Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 19
Shaoran, anata wa arimasu ka?




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(Imagem: Touma Kikuchi - Fanart)

Olhou o relógio, não parava de sorrir, estava contente: Dessa vez ele não a esperaria nem um minuto. Ele até ficaria surpreso. Finalmente, não tinha chegado atrasada. Discretamente pôs a mão no cabelo curto e pensou no vestido amarelo de seda que usava. Será que estava bem vestida? Estava bonita? Tocou no cordão que havia ganhado dele.

Sentou-se no banco da praça e começou a notar o movimento, de certa forma, era um jeito de se distrair. Estava ansiosa. Queria logo vê-lo.

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Olhou o celular, recebia a mesma ligação. Não atendeu. Pela quinta vez, a rejeitava. Mio era persistente. Ela ainda não tinha entendido que ele não estava mais nessa vida de curtição sem limites. Tinha encontrado alguém: Sakura. Só em pensar nela, o sorriso no canto da boca era automático.

Se viu no espelho. Usava uma camisa de algodão azul, jeans surrado e uma jaqueta vermelha. Passou perfume no pulso e depois no peitoral. Queria estar bem cheiroso para ela. Colocou o celular no bolso, e começou a fechar a pulseira do relógio de prata. Estava pronto. Chegaria cedo, preferia esperar do que deixá-la esperando.

Revirou os olhos, ao sentir o celular vibrando. Certamente, era ela novamente. Mio. Não tinha escolha, atenderia e diria que não estava interessado logo de uma vez.

Ao tirar o celular do bolso e vê quem o ligava, sorriu aliviado. Não era ela.

“Olá senhora minha mãe”.

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“Olá, filho” – A elegante mulher, de cabelos negros longos, presos em pentes decorados com flores, trajava um vestido vermelho, solto, que se arrastava no chão. A cintura era marcada com uma fina faixa de cor azul bebe. As mangas largas tinham punhos estreitos, com bordados, em ouro, de folhas. Sentava-se na poltrona preta, com dificuldades, um rapaz franzino de cabelos acinzentados a ajudou se sentar- “Atrapalho?”. Havia outro homem alto de cabelos negros na sala, estava atrás da poltrona, de braços cruzados. Ao sentar, olhou para o porta-retrato, com a foto do falecido marido, antes dono daquele escritório, que permanecia do mesmo jeito que ele havia deixado.

—“Não, claro que não. Tudo bem com a senhora?”.

“Sim. Liguei porque preciso falar com você sobre algumas coisas”.

— “Que coisas?”.

“Filho, estamos pr...”. A porta de sua sala sendo aberta bruscamente assustou a ela e aos dois homens.

Um homem alto, forte, aparentando ter uns 56 anos, de cabelos curtos, com um topete com mechas brancas, acompanhado por mais quatro homens, aproximavam-se da mesa. A secretária nervosa, passava entre eles.

Do outro lado da linha Shaoran estranhou a gritaria: “Mãe?”.

“S-s-s-senhora, t-t-t-tentei impedi-los! ”. Dizia a secretária, assustada.

“Tudo bem senhorita Mei, pode se retirar. Não deixe que ninguém entre, por favor”. Yelan pediu calmamente.

“Qual é o motivo de entrar sem permissão sr. Líder Fei Wang?”. O rapaz de cabelos acinzentados, estava perplexo com o que acabará de acontecer, perguntou rispidamente.

“Permissão? Não me faça rir serviçal! ” - Ele encarou Yelan e se aproximou mais da mesa, o homem, antes atrás de Yelan, se colocou ao lado dela - “Vim aqui para lhe dar um último aviso, ou você o chama ou vamos todos nos rebelar”. Apontou o dedo para ela.

Fay, tudo bem...”- Yelan disse olhando para o rapaz franzino que estava prestes a retrucar - “Sr. Líder Wang, achei que em nossa reunião tínhamos chegado a um acordo”

“Achou errado. Não podemos mais ser comandados de forma tão irresponsável! Você tem nos mostrado uma incompetência sem precedentes, sra. Li!”.

Shaoran apertou o celular contra o ouvido, não tinha entendido muito bem o que o tal de Sr. Wang falava. Ele gritava com a sua mãe? O que estava acontecendo?

“Como ousa a falar assim com a senhora...”. O homem alto, de cabelos negros, se pôs na frente dele. Os seguranças que acompanhavam o homem rude estavam prontos para interferir.

Kurogane!”. Kurogane não saiu da frente do homem grosseiro, o encarava ferozmente - “Kurogane, saia da frente do Sr. Líder Wang, é uma ordem”. Ele saiu da frente, ao escutar a voz frágil de Yelan, pela segunda vez. Fei passou por ele, trombando nele de propósito. Fay diria algo, mas calou-se ao ver a mão estendida de Yelan, em um gesto que pedia para que ele não se intrometesse.

Ela lembrou-se de Shaoran, e arregalou os olhos, tampou rapidamente o telefone: “Sr. Wang, estou em uma ligação importante, se o senhor puder esperar um pouco lá fora, conversaremos calmamente em seguida”.

“Conversar? Não quero mais conversar. Nossa cota de conversas, já esgotou! Eu vim aqui exigir que você traga o herdeiro de uma vez por todas!”.

Shaoran já estava ficando nervoso, aquela voz alterada contra a sua mãe estava o deixando profundamente irritado. Que confusão era aquela? Quem era aquele cara? Estava mais abafado ainda.

“Sr. Wang, quando os negócios iam bem, eu era uma mulher admirada. Agora que estamos passando por problemas, o senhor me acusa de incompetência? Por favor, aguarde só um pouco lá fora, nós convers...”

Não se importando com o que ela falava, Fei se escorou na mesa. Yelan ficou em silêncio. De forma repentina, ele bateu com força na mesa. Yelan se assustou e deixou de segurar o telefone: “Não vou aguardar nada, mulher incompetente! Nós vamos virar as costas para você e sua família, vamos dividir a Dinastia e eu, pessoalmente, vou me certificar de te expulsar deste clã, é isso que você quer? Traga o herdeiro!”. Gritou.

“Ora seu filho de uma...”. Kurogane estava pronto para dar um soco nele, mas Fay conseguiu segurar seu braço. Os seguranças de Wong reagiriam, mas com estridente grito todos se assustaram.

“Chega!”. Yelan gritou. Logo, começou a perder os sentidos e desmaiou. Deixou cair o telefone no chão.

“S-s-senhora, s-s-senhora?!”. Fay, desesperado foi acudi-la. Os homens a olhavam surpresos. Kurogane a pôs em seus braços e a tirou dali às pressas. Fei sorria, satisfeito, com a cena.

Shaoran, incrédulo com o que tinha ouvido, gritava pela mãe.

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Campus: Universidade de Tóquio -

“Que foi Naoko?”. Sentadas encima do lençol quadrado estendido na grama, na universidade, comiam um lanche enquanto estudavam ao ar livre. Outros estudantes faziam o mesmo, era comum. Aproveitavam aquela tarde de domingo, já que a noite teria que trabalhar. Naoko tinha o olhar perdido no celular o que chamou a atenção de Motoko.

“A essa hora Sakura-chan deve estar se arrumando para ir ao encontro do Li. Fico tão feliz por ela”. Sorria. Olhava as fotos que havia tirado no jantar de ontem, com Sakura e Shaoran. Voltou a morder a maçã que segurava.

“Você deveria estar estudando”. Voltou a folhear o livro.

“Sakura-chan está tão radiante por causa do amor. Não vejo a hora de também ter um”. Deu outra mordida na maçã.

“Vamos estudar, sim?”. Pediu sem tirar os olhos do livro.

“Você não pensa no amor, Motoko-chan?”. Naoko a encarou curiosa.

“Não tenho tempo para essa baboseira”.

“Sei.. Então qual é o motivo de você ficar vermelha toda vez que o Haruhiko-kun fala um simples ‘Oi’ com você?”.

“E-eu não fico!”. Vermelha, escondia-se atrás do livro de direito.

“Fica sim!”. Insistiu a encarando minuciosamente.

“Não fico!”. Retrucou, brava.

“Fic...”- Naoko deixou de falar quando viu a figura de dois rapazes se aproximando. Sorridente disse - “Vamos ver então”. Motoko não entendeu.

Ao se aproximarem, disseram em coro: “Boa tarde meninas!”.

Ao escutar a voz dele, Motoko corou e levantou bruscamente de forma engessada, curvando-se: “B-b-boa tarde”. Os dois a olharam sem entender e Naoko ria com a cena. Lentamente, Motoko voltou a se sentar.

“Olá Haruhiko-kun, olá Kishun-kun! Vieram estudar também?”. Naoko perguntou.

“Sim! A semana de provas está chegando”. Respondeu o rapaz de cabelos castanhos que cobria as olheiras, e de olhos castanhos escuro, sorridente.

“Eu nem queria vir, um domingo maravilhoso e eu tendo que vim para cá, estudar. Tudo culpa do Haruhiko!”. O rapaz de cabelos louros, até o queixo, de olhos claros, praguejou. Usava um chapéu.

“Depois você reclama que foi mal nas provas Kishun”. O repreendeu com o olhar.

“Querem estudar com a gente?”. Ao escutar Naoko, Motoko gelou.

“Se não for atrapalhar vocês... O que estão estudando?”. Haruhiko encarou o livro de Naoko.

“Estou vendo geometria molecular!”. Os três olharam para Motoko que nada disse, apenas mostrou o livro de direito processual penal.

Kishun deitou-se e apoiou a cabeça encima dos braços, já Haruhiko, sentou-se ao lado de Motoko a olhando com curiosidade. Ela estava vermelha e parecia incomodada: “Algum problema Aoyama?”

“Ela só está com vergonha de ter um homem sentado tão próximo a ela, Haruhiko!”. Riu entre as mãos.

“Naoko!”. Motoko a fuzilou com o olhar. Ele riu e se afastou um pouco, na tentativa de não deixa-la tão constrangida.

Ainda sorrindo, Haruhiko desviou o olhar e olhou o amigo deitado, apertou os olhos: “Kishun-kun, levanta logo, vamos estudar!”.

“Depois!”. Respondeu, colocando o chapéu sobre o rosto.

“Bem, vamos lá! Vou deixar um pouquinho a Sakura de lado e me concentrar! ”

“Quem é Sakura?”

“Sua namorada Naoko-chan?”. Perguntou o rapaz deitado.

“Não, seu bobão. Ela é nossa amiga, é que ela foi a um encontro hoje com o namorado famoso”.

“Famoso?”.

“Naoko, fala menos e estude mais”. Motoko disse rispidamente, sem tirar os olhos do livro. Naoko engoliu seco. 

“Hum... Você falando esse nome, me fez lembrar de uma Sakura que nosso amigo gosta desde a adolescência”.

“Sério?” – Perguntou Naoko. Haruhiko confirmou com a cabeça – “Que romântico!”.

“Não tem nada de romântico nisso. É um amor unilateral”. Kishun ao falar, tirou o chapéu do rosto.

“Ele se confessou?”.

“Na verdade, ele não disse nada. Ele a reencontrou e o amor por ela, voltou”. Respondeu Haruhiko, desapontado.

“Então ele deveria se confessar”.

“É o que falei para aquele idiota. Ele não me escuta”. Kishun voltou a colocar o chapéu sobre o rosto.

“Kishun, não é fácil assim”. Disse Haruhiko, balançando a cabeça.

“Porque não?”. Indagou Naoko.

“Parece que ela já gosta de alguém”.

“Fica complicado então”. Disse Naoko chateada pelo amigo deles.

“Mas ele disse que vai lutar por ela. Nós vamos ajudá-lo”. Haruhiko apertou e levantou o punho para cima.

“Conte com a nossa ajuda, somos experts em unir os corações separados, não é Motoko-chan?”.

“Não me meta em histórias alheias, parem de falar e estudem!”.

Naoko e Haruhiko se entreolharam sem graça.

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Mansão Daidouji 

Depois de fitar as teclas do piano, tocou as primeiras notas. E cantou.

 

Been a long road to follow,

Tem sido uma longa estrada para se seguir
Been there and gone tomorrow,

 Estando lá e se indo amanhã
Without saying goodbye to yesterday
Sem dizer adeus para o ontem
Are the memories I hold still valid?

 Outras memórias que eu carrego ainda são válidas?

Or have the tears deluded thmem?

Ou será que as lágrimas as iludira?

 

Nakuru não percebeu, mas na entrada da sala de música Eriol ao lado de Tomoyo a assistiam.

“Ela está assim desde ontem”. Disse Tomoyo, com um semblante de preocupação.

“Deve ter acontecido alguma coisa”. Eriol a encarou.

“Perguntei, mas ela não quis se abrir”.

 

Maybe this time tomorrow,
Talvez a essa hora amanhã

The rain will cease to follow,

A chuva pare de cair

And the mist will fade into one more today

 E a névoa vai se dissipar em mais um dia
Something somewhere out there keeps calling

 Alguém em algum lugar continua a me dizer para continuar

 

Mas que drama estava fazendo. Grande coisa sua irmã ter sido a paixão de Yue. Grandes coisas... Bobagem... Mas porque sentia uma dor no peito tão incômoda? Sentia-se como se tivesse sido traída. Mas nada disso tinha acontecido...  Que infantilidade. E que raiva. 

Ciúmes. Era ciúmes. Gostaria que Yue nunca tivesse desejado sua irmã. Nunca.

 

Am I going home?

 Eu estou indo para casa?
Will I hear someone

Eu ouvirei alguém
Singing solace to the silent moon?

cantar um consolo à lua silenciosa?

 

A história de que ele era apaixonado por ela.... Que ridículo. Não sabia que ele era tão sádico, o conhecia a tanto tempo, e não tinha conhecido esse seu lado. Inventar uma mentira e a cuspir como se fosse algo normal e verdadeiro. Que sadismo.

Zero gravity

Gravidade zero,
What's it like? (Am I alone?)

como se parece? (Eu estou sozinha?)

 

 Concentrou-se na música. A compôs depois do fora que Yue, o apaixonado por ela, a deu. Faltava alguns reajustes, mas Touma já tinha enviado.

Foi uma sorte conhecê-lo. Ele a entendia, musicalmente, como Yue a entende. Era a primeira música que ele não a ajudava a compor. Era estranho. Mas teria que se acostumar. As coisas entre os dois tinham mudado um pouco. Com o tempo, voltaria ao normal, pelo bem da banda. Agora via sentido no que ele lhe disse quando se confessou:Eu não misturo trabalho com a vida pessoal, me desculpe”.


Is somebody there beyond these heavy aching feet?

Há alguém além destes pés pesados?

Still the road keeps on telling me to go on...

A estrada continua me chamando para seguir em frente

 

Segurou as lágrimas, não havia motivos para chorar. Estava exagerando, estava tudo bem.

Tudo estava perfeitamente bem.


Something is pulling me

 Algo está me puxando
I feel the gravity of it all

 Eu sinto a gravidade de tudo isso

 

Ao escutar o violino, olhou para trás, viu Eriol sorridente tocando, ao mesmo tempo em que andava em sua direção. Ela retribuiu o sorriso e continuou a tocar as últimas notas no piano. Era impressionante a capacidade que ele tinha de criação. Era a primeira vez que tocava e que consequentemente, ele escutava a música, e o que ele tocava se encaixava perfeitamente. Eriol deveria ser mágico.

Ao terminar, Nakuru bateu palmas, empolgada: “Eu vou querer que você ponha tudo no papel o que acabou de tocar!”. Pediu animada.

“É uma linda canção. É nova?”. Eriol sorriu.

“Sim! Mas ainda falta algumas coisas”.

“Yue não terminou?”. Eriol estranhou, Yue sempre terminava as músicas que escrevia com ela.

“N-não foi o Yue quem me ajudou. Foi o Touma-kun, ele me enviou o que falta. Eu que não ajeitei”.

Eriol ficou surpreso. Yue era quem sempre a ajudava. Agora, tinha certeza que algo estava acontecendo entre eles.

“Vocês brigaram?”. Perguntou sério. Tomoyo ficou ao lado do noivo e notou o semblante de surpresa e tristeza que Nakuru fez com a pergunta de Eriol.

“N-não! É s-só que o Touma-kun também é um grande compositor!”. Tentou disfarçar.

“Nakuru-chan, tudo bem mesmo com você?”.

“S-sim Tomoyo-chan, estou ótima!”.

“Você não sabe mentir Nakuru. Conheço você, mas vou respeitar sua vontade. Quando quiser conversar, lembre-se de que estamos aqui”. Disse Eriol, que tocou o ombro dela.

“Estou ótima pessoal! Não se preocupem comigo!”. Nakuru levantou-se, abruptamente, e deu o melhor sorriso. Eriol e Tomoyo fizeram cara de espanto ao ver as lágrimas que desciam do rosto da amiga sorridente.

“Nakuru-chan, o que foi?”. Perguntou Tomoyo, aproximando-se dela.

Nakuru enxugava as lágrimas: “É que estou feliz por ter amigos tão preciosos como vocês”.

“Aconteceu algo entre você e Yue, não foi?”- Eriol a encarou, e ela desviou o olhar – “Vocês estão diferentes desde Nagasaki”.

“Você se confessou?” – Tomoyo indagou, Nakuru confirmou, balançando a cabeça para baixo – “Entendo”.

“Yue gosta de você Nakuru. Ele apenas é muito orgulhoso para admitir isso”.

“Ele foi apaixonado pela minha irmã”.

“Sua irmã?!”. Tomoyo ficou surpresa.

“S-sim”.

“Espera aí, Yue não era apaixonado pela sua irmã. Eu saberia”. Eriol franziu as sobrancelhas ao ouvi-la. Aquilo não era verdade.

“Parece que Yue não tem sido sincero com muitas pessoas, Eriol-chan”. Nakuru deu um triste sorriso.

“Com licença senhores... Srta. Nakuru, o táxi que a senhorita pediu, chegou. Posso levar suas malas para o carro?”.

“Sim, por favor! Bem, tenho que ir!” - Olhou com carinho para Eriol e Tomoyo – “Vejo vocês em Tóquio”.

“Eu não vou a Tóquio Nakuru-chan. Se quiser conversar, por favor, me ligue”. Apertou sua mão.

“S-sim. Espero ver você logo então Tomoyo-chan. Já sinto sua falta”. Deu um demorado abraço nela.

“Aproveite bem sua estadia com seus pais. Me ligue, se precisar. Vejo você em Tóquio”.

“Sim! Vejo você lá Eriol-kun”. Abraçou o amigo, ao saírem do abraço, Eriol beijou sua mão.

Foram até a frente da mansão e deram tchau a Nakuru que, animadamente, mandava beijinhos e acenava.

Eriol abraçado a Tomoyo ficou em silêncio, vendo o taxista dar partida no carro.

“O que foi Eriol?”

“Só estou pensando no que a Nakuru disse. Não faz sentido. Yue sempre foi apaixonado pela Nakuru. A irmã dela não fala com ele, por causa disso”.

“Como assim?”.

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A nuvem de chuva que se formava, chamou sua atenção. Andou até a janela, e sentiu o vento fresco que anunciava que os pingos de chuva estavam prestes a cair.

Encostou-se no batente da janela e cruzou os braços. Tirou o ar dos pulmões com calma. Por fora, uma calmaria, mas por dentro estava uma confusão que só ele sabia.

Não conseguia tirar ela e todo aquele mal-entendido da cabeça. Mas, talvez, aquilo tivesse vindo em boa hora. Não iria correspondê-la. Já estava decido. Por mais que gostasse dela, não seria possível se entregar a esse sentimento. Tinha o irmão, a banda...

“Posso entrar?”.

“Já está dentro, idiota”.

“Vovó quer saber se você não vai comer alguma coisa”

“Não, agora não. Depois eu desço”. Continuou de costas.

“Aconteceu alguma coisa?”.

“Não”. Respondeu friamente.

“Não mesmo?”. Yukito insistiu.

“Não”.

“Tem certeza?”

“É melhor você falar logo o que quer, em vez de ficar com essas perguntas retóricas”. Yue bufou.

“Nakuru-chan saiu ontem daqui abatida. Não sei o que aconteceu entre vocês dois. Mas eu sinceramente, ainda não entendo porque você continua perdendo tanto tempo”.

“Perdendo tempo?”

“Nakuru gosta de você, você gosta dela. E mesmo assim ficam nessa história mal resolvida que nem um autor de novela iniciante elaboraria, por ser tão sem sentido”. Disse entre sorrisos.

“Não enche!”.

“É sério. Não perca mais tempo. Você pensa demais nas coisas. Se a Nakuru deixasse de existir, você estaria disposto a viver uma vida de arrependimento? ”- Yukito sorriu ao fitar o irmão ainda de costas – “Vou avisar a vovó. Até mais onii-chan!”.

Yue saiu da janela, e sentou-se na cama. As palavras do irmão atingiram em cheio seu orgulho.

Todos os momentos em que viveu com ela, passaram em sua mente, como se fosse um filme. A primeira vez que a viu cantando no térreo da escola, do sorriso, das loucuras, das atrapalhadas e do olhar gentil dela, se repetiam em sua cabeça.

Não, não estaria disposto a viver uma vida de arrependimento.

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O céu se fechando a estava deixando preocupada. Shaoran provavelmente se molharia todo. Estava atrasado. Sorriu. Finalmente ela sairia ilesa das reclamações sobre atraso. Se quisesse, ela que passaria o encontro inteiro reclamando.

Olhou para os lados, e viu algumas pessoas indo embora, outras tiravam guarda-chuvas de suas bolsas. Tinha esquecido de trazer o seu, nem ao menos checou a previsão do tempo.

O grande relógio em frente da loja de doces, marcava 16h:20min. 20 minutos de atraso. Era estranho. Ele sabia que as 18h ela teria que ir trabalhar. Procurou na bolsa seu celular, e decidiu ligar. Talvez, tivesse acontecido alguma coisa.

Os pingos da chuva, a fez se levantar e correr para se proteger. Correu e parou em frente a joalheria, a cobertura de lona da loja seria bem útil.

Voltou a pegar o celular, e ligou para ele. Ocupado.

Talvez estivesse tentando ligar para ela. Decidiu esperar.

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“Não interessa! Não quero saber! Estou indo agora!”

—“Shaoran, você está nervoso! Escuta, se você vier é capaz de que você seja impedido de voltar. Fique calmo, a tia está bem!”

—“Meilin, já chega! Está decidido. Estou no aeroporto!”. Estava nervoso.

—“V-v-v-você conseguiu passagem para hoje?”.

“Sim! Consegui um voo que está prestes a sair! Chego aí as oito horas da noite”.

—“Shaoran, você é cabeça dura. Avisou Eriol-kun?”.

“N-ão, não tive tempo!”

—“Shaoran seu idiota, você tem que avisá-los! E Sakura-chan, você avisou?”. Ao escutar a prima, ficou assustado, com tudo que estava acontecendo, esqueceu do encontro. Levantou da cadeira da sala de embarque, pegou a mala, fez menção de correr ao encontro dela. Queria explicar tudo.

Atenção senhoras e senhores passageiros do voo G2890 com destino a Hong Kong, China. Queiram, por favor, se dirigirem ao portão 03. Estamos iniciando o embarque… Attention ladies and gentlemen flight passengers ….”.

“Droga!”. Andou apressado, passou pelo portão 03.

— “O que foi?”.

“Eu esqueci completamente!”.

— “Seu idiota! Avise a ela! Sakura-chan tem que saber!”.

“E-eu...” – Shaoran parou de andar para o lado oposto do portão. Virou e voltou a caminhar para o portão 3 – “Eu aviso depois. Tenho que embarcar agora”

— “Como assim depois? Você não entendeu? Shaoran, vai ser difícil você conseguir voltar, os...”

“Meilin, tenho que desligar. Quando eu chegar aí nos falamos, me mantenha informando sobre a saúde da minha mãe, mande mensagens! Até mais!”

— “Você é um perfeito idi...”. Shaoran desligou. Apressado andou até a fila formada em frente ao portão.

Na espera, pela sua vez, ligou para ela. Ocupado. Tentou outra vez, e de novo, ocupado.

Encarou a saída da sala de embarque.

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“Não, Touya. Eu estou bem, está tudo bem aí?”. Falava com o preocupado irmão. Mesmo conversando com ele, procurava não se distrair. Tinha os olhos fixos no local de encontro. Ele poderia chegar e não a ver.

O senhor fumante ao seu lado, a fez tossir: “Não, é que tem um senhor fumante ao meu lado”- Disse entre sussurros ao irmão – “É que está chovendo, estamos lado a lado. Hã? E-eu vim comprar algo para comer antes de voltar ao trabalho, por isso não estou em casa”. Escondeu o encontro do irmão ciumento.

A figura de um homem chegando até o local de encontro a fez sorrir, usava uma capa preta de chuva. Parecia procurar por alguém. Era ele: “Oni-chan, eu tenho que desligar agora. Nos falamos depois, sim? Até mais!”. Colocou o celular na bolsa, e foi correndo pela chuva ao encontro dele.

Sorridente, ia gritar pelo seu nome, mas uma moça sorridente, com guarda-chuva vermelho, que segurou o braço dele a impediu: Não era ele. Onde ele estava?

“Olha só essa gracinha pegando chuva! Está perdida linda?”. Sakura olhou assustada os dois homens que se aproximaram dela.

“Vem para debaixo do meu guarda-chuva. Está toda ensopada! Parece uma gatinha abandonada! ”

Nada disse, apenas os olhava: “Shaoran, cadê você? Aparece, por favor!”.

“Que lindos olhos verdes. Esse seu cordão é bem bonito também”.

“Deve ter custado uma nota!”. O homem se aproximou e estendeu a mão, tentando pegá-lo.

Sakura deu um tapa na mão do homem, e segurou o cordão, o protegendo. Lançou olhares raivosos a ele.

“Mas que mulherzinha traiçoeira!”.

“Sua idiota! Vou te ensinar a não bater em homem!”. Segurou o braço de Sakura com força.

“Solta ela!!”- A voz estridente, assustou os três. O homem impactado, continuava a segurar o braço de Sakura – “Eu disse pra soltar!”. Ele andou até o homem e desferiu um soco em sua boca, que o fez cair, seu guarda-chuva voou longe. O outro homem, indignado fez menção de defender o amigo, mas ao ver o estranho fazendo pose de luta, recuou.

“V-a-a-a-amos cara. Ele sabe lutar!”. Ajudava o outro a se levantar.

“Seu cretino, você me paga!”. Levantou-se e saiu correndo.

Ao ver quem era, Sakura se surpreendeu: “Touma-kun?!”.

“Você está bem? Eles te machucaram?” – Ele andou até Sakura, colocando seu guarda-chuva sobre ela, a protegendo da chuva – “Eu estava saindo da loja de doces, quando te vi. Você mora aqui perto?”.

“N-não”

“Você deve está assustada. Quer beber água para se acalmar? Vamos até ali...”- Notou que Sakura abaixou a cabeça, ela levou as mãos até o rosto, o escondendo, e começou a chorar – “Sakura-chan, acalma-se! Foi só um susto! Eles já foram, quer ir até a polícia?”

Sakura nada disse, ela encostou a cabeça no peito de Touma e continuou a chorar.

Vermelho, Touma ficou sem jeito, mas continuou a protegê-la da chuva.

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Mansão Daidouji

“Senhores, o senhor Tsukishiro Yue acaba de chegar”. Ambos na sala, Eriol soltou o iPad, e Tomoyo parou de costurar na máquina de costura e olharam o mordomo.

“Yue?” - Eriol olhou Tomoyo, não entendia o motivo da rara visita do amigo - “Peça que ele venha até aqui, por favor”.

“Já vim”. Yue entrou na sala.

“Aconteceu alguma coisa?”. Perguntou Tomoyo.

“Aonde está Nakuru?”. Eriol e Tomoyo se entreolharam sorrindo. Entenderam a visita repentina.

“Ela foi para Osaka visitar os pais. Foi hoje mais cedo”.

“...”. Ficou desapontado.

“Queria falar com ela?”. Perguntou Tomoyo.

“Não era nada demais”. Tomoyo levantou-se e foi até uma caderneta próxima ao telefone residencial. A abriu e anotou algo.

Arrancou o papel, e estendeu em direção a Yue, que ficou a olhando: “É o endereço da casa dos pais dela, não sei se você ainda lembra. Pegue”.

“Não, não precisa”. Permaneceu parado.

Sorrindo, ela se aproximou mais de Yue, dobrou o papel, e o pôs no bolso da camiseta dele: “Precisa sim”.

“Nakuru saiu daqui bem chateada”. Eriol disse.

“Bem chateada mesmo. Se eu fosse você, iria atrás dela”. Tomoyo voltou para a máquina de costura.

“Também faria o mesmo”.  Eriol concordou com a noiva.

“Desde quando vocês viraram conselheiros?”.

“Não somos conselheiros, apenas levamos esperança aos corações aflitos”. Tomoyo sorriu e voltou a costurar.

O barulho da chuva, aumentou, os assustando.

“Será uma tempestade?”. Indagou Eriol.

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Horas depois...

“Mais calma?”. Touma sentou-se ao seu lado. Ela tomava chocolate quente, com uma toalha grossa envolvendo seus ombros. Outra estava encima de sua cabeça.

“S-sim… Me desc...”

“Não precisa se desculpar” -  Touma não deixou Sakura terminar de falar. Estava envergonhada por ter chorado na frente dele. Viu que ele se levantou, novamente, e aproveitou para observar o apartamento de Touma com mais calma. Era limpo e organizado. Observou os porta-retratos. Viu a foto da mãe dele junto dele e dos irmãozinhos. Sorriu, ela continuava linda e serena. Viu a foto do falecido pai dele. Ao ouvir seus passos, voltou a se retrair - “Trouxe alguns biscoitos, ficaram prontos a tempo”.

“Eu disse que não precisava. Não quero dá mais trabalho que estou dando”.

“Já disse que não é trabalho nenhum”.

“O-obrigada Touma-kun. Não sei o que teria acontecido se você não aparecesse”.

“N-não pense nisso. Com certeza alguém te socorreria”.

“Não, provavelmente, ele não apareceu”.

“Ele?”.

“N-ninguém”. Lembrou-se do seu celular, e resolveu checa-lo, o pegou rapidamente. Havia uma mensagem não lida, era dele: “Sakura, me desculpe, mas não vou poder ir. Aconteceu um imprevisto, estou voltando para casa. Eu ligo quando chegar, explicarei melhor. Me desculpe!”.

Pelo horário da mensagem, ele havia mandando há um tempinho. Será que tinha acontecido alguma coisa grave? Mas estranhou: Casa? Ele chamava o quarto de hotel de casa?

Timidamente, discou seu número, mas agora deu desligado. Devia ter acontecido algo mesmo. Preocupou-se. Bem que ele poderia pelo menos falar se estava tudo bem. Tristonha, voltou a colocar o celular na bolsa.

“Algum problema?” - Sakura negou com a cabeça - “Não vai comê-los?”. Perguntou se referindo aos biscoitos.

Sakura apressou-se e pegou um deles. Ao morder, arregalou os olhos: “Que delicia Touma-kun! Estão deliciosos!”.

“S-sério?” - Touma ficou vermelho - “Que bom!”.

“Você sempre foi um ótimo cozinheiro! Lembro das aulas de culinárias. Você sempre socorria a todos. Principalmente a mim”.

“Hehehe. Eu sempre gostei de cozinhar, meu pai me...”. Subitamente, Touma parou de falar. Sakura percebeu a tristeza em seu olhar.

“Seu pai era um grande professor! Lembra daquela vez que derrubei a panela de chocolate e depois ainda escorreguei no próprio chocolate? Encontrei seu pai no corredor, e ele ficou assustado e preocupado comigo, ao mesmo tempo!”. Ficou aliviada, ele abriu um largo sorriso.

“L-lembro!” - Touma começou a rir, o que fez Sakura ficar com vergonha - “D-desculpe rir tanto, mas foi muito engraçado”.

“Foi sim. O ruim foi tirar todo aquele chocolate de mim”.

“Gosto de lembrar daqueles tempos. Sinto saudades do tempo que passamos juntos, Sakura” - Ao se dar conta do que tinha dito, corou - “Q-q-q-quer dizer, que todos nós passamos”.

“Também sinto. Senti muita a sua falta”.

Não lute suas batalhas longe de mim, de todos os seus amigos, fique”— Sakura o encarou com carinho - “Foi o que você me disse, lembra?”

“Sim. E você disse: Vou ficar bem, não se preocupe. Depois disso, você foi embora”.

“Sim… Foi uma fase difícil...As fofocas mentirosas sobre meu pai...”.

“E-eu não consigo nem imaginar, apenas sentir muito”. Sakura olhou a mão dele encima da mesa, e repousou a sua sobre a dele. A apertou.

“Eu nunca te agradeci direito naquela época... Mas, obrigado Sakura-chan”. Ele colocou a outra mão encima da dela, e a olhou carinhosamente.

Ao ouvir o barulho da porta seguida de uma voz alterada, Touma recolheu a mão, e ficou vermelho: “Que merda de chuva! Olha só, estou todo molhado! Culpa sua, idiota!”

“Culpa minha? Convido você para estudar, ajudo a construir o seu futuro e você ainda reclama?”

“Cala boca!” - O rapaz de cabelos louros começou a sentir um delicioso aroma - “Caramba! Touma-kun fez biscoitinhos! Maldito egoísta, nem espera pela a gente!”. Jogou os sapatos de qualquer jeito, e foi até a sala/sala de jantar, com pressa.

O rapaz de cabelos castanhos ao tirar os sapatos, percebeu um sapato estranho, parecia feminino: “E-e-ei idiota, e-espera!”. Não foi escutado a tempo.

“Touma seu filho da ...”. Ao ver o amigo vermelho e a figura pequena, paralisados, parou de falar.

“Kishun, seu idiota! Tenha modos! D-d-desculpe senhorita!” - Curvou-se em direção a ela, puxou o amigo para se desculpar junto - “O que você está fazendo parado? Se desculpe também!”.

“T-tudo bem. Boa noite”. Sakura se levantou e tirou a toalha da cabeça, curvando-se.

O queixo dos dois caíram, era ela. O amor antigo do amigo.

“Já apresentei eles a você em Nakagawa. Lembra?”. Perguntou Touma, sem jeito, a Sakura.

“Sim! Tudo bem com vocês?”. Balançavam a cabeça em sincronia. Ainda estavam surpresos.

Um som de despertador, vindo do celular, tocou. Sakura se apressou e o desligou. Tinha colocado para não perder a hora de ir ao trabalho. A ideia é de que estaria com Shaoran, ele sempre fazia isso com ela, fazia perder a noção do tempo.

“Lembrete?”

“Sim. Tenho que ir para o trabalho. Daqui alguns minutos, começa o meu expediente. Touma-kun, muito obrigada”. Retirava a toalha sobre si.

“Nessa chuva?”. Perguntou Touma, receoso.

Kishun parou de olhá-los e andou até eles, foi até a bandeja e pegou um dos biscoitinhos, Touma o recriminou com o olhar, mas ele não se importou: “Se eu fosse você não iria. Está um temporal lá fora”. Mastigava o biscoito sem cerimônia nenhuma.

“A chuva está bem forte”. Disse Haruhiko.

“Tenho que ir”.

“Eu vou chamar um táxi! Espera!”. Touma saiu da sala, deixando os três a sós.

“Então… Você está fazendo o que aqui?”. Kishun a encarou, sério.

“Kishun, para de ser intrometido. Não liga para ele!”. Haruhiko, sorriu envergonhado.

“Só fiquei curioso. Seu namorado não vai ficar com ciúmes?”

“Kishun!”.

“Não. Shaoran-kun sabe que tenho um grande carinho pelo Touma-kun”. Os dois se entreolharam, então Touma estava certo, ela tinha alguém.

Ao voltar para sala, a ouviu. Touma não conseguiu esconder a feição de chateação. Balançou a cabeça, tentando afastar o desanimo. Adentrou na sala e pôs um sorriso no rosto, antes chateado: “Já está vindo Sakura, ele está bem próximo. Vai levar 5 minutos. Quer esperar lá fora?”.

“Sim” - Sakura olhou para os amigos de Touma- “Foi um prazer revê-los”.

“Até mais Sakura”.

“Já que seu namorado não é ciumento, apareça mais Sakura-chan”. Kishun acenava.

“Para de tentar ser íntimo idiota!”. Haruhiko o recriminava.

“Sim, vou aparecer outras vezes. Até mais”. Ela sorriu e acenou de volta.

Saíram do apartamento e andaram em silêncio até o elevador, entrando.

“M-me desculpe por eles!”. Disse Touma, nervoso.

“Não há motivo para pedir desculpas. Eles são legais!”.

“E-eu escutei um pouco da conversa: S-shaoran, não ficará mesmo chateado? Não quero causar nenhum desentendimento”.

“Ele não tem esse direito Touma-kun. O que você fez por mim hoje, não pode ser questionado, apenas agradecido. E eu, agradeço muito”. A porta do elevador abriu, e lado a lado, saíram dele e foram até a entrada do prédio.

“Fico feliz de poder ter ajudado de alguma forma”. Touma pôs as mãos no bolso.

Parados, observavam a rua pela porta de vidro, à espera do táxi: “Eu iria me encontrar com Shaoran. Mas ele simplesmente não apareceu, aconteceu alguma coisa que ainda não sei o que é. Enfim, graças a você, minha noite não foi só de chateação” - Sorriu, viu o táxi se aproximando. Touma ficou contente ao ouvi-la - “Acho que é o meu táxi. Obrigada mais uma vez, Touma-kun!”.

“Sakura!”- Sakura parou de andar e o olhou - “É-é-é-é, vamos estudar juntos quando você tiver um tempo?”.

“Claro que sim! Me liga quando você puder! Até mais!”. Sorriu. Touma corou e sorriu satisfeito, acenou alegremente.

Ao entrar no táxi, o sorriso se desfez, não parava de pensar no que tinha acontecido com ele. Estava tentando se convencer de que não foi nada grave. Talvez, tenha a ver com a sua carreira musical. Daria um jeito de encontrá-lo no hotel, saber o que tinha acontecido. Não conseguia explicar, mas estava com uma sensação ruim.

Perdida nos pensamentos, não ouvia a pergunta do taxista, até que ele falou mais alto.

“Ah! Desculpa! Para o Hotel Toyko, na rua central, número 1900, por favor!”.

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Mansão Daiudoji

Sonomi sentou-se na poltrona próxima ao piano, junto de Fujitaka.  Tomoyo se posicionou ao lado do piano. Deu uma piscadela para Eriol, que começou a tocar.

Tomoyo fechou os olhos e soltou a voz.

 

Sabishii toki ni wa nukumori wo sagashi

Quanou sodo estlitária, eu busco calor

Haruka ni tadoru yo natsukashii kioku wo

Eu registro à distância, minhas queridas memórias.

 

Emocionada, Sonomi apertou as mãos de Fujitaka, sem tirar os olhos da filha. Fujitaka sorriu com o gesto, e voltou a olhar Tomoyo.

 

Haha ga itoshigo wo kaina ni idaite

Segurando sua amada criança em seus braços,

Hidamari no naka de komoriuta wo utau

Uma mãe canta sua canção de ninar sob o sol.

 

Sonomi fechou os olhos e começou a cantar baixinho com a filha. Toda vez que a ouvia cantar, ficava nas nuvens. Sua filha tinha a voz de um anjo.

 

Itsu ka wa dare mo ga sunda aozora wo

Um dia, num céu limpo e azul,

Omoikiri takaku jiyuu ni habatakeru

Todos serão capazes de voar livremente o mais alto possível

 

O mordomo nervoso, entrou na sala, olhou para todos que permaneciam entretidos com Tomoyo cantando, que não haviam percebido sua entrada. Ficou parado na porta, ouvindo e vendo uma linda apresentação de Tomoyo.

 

Jiyuu ni habatakeru sono mune ni hana wo sakasete…

Voar livremente com flores florescendo em seus corações…

 

Ao terminar, abriu os olhos, e sorriu. Curvando-se. Sorriu ao ver a mãe, que empolgada, tinha levantando-se e batia palmas animadamente.

“Lindo, querida! Lindo!”. Sonomi batia palmas, sem parar.

O mordomo esperou um pouco e se aproximou de Tomoyo, cochichando em seu ouvido.

“Volto já” - Pediu licença e seguiu o mordomo. Parou de segui-lo ao avistar o telefone residencial, uma relíquia inglesa, fora do gancho - “Meilin, que surpresa boa! Tudo bem? Sim, está aqui sim! Shaoran-kun? Não, Eriol não comentou de nenhuma ligação… Aconteceu alguma coisa? Como assim o Shaoran está indo para China?”. Indagou surpresa, sentando-se no banco ao lado do telefone, atônita.

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Hotel TokYo – Vestiário Feminino –

“Eu detesto chuva. O tempo fica perfeito para dormir, e a gente aqui: trabalhando!”. A moça de cabelos negros curtos abotoava o uniforme, com cara de choro.

“Não reclama Ichigo-chan, poderia ser pior...”. A mulher de cabelos castanhos arrumava o coque.

Sakura não participava da conversa paralelas em sua volta, de roupas íntimas, enxugava seus cabelos, sentada no banco do vestiário feminino. Tinha tomando um banho quente para enfrentar a longa jornada de trabalho.

Seu pensamento era dele. Não deixava de se perguntar se estava tudo bem. A vontade que tinha era de ir correndo até o quarto dele. Teria que dá um jeito de ir até lá, já que não era responsável por aquele andar.

“Sakura-chan!” - Naoko chegava junto de Motoko - “Tudo bem?” - Sakura sorriu - “Como foi o encontro? Quero detalhes! A chuva não atrapalhou, né?”. Ao ouvir aquelas perguntas, abaixou a cabeça - “Aconteceu alguma coisa?”.

“Está tudo bem Sakura?”. Motoko que antes começava a pôr suas coisas no armário e tirar a roupa para pôr o uniforme, a encarou.

“E-ele não foi”. Respondeu tristemente.

“Como assim, ele não foi?”. Motoko a indagou, cruzando os braços.

“A-acho que aconteceu alguma coisa, não sei direito”. Fitaram o semblante de preocupação dela.

A porta do vestiário, foi aberta bruscamente, e umas das mulheres no vestiário indagou a mulher tristonha que adentrara: “Que cara é essa Megumi-chan?”.

“O deus grego foi embora!”. Respondeu dramaticamente.

“Que deus grego?”

“O músico do 402, Li Shaoran!”. Sentou-se no banco do vestiário, com cara de choro.

Sakura arregalou os olhos. Naoko e Motoko perceberam a surpresa de Sakura, que estava tão surpresa quanto elas.

“P-para onde ele foi? Outro hotel?”. Perguntou Naoko, aproximando-se de Megumi.

“Não, ele foi embora mesmo. Do país. A Hinata-chan, da recepção, me disse que ele viajou para China. Ela ficou feito louca tentando encontrar uma passagem para hoje. Pela pressa, algo de grave deve ter acontecido”.

“Será que morreu alguém?”. Indagou uma das camareiras.

Como assim ele foi embora? O que estava acontecendo? Seu coração ficou apertado, outra vez.

Rezaria para que não fosse nada grave. Queria tanto, de alguma forma, ajudá-lo, mas tudo o que podia fazer era pensar se ele estava bem: “Shaoran...”.

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Continua...

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Personagens novos:

Fei Wang: Personagem do anime Tsubasa Chronicle.

Kurogane: Personagem do anime Tsubasa Chronicle.

Fay: Personagem do anime Tsubasa Chronicle.

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Musicas: 

1ª música: Gravity by Maaya Sakamoto (Encerramento do anime Wolf’s Rain)

 https://www.youtube.com/watch?v=AQlFoiY2KVU

2ª música: Yasashisa no Tane by Junko Iwao (Anime Sakura Card Captor)

https://www.youtube.com/watch?v=eMw1DHRXPI0

 

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Shaoran, anata wa arimasu ka?: Shaoran, cadê você? 


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Notas finais do capítulo

E aí gostaram? Me diz uma coisa, quem aí já assistiu ou assiste dorama? Pq se assistem vão entender todo esse meu lado dramático. Kkkkkkk Tô percebendo que tô esticando a história, então pretendo resumir um pouco alguns capítulos. Daqui a pouco, to escrevendo uma historia dentro de outra, mas... Culpem minha "criatividade". Muito obrigada pelo carinho e pela audiência. Por favor, comentem! =***
kissus!



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