Kissu´s escrita por LiLiSaN


Capítulo 16
Kareshi




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(Imagem: Sakura e Shaoran - Fanart)

...

Casa dos Kinomoto 19 h:10 min

Sim Sonomi... Sim...Tudo bem... Sim...S-sim, quer dizer, não…”. Fujitaka, pelo telefone, recebia centenas de orientações – “Boa noite. Até amanhã. Durma bem”. Ele soltou um longo suspiro, e andou até a sala.

Touya assistia ao noticiário local, ao ver o pai, perguntou: “Sonomi?”.

“Sim, filho” - Sentou-se ao seu lado- “Ela insiste que não conte a vocês que estamos saindo. Como Sakura está voltando, ela estava reforçando isso”. Sorriu sem graça.

Touya sorriu de lado: “Ela é muito tímida”.

“Na verdade, ela acha que vocês ainda são crianças”.

“Que horas Sakura chega?”. Ao ouvir a pergunta de Touya, Fujitaka olhou o relógio da parede.

“Já está quase na hora”.

E depois de burburinhos, foi confirmado: A banda Kissu´s está tirando uma folga nas proximidades” - Fujitaka e Touya se entreolharam, antes de prestar atenção na TV – “Após um acidente com os caminhões, que faziam o transporte de instrumentos da banda, eles resolveram aproveitar o tempo que sobrou. Primeiro, alguns fãs disseram que os viram aqui em Tomoeda, mas foi confirmado que alguns integrantes estavam em Nagasaki, um telespectador nos mandou estas imagens” - No noticiário aparecia o vídeo de Sakura segurando a mão de Shaoran, corriam juntos pelo Parque. Fujitaka e Touya ficaram surpresos – “Um dos integrantes Li Shaoran, foi visto escapando de fãs mais histéricas ao lado desta jovem. Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa da banda não respondeu...”.

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“Você mora aqui?!”. Shaoran manobrava o carro. Ao estacionar, reparou bem na casa amarela, ficou surpreso.

“Sim, porque a cara de surpresa?”.

“Mas Meilin...” - Estava confuso, sua prima havia ido ali antes de ir embora – “E-ela disse que tinha uma amiga que morava aqui”

“Você tem muita sorte em ter uma prima como ela” - Sorriu. Lembrou dela e da conversa que tiveram— “Preciso ir”. Tirou o cinto de segurança.

“Espera!” - Ele a impediu que saísse do carro – “Eu vou com você”. Disse ao tirar o cinto de segurança.

“M-mas Shaoran...?”. Ficou surpresa, ele já queria ser apresentado?

“Eu preciso falar com seu pai e seu irmão. Principalmente com seu irmão”. Seu olhar era sério. Sakura sorriu.

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“Deve ser Sakura! Eu abro pai!” - Fujitaka arrumava a mesa – “Já vai monstrenga!”. Gritou ao escutar novamente as batidas.

“Monstrenga?”. Indagou Shaoran, a deixando sem graça.

“Cheguei!”. Sakura disse com um sorriso sem graça, assim que o irmão abriu a porta.

“Bem-vinda, o jant..”- Não completou, fechou a cara ao vê-lo – “O que você está fazendo aqui pirralho?”

“B-boa noite!”. Disse um Shaoran nervoso. Fujitaka veio até a porta.

“Filha, bem-vinda!” - Notou a presença de Shaoran e sorriu- “Bem-vindo, rapaz. Entrem”. Indicou com as mãos para que entrassem.

“B-boa noite senhor”. Shaoran ficou ainda mais nervoso.

Touya ficou parado na porta, a cara feia ainda permanecia. Tomou a bolsa da irmã das mãos de Shaoran, sem rodeios. Detestava aquele homem que queria pôr as mãos em sua irmã.

“Você está com uma aparência mais leve filha. Como foi em Nagasaki?”. Abraçou Sakura.

“Foi muito divertido! Como eu disse pelo telefone: Nagasaki é linda! Tirei muitas fotos, trouxe alguns presentes também. Aonde está Kerberos?”. Saiu dos braços do pai, procurando pelo seu gato. Fujitaka não teve tempo para respondê-la.

“GOSTO MUITO DA SUA FILHA, POR FAVOR, ME DÊ SUA PERMISSÃO PARA NAMORÁ-LA!!!!!!”. Sakura e Touya caíram para trás. Fujitaka sorriu ao notar o nervosismo de Shaoran, que estava curvado.

“Pirralho!”. Touya levantou o punho. Fujitaka olhou a filha corada e voltou a olhar Shaoran, que ainda permanecia curvado.

“Você gosta dele, filha?”. Sakura corou com a pergunta do pai e desviou o olhar. Touya esperava ansiosamente pela resposta da irmã.

“S-s-sim...”. Respondeu timidamente. Touya cerrou os dentes.

“Se é assim. Você tem minha permissão, por favor, cuide de minha filha e de nós” - Ao ouvi-lo, Shaoran levantou a cabeça, com um sorriso largo em seu rosto. Touya contrariado, cuspia fogo, literalmente – “Quer jantar conosco?”.

“Sim!”. Shaoran respondeu prontamente. Estava feliz pelo convite.

“Filha, não quer subir e se trocar? E respondendo sua pergunta: Kerberos está lá encima”.

“Vou só deixar as minhas coisas e ver Kerberos. Volto já, fique à vontade!”. Disse olhando para Shaoran.

Os barulhos de Sakura subindo a escada ficaram mais fracos. Ao não se ouvir mais nada, Shaoran sentiu a mão na gola de sua camisa, o puxando, em frações de segundos. Era o irmão dela. Fujitaka observava a cena sem graça.

“Olha aqui pirralho, só porque meu pai deu a permissão não significa que você pode ficar de gracinha com a minha irmã. Estou de olho em você!”. Soltou sua gola. Touya saiu da sala injuriado.

“Desculpe. Meu filho é muito zeloso com a irmã”.

“T-tudo bem”. Ajeitava a gola da camisa.

“Sakura é nosso bem precioso. Espero que cuide muito bem dela”.

“S-sim senhor Kinomoto. Cuidarei de Sakura com todo zelo, respeito e carinho”.

“Me chame de Fujitaka, Shaoran”. Ficou feliz. O pai dela sabia seu nome.

“Shaoran! Vem aqui!” - A voz de Sakura o fez ir até as escadas. Sorriu ao vê-la contente, descendo as escadas, segurando um gato amarelo, que bocejava. Era bem gordo - “Este é Kerberos. Kerberos, este é Shaoran”. Disse ela, animadamente. Ele se aproximou e fez um afago nele. Teve a leve impressão que o gato tinha o mesmo olhar matador de ciúmes do irmão dela. Ele estava imaginando coisas?

“Bem, vamos comer!”. Anunciou Fujitaka.

Horas depois…

“Ainda não acredito que apareci na TV...”. Touya, bravo, tinha contado a eles do noticiário. Deixou bem claro, que não gostaria de vê-la novamente exposta daquela forma. Fujitaka demonstrou a mesma preocupação. Não gostaria que a filha se machucasse.

“Desculpe...”. Shaoran ficou cabisbaixo.

“Ei, eu já disse que não foi culpa sua. Não faça essa cara”. Ela sorriu, aproximou seu rosto e ficou cara a cara com os olhos dele que antes fitavam o chão. Ele sorriu e levantou a cabeça.

“Se eu fizer essa cara, você ficará mais apaixonada?” - Ela corou e se afastou - “Posso mandar uma mensagem de boa noite?”.

“Claro que pode Shaoran. Não sei o porquê dessa pergunta”.

“Tenho receio de ser grudento. Já me apresentei ao seu pai e irmão hoje...”

“Não será”

“É que nunca namorei… Não sei muito bem como devo agir”.

“Eu também não, vamos descobrir juntos” - Shaoran a encarou sorrindo, ficando em silêncio - “O que foi?”.

“É que a palavra “juntos”, ficou bonita quando ela saiu da sua boca”.

“Aiaiaiaiai Shaoran”. Estava envergonhada.

Ele segurou sua mão, e ambos se encararam. A vergonha era grande, mas o clima que surgiu ali, era inegável. Shaoran aproximou seu corpo ao dela e observou as bochechas de Sakura ficaremvermelhas. Mas ela não recuou. Teve a certeza de que ela queria beijá-lo também. Levantou sua mão, tocaria aquele rosto macio…

“Cof...Cof… Sakura, olha a hora!”. Touya, da pequena varanda, tossiu e interrompeu aquele momento. Eles se afastaram corados.

“E-então, já vou indo!”. Shaoran olhou para Touya e se despediu.

Sakura ficou na calçada, ao vê-lo entrar no carro, acenou. Ficou esperando que ele virasse a esquina.

“Você vai ter que se acostumar...”. Murmurou com a mão no peito. Sakura falava com seu coração, que insista em bater rápido demais.

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Namorada, lembra que eu disse que cantaria uma música alegre para você? Venha ao estúdio SunRise, às 15hs. Aguardando ansiosamente por você =)

P.s: NÃO SE ATRASE! ¬¬”

Corria segurando firme sua bolsa com alça transversal, marrom. Estava atrasada. Desviava das pessoas que andavam, calmamente pela larga calçada, e aproveitavam aquela tarde de quinta-feira ensolarada. Ofegante, avistou o estúdio. Será que ele estava muito bravo? Demorou muito escolhendo o vestido vermelho com bolinhas brancas e com Touya, que fez mil recomendações.

...

“Tem certeza de que já quer começar? Podemos esperar mais um pouco...”. Disse Eriol, posicionando-se atrás do teclado. Yue, Yukito e Nakuru faziam o mesmo, cada um ia até seu instrumento. Yukito deixaria o baixo de lado, pegou o trompete. Instrumentos de sopro, sempre foram seus preferidos.

“Tenho!”. Shaoran, irritado, pegou o seu violão do suporte. Mais uma vez, ela estava atrasada. Ela tinha que ter esse defeito? Detestava esperar.

Tomoyo, sentada, ao perceber que eles começariam, ligou a câmera. Filmou um Shaoran irritado, com um semblante pesado... Não estava nem um pouco animado.

Do nada a feição dele mudou, o semblante pesado foi ficando descontraído. Estava contente. O desânimo saiu dando lugar a uma alegria imensa.

Deixou de filmá-lo ao escutar as respirações rápidas ao seu lado. Sakura tentava recuperar o fôlego, estava apoiando as mãos nos joelhos.

Tomoyo sorriu: “Que bom que chegou Sakura-chan!”- Ao ouvir Tomoyo, Sakura levantou a cabeça, para cumprimentá-la, mas ficou sem jeito. Ela a filmava – “Perdeu a hora?”.

“É, mais ou menos” - Sem notar, Shaoran, em passos largos, ficou na sua frente, de braços cruzados com um semblante sério. Ao percebê-lo, ela se recompôs e se curvou – “Desculpa o atraso...”.

“Ai ai Sakura, o que vou fazer com você e seus atrasos hein?” - Balançou a cabeça negativamente. Descruzou os braços, e deu um beijo em sua testa. A deixando vermelha – “Chegou a tempo”. Ela fitou o sorriso sincero dele.

Nem acreditava que estava namorando um homem tão carinhoso, atencioso e bonito como ele. Ele tinha todas as características de um personagem principal de um dorama romântico... Estavam prestes a seguir com suas respectivas rotinas. Ele a de shows, ela a de trabalho em Tóquio.

Sakura cumprimentou a todos ainda vermelha, Shaoran voltou para perto do microfone.

“Sente-se aqui, Sakura-chan”. Tomoyo indicou a cadeira ao seu lado, ainda a filmava.

Ele a encarou, falando no microfone: “Namorada, espero que goste!”. Tomoyo sorriu ao filmar Sakura que estava mais vermelha do que antes. Todos sorriram com a cena.

Para todos ali, era nítido que Shaoran estava mesmo apaixonado por aquele moranguinho retraído de vestido.

Ele pegou novamente o violão e tocou os primeiros acordes.

Sakura abriu um sorriso depois de ouvi-lo soltar um grito. O ritmo da música era bem alegre.

 

Ano ko ga kinou nanka sugoku yasashikute

A garota de ontem era especialmente agradável
(Kimi ja nakya dame mitai)

(Eu acho que tem que ser você)
Kochira to shite wa sonna tsumori nai kedo

Mas não é como se eu só tivesse segundas intenções, mas....
(Kimi ja nakya dame mitai)

(Eu acho que tem que ser você)
Iya bareten jan tteka kikoeten jan sore

Espera, será que ela sabe disso? Espera, ela ouviu? Oh não
(Kimi ja nakya dame mitai)

(Eu acho que tem que ser você)

 

Sakura deixou de olhar Shaoran para notar a empolgação de Nakuru e Yukito, que faziam a segunda voz, cantando e tocando. Que loucura. Um dia os viu pela TV, no outro está lá, como convidada VIP, os assistindo de pertinho. Naoko ficaria louca quando soubesse. O que ela diria se ela contasse que estava namorando Li Shaoran?

 

Atama no naka ohanabatake da toka shoujo manga da toka

Tem um campo de flores dentro da minha cabeça, igual a um mangá shoujo
Mou nan datte dou datte ii

Que seja, isso não importa agora

 

Shaoran estava tão radiante. Namorado. Era seu namorado. Juntos, praticamente, há três semanas. Outra loucura. Desde que o conheceu, sua vida virou de cabeça para baixo. Parecia viver um sonho.

Gelou. Ela a encarou de uma forma tão sedutora e tão profunda. Ele estava cantando para ela aquela canção?

 

Sou ima sugu kimi ni aitai

Quero te ver agora mesmo
Kimi ni atte tashikamete mitai

Desejo te ver então terei certeza
Sekai no kotowari ai no teigi shiawase no kategorii

Sobre a rejeição desse mundo, a definição do amor, as categorias da felicidade
Madamada kimi o shiritai

Essa frase não faz meu tipo, mas
Konna serifu gara demo nai kedo

Não importa o quanto eu mude, nada começa
Donna ni kakkou tsuketetatte hajimarya shinai

Quero saber mais sobre você
Kimi ja nakya dame mitai

Eu acho que tem que ser você

 

Monstrenga, não se atreva a deixar ele tocá-la. Nem abraço, nem beijo e muito menos troca de olhares”. Lembrou-se das palavras do irmão que vivia na Era Feudal. Acho que nem lá, os casais eram proibidos de fazer isso. Ele era um bobo. Um bobo exagerado.

Desculpa oni-chan”. Murmurou Sakura, enquanto trocava olhares com Shaoran.

 

Imagoro ni natte kizuita tokoro de sa

Ela vai perceber a qualquer momento
(Kimi ja nakya imi ga nai)

(Não tem sentido se não for você)
Ashita mo ie no mae tōru wake dakedo

Talvez eu passe na casa dela amanhã de novo
(Kimi ja nakya imi ga nai)

(Não tem sentido se não for você)
Iya wakatten jan tteka kitai shiten jan sore

Não, eu sei, só estou aumentando minhas esperanças
(Kimi ja nakya imi ga nai)

(Não tem sentido se não for você)

Mizuki ao lado de Rika e Chiraru, chegaram ao estúdio. Já vinham animadas com a música. Era uma música nova e alegre, seria uma das novas músicas incluídas na turnê.

Sakura sorriu ao vê-las. Assim como Tomoyo, que deixou de filmar Sakura e as cumprimentou.

Kono sai uwasabanashi da toka go kinjozukiai da toka

Neste ponto, não me importo com o que estou fazendo
Mou narifuri kamatteran nai

Conversando ou fofocando para conhecer os seus vizinhos

 

Yue, que tocava guitarra, foi até próximo a bateria, pegar outra palheta, pois quebrou a sua. Mesmo assim ainda tocava.

Olhou para Nakuru, suada. Ela estava de olhos fechados, sorrindo enquanto tocava. Era maluquinha.

 

Sou tashika ni kimi shika inai

Você definitivamente é única pra mim
Kimi dake ni wa ari no mama itai

E quero sempre estar com você
Waraikorogetari guchitaretari nakibeso tsuyogattari

Dando várias risadas, discutindo e tentando não chorar

 

Lembrou-se que depois de ela se confessar, não haviam mais conversado direito. Parecia que ela estava o evitando, se distanciando. Não a culpava.

Ela abriu os olhos e ele não desviou. Nem ela.

Ele ficou surpreso, geralmente ou ela desviava ou ficava sem graça. Ela o olhou como se ele fosse qualquer outra pessoa. Não notou nenhuma emoção, qualquer indício dos sentimentos dela...


Kono yo de tada hitori mitai

Existe apenas uma pessoa no meu mundo
Jibun demo waratchaun desu kedo

Isso é o suficiente pra me fazer rir, mas
Hoka no dareka ja mou mitasare ya shinai

Ninguém mais pode me satisfazer
Kimi ja nakya imi ga nai

Não tem sentido se não for você

(…)

 

“Aqui...”. Shaoran entregou uma lata de suco a Sakura. Tinha uma toalha de rosto envolta do seu pescoço. Haviam feito uma pausa.

“Obrigada!”. Agradeceu.

“Está gostando?”.

“Sim! É bem legal assistir vocês tocando de perto! Vocês são incríveis!” - Sakura deu um gole no suco- “Logo vocês voltam para a turnê, não é?”

“Sim!” - Shaoran percebeu o semblante triste, escondido detrás do sorriso dela- “Mas que carinha é essa?”.

“N-nada”. Balançou a cabeça.

“Sakura, você vai enjoar de receber mensagem minha e ouvir minha voz nesses dias em que estaremos longe um do outro”. Tomou um gole do refrigerante.

“M-mas... M-mas e depois Shaoran? Como vamos manter nosso namoro?”

“Caramba Sakura, você já quer casar?!”. Shaoran falou alto de propósito, todos olharam rindo com a cena de Sakura vermelha, gesticulando para ele falar mais baixo.

“E-eu não disse isso!”- Abaixou a cabeça, vermelha. As risadas de Shaoran a fizeram levantar o olhar – “Do que você tanto rir, hein?”.

“Da cara que você faz quando fica com vergonha” – Encarou uma Sakura inconformada. Ele a encarou serenamente, e aproximou-se dela - “Você é linda, Sakura”. Sakura voltou a ficar vermelha, e mais uma vez Shaoran voltou a gargalhar.

Ela ia reclamar, mas o toque do seu celular a interrompeu. Ela pegou dentro da sua bolsa, e ao reconhecer o número, apressou-se em atender. Shaoran ainda ria, quando ela atendeu.

“Touma-kun! Como vai?”. Subitamente, Shaoran fechou a cara. Nem parecia que estava rindo segundos atrás.

O que aquele cara queria com a SUA namorada? Aquele, aquele, aquele… Aquele compositorzinho de meia tigela!

“Vamos?” - Nakuru aproximou-se, o chamando para continuar o ensaio. A cara de Shaoran estava fechada, e ele olhava ressabiado para Sakura, ao seu lado, que conversava animadamente no celular- “Que cara é essa?”.

“Nada”. Desviou o olhar.

Nakuru tinha interrogações envolta de si, até que escutou o nome de Touma: “É o Touma?! Diz que quero muito, muito, muito falar com ele!”. Pediu empolgada. Yue que acabará de chegar, estranhou toda aquela empolgação. O que significava aquilo?

Sakura repetiu o que Nakuru disse: “Nakuru-chan, ele disse que tudo bem”. Passou o celular para ela. Nakuru sorriu, feliz da vida.

“Touma-kun! Eu pensei em você a noite toda!”- Sakura, Shaoran e Yue a olharam boquiabertos – “Sim, não consegui pregar os olhos pensando em você. Posso pegar seu número com a Sakura-chan? Sim?! Que ótimo!”- Os três ainda a encavaram, estavam atentos áquela conversa. Ela era bem direta – “Quero sua ajuda, será que você pode ver umas letras que escrevi?”. Sakura e Shaoran em sincronia, desfizeram a feição de curiosidade com aquela conversa.

Yue não conseguia disfarça a surpresa. Ela estava pedindo aquilo para um estranho que acabará de conhecer? Era ele quem sempre a ajudava nas canções que ela escrevia. Era ele.

“Sakura, não estou gostando nada disso”. Shaoran deixou de prestar atenção na conversa. E a olhou com uma leve irritação.

“Do quê?”. Fitou o namorado, que cruzou os braços e deu rabissaca.

“Disso, ora!”.

“Mas disso o que?”.

“D-d-d-desse, desse cara te ligando!”. Voltou a olhá-la.

“Ele é só um amigo Shaoran”. Sorriu.

“Sakura-chan, Touma ainda quer falar com você! Pegue. Vamos Shaoran-chan?”. Nakuru devolveu o celular.

Shaoran soltou um suspiro, demonstrando sua impaciência e levantou da cadeira. Sakura olhou a cena, sem jeito. Voltou a falar com Touma, para o desprazer de Shaoran.

“Nakuru...”.

“Hum?”. Nakuru olhou para trás, fitando Yue.

“Você vai pedir ajuda desse cara?”.

“Sim! Gosto muito das letras que ele escreveu pra gente. Algum problema?”

“Não, nenhum. Só achei estranho, sou eu quem sempre te ajuda, e além disso...”

“Não me leve a mal Yue-kun. Por enquanto não posso pedir sua ajuda com as letras de agora. É como se fosse algum tipo de pleonasmo”.

“Hã?”

“O que estou falando é que quero expurgar alguns sentimentos, que, querendo ou não, são relacionados a você. Então como vou pedir a você que analise minhas letras?”. Sorriu de lado, e deu as costas, pôs as mãos para trás. Nos seus lábios, só havia tristeza.

“Prontos?”. Yukito perguntou ao vê-los voltando e pegarem seus instrumentos.

“Qual é a próxima?”. Ainda mordido pelo ciúme, Shaoran não conseguia esconder a insatisfação de ter deixado Sakura conversando com o ser irritante.

“Kimi meguru boku”. Respondeu Yukito, o que fez Shaoran ficar ainda mais bravo.

“Que legal!”- Nakuru comemorou, olhou para Sakura e colocou as mãos envolta da boca, gritando - “Sakura-chan! Diga ao Touma-kun que tocaremos uma canção dele! Veja se ele aprova!”.

“Eu não vou cantar droga nenhuma!”. Protestou Shaoran.

“Quê? Mas Shaoran você até gosta de cantá-la!”. Nakuru ficou surpresa.

“Eu? Eu mesmo não! Eu nunca disse isso! Nunca! Acho essa música chata, irritante, sonsa, espaçosa, inconveniente...”. Na verdade, se referia a Touma.

“Shaoran, para de infantilidade e canta logo”. Disse Yue, já religando o amplificador.

“Shaoran-chan, vamos lá! Impressione mais a Sakura-chan!”. Pediu Nakuru sorrindo. Ele encarou Sakura e ela deu tchauzinhos, ainda com o telefone no ouvido. Mas que cara chato! Não ia desligar nunca mais?

“Shaoran, tenho certeza de que ela gosta mais do intérprete do que do compositor”. Eriol sorria. Shaoran, ainda com raiva nada disse. Foi até o microfone: a cantaria.

A voz potente de Shaoran, introduzindo a música, chamou atenção de Sakura. Que parou de falar.

 

deai to sayonara kaze no naka de hashagu haru no hi ni wa
Relacionamentos começam e terminam. Em um dia ventilado na primavera, fazemos barulho.

PASTERU KARAA mo odori dasu yo sa monogatari ga hajimaru

As cores pastel dançam. As cortinas foram levantadas e a nossa história começa.

 

“Touma-kun! Está escutando?!”

“Sim, Sakura! Já tinha ouvido uma vez, mas agora fizeram novos arranjos. Está melhor ainda! Shaoran, tem uma bela voz”.

“Sim”. O olhava encantada.

Sakura…?”.

 

Sugusama boku wa kimi no moto e tobidashite iku no sa
Então, imediatamente, eu começo a correr. Eu estou correndo pelas ruas agitadas para você.

matteite yo hanayagu machi o ima kakenukete iru

Por favor, espere por mim. O cenário está passando voando, eu não demorarei muito.

 

Tomoyo, ao lado de Sakura, ainda a filmava. Pensou consigo se Touma já havia contado. Mas pela reação de Sakura, com certeza ainda não.

Voltou a filmar o grupo. Focou em Eriol, que sorriu e deu um rápido aceno.

 

itazura ni karamaru unmei bokura zutto sagashitetanda
Enroscado em seu destino, ele é meu. Sem dúvida isto é o que estávamos procurando.

soshite ima futari de aeta kitto guuzen nanka ja nai
E agora nós nos encontramos. Este não é um encontro casual, estou certo de que fomos feitos para nos conhecer.

kono mama soba ni ite hoshi

Eu quero que você fique ao meu lado

 

 

“Sim, Touma-Kun?!”

“Gosta da letra?”

“Sim! É muito bonita Touma-Kun! Você escreve muito bem!”.

— “Ufa… Que bom!”.

 

usubeni iro mai chiru kimi no hoo o somete ikutabi mo meguru
As pétalas de rosas caiem pelo seu rosto. Elas mancham suas bochechas e elas continuam girando em torno de você novamente e novamente .

kimi ga suki da yo tokimeku MERODI ga umare te kuru kara

Você inspira essa melodia que toca os acordes do meu coração. É por isso que te amo.

 

“Quando você volta para Tóquio?”. Touma observava os carros da janela de seu apartamento. Na sua mesa, havia vários livros de estudo. Tinha feito uma pausa no estudo ao ligar para Sakura.

“Volto na segunda-feira. Tenho que me apresentar no trabalho na terça” - Sakura colocou uma mão no ouvido, para ouvi-lo melhor - “Você chegou quando?”

“Cheguei ontem. Quando você chegar, me avise. Podemos nos encontrar e conversarmos melhor. Acho que temos muitas coisas para atualizar um ao outro, não é? Podemos até estudar juntos, se você quiser”.

“É verdade Touma-kun! Avisarei sim!”.

 

tawamure ni hana mo saku kisetsu ni bokura mada tsubomi no mama de

Estamos ainda como botões na primavera, enquanto todos em torno de nós estão florescendo por um capricho
dakedo ima shinjite iru no kimi o shin de mo hanasa nai
Mas agora eu acredito que não vou deixá-la ir. Não importa o que, aconteça o que acontecer.

fukiareru arashi ni mo make nai

Não me incomodaria nada se o mundo inteiro estivesse contra.

 

“Shaoran, realmente deu alma a essa música. Pensei que ele não gostasse de cantar minhas composições”.

“Ele falou por falar. Acho que ficou com vergonha de admitir que você é um ótimo compositor”.

Sakura encarou Shaoran que a olhava com olhares que, para ela, pareciam de reprovações. Mas na verdade eram de ciúmes.

“Sakura...”

“Sim?!”

— “Não fique com vergonha com o que vou dizer agora, é-é...”

“Hã?”.


futari umareru sono mae kara

Mesmo antecipando os dias em que nascemos,

kou naru koto wa kimatte ita no

foi decidido que acabaríamos juntos.

 

Touma, do outro lado do telefone, estava vermelho:“Lembra quando Tomoyo disse que escrevi uma canção para você?”.

“L-lembro...”. Então era verdade mesmo? Ele tinha escrito uma canção para ela?

— “É essa”.

Sakura ficou imóvel e vermelha. Não sabia o que falar. A letra era linda.

Tomoyo ao seu lado percebeu sua feição, e soube na hora que ele havia contado.

“O que foi Sakura-chan?”. Tomoyo perguntou, mas ela nada respondeu.

Shaoran ainda cantava quando notou a cara de vergonha da Sakura. Mas o que foi que ele disse a ela?

 

Itazura ni karamaru unmei bokura zutto sagashitetanda
Enroscado em seu destino, ele é meu. Sem dúvida isto é o que estávamos procurando.

soshite ima futari de aeta kitto guuzen nanka ja nai
E agora nós nos encontramos. Este não é um encontro casual, estou certo de que fomos feitos para nos conhecer.

kono mama soba ni ite hoshi

Eu quero que você fique ao meu lado.

 

— “Sakura? Sakura? Aiai caramba, deixei você com vergonha, não foi? Me desculpe!”.

“E-e-e-eu só fiquei surpresa!”.

—“Espero que não fique uma situação estranha entre nós! Foi há muito tempo, eramos duas crianças praticamente, n-não fique...”.

Sakura, o interrompeu: “Touma-kun, não fazia ideia dos seus sentimentos naquela época. Peço desculpa e ao mesmo tempo agradeço. Me sinto lisonjeada. De coração, obrigada”.

As bochechas de Touma coraram mais ainda, o coração bateu forte: “S-s-sakura, tenho que desligar! Nos falamos depois. Até mais!”.

“Mas..?”- Sakura fez cara de tacho. Ele nem deixou ela se despedir. Olhou para Tomoyo que a olhava com curiosidade - “Ele desligou”.

“Sakura-chan, não diga nada a Shaoran-kun. Se ele souber, nunca mais na vida ele canta essa música”. Tomoyo riu entre as mãos. Sakura ficou confusa, então ela já sabia? Aiaiai, sempre a última a saber.

Quando voltou a olhar para frente, deu um pulo da cadeira. Shaoran estava na sua frente a fitando minuciosamente, cara a cara. Estava um pouco curvado. Sua cara não era muito animadora.

“Porque suas bochechas estão vermelhas?” - Ele perguntou, apontado para elas. Sakura levou as mãos até elas. Ficou mais vermelha ainda. O que diria? - “Não vai me responder?”.

“Não é por nada! Só estão vermelhas!”.

“Sakura, não minta para mim”.

“Touma-kun disse que está escrevendo uma canção bem sexy e picante para vocês a Sakura”. Tomoyo interveio. Sakura a olhou surpresa.

“Sexy e picante? Mas que pervertido!”. Shaoran fechou a mão.

….

Despediam-se. O ensaio havia acabado. Faltava apenas 2 semanas para voltarem para a estrada. Voltar a rotina de shows, entrevistas e ensaios para revistas. O primeiro show seria em Tóquio, já que por causa do acidente nem havia acontecido.

Shaoran viu nisso, uma bela oportunidade de ficar mais ao lado de Sakura, que voltaria para Tóquio primeiro que eles.

“Quer ir jantar?”.

“Você não quer jantar lá em casa? Meu pai pediu que eu chamasse você”.

“Sério?” - Fitou o sorriso de Sakura, que definitivamente respondia sua pergunta. Estava contente. Mas desanimou- “Seu irmão, estará lá?”

“Não se preocupe com Touya-chan. Ele logo, logo se acostumará com você”.

“E o seu gato?”. Lembrou do gato, que sempre dava um jeito de arranhá-lo. Era outro ciumento.

“O que tem o Kerberos?”

“Deixa para lá, então vamos”.

“Sakura-chan, Shaoran-chan! Querem ir jantar com a gente?”. Perguntou Chiharu.

“É-é que vamos jantar em minha casa”. Respondeu envergonhada. Shaoran ao seu lado ficou corado, mas sorriu de lado.

“Owwnn que fofos!”. Disse Chiharu. Souberam da novidade por Nakuru, que fez questão de espalhar para todos os amigos que Shaoran estava namorando Sakura. 

Tomoyo junto de Eriol, aproximou-se de Sakura. Shaoran e Sakura sorriam enquanto eram filmados por Tomoyo. Sakura dava tchauzinhos para a câmera, e arriscou uma careta. 

“Yukito-chan, Yue-kun! Querem jantar com a gente?”. Rika olhou os dois.

Nakuru olhou sorrindo para Yukito, mas ao fitar Yue, ficou receosa. Não gostaria que ele fosse. Já não bastasse ter que voltar para estrada com ele ao lado...

Não estava com raiva dele. Só queria evitá-lo até seu coração se acostumar com o fora que levou.

“Sim!”- Yukito olhou para o irmão - “Vamos oni-chan?”.

Yue percebeu os olhares de Nakuru, e deu de ombros: “Vão vocês”. Yue deu as costas, e sem cerimonia se afastou do grupo.

Antes de sair do estúdio, Nakuru deu por falta de Mizuki, a viu conversando: “Vamos jantar mama?”. Mizuki deixou de conversar com um dos produtores do estúdio.

“Vão na frente, alcanço vocês”. Sorriu.

“Yue não vem mesmo?”. Indagou Rika.

“Não. Yue sempre gosta de ensaiar o dobro”. Yukito respondeu. Percebeu o triste olhar de Nakuru.

Yue tentava acertar alguns riffs pesados na guitarra. Não estava conseguindo se concentrar:“O que estou falando é que quero expurgar alguns sentimentos, que, querendo ou não, são relacionados a você. Então como vou pedir a você que analise minhas letras?”.

“Que droga!”. Resmungou ao errar mais uma vez. Pegou a toalha branca de rosto no pedestal e enxugou o rosto, molhado de suor.

As palavras dela martelavam em sua cabeça. Porque elas incomodavam tanto? Não era isso que queria? Ela confessou, ele não correspondeu. Pronto. Fim.

Mas desde daquele dia, se sentia inquieto. Talvez, por saber que a magoou. Mas ela tinha que entendê-lo. Apesar de ter dito apenas uma parte do motivo de não corresponder…

Não era só por estarem na mesma banda, era por Yukito. Yukito gosta dela. Não ia machucar nunca o irmão.

“Ainda por aqui?”. A voz de Mizuki o acordou de seus pensamentos.

“É, decidi treinar mais”. Aproveitou a pause, e pegou a garrafa de água.

“E Yukito?”.

“Foi jantar”.

“Nakuru também foi, não é?”. Percebeu o desconforto dele, com a pergunta.

“Também...”

“Aquela nossa conversa, adiantou de alguma coisa?”. Indagou Mizuki.

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Lembrança Yue…

Mizuki varria algumas folhas secas que insistiam em cair envolta do templo. Parou ao avistar uma figura masculina adentrando no templo: “Yue?”.

Bom dia”. Yue trazia consigo uma mala preta.

Bom dia. Não vai para Nagasaki?”.

Yue observava o céu ensolarado daquela manhã, sentado no chão da varanda, de piso de bambu, do templo.

Confesso que estou surpresa com sua visita, ainda mais a essa hora” - Mizuki chegou carregando um bandeja com chá, a colocando na mesinha de centro. Graciosamente, começou a servir chá a ele, que permaneceu calado - “Algum problema?”.

...”. Continuou olhando o céu. Seus pensamentos estavam longe.

Se você não falar o que te incomoda, perderá a hora e não irá para Nagasaki”.

Eu não vou”.

Posso saber o motivo?”. Tomou um gole do chá.

Nakuru… E-ela...”.

Vai se confessar?” - Mizuki colocou a xícara na mesinha, não notou o quanto ele a olhava surpreso - “Sim, eu sei que ela gosta de você”.

Não sei se ela vai se confessar, mas estou pensando que vai acontecer isso...”

E você? Vai corresponder?”. Encarou Yue, que desviou o olhar.

Não. Estamos na mesma banda, não quero problemas. E tal pouco tenho paciência para um namoro”. Respondeu de maneira rispida.

Yue-kun, vou ser direta. Sei que você veio até aqui buscando conselho. Então vou dá-lo: Quando gostamos de alguém, devemos nos permitir viver esse sentimento. É nítido que você gosta dela. Não arranje desculpas para viver isso”

Yukito...”

Sim, ele gostava dela. Mas ela gosta de você. E ele sabe disso. Acho que chegou a hora de vocês conversarem”.

Conversarem?”.

Sim. Será a conversa em que você percebe que seu irmão sabe muito bem que não é correspondido e que torce pela sua felicidade”.

...”

Você está atrasado. Vá”.

Não vou”. Tomou um leve susto ao vê Mizuki levantar do chão. Ela o encarou.

Yue, vá e dê um fim nisso. Nakuru merece seguir em frente ou então ao seu lado”.

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“Falou com Yukito?”

“Não”.

“E o que espera?”- Mizuki cruzou os braços- “Já sei o que você deve está maquinando: Nakuru me esquece e o Yukito a conquista. E eles viveram felizes para sempre. Fim. Não é?”- Yue engoliu seco, era isso mesmo. As vezes achava que Mizuki era uma bruxa - “Yue, Yukito não é bobo. Não menospreze seu irmão”.

Yukito adentrava no estúdio, ao escutar seu nome, se escondeu. Trazia consigo um pacote de lanche para o irmão.

“Yukito e meus avós são as pessoas mais importantes desse mundo para mim. Jurei a mim mesmo que se alguém os machucasse, pagaria caro. É justo eu ser o causador da tristeza do meu irmão? Eu prefiro ficar desse jeito. Não me importo com as consequências se ele estiver feliz, eu também estarei”.

“Já disse, não menospreze seu irmão, Yue. Se o verdadeiro motivo de você não está correspondendo Nakuru são os sentimentos dele. Você é um tolo”.

“Me desculpe Yue”.

“Y-u-ukito?!”. Estava surpreso com a presença do irmão.

“Eu não sabia que você gosta dela”.

“...”. Yue desviou o olhar do irmão e ficou em silêncio.

“Yue, olha para mim” - Yukito esperou que o irmão o olhasse para continuar a falar - “Eu já me confessei a ela. Muito tempo atrás. Ela me disse que gostava de você. Eu sempre tentei de alguma forma unir vocês dois, mas você não demonstrava nada. Toda vez que via vocês conversando ou ela olhando você, eu ficava triste. Triste porque achava que ela não era correspondida”.

“Yukito, você é idiota”.

“Oni-chan, por favor, pare com isso. Sei muito bem que não sou correspondido e é um sentimento que transformei em amizade. Você se privar do que sente por ela, não vai mudar em nada. Não deixe a oportunidade de ser feliz ao lado dela passar. Se não o idiota aqui vai ser você”.

Yukito ficou confuso ao ver o irmão, antes calado, sair andando. Deixando ele e Mizuki para trás.

“Não se preocupe Yukito, seu irmão está apenas percebendo que você sabia que não era correspondido e que torce pela felicidade dele”.

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Casa dos Kinomoto – 20h:15min

“Então esse é o seu quarto?”. Shaoran entrou atrás de Sakura.

Estava com vergonha, era a primeira vez que um homem, sem ser seu pai e irmão, entrava em seu quarto. Pegou a bandeja das mãos de Shaoran.

“Sim...”. Sakura colocou a bandeja, com pedaços de pudim, chá e suco, encima da mesa de centro, de seu quarto.

“É bem bonito. Parece com você”.

“Tudo bem aí?” - Touya apareceu subitamente, estreitou os olhos - “Sakura, não se atreva a fechar essa porta. E você, pirralho, nem se atreva a ficar de gracinha com a minha irmã!”. Kerberos saiu detrás de Touya. Talvez, iria vigia-los também.

“Não vou fechar Touya-chan!”. Touya saiu desconfiado e bufando. Achava que seu pai era liberal demais.

“Sente-se Shaoran” - Ele sentou envolta da mesa, Sakura fez o mesmo -“Você prefere chá ou suco?”. Kerberos deitou no colo de Sakura.

“Chá, mas sem pelos de gato, por favor”. Sakura deu língua e voltou a servi-lo. Notou que ele ficou calado, a olhando.

“O que foi?”.

“Você parece uma esposa servindo o marido”.

“Aiaiai Shaoran!”. Ela acomodou o chá, próximo a ele, e ao ouvi-lo se retraiu.

“Adoro as suas bochechas coradas!”.

“Deve gostar sim. Tem sido assim, desde a primeira vez que nos vimos”. Shaoran apoiou o braço na mesa, e logo pôs o queixo na mão e a olhou com carinho. Lembrou da feição assustada que ela fez ao vê-lo de toalha no quarto de hotel.

“Foi amor a primeira vista”.

“Aiaiai Shaoran, se você...”. Shaoran lhe deu rápido selinho. Surpresa, Sakura levou a mão até a boca.

“Eu gostaria de te dá um beijo que nem aquele, que te dei antes de chegarmos aqui, mas não quero correr o risco de seu irmão nos pegar”. Se Touya entrasse ali, perceberia de qualquer forma, pois o rosto vermelho da irmã a denunciaria.

“Atrevido!”.

“Nã nã ni nã não. Sou seu namorado. E dono do seu primeiro beijo. Eu posso”.

As conversas fluíram. Sakura tinha tanto para perguntar, queria saber tudo sobre ele.

Ela dava risadas, com as historias que Shaoran contava sobre suas quatro irmãs. Que segundo ele, eram “Chinesas loucas”.

Fujitaka, no andar de baixo, escutavam as risadas da filha. Sorria de lado. Era uma linda música para seus ouvidos. Ela estava feliz, tinha certeza disso. O chinês realmente fazia bem a ela.

“Sakura...”

“Hum?”. Ela mastigava o pudim feito pelo pai.

“O que aquele tal de Touma quer com você?”. Tomou um gole do chá, e a fitou, sério.

“Já disse Shaoran, éramos grandes amigos. Talvez, ele queira retomar a nossa amizade”.

“Não!”

“Não o quê?”.

“Não quero que ele se aproxime de você Sakura” . Shaoran de forma infantil, cruzou os braços, como se estivesse fazendo birra.

“Mas por qual motivo?”.

“Hum... Têm muitos, mas o principal é que não vou com a cara dele. Ele te olha de uma forma que não me agrada”.

“Você está exagerando Shaoran, só viu ele uma vez...”

“Que seja. Você é minha namorada. Deu trabalho conquistar você. Não quero nenhum gavião te rodeando”.

“Bobo!”

“Você me deixa assim” - Shaoran voltou a equilibrar o queixo na mão- “Gosto de você Sakura. Não vejo a hora de dizer aquelas palavras”. Olhou Sakura com ternura.

“Q-que palavras?”. Shaoran projetou seu corpo para frente, ficando mais perto dela, a mesa os separava. O que a deixou nervosa.

“Eu te amo”. Surpresa, mesmo vermelha, não pôde desviar dos olhares apaixonados dele. Shaoran aproximava lentamente dela.

Touya que estava de passagem, presenciou a cena: “Mas que pouca-vergonha é essa aqui?!”. Com seu grito, Kerberos pulou de susto e miou, arrepiando-se. A confusão estava instaurada.

Touya, bravo, discutia com Shaoran que dava línguas e o ignorava. Sakura com Kerberos em seus braços, se pôs entre os dois, tentava conter a cómica situação.

Fujitaja deixou de ler o jornal ao escutar os gritos do filho e a voz aflita de Sakura.

Voltou a sorrir. Olhou para a foto da falecida esposa: “Nadeshiko, me ajude com Touya, por favor”.

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         Músicas do capítulo (ESCUTEM! ^^):
        1ª música:
 Kimi Ja Nakya Dame Mitai - Oishi Masayoshi: https://www.youtube.com/watch?v=mhY_fS-mlQ0 
       2ª música:
   Kimi, Meguru, Boku - Hata Motohiro: https://www.youtube.com/watch?v=_K49YVcyziQ 

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Kareshi: Namorado.


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Notas finais do capítulo

Oláá para todos! Sumida, por muitos motivos, ruins, infelizmente. Mas decidi terminar o que comecei. Mas o que importa é que 2017 chegou.

Feliz 2017!
Kissu´s! =*



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