Estava lindo. Que saudades deles.

“Olá pessoal! Olá Tóquio! Olá fãs!” – Shaoran acenava e sorria. As fãs gritavam, Sakura esforçava-se para escutá-lo – “Desculpem a ausência! Tive que voltar para casa por um tempo. Peço que continuem cantando e se divertindo por mim! Já sinto a falta de vocês. Daqui posso sentir a energia e o carinho de vocês. Obrigado! Eriol, Yue, Yukito, Nakuru, arrasem!”. Deu tchau. Sorrindo. O telão apagou.

As luzes foram acesas: “A próxima música foi escrita por Shaoran. E é dedicada a uma pessoa muito especial para ele. Ele a conheceu a pouco tempo, e essa pessoa se tornou inesquecível para ele.  O nome da música, chama-se Sakura” – Sakura ficou petrificada. Mamoru, Motoko e Naoko a encaram surpresos. Touma ao seu lado, a olhou tristemente – “Prontos?”. Nakuru encarou todos da banda.

Nakuru começou a cantar, sem nenhum acompanhamento. Sua voz ecoava pelo estádio.

 

Sakura hirahira mai orite ochite

A cerejeira floresce após perder as folhas

Yureru omoi no take wo dakishimeta

Cada uma das pétalas é um pedaço do meu amor

Kimi to haru ni negai shi ano yume wa

Até agora, eu sonho por causa da primavera

Ima mo miete iru yo sakura mai chiru

As flores de cerejeira se dispersam

 

A bateria, a guitarra e o violino deram o ar de sua graça. Nakuru balançava o corpo suavemente para um lado e para o outro.

 

Densha kara mieta no wa

Pela janela do trem eu podia ver

Itsuka no omokage

A trilha que se formou

Futari de kayotta haru no oohashi

Em uma importante ponte que nos encontramos

Sotsugyou no toki ga kite

Quando chegamos graduados

Kimi wa machi wo deta

E você na cidade, em março

Iroduku kawabe ni ano hi wo sagasu no

No banco colorido, procurando reviver esse dia.

 

Sakura não tirou os olhos do palco. Prestava atenção na letra. Fechou os olhos e a imagem dos dias que ficaram juntos tomou forma. Porque ele escreveu aquela canção se tudo acabou? Tinha vontade de chorar.

 

Sorezore no michi wo erabi

Os nossos caminhos separados

Futari wa haru wo oeta

E que bela primavera chegou ao fim

Saki hokoru mirai wa

 Meu futuro é como uma flor de cerejeira

Atashi wo aserasete

Isso me assusta

“Nagasakisen” no mado ni

Este ano, novamente, as flores de cerejeira caem

Kotoshi mo sakura ga utsuru kimi no koe ga kono mune ni

Através da janela do trem “Nagasaki”. Dentro de meu coração

Kikoete kuru yo

Eu ouço a sua voz

 

“Sakura, eu amo você”. A voz dele invadiu sua mente. Apertou a mão sobre o peito.

Sentiu um afago em seus cabelos, olhou para cima e viu Mamoru sorrindo. Naoko e Motoko lado a lado, também lhe sorriam.

Sorriu, mas as lágrimas desceram em seu rosto. Foi abraçada.

 

Sakura hirahira mai orite ochite

A cerejeira floresce após perder as folhas

Yureru omoi no take wo dakishimeta

Cada uma das pétalas é um pedaço do meu amor

Kimi to haru ni negai shi ano yume wa

Até agora, eu sonho por causa da primavera

Ima mo miete iru yo sakura mai chiru

As flores de cerejeira se dispersam

 

Os dias se passaram. Os meses.

Passava um batom rosa claro nos lábios. Era só o que faltava.

“Filha, está pronta?”.

“Só um pouquinho, papai!”. Respondeu ao pai, afoita.

“Anda logo, monstrenga! Vamos chegar atrasados para o casamento!”.

“Eu não sou monstrenga!”. Gritou, irritada. Levantou-se e se olhou no espelho, ajeitou o coque que segurava seus cabelos. Vestia um vestido longo rosa claro, de ombro caído, deixava as costas nuas.

O grande dia havia chegado! Seria a madrinha de casamento de Tomoyo e Eriol. Tinha voltado a Tomoeda apenas para ir ao casamento.

Estava feliz por ela. Na verdade, estava feliz. Conseguiu sua aprovação. Touma também. Eles finalmente cursariam a faculdade dos seus sonhos. As coisas estavam se encaminhando, como ela sempre quis. Decidiu seguir em frente, porque a vida continua e o relógio não anda para o lado contrário.

Touma havia se confessado, mas deu um tempo para que ela respondesse. Ainda não sabia o que diria. Gostava dele, mas..., mas não queria se envolver com outra pessoa. Às vezes achava que inconscientemente esperava por Shaoran. Que ele voltaria e iria recomeçar de onde pararam. Mas isso não iria acontecer. Ele estava seguindo com a sua vida, devia estar até namorando, noivo...

Enfim.... Estava contente, mas, tinha a sensação de que faltava algo.

“Vamos logo, monstrenga!”. O grito do irmão a apressou. Despediu-se de Kerberos que dormia tranquilamente encima de sua cama e saiu do quarto, apressada.

 

Kaki kaketa tegami ni wa

A primeira coisa que você escreveu na “mensagem”

"Genki de iru yo" to,

"Eu estou bem"

Chiisa na uso wa misuka sareru ne

Você já reparou que havia uma pequena mentira, certo?

Meguri yuku kono machi mo

Mesmo na cidade

Haru wo ukeirete

É primavera.

Kotoshi moa no hana ga tsubomi wo hiraku

As flores voltam todo ano

(Música de Fundo)

 

“Até que enfim!”. Touya descruzou os braços ao ver a irmã descer as escadas. Notou que a irmã estava linda, apesar da careta de raiva.

“Está linda, filha!”. Fujitaka admirava Sakura. Desfez a cara emburrada ao ouvir o pai.

“Vamos?”. Perguntou, animada.

 

Kimi ga inai hibi wo koete

 Esses dias eu vou passar sem você

Atashi mo otona ni natteiku

 Mas graças a isso, amadureci

Kouyatte subete wasurete iku no ka na

Esqueceu tudo?

"Hontou ni suki dattanda"

"Nos amamos"

Sakura ni te wo nobasu

Nas minhas mãos, eu tenho pétalas de cerejeira

Kono omoi ga ima haru ni tsutsumarete iku yo

Agora, a primavera abriga o meu amor solitário

(Música de Fundo)

 

“É hoje o casamento do seu amigo?”. Fay recolhia os papeis que Shaoran acabava de assinar. Notou a pressa que ele tinha em acabar de assina-los. Em uma orelha, tinha um fone de ouvido. No MP4 player escutava suas músicas favoritas. Sentia falta de cantar, de tocar... A nova vida estava sendo difícil.

“Sim! Tenho que me apressar, vou assistir um pouco da cerimônia pela internet”. Olhou o relógio do pulso.

“Não esqueça que do treino que marcou com Kurogane”.

Shaoran sorriu sem graça, já tinha esquecido. Fay suspirou inconformado.

“Xiaolang!” – Meilin entrou agitada no escritório da mansão Li – “Vamos logo, Nakuru vai começar a transmitir! ”. Shaoran apressou-se ainda mais em terminar seu trabalho. Ao terminar de assinar, levantou-se.

“Acabei Fay!”. Bateu nas costas dele e segurou a mão da prima. Juntos, saíram correndo dali.

Fay sorriu de lado e murmurou: “Aposto que ele está ansioso em rever a Sakura”.

 

Sakura hirahira mai orite ochite

As flores de cerejeira caem

Yureru omoi no take wo daki yoseta

 Cada uma das pétalas é um pedaço do meu amor

Kimi ga kureshi tsuyoki ano kotoba wa

Até agora, as fortes palavras que eu disse

Ima mo mune ni nokoru sakura mai yuku

 Ficarão no meu coração; cerejeiras dançam junto ao vento

(Música de Fundo)

 

“Nervoso, filho?”. Clow encarou o filho que enxugava a testa com um lenço branco. Vestia um terno branco. Estava nervoso, não conseguia disfarçar o nervosismo nem do pai.

“Sim”. Eriol sorriu e coçou a cabeça. Seu pai apertou sua nuca, carinhosamente.

“É normal. Hoje você se tornará um futuro pai de família. Assumirá meus negócios e eu poderei descansar”.

“Pai...”. Ajeitou os óculos de grau.

“Estou brincando!”. Sorriu.

 

Sakura hirahira mai orite ochite

 As flores de cerejeira caem

Yureru omoi no take wo dakishimeta

Cada uma das pétalas é um pedaço do meu amor

Tooki haru ni yumemi shi ano hibi wa

Aqueles dias que querem reviver, brotam à sua volta

Sora ni kiete iku yo

 Desaparecem no céu.

(Música de Fundo)

...

“O que estão achando?”.

“Está tudo lindo, Nakuru-chan! A propósito, você está linda!”. Meilin junto a Shaoran, Fay, Kurogane e as irmãs de Shaoran assistiam a transmissão, pelo notebook, que Nakuru fazia da cerimônia.

Ela mostrava as decorações da festa de casamento, que acontecia ao ar livre, naquele final de tarde. Mostrou a tenda, onde Tomoyo e Eriol diriam sim um para o outro, decorava por flores lírios. As cadeiras de madeiras brancas, que formavam fileiras de frente para o altar, estavam interligadas por um delicado cetim branco. O caminho que Tomoyo iria percorrer, estava indicado pelo tapete branco. Filmou as mesas do jantar e o centro do palco onde todos poderiam se divertir.

Nakuru andou até Yue, Yukito e Eriol que conversavam: “Digam oi para Shaoran e sua família!”.

“Já começou a transmitir?”— Eriol apontou para o tablet e perguntou a Nakuru, que confirmou. Ele olhou para o tablet e viu Shaoran, e sua família. Sorriu – “Olá a todos! Shaoran, você está fazendo falta aqui”. Yukito acenou animado, Yue deu um meio sorriso, e acenou rapidamente.

Com os olhos marejados, Shaoran sorriu: “Você está bonito, hein? E nervoso!” - As irmãs de Shaoran davam gritinhos, enquanto diziam o quanto os amigos do irmão eram fofos – “Yue-chan, é verdade que você finalmente se acertou com a Nakuru-chan?” – Os dois ficaram sem graça – “Eu só acredito, se vocês se beijarem! Deem um beijo!” - Meilin ria junto com as primas. Yue irritado, não deu atenção para o que Shaoran disse, deu rabissaca. Enquanto Nakuru, vermelha, protestava de vergonha – “Kurogane, ele podia ser seu irmão”. Shaoran apontou para ele e Yue. Kurogane, como Yue, o ignorou.

“Sakura-chan!” - Ao ouvir o nome dela, seu coração palpitou acelerado. Ficou sem fala. Acompanhou a atrapalhada amiga sorridente, olhando para a direção da entrada. Assim como Eriol, Yue e Yukito – “Está linda, Sakura-chan!”- Nakuru se deu conta de que não a filmava. Olhou para o tablet, sorriu e o apontou na direção em que olhava – “Sakura!”. Ela gritou por ela. Ao ouvi-la, Sakura acenou sorrindo.

Kurogane, Fay e as irmãs de Shaoran arregalaram os olhos. Estavam surpresos com a beleza da japonesa que havia conquistado Shaoran.

“Como ela é linda, maninho!”

“Ela é a coisa mais linda e fofa que já vi!”.

Atônito, não ouvia as irmãs. Shaoran olhava a mulher que tanto amava. Não havia esquecido um dia sequer dela. E não iria esquecer nunca. Ele sorriu, ao notar que as bochechas dela estavam corando, certamente por perceber que estava sendo filmada. Como queria abraça-la, beija-la...

Sentiu a mão da prima em seu ombro, dando apoio. Ela sabia de todo o seu sofrimento em ficar longe de Sakura.

O sorriso se desfez. Touma apareceu detrás de Sakura. Ele tocou o ombro dela, e ambos sorriram entre si. Aquilo o deixou louco de ciúmes. Levantou da poltrona, com raiva. Saiu da sala, em passos largos.

“Shaoran! Espera!”. Meilin gritou. Em vão.

 

Sakura hirahira mai orite ochite  

As flores de cerejeira caem

Haru no sono mukou he to aruki dasu

Ando enquanto eu desfrutar da primavera

Kimi to haru ni chikai shi kono yume wo tsuyoku

O sonho de voltar a viver com você novamente

Mune ni daite sakura mai chiru

 Faz você sentir uma forte dor no peito, cerejeiras dançam junto ao vento

 

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Continua...

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Música do capítulo: Sakura - Ikimono Gakari

https://www.youtube.com/watch?v=2ElZswXgISU 

Um pouco da dança da Xing Huo: https://www.youtube.com/watch?v=dh77VFZtQn0&list=PL7926138E660DA1F2&index=3

Kirino Chiba: Personagem do anime Bamboo Blade

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Sakura no hana: Flor de Cerejeira

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Notas finais do capítulo

Oiiii! Gostaram? Me deixem saber, sim? Hihihihihi. Esse sofrimento do nossos amados Sakura e Shaoran está com os dias contado, tenham paciência. Hehehehe
Acho que alguns perceberam que não dei uma merecida ênfase ao casamento da Tomoyo e Eriol, mas é que eu tinha que fazer uma escolha, senão o capitulo ficaria maior do que já está --' Mas no próximo, darei uma atenção melhor. ^^
Desde já, muito obrigada pela paciência em ler esta historia! Agradeço cada visualização. *.*
Kissu´s! =***



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