Apesar de ter passado por aquele sufoco, eu até que gostei, porque eu não ia conseguir aguentar mais um segundo com aquelas chatas. O meu maior desejo foi voltar para casa e ficar o tempo que pudesse com os meus amigos e minha família.

No dia seguinte, eu acordei sentindo-me feliz por estar em casa e liguei o som do meu quarto deixando-o no máximo tocando uma música bem animada e fiquei dançando como uma louca. Foi bem divertido. Depois disso eu arrumei minha cama, fui até o banheiro, escovei os meus dentes, fiz minhas necessidades matinais e tomei um banho.

— Nina, tem visitas para você filha. Exclamou a minha mãe.

— Está bem, já estou indo. Respondi me secando.

Eu me vesti, sequei o meu cabelo com o secador e o penteei para deixa-lo apresentável, até porque não é todo o dia que a gente recebe visitas, não é mesmo?! Passei uma maquiagem bem fraquinha, sai do banheiro e desci as escadas correndo, pois estava curiosa para saber quem era. Assim que cheguei à sala, vi que eram as minhas amigas, o Leo e a mãe dele.

— Amiga! Que bom que está bem. Disse a Thayane vindo me abraçar com a Bianca e a Luana.

— Graças a Deus, meus pais e o meu celular que estava no meu bolso no momento certo e o frentista que me tirou daquele banheiro maldito. Respondi sentindo-me aliviada.

— Será que eu também posso abraça-la, ou vocês vão ficar grudadas para sempre nela? Perguntou Leo sarcasticamente.

Elas me soltaram revirando os olhos e fazendo cara de tédio, ele sabia como nos fazer sentir raiva dele. Ele veio até mim sorrindo e me abraçou de um jeito que, eu não sei, acho que ninguém já havia me abraçado assim, de um jeito tão carinhoso, protetor e sei lá... Foi bem estranho vir logo dele, um gesto tão bom e agradável como esse. Fez-me sentir melhor do que eu já estava o que era maravilhoso. Soltamo-nos devagar e ficamos um sorrindo para o outro como dois idiotas, até que ele meio que despertou e disse:

— Ah, o livro que te falei — E mostrou-me a capa, era um livro de aventura e mistério, pelo menos não era um gibi.

— Nossa! Leo... Vejo que está mesmo evoluindo. Falei surpresa.

— É... Eu percebi que esse lance de ler é maneiro e resolvi comprar esse livro, ele é legal, já estou na metade dele. Disse ele sorrindo e olhando para o livro.

— Eu fiquei até curiosa, depois me empreste, porque eu quero ler. Ele parece ser muito bom. Confessei.

— E é bom mesmo, você tem que ler. Disse ele.

— Tá, agora vocês vão mesmo ficar falando desse livro para sempre? Perguntou a Bianca.

Ficamos rindo e a mãe dele veio até mim e me abraçou dizendo:

— Eu sabia que aquela garota não era boa coisa, mas não esperava que fosse capaz de fazer isso. Estou feliz por ver que você está aqui e está bem, não é mesmo.

— Concordo, mas cria de cobra, cobra é. Respondi.

E todos ficaram rindo. Acho que depois que meus pais perceberam que todos já estavam lá há um bom tempo e não pareciam querer sair tão cedo de lá, resolveram fazer um almoço com cardápio especial, o meu prato favorito que é macarrão com almôndegas, sei que é simples, mas eu amo demais. A mãe do Leo e minha mãe fizeram o almoço, enquanto eu e minhas amigas colocamos a fofoca em dia, até porque ficamos três dias sem nos vermos e rolaram muitos babados nesses dias. O Leo ficou sentado no sofá conversando com o meu pai, enquanto eles assistiam Stock Car. Eles conversavam tanto, mas por estar um pouco longe deles, eu não conseguia ouvir nada do que diziam. Nós dois ficamos trocando olhares, apesar de eu os julgar discretos, todos pareceram perceber... Todos mesmo. Teve um momento em que a minha mãe me pediu algo, mas por estar tão distraída, eu nem me liguei, não ouvi mesmo.

— Amiga você não vai mesmo fazer o que a sua mãe falou? Perguntou a Bianca.

— Hã? Perguntei ainda perdida naqueles olhos.

— Gente, é sério agora, isso já está mais que na cara. Será que dar para vocês dois se controlarem ou se devorarem logo de uma vez... Cara, você está aí há um tempão desligada de tudo só olhando para ele e ele parece está do mesmo jeito. Poxa, já está demais já. Reclamou a Luana.

— O quê?! Nada a ver gente — Respondi despertando-me ao ouvir tudo o que a Luana disse — Eu não estou nem olhando para ele... Eu ouvi tudo o que vocês me disseram.

— Sério?! Diz aí então, o que sua mãe te pediu para fazer? Perguntou a Thayane.

Droga! Elas me pegaram, eu nem sabia que minha mãe tinha me chamado.

— Ah... É isso o que vou ver. Respondi indo rápido até a minha mãe.

Assim que cheguei até a minha mãe, sussurrei:

— Você me chamou mãe?

— Poxa, depois de horas você resolveu vir e ainda me faz essa pergunta? Vamos lá, pegue a travessa que está lá ali no armário, por favor?! Pediu ela fazendo o molho da almôndega.

— Está bem, já vou. Respondi indo até a sala de jantar, onde ficava o armário que minha mãe guardava todas as suas travessas.

Assim que cheguei lá, abri o armário e peguei a travessa. Quando fui fechar, o Leo estava ao meu lado, escondido atrás da porta e me deu um susto. Eu fiquei meio em choque e em seguida, coloquei a travessa na mesa e o enchi de tapas. Ele ficou rindo e tentou me segurar dizendo:

— Para! Esses seus tapas estão ardendo muito.

— E é para arder mesmo, seu chato! Exclamei ainda batendo nele.

Ele conseguiu me segurar e me girou contra o armário. Eu fiquei olhando para ele sem dizer nada, somente esperando para ver o que ele iria fazer, até que ele veio com tudo para cima de mim, roubando-me um beijo de um jeito bem... Sei lá, eu confesso que perdi o fôlego com aquilo. Foi sensacional! O que ele tinha de chatice, tinha dobrado de pegada... O que era aquilo?! Ele pegou na minha cintura e eu na nuca dele e fiquei puxando de leve o cabelo dele. Acho que cada vez mais, sem perceber, nós dois estávamos mais próximos. Era como se houvesse um ímã, uma ligação entre a gente... Eu não sei! Só sei que quanto mais eu o beijava, mais eu queria beijá-lo. Do nada começamos a ouvir algumas pessoas pigarrearem e paramos o beijo para ver, quando olhamos na direção da sala, minhas amigas estavam lá nos olhando e rindo para a gente, ou da gente. Eu fiquei tão constrangida que ri de vergonha, encostando minha cabeça no peito esquerdo dele e ele me abraçou. Parecíamos namorados. Nós nos olhamos sorrindo e eu mordi de leve os meus lábios.

— Crianças, o almoço está pronto! Nina eu preciso da travessa filha. Disse a minha mãe a pegando na mesa e olhando para mim e para o Leo sorrindo, como se aprovasse o que estava rolando entre a gente.

Soltamo-nos e fomos até a cozinha pegar nossos pratos para almoçarmos. O meu pai não sabia de nada, mas me olhava como quem diz: “Estou de olho”. Eu e minhas amigas arrumamos a mesa e todos nos sentamos e fizemos nossa refeição. Foi tão bom poder estar com parte das pessoas que mais gosto no mundo, coisa que eu nunca imaginei que fosse acontecer assim e aconteceu. Parecia mais que era natal e estávamos ceando juntos, foi legal, pois todos estavam felizes e conversávamos, riamos e zoávamos todos juntos. Foi um dos melhores dias da minha vida, mas era justo depois daquele sufoco, eu ter um dia de paz e alegria com as pessoas que amo.

Depois daquele dia, eu e minhas amigas passeamos muito juntas. Fomos à praia, ao shopping, cinema, festas e tudo mais. Essas férias foi umas das melhores que já tive em toda a minha vida. Sem tirar o fato de que eu e o Leo estávamos meio que ficando, mas nada muito sério, até porque eu amava estar com as minhas amigas e ele também curtia bastante a galera dele, mas não tinha um dia em que nós não brigássemos e acabássemos nós reconciliando rapidamente com beijos e abraços. O melhor de tudo é que em todos aqueles dias, eu não tive sequer notícias da Natasha.