Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 25
Akai Ito




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(Imagem: Yuuko e Sakura - CLAMP)

...

Shaoran usava somente uma calça de algodão, preferiu lutar sem blusa. Tinha os joelhos um pouco flexionados. Com os pés afastados na largura dos ombros, mantinha os punhos ao lado do corpo, com o lado da palma da mão virado para cima. Kurogane a sua frente, flexionava os joelhos, com a perna esquerda para trás. Vestia quimono chinês preto.

Shaoran tomou a iniciativa e foi para cima, virou o quadril na direção Kurogane e deu um soco com o punho esquerdo, mas Kurogane defendeu. Imediatamente, Shaoran deu outro soco, dessa vez com o punho direito.

Kurogane não perdeu tempo e deu um chute, mas Shaoran se desvencilhou. Kurogane deu um pulo para trás e fez a posição da “serpente”. Tinha as pernas afastadas e apoiava o peso do corpo somente sobre a perna de trás, enquanto a outra perna a mantinha no alto, flexionada. As mãos estavam retas e duras.

“Serpente? Você conhece todos os estilos então? Isso vai ser muito divertido!”. Shaoran sorriu ao mesmo tempo em que afastava as pernas. Apoiando o peso do corpo na perna de trás. Curvava os dedos para dentro da palma da mão, imitando garras.

“Tigre? Amador”. Kurogane foi para cima de Shaoran que defendeu seus golpes.

...

Shaoran, ofegante, deitava-se no chão na tentativa recuperar o folego. Jogou um pouco da agua da garrafa de acrílico, em seu rosto. Sentia cada musculo doer. Kurogane era bem forte. Sua calça comprida de algodão, estava suja.

Controlou a respiração. Pegou a toalha vinho, ao seu lado, e cobriu seu rosto. Sakura e Touma, juntos novamente invadiram seus pensamentos. A luta tinha sido ótima, pois tinha tirado eles do seu pensamento. Agora que ela acabará, tudo voltou.

“Você luta bem, foi o irmão do Sr Lang, quem ensinou?”. Ao escutar Kurogane, também ofegante e deitado no chão do outro lado do tatame, Shaoran tirou a toalha do rosto.

“Sim. Tudo que sei, foi ele quem me ensinou” – Sentou-se, observou Kurogane que ainda permaneceu deitado. Também estava enfadado – “Foi meu pai quem ensinou a você?”.

“Sim. Seu pai era um grande lutador”. Lembrou-se com carinho das vezes que treinava com ele.

“Hum... Eu invejo você. Gostaria de ter aprendido com meu pai também”. Deitou no chão novamente. De repente Kurogane lembrou-se da infância que teve ao lado do pai de Shaoran. Do quanto ele foi privilegiado. Sentiu-se um pouco culpado de ter sido tão duro com ele no início. Certamente, foi difícil para Shaoran ficar longe da família e das tradições. Ele sabia a dor desse sentimento, por ter perdido os pais ainda tão novo. Levantou-se do chão e andou até a Shaoran, lhe estendendo a mão.

“Seu pai amava muito você”. Shaoran sorriu e segurou a mão dele. Kurogane o levantou do chão.

“Eu sei, todos me amam Kurogane”. Kurogane balançou a cabeça, com a brincadeira sem graça.

Meilin entrou correndo: “Até que enfim vocês acabaram!” – Meilin trazia consigo o tablet, ainda assistia a transmissão do casamento. Shaoran depois de ver Sakura e Touma, só voltou a assistir Tomoyo e Eriol dizerem sim no altar – “Tomoyo e Eriol querem falar com você, Shaoran!”. Ela lhe entregou o tablet.

Shaoran o pegou, pôs a toalha vinho envolta do pescoço: “Olá recém-casados!”.

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 “Shaoran, é verdade que você não assistiu nosso casamento?”. Tomoyo perguntou tristemente. Seu vestido branco era bordado com algumas pérolas, deixava os ombros amostra. Seus cabelos negros longos, encaracolados nas pontas, estavam soltos.

“Claro que assisti! Vi vocês no altar na hora do sim. Foi uma cena que eu nunca vou esquecer, sra. Hiiragizawa! Mas, quem contou uma mentira dessas a vocês?”. Olhou para a prima, desconfiado.

“Meilin disse que você não assistiu na integra! ”. Protestou Tomoyo. Eriol ao seu lado, a abraçava.

“Ah... Me desculpem. Tinha que treinar e... E eu não queria continuar a ver algumas coisas. Desculpem o egoísmo. Mas acho que vão me entender se lembrarem de uma certa madrinha de vocês que continua me tirando o sono”.

Tomoyo e Eriol se entreolharam, e perceberam que ele falava de Sakura. Ela estava acompanhada de Touma. Certamente aquilo tinha sido difícil de ver: “Tudo bem Shaoran-chan. Mas o motivo dessa conversa, é outra”. Tomoyo sorria.

“Shaoran, meu amigo. Nós vamos viajar no mês que vem rumo a nossa lua de mel”.

— “Vocês merecem! Aonde vão? Paris, não é? Essa é bem manjada!”. Meilin ao seu lado sorriu.

“China!”. Disseram os dois em coro. Shaoran ficou surpreso.

“S-s-sério?”. Gaguejou.

“Sim! Aproveitamos e matamos a saudade de um certo chinês”. Disse Eriol, sorrindo. Shaoran ficou emocionado, mas permaneceu firme.

“Ninguém resiste a mim...”- Disse brincando, tentando disfarçar a emoção de rever os amigos— “Obrigado, pessoal”.

“Todos nós vamos!”. Nakuru apareceu subitamente, junto de Yue e Yukito.

“O quê?!”.

Eles riram entre si com o susto de Shaoran e gritaram em coro: “Surpresa!”.

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Percebeu que eles estavam reunidos e sorrindo. Deviam estar falando com ele. Sorriu. A amizade deles realmente era bem forte. Ultrapassava até a distância entre países.

“Algum problema, Sakura-chan?”.

“N-não Touma. Disse alguma coisa?”.

“Perguntei se você quer dançar”. Sorriu.

“S-sim”. Sakura levantou-se da mesa, e Touma segurou sua mão. Juntos foram até o centro do salão.

“Hunf...”. Touya fez cara de poucos amigos, ao vê-los.

“O que foi Touya?”. Sonomi notou a cara do enteado. Fujitaka ao seu lado, sorriu.

“Ele deve estar assim por causa do amigo de Sakura, que veio de Tóquio”.

“Ah sim! Ele parece ser um bom rapaz e parece gostar muito da Sakura-chan”.

“Sim, também percebi isso”. Fujitaka viu a filha e o amigo dançando. Fitou o filho, mais uma vez, continuava emburrado.

“Ora Touya-chan, um dia sua irmã vai se casar, ter filhos!”. Sonomi sorria.

“Não é isso...”

“Então qual é o problema?”.

“Quando ela estava com aquele pirralho, era diferente. Ela transbordava felicidade”. Disse não tirando os olhos da irmã que dançava, sorrindo sem graça para Touma.

Sonomi olhou Fujitaka e sussurrou: “Pirralho?”.

“Shaoran”. A respondeu.

A canção terminou, Sakura sorria enquanto Touma, vermelho, tentará dizer alguma coisa. Foi interrompido pela voz que tomou conta do salão. Era a voz de Shaoran.

Sakura enrijeceu. Ficou sem reação. Touma, percebeu. Segurou sua mão e sorrindo, a guiou novamente para uma nova dança.

 

Itsuka kimi ga oshietekureta ano kotoba ga

Aquelas palavras que você me disse uma vez

mune no oku no doa o fui ni nokku suru

De repente estão batendo na porta do meu coração

furikaeru hima mo naku nanika ni oware

Não houve tempo para olhar para trás por estar sendo perseguido

wasureteita keshiki o

A paisagem que já tinha esquecido

ima kimi no koe ga omoidasaseru yo

Agora a sua voz me faz lembrar

daijoubu saa hajimeyou

Tudo bem, então vamos começar

 

“Está escutando Shaoran-chan?”.

“Sou eu cantando?”. Era uma canção antiga. A escreveu na fase cheia de paixões passageiras, a adolescência.

 “Você disse que iria cantar no nosso casamento, lembra? ”. Tomoyo sorriu.

— “Me desculpem...”. Ficou chateado, queria muito ter feito isso.

 

(yeah) It's The Right Time

 É o momento certo

arukidasou

Vamos avançar

(yeah) It's The Right Time

É o momento certo

osorenaide

Não tenha medo

hora

Olha

ano oka o koeta basho de

O lugar onde cruzamos aquela colina

boku o matteiru yo

Você espera por mim

 

Eriol nada disse, pegou a mão de, agora, sua esposa e a convidou para dançar, que prontamente aceitou. Nakuru passou a filmar o casal. Shaoran sorriu vendo os amigos dançarem encostando o nariz um no outro, felizes.

 

Tatoe donna tsurai toki mo sono kotoba ga

Não importam os tempos dolorosos que estou, essas palavras

hiroi umi o mayowazu susumu kibou ni naru

Avançam pelo grande mar, sem parar e tornam-se esperança

me no mae no kurayami ni tachisukumu tabi

E quando estou petrificado pela escuridão diante dos meus olhos

hikari o kureru no sa

Elas me dão luz

moshi kimi ga hitori o kanjiru toki wa

Se há momentos em que você se sente sozinho

daijoubu soba ni iru yo

Tudo bem; eu estou ao seu lado

 

Mas, mais uma vez o sorriso se desfez...

 

(yeah) It's The Right Time

 É o momento certo

arukidasou

Vamos avançar

(yeah) It's The Right Time

É o momento certo

osorenaide

Não tenha medo

hora

Olha

ano oka o koeta basho de

O lugar onde cruzamos aquela colina

tomo ni mi ni ikou

Vamos juntos ver

 

 Viu Sakura, ao fundo. Lá estava ela, dançando junto dele ao som de uma canção sua. Dessa vez, não sairia dali correndo, iria ver aquilo até o final. Talvez assim, se conformasse com o seu destino longe dela.

 

katachi no nai kotae ni tomadou hi mo chiisana koe de

Há dias que as respostas sem forma me confundem e, em voz baixa

sotto tsubuyaku no sa

Você, suavemente, as sussurra

kimi to boku ni kikoeru koe de

Com uma voz que eu e você podemos ouvir

 

Nakuru olhou Yue que apontou com a cabeça para Sakura e Touma. Nakuru percebeu a gafe e parou de filmar na direção deles. Focou somente em Tomoyo e Eriol.

 

(yeah) It's The Right Time

É o momento certo

arukidasou

Vamos avançar

(yeah) It's The Right Time

É o momento certo

osorenaide

Não tenha medo

hora

Olha

ano oka o koeta basho de

O lugar onde cruzamos aquela colina

bokura o matteiru yo

Está esperando por nós

 

Shaoran sentou-se no chão, lentamente. Meilin o olhava tristemente. Kurogane suspirou, profundamente. Vê-lo daquele jeito o deixava chateado. Shaoran conquistou o seu respeito e amizade.

 

Hora

Olha

ano oka o koeta basho de

No lugar onde cruzamos aquela colina

tomo ni doko made mo

ou seja onde for, estaremos juntos...

  

Minutos depois...

 “Saudades Shaoran-chan, Meilin-chan! Tchau Kuro-chan! Vou encerrar com um peso no coração”.Nakuru fazia cara de choro, enquanto despedia-se deles.

“Digam a ela que me chamo Kurogane”. Pediu irritado.

“Saudades também sua boba!”. Shaoran sorria.

—“Logo estaremos juntas, Nakuru-chan!”. Meilin dava tchau.

“Sim! Ah! Está na hora Meilin-chan!”. Nakuru riu, empolgada.

“Já?! Tudo bem! Tchauzinho! Vamos Kurogane!”. Meilin saiu puxando Kurogane que nada entendeu. Assim como Shaoran que observou a cena, estupefato. Distraído com a prima, não percebeu que Nakuru corria entre os convidados.

“Mas o que foi Meilin?”.

“Nada! Fique aí, sentadinho!”. Puxando Kurogane, se foi.

Ao olhar para a tela do tablet, ele arregalou os olhos. Não acreditava no que via!

“Sakura?!”. Gritou seu nome. Foi pego em cheio.

“Shaoran?!”. Estava assustada, não imaginava que Nakuru a tinha puxado e a levado para um local mais sossegado com essa intenção.

Gritaram seus nomes em sincronia. Vermelhos, ficaram sem palavras. Sakura fitava o chão. Não sabia o que dizer.

“T-tudo bem?”. Perguntou desconsertada.

“Sim...” – Agora entendeu a atitude da prima e de Nakuru. Mas porque estava tão surpreso? – “Tudo bem com você?”. Suava sem parar, dessa vez de nervoso.

“Sim”. Sorriu. Fazia tanto tempo que não a via ou ao menos escutava sua voz. Lembrou-se das incontáveis vezes que ligou depois da mensagem que ele a mandou. Ele não a atendeu nenhuma vez sequer. Sentiu um misto de tristeza e raiva. Jurou que se voltasse a vê-lo iria dizer tudo o que sentia, exporia a sua raiva dos dias que ficou triste e chorou com a ausência dele. Mas agora que estava ali, tecnicamente, frente a frente com ele, percebeu que sua raiva havia passado. Tinha resolvido guardar as memorias que tiveram, brevemente, com carinho. Tinha conseguido afinal.

“É-é... O casamento pelo jeito vai até tarde”. A música animada que tocava, chamou a sua atenção. Como queria está lá ao lado dos amigos e dela.

“Pelo jeito vai sim, Li”— Ao ouvir a forma normal com que ela lhe chamou, entristeceu. Custava acreditar, que contra sua vontade, Sakura não era mais sua namorada – “Como vão as coisas aí? Tudo bem com a sua mãe?”.

Shaoran se atentou a respondê-la: “Sim! Ela está bem. Ando ocupado. Assumir os negócios da família têm me tomado muito tempo, m-mas acho que estou indo bem. E sua prova? Você já fez?”. Era estranho falar com alguém que se amava de um jeito tão formal.

Sakura sorriu: “Eu passei!”.

 Shaoran ficou feliz, abriu o sorriso: “S-sério?! P-parabéns Sakura! Fico feliz por você”.

“Obrigada Li!”. Sorria com a empolgação dele.

Ficou sério, como doía essa situação: “Sakura, escuta, eu...”. Sakura sorriu e balançou a cabeça. O olhou com carinho.

“Não precisa se explicar Shaoran”.

 “E-eu magoei você, c-claro que...”. Gesticulou, nervoso.

“Não. Não mais”.

 Shaoran engoliu seco: “Entendo” – Abaixou a cabeça, logo pôs um sorriso triste em seus lábios e voltou a encara-la – “Só quero que saiba que você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Sakura. Eu era uma pessoa vazia, bem fútil antes de te conhecer. Daí você surgiu, e sem pedir licença me preencheu com todo o amor que você emana. Nunca quis ou ao menos cogitei a possibilidade de que uma mulher me prendesse, mas você veio. E você me libertou” – Sakura o encarava atônita, apertava o tablet entre suas mãos – “Há motivos ruins que impediram de continuar chamando você de namorada. E são somente eles que me separaram de uma mulher tão incrível como você” – Sakura lembrou das palavras de Touma ao conforta-la no banco da praça – “Eu confesso: Tinha um medo terrível de amar. Hoje, ele foi embora. Obrigado, Kinomoto Sakura. A propósito, você está linda”. Shaoran sorriu.

Com os olhos tremendo tudo que fez foi sorrir e sussurrar seu nome: “Shaoran...”

“Cuide-se, sim? Aproveite muito essa festa por mim! Se eu tivesse aí beberia todas!”. Riu, forçadamente.

“Shaoran, cuide-se você também. Obrigado”. Disse ainda emocionada.

Sorriu de lado: “Te vejo por aí, cerejeira!” – Coçou a cabeça, sem graça – “Roubei o apelido do Mamoru, foi mal! Até mais!”. Deu tchauzinhos, sorridente.

“Espe...”. A tela ficou azul e a mensagem em letras garrafais apareceu: “Connection no found”. Ele desconectou... Não conseguiu esconder a tristeza. Ela queria agradecer pela música. A música que ele escreveu para ela e que Nakuru a cantou.

...

Shaoran permaneceu sentado por alguns instantes de cabeça baixa. Bruscamente, jogou o corpo para trás, deitando-se no chão, ainda segurando o tablet com a mão direita.

Cobriu os olhos com o antebraço. Como a ficha de que tudo realmente acabou demorava para cair. Iria doer por muito tempo, assim?

As lágrimas caiam sobre o chão do tatame.

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Enxugava as lágrimas. Pensou que já tinha superado aquele amor, mas percebeu que tinha adormecido e que ele teria acordado cedo ou tarde. Distanciou-se mais ainda dos convidados, olhou para o céu e viu a lua minguante brilhante, e as estrelas ao seu redor.

O amava. Se tinha dúvidas, ela foi cessada. Amava aquele homem que em pouco tempo mudou sua vida e lhe trouxe novos sentimentos. Agora, ele estava a km de distância. Não podia mais continuar vivendo aquela história de amor, que ela relutou tanto em aceitar.

Estava arrependida. Arrependida de não o ter conhecido mais... Mas... Daria no mesmo! Melhor seria não o ter conhecido! Assim, ambos estariam vivendo suas vidas sem nem saber a existência um do outro.

Fechou os olhos, a imagem dele sorrindo, bravo, rindo, veio de encontro a ela. Não, não queria viver no mundo sem tê-lo conhecido.

“Mas o que uma linda moça faz sozinha aqui com essa feição triste?”.

Sakura tomou um susto ao ouvir a voz feminina. Ela estava ao seu lado. Não tinha percebido a sua presença. De presença marcante, a mulher de cabelos negros e um sorriso enigmático não lhe era estranha.

“E-eu...”. Voltou a enxugar o rosto, tentando esconder qualquer resquício de que esteve chorando.

“Tudo bem, Sakura. As vezes a tristeza não nos abandona nem em momentos felizes, como este de hoje” – Ela ficou surpresa, ela sabia seu nome  – “Lua bonita, não?”.

Tinha certeza de que a conhecia. Sakura parou de olha-la, e lembrou de responde-la: “S-sim!”.

“Sua história não pode ser mais triste do que a do coelho da lua” – Sakura a olhou confusa, lembrava-se vagamente da história – “Um velhinho que morava na lua veio a terra disfarçado de mendigo, e tentou descobrir qual dos três amigos inseparáveis: o coelho, o macaco e a raposa, era o mais bondoso. O velhinho suplicou a eles que lhe dessem algo para comer. O macaco foi correndo coletar frutas e nozes e ofereceu ao mendigo. A raposa foi até o rio, e trouxe peixes e também ofereceu a ele. O coelho correu pelo campo, desesperado, atrás de algo e voltou sem nada” – Sakura escutava com atenção a mulher que falava sem tirar os olhos da lua – “O macaco e a raposa riram dele. Então, o coelho pediu ao macaco que buscasse galhos e a raposa que acendesse uma fogueira. Eles indagaram para que aquilo tudo e o coelho correndo em direção as chamas disse: Irei me atirar no fogo e darei minha própria carne a ele”.

 Sakura a olhou horrorizada: “E-ele pulou no fogo?!”.

Ela a olhou e sorriu: “O macaco e a raposa ficaram tristes e choraram a perda do amigo, reconheceram o quanto ele era bondoso, mas o mendigo interveio e revelou sua verdadeira identidade: Eu sou o espírito da lua. Não se preocupem, seu amigo está bem. Ao dizer isso, o velhinho trouxe de volta o espírito do generoso coelho e disse: Seu ato foi de muita bondade, provando que é o animal mais generoso da floresta, entretanto não deve fazer mal a si mesmo, mesmo que seja pelo bem do outro. Eu o levarei para a lua e de lá, com toda a sua virtude, você olhará por todos os seres bondosos para sempre. Ele aconchegou o coelho em sua manta e subiu aos céus. O coelho olha por aqueles de corações generosos enquanto se diverte fazendo bolinhos de arroz para enviar a seus amigos que ficaram na terra, a raposa e o macaco. Quando a lua está cheia, o coelho pode ser visto” - Sakura olhou a lua. Gostaria de vê-lo – “Viu, como é triste? Agora ele vive longe dos amigos”.

“Não acho que seja triste. Ele conheceu alguém especial e sábio que reconheceu toda a sua bondade. E pelo que entendi ele ainda mantém contato com os amigos”.

Ela riu: “Que moça esperta!” – Ela o encarou – “O que te aflige?”.

“Diferente do coelho, estou triste por estar longe de alguém que gosto”.

“Então diminua a distância. Diminua a distância, jovem”.

“E-eu n-não posso...”

“É verdade. Agora não, só depois de três estranhos falarem a você o que eu disse”.

“Quê?”.

“Vi você de longe! Porque não me falou que tinha chegado? Oh, vejo que está boa companhia, querida”. Sakura viu Clow, pai de Eriol, se aproximando, sorrindo para a mulher.

“Sim, sim. É uma adorável moça”.

“Vamos? Tomoyo-chan decidiu jogar o buquê, não gostaria de pega-lo, Sakura?”. Sorriu.

Ela sorriu para Clow, ao ver a mulher saindo do seu lado, apressou-se em perguntar: “Espera, você não me disse seu nome!”.

“Mas que cabeça a minha! Me chamo Ichihara Yuuko, prazer em te conhecer Kinomoto Sakura”. Sorriu e continuou a andar, agarrando o braço de Clow.

Sakura permaneceu parada. Estava encantada com aquela mulher tão misteriosa.

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Dia seguinte...

Tomoyo acomodava-se, sentando sobre a cama de Sakura. Kerberus, antes no chão, pulou em seu colo e ronronou. Tomoyo o acariciou.

“Estou muito feliz com a sua visita surpresa!”. Ela sentava-se na cadeira de sua escrivaninha.  

“Tem certeza de que não atrapalho?”. Tomoyo a olhava receosa, Sakura estava fazendo afazeres domésticos antes de sua chegada. Encarou o espanador de pó na mão dela.

Sakura percebeu que ela encarava o espanador, e o jogou longe, sorrindo: “Claro que não, Tomoyo-chan! Mas devia ter me avisado que iria vim, tinha preparado algo para a gente! E eu estaria mais apresentável”. Disse se referindo a roupa simples e o suor.

“Você está encantadora Sakura” – Fitou a mala debaixo da janela – “Já arrumou as malas?”.

“Sim! Volto amanhã. Trouxe pouca coisa! E como está sendo o primeiro dia de casada?”.

“Sem meu marido” – Tomoyo sorriu com a feição confusa de Sakura – “Eriol teve que ir a Nagasaki com o pai e Yuuko, irão expandir os negócios”.

“Tomoyo-chan, a Yuuko... Você disse meu nome a ela?”.

Colocou o dedo encima da boca, pensou um pouco: “Não me lembro Sakura-chan. Ela chegou tarde ao meu casamento. Lembro de ter sido apresentada a ela depois de jogar o buquê. Por que a pergunta?”.

“N-nada”. Desconversou.

“Ela é a dona da mansão que ficamos em Nagasaki, lembra? É namorada do meu sogro, digo, meu novo pai”- Riu entre as mãos. Sakura lembrou-se do quadro de uma mulher na mansão, era ela! Sabia que a conhecia de algum lugar. Tomoyo percebeu que Sakura estava aérea – “Algum problema, Sakura-chan?”.

“Apenas lembrei do nosso passeio em Nagasaki”. Tinha um semblante triste, abaixou a cabeça.

“Sakura...” – Tomoyo deixou de acariciar Kerberus e aproximou-se mais dela – “Vim porque tenho um convite a fazer a você”.

Encarou Tomoyo, ficou curiosa: “Convite?”.

Tomoyo confirmou: “No mês que vem, Eriol e eu vamos viajar. Venha conosco. Tire umas férias! Que eu saiba você só tirou folgas!”.

“E-eu? Mas vou atrapalhar a lua de mel de vocês”.

“Nakuru, Yue e Yukito também vão”. Kerberus bocejou e pulou no colo de Sakura.

Sakura abraçou Kerberus carinhosamente, e o mimava, enquanto falava: “Ah! Achei que era a lua de mel! E para onde vocês estão pensando em ir?”.

Tomoyo ria sem graça: “Pensei em contar só no aeroporto a você, mas... Vamos para China”.

“C-CHINA?”. Assustou Kerberus, que saiu do quarto.

“Sim! Queremos saber de perto como Shaoran está, e quem sabe o trazer de volta. É como se fosse um resgaste, sabe? Talvez eu faça algumas roupas para nós, ao estilo dos caçadores de fantasmas” - Riu, com os olhos brilhando. Dispersou os pensamentos e fitou Sakura – “Vamos, Sakura-chan?”. Segurou as mãos dela, esperançosa.

Sakura, levantou da cadeira, e com uma voz firme, a respondeu: “Não, Tomoyo-chan. Desculpa, mas não vou. Acho que não teria muito a ver eu ir. Vocês são amigos, quase irmãos”.

“E você é o amor da vida dele, Sakura-chan”. Olhou a confusa amiga, com carinho.

Balançou a cabeça: “Não é bem assim...”

“Você sabe que é. Mas tudo bem, não vou forçar você a nada. Você tem muitos dias para pensar”.

“Tomoyo-chan, a-acho que vou iniciar um relacionamento com Touma-kun”.

“Sakura, se essa decisão a fará feliz, você terá meu apoio. Mas meu convite continua de pé”. Sorriu.

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China

Meilin olhou pelos quatro cantos da mansão, mas não o achou. Fay e Kurogane insistiam em dizer que ele havia dito que voltaria para casa mais tarde. Mas já estava mais do que tarde. Estava preocupada. Sabia o que aquela outra sumida, significava. Da última vez, chegou bêbado e Yelan o proibiu de dormir em casa. Acabou dormindo do lado de fora de casa.

Avistou sua prima tricotando, enquanto escutava uma música típica chinesa: “Viu o Xiaolang, Fenmei?”.

Ao ouvir Meilin, suspirou: “Que a senhora minha mãe, não me ouça: Eu fiquei sabendo que ele saiu outra vez com o líder Lei. Conhecendo aquele pervertido, deve ter levado Xiaolang para uma bebedeira sem hora para terminar”. Balançou a cabeça.

Meilin lamentou: “Shaoran...”

...

“Caramba líder Li! Eu achei que sabia me divertir, mas o senhor...”

“Para de uma vez de me chamar de líder e também de senhor que eu não sou seu pai! Shaoran Li para os íntimos” – Tomou de uma vez o uísque – “Eu me perguntava se aqui na china tinha diversão, tem sido uma descoberta atrás de outra”. Riu, o efeito do álcool já estava fazendo efeito.

“Claro que sim! Somos jovens! Só os velhos líderes que não sabem como se divertir na china”. Riu, pedindo que o barman enchesse seu copo.

Shaoran olhou envolta e cruzou olhares com uma mulher sentada em uma mesa, sozinha. Era estonteante. Ela sorriu e ele sorriu de volta.

“Acho que vou encerrar a noite”. Bateu nas costas de Lee que o seguiu com o olhar. Sorriu. Shaoran iria se dar bem, finalmente dormiria com uma mulher.

“Posso?”.

“S-sim! Claro, líder Li”.

“Ai porcaria, estou vendo que só sabem me chamar assim por aqui”- Fingiu uma falsa irritação – “Qual é o seu nome? E por favor, me chame de Xiaolang”

“Xiu Mei”.

“Então, Mei. Eu estou meio enferrujado na arte da conquista, podemos ficar aqui conversando sobre coisas aleatórias ou podemos ir para um local mais reservado e conversar com mais privacidade. O que você achar melhor, eu topo”. Piscou.

...

Ao abrir a porta, com o cartão magnético, ela entrou correndo. Estava entusiasmada com aquele encontro, mais do que ele. Com certeza. Finalmente depois de todo esse tempo, teve coragem de seguir sua vida. Depois de ter visto Sakura ao lado de Touma, caiu a ficha que tudo acabou. Era a primeira vez que saia com uma garota, desde que chegou. Não estava feliz, só queria esquecer logo daqueles olhos verdes.

“Nossa, que quarto gigante!”. A voz animada dela, o acordou dos pensamentos.

Deu um meio sorriso: “Gostou? É o melhor desse hotel”. Tinham ido para um hotel cinco estrelas. Sempre detestou motéis. 

“Sim, sim! Gostei muito, líder... Quer dizer, Xiaolang” – Ela achou o banheiro – “Vou ao banheiro, volto já. Esteja preparado”. Piscou, de forma sedutora.

Shaoran deu um meio sorriso e começou a afrouxar a gravata e desabotoar os botões dos punhos. Foi até a janela do quarto e observou a vista para os prédios arranha-céus. Olhou o relógio do pulso: 4:00 da madrugada. Será que sua mãe iria ficar mais uma vez irritada com outra noitada sua? Procurou não beber tanto dessa vez.

O bater da porta, o fez arquear as sobrancelhas. Não esperava por ninguém. Foi até a porta, sem hesitar. Olhou pelo olho mágico, era uma mulher.

Abriu a porta: “B-boa noite senhor! Trouxe o lanche que a senhorita deste quarto pediu” - Era uma camareira. Ficou em transe. Não escutou uma palavra mais – “Senhor?”. Sakura. Sakura. Sakura. Era o nome que se repetia em sua cabeça.  

Em um impulso, voltou para dentro do quarto, pegou seu paletó e saiu correndo de lá, deixando a camareira com cara de tacho.

“Xiaolang, estou prontinha para você! Venha cá...”. Usava lingerie preta, ao ver a mulher vermelha a encarando, gritou de susto.    

...

Mansão Zhang – 7hs

Uma moça corria, segurando a barra do vestido, para que não a sujasse na terra coberta pela grama. Corria afoita em direção a um senhor, que sentado em uma cadeira típica de praia, pescava no extenso lago, aos fundos de sua casa. Ao seu lado, a caixa de isopor permanecia vazia.

“Líder Zhang, há um rapaz querendo vê-lo”. Tentava recuperar o folego.

“E quem é?”. Ajeitou o chapéu de palha. Abaixou a cabeça e a olhou por cima dos óculos escuros. Tinha um cachimbo em sua boca.

“Ele diz ser Li Xiaolang, o líder do clã Li. Mas deve ser algum bêbado tentando se passar por ele! Ele cheira a álcool e está desarrumado, não se parece nada com um líder”

Zhang sorriu: “Deixe ele vir até mim”. Voltou a olhar o lago, e balançou a vara de pescar.

“M-mas senhor, não acho que seja ele!”.

“Deixe”. Sorriu.

Ela se curvou e fez o que ele pediu. Voltou correndo para a casa de arquitetura chinesa antiga.

Irritado Shaoran segurava o paletó com a mão. Avistou Zhang pescando tranquilamente. Antes de continuar a andar pela grama, dobrou a barra de sua calça social e tirou os sapatos. Desabotoou mais a blusa azul escuro, de linho, enquanto andava.

Ao se aproximar de Zhang jogou os sapatos na grama, e deitou-se ao lado deles. Colocou o paletó sobre o peito.

“Estou tão desprezível assim, que ninguém me reconhece?”. Apoiou a cabeça nas mãos flexionadas.

Zhang riu: “Ela é nova aqui. Outra noitada?”. Arregalou os olhos levemente, a imagem do rapaz de ressaca, e de cara irritada deitado ao seu lado, o fez lembrar do jovem Li Lang. O pai de Shaoran sempre fugia da mansão Li e ficava dias enfiado em sua casa para a irritação do avô de Shaoran.

Desde o primeiro dia em que recebeu Shaoran em sua casa, foi como se Lang tivesse voltado a vida e a sua casa. Ele se parecia muito com o pai, tanto na rebeldia como no descaso em seguir os protocolos e as tradições, ás vezes.

“Sim. Outra dor de cabeça. Pescou quantos peixes até agora?”. Abriu um olho e fitou o sorriso de Zhang.

“Nenhum”.

“Você nunca pesca nada!”. Bufou.

Visitar Zhang tinha se tornado habitual, na primeira vez que o conheceu sentiu uma conexão grande. Era difícil viver a nova vida na China, preso a protocolos, trabalhos, tradições... Aprender a gerenciar os negócios da família, não estava sendo fácil... Até que em uma manhã, influenciado por Fay e Meilin, decidiu aceitar o convite de Zhang para ir até a sua casa. Hesitou em ir, apesar de tê-lo achado diferente dos outros líderes, estava cansado de tanta formalidade e da rasgação de seda.

Para sua sorte, ter ido, foi a melhor decisão que tomou. Descobriu que Zhang era um homem sábio e sereno. Gostava de passar o tempo que tinha sobrando escutando sua sábia experiência, suas histórias pessoais ou da China.

Soube que Zhang assumiu a liderança aos 4 anos de idade, depois que seu pai e mãe terem morrido em um trágico acidente no Monte Heng. Sua irmã mais velha foi quem cuidou dele até ele ter a idade adulta. Aos 16 anos, se casou com sua amiga de infância e juntos tiverem três filhos, um casal de gêmeos e uma filha mais velha.

Seu filho gêmeo abdicou da liderança, depois de assumi-la por dois dias. Ele foi embora para o Canadá e tornou-se um renomado biólogo marinho. Notou que ao falar do filho, Zhang sentia muita falta dele, disse que ele aparecia sempre nas férias para visita-los, apesar de ser considerado um desertor. A outra gêmea que mora com Zhang, casou-se e lhe deu dois netos: Ren e o bebê, de três meses, Liu.

Mas o que lhe deixou mais surpreso, foi saber que Fei se casou com a filha mais velha de Zhang e que ela faleceu aos 29 anos por causa de uma doença cardíaca congênita. Os dois tiveram um filho, que segundo Zhang, era a paixão de Fei Wang. Mas ele faleceu com a mesma doença da mãe, aos 25 anos. Fei tinha o sonho de transforma-lo no líder supremo, lugar que Shaoran agora ocupava.

Começou a entender um pouco, o lado frio e insensível daquele homem que tanto desprezava.   

“Já disse, é minha terapia” – Olhou Shaoran com o canto dos olhos – “O que foi dessa vez?”.

“Estou cansado. Parece que não vou esquecer dela nunca!”.

“Sakura?”.

Shaoran o olhou ressabiado: “Passei todo esse tempo desabafando e falando dela, e você ainda tem dúvidas?”. Fez bico.

“Por que não me conta o que aconteceu dessa vez?”. Olhou para o lago, e mexeu mais uma vez na vara de pescar.

“Pela primeira vez eu saio com uma mulher aqui. Linda. Sexy. Imperdível. E o que eu faço? Saio correndo do quarto porque vi uma camareira e lembrei dela!” -  Zhang riu ao ouvi-lo – “Não ria!”. Cobriu o rosto com as mãos.

“O fio vermelho do destino interliga vocês dois”.

“Fio vermelho?”. Fitou Zhang.

“É uma lenda chinesa, nela Yuelao, antigo deus lunar, é a divindade a cargo do fio do destino. Ele é um velho, conhecido como o “deus do amor e do casamento”, e aparece somente sob o luar. Quando uma pessoa nasce, ele amarra um fio vermelho, invisível para os humanos, nos tornozelos dos que estão destinados a ser a alma gêmea um do outro: ao amor de nossa vida” – Shaoran o olhava atentamente – “Acredita-se que quanto mais longo for o fio, mais longe e tristes as pessoas destinadas estão e vice-versa… Mas de acordo com a lenda, não importa se demorar para conhecer a pessoa destinada, nem o tempo que se passar sem vê-la. Também não importa se o fio se enrolar, se esticar ou der mil voltas ao redor do planeta. Duas pessoas enlaçadas sempre terminarão juntas, mesmo que isso tenha que ocorrer no fim do mundo”.

“Uau. Que reconfortante suas palavras. Bom saber!”. Disse em tom sarcástico.

“Não se preocupe jovem Li. O deus Yuelao não os uniria se não houvesse um futuro os aguardando”.

“Líder Li, líder li”. Ren, neto de Zhang vinha correndo, afoito e alegre, na direção dos dois, atrás dele uma mulher tentava acompanha-lo, era Tao Jun, a guarda-costas de Zhang, mas que passava boa parte do tempo ao lado do neto dele, o protegendo.

O garoto pulou encima dele, fazendo Shaoran ficar sem ar. Gostava muito de Shaoran, as vezes lutavam juntos. Ren, sempre dizia que não via a hora do irmãozinho crescer para ensinar tudo que sabia sobre lutas.

“Cuidado, Li está doente”. Sorriu com a cena do neto abraçando Shaoran. Voltou a olhar sua vara de pescar.

“Mas de novo, vovô? Outra vez doente do álcool, Xiaolang?” - Shaoran encarou Zhang que sorria enquanto pescava, que doença era aquela que ele inventou para o neto? - “Você cheira mal! Cheira a álcool!”. Apertou o nariz.

Shaoran se encantou por ele. Ren era um garoto tímido e alegre, ao mesmo tempo. Pôde perceber que ele sentia a falta do pai que viajava sempre a negócios. Ele era o advogado da família Zhang, ainda não tinha o visto uma única vez.

“Senhor líder, insisto em dizer que ele é uma má influência para o secretário”. Jun cochichou para Zhang. Shaoran pôde ouvi-la, a fuzilou com o olhar.

Levantou e começou a tirar a roupa, ficando de calção. Zhang e o neto o olhavam com curiosidade, Jun, espantada, tapava os olhos.  

“Vamos pular no lago e brincar de se afogar?”. Sorridente, esticou a mão para Ren.

“MAS O QUÊ?!” - O queixo dela caiu, se desesperou com o convite do imprudente líder do clã Li – “E-e-espera s-secretário, n-não vá...”.

“Vamos!”. Ele tirou a blusa e a bermuda. Segurou na mão de Shaoran e foram correndo até a ponte sobre o vasto lago.

“Deixe ele, Jun”.

“M-mas, senhor líder!”.

“Deixe. O jovem li precisa se divertir um pouco”. Sorriu ao ver os dois, lado a lado, sorridentes e de mãos dadas.

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“Sim! Queremos saber de perto como Shaoran está, e quem sabe o trazer de volta. É como se fosse um resgaste, sabe?(...) Vamos, Sakura-chan?”

Olhava a maça vermelha por olhar. A conversa que teve com Tomoyo não lhe saia da cabeça. Ir a China? Rever Shaoran? Não.

Melhor não. Tudo voltaria: Sua tristeza, suas lágrimas, os apertos no peito.... Sua vida estava normal, boa... Passou no exame, seu emprego estava a sua espera, sua família e seus amigos estão todos bem, e além disso, tinha Touma agora. Pensava seriamente em aceitar ter um relacionamento sério com ele, talvez assim, a imagem de Shaoran ficasse cada vez mais longe.

“Moça? Moça? Posso?”.

A voz de um senhor pedindo passagem para que ele também escolhesse maças, a despertou dos pensamentos: “D-desculpa!”. Assustada e envergonhada pedia desculpas, curvando-se ao sorridente senhor, ao sair de sua frente esbarrou nas maças que caíram pelo chão do supermercado. Desesperou-se e apressou-se a junta-las. O homem fazia o mesmo – “N-não precisa senhor, a culpa é toda minha”.

“Tudo bem, filha. Ajudo você” - Os dois agachados recuperavam as maças caídas do chão. Ele olhou Sakura, e sorrindo disse – “Porque você não diminui a distância, jovem?” - Sakura não entendeu e o fitou confusa. Por um momento, a imagem da mulher misteriosa, chamada Yuuko surgiu. Aquela conversa que elas tiveram, tomou forma. Ficou pensativa, era a mesma frase que ela lhe disse na festa. E disse que: “(...) depois de três estranhos falarem a você o que eu disse”.  O que aquilo significava? Deixou de rememorar ao vê-lo apontar para o lado dela: “Diminua a distância entre você e essa maça”. Sakura caiu para trás. Riu sem graça e pegou a maça ao seu lado. Era a última.

Definitivamente, aquela mulher tinha a deixado muito impressionada.

“M-muito obrigada, senhor! Desculpa o trabalho”. Ele sorriu e lhe estendeu uma maça. Sakura a pegou e a colocou em sua cesta de compras do supermercado. Curvou-se e saiu, apressada. Olhou para a cesta e viu já tinha comprado tudo da lista. Foi correndo ao caixa, queria ir embora logo, estava com tanta vergonha.

“Hum? Não é a Sakura-chan?”. Yukito ao lado de Yue e da avó, viu Sakura correndo apressada, mais a frente.

“É” - Respondeu Yue ao vê-la. Ela estava afoita e vermelha. Deu de ombros e voltou a andar. Yukito iria gritar por ela – “Nem pense! Não vai ficar conversando enquanto eu e a vó compramos”. Interrompeu o irmão.

Yukito sorriu sem graça, olhou envolta e não viu a avó: “Ué, cadê a vovó?” - Yue apenas apontou. Yukito seguiu o dedo do irmão e viu a avó conversando animadamente – “Olha, é o tio do Shaoran!” – Mesmo de longe acenou para ele que fez o mesmo, notou o que Wei carregava nas mãos - “Nossa, olha só quantas maças ele está comprando... Isso me lembrou que não têm maças em casa!”.

“Yukito, seu idiota! Eu te disse pra anotar!”.

“Eu não lembrei!”.

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P.s: As lendas do Coelho da Lua e do Fio vermelho, são verdadeiras, viu?

Tao Jun: Personagem do anime Shaman King.

Ichihara Yuuko: Personagem do anime Tsubasa Chronicle. (Eu a adoro *.*)

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Música: Daichi Miura - It's The Right Time

https://www.youtube.com/watch?v=qNOWdir9sS0 

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Akai Ito: Fio vermelho.

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