Elementary, my loved Joan escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 2
Capítulo 2 - A bala perdida




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Capitulo 2 – A bala perdida

Não queria dar o braço a torcer cedendo à conversa com Kitty no outro dia, mas alguma estranha intuição o levou a levantar-se cedo naquela manhã e caminhar até o apartamento de Watson, deixando para Kitty, dormindo, apenas um bilhete com “volto logo”.

Caminhou calmamente, sem saber ao certo o que iria fazer. E por mais que quisesse negar com todas as suas forças, ele sabia que não era a parceria que lhe faria falta naquela época, era ela, e continuava fazendo agora. Ela havia lhe dito quando se sentira desanimado com o programa de reabilitação que se fosse ajuda-lo ela estar por perto ela poderia voltar, ao menos por enquanto, mas teimoso como sempre fora, havia recusado, embora ainda assim ela tivesse dormido lá algumas noites, o que ainda o deixou aparentemente inalterável, mas imensamente feliz por dentro. Apesar de que agora ele pensava que Kitty havia percebido, e era grato por ela não falar nada disso com Joan.

Ficou tão perdido em sua mente que quando notou já estava há alguns minutos parado na frente da porta dela. Checando as horas, percebeu que ainda eram seis e meia da manhã. Considerou ao menos uma vez na vida deixa-la dormir mais, mas deu de ombros e ergueu a mão para bater na porta, pensando no segundo seguinte que chamaria atenção dos vizinhos nos outros apartamentos, e decidiu-se por outro método.

Joan estava cochilando calmamente entre os cobertores em sua cama. Havia acordado antes do despertador, às vezes acontecia, mas não tendo Sherlock por perto para perturbá-la, tomou a decisão de continuar ali. Quase caía no sono de novo, quando um barulho estrondoso de metal colidindo quase fez seu coração sair pela boca. Sua primeira e instintiva reação foi puxar o cobertor sobre a cabeça e tapar os ouvidos. Depois sentiu medo. Aquilo não parecia algo caindo na cozinha, então lhe ocorreu a hipótese mais óbvia e sentiu uma fúria crescer dentro de si, espiando fora do cobertor e vendo alguém consideravelmente alto e familiar perto de sua cama.

– Bom dia, Watson! Tomei a liberdade de alimentar Clyde com a alface que encontrei na geladeira – ele falou sem remorso algum, segurando duas tampas de panela, uma em cada mão.

– Invadiu meu apartamento às seis e meia da manhã pra fazer isso?!! – Ela perguntou quase gritando.

– Estava entediado. Nenhum caso hoje.

– É uma pena pra você. Vou voltar a dormir. Até mais.

Ela voltou a esconder-se entre os cobertores. Ele ficou ali parado, não se importaria de ficar observando-a dormir. Ela era linda até dormindo, mas tentou focar-se em seu objetivo principal, ouvindo Joan inspirar profundamente tentando se controlar quando ele caminhou para o outro lado da cama e se ajoelhou ao lado dela, puxando o coberto de cima de seu rosto.

– O que você quer?! – Ela perguntou – Quer ficar me vendo dormir? Brincar com Clyde? À vontade, só não me acorde pelos próximos sessenta minutos.

– Na verdade...

Nesse instante ela ficou preocupada, Sherlock nunca demorava tanto para continuar uma frase.

– O que tá acontecendo? – Perguntou, agora mais calma, e num tom acolhedor – Como eu posso te ajudar?

– Na verdade, Watson... Não estou em nenhum risco de recaída ou desanimação com o programa.

– E o que foi?

– Um considerável tempo já se passou desde determinados acontecimentos desagradáveis em nossas vidas. E embora saiba que vai querer me expulsar daqui se eu tornar a falar deles, devo dizer que ainda acredito que desistiria de se mudar com o tempo se certas coisas não tivessem acontecido conosco.

Ela piscou confusa, tentando ver aonde ele queria chegar.

– Kitty é uma parceira e amiga maravilhosa, mas eu reconheço que não era só da nossa parceria que eu sentia falta. Em todos os sentidos, eu sou melhor com você.

Ela prendeu a respiração por um segundo e arregalou os olhos em surpresa, sentindo o rosto esquentar, esperando por mais alguma palavra.

– Volta pra casa.

Longe de ser uma ordem, aquilo foi um pedido gentil e verdadeiro. Poucas vezes escutara Sherlock falar daquele jeito e olha-la tão profundamente. Lembrou-se de quando estavam em meio a toda aquela confusão com Mycroft, e ele lhe pediu desculpas por ter invadido sua privacidade. Ela respondera friamente que apesar daquelas palavras gentis, ele só pedia desculpas após conseguir o que queria. Mas agora não havia nada realmente a ser desculpado, ele não fizera nada de errado. Nada mais era do que problemas antigos mal resolvidos entre eles.

– Já falamos sobre isso mais vezes do que o necessário – ela respondeu tentando esconder o quanto ficara balançada com o pedido.

– Prometo não mergulhar nos crimes o tempo todo. Sem fotos, sem painéis, sem mexer nos meus cadeados, sem hipóteses fora de hora, anotarei todas.

– E seus experimentos malucos espalhados pela casa?

Ele fez uma careta ao pensar nisso. Joan quase riu, mas conseguiu se conter.

– Quanto a eles eu não posso prometer, mas prometo avisar. Posso até te deixar dormir mais de vez em quando.

– Ter uma garantia disso seria ótimo.

– Podemos relaxar em alguns momentos usando a TV de maneira normal. Eu, você, Kitty e Clyde assistindo Frozen.

Dessa vez Joan morreu de rir, não conseguindo se conter por longos segundos, notando um sorriso formar-se no rosto de Sherlock também.

– Gosta de filmes infantis da Disney? – Ela questionou realmente surpresa.

– Não na verdade... Mas não consegui mais tirar isso da cabeça depois daquela vez. E às vezes uma canção irritante chamada... Let it go não sai dos meus pensamentos.

Ela quase chorou de tanto rir lembrando-se do dia em que Sherlock aparecera com um vestido rosa de festa, e quando ela lhe perguntou do que se tratava, ele respondeu que em troca de informações do caso no qual vinham trabalhando ele gravaria vídeos de si mesmo cantando alguma coisa chamada Frozen.

– E quanto à Kitty? – Perguntou ao se acalmar.

– Eu acho que ela ficaria feliz de ter você por perto. Se tornaram tão amigas.

– Eu queria te matar quando apareceu aqui. Agora estou quase chorando e tanto rir. Como consegue fazer isso?

– Isso seria uma resposta?

– Eu não sei, Sherlock...

– Independente do que você me disser, Watson... Lembre-se que você faz uma grande diferença na minha vida. Da forma mais profunda que se possa imaginar.

Ele permaneceu alguns instantes ali, no qual os dois apenas se encararam. Sherlock levantou-se obviamente para deixar o apartamento, prometendo trancar a porta do mesmo jeito que a arrombara antes de ir, e assim o fez, deixando uma Joan pensativa e perdida no quarto.

******

Não haviam tornado a discutir o assunto por alguns dias. Kitty também não perguntou ou disse uma palavra a respeito, pelo tempo em que Sherlock ficara ausente e sem nenhum caso podia imaginar o porque. Agora estavam em perseguição a um criminoso em fuga, que tentavam encaminhar para onde Gregson, Bell e a polícia aguardavam secretamente. O homem portava uma mochila cheia de drogas furtadas de traficantes assassinados por ele mesmo para vender sozinho a mercadoria no mercado negro.

Corriam por entre os becos escuros da cidade, que apesar de parecerem um labirinto não tinham muitos caminhos e não demoraram para ouvir Gregson gritando voz de prisão e vários policiais se mobilizando para render o sujeito. Correr atrás do suspeito era uma loucura que muito raramente os consultores faziam, aquela fora uma infeliz coincidência forçada durante a investigação de um local, e dessa vez poderia ter sido fatal. Foi muito rápido, mal tiveram tempo de parar de correr e recuar. Ouviram gritos do criminoso e da polícia e tiros. Buracos surgiram nas paredes perto deles e rapidamente se jogaram para o chão. Minutos depois tudo parecia calmo e Sherlock levantou-se, sendo seguido por Kitty.

– Vamos, Watson! Tudo terminou – Falou animado, mudando seu sorriso para extrema preocupação quando ela não levantou.

– Sher...Lock – ela lutou para pronunciar com o rosto contorcido de dor.

– Watson?! – Kitty, preocupada, abaixou-se ao lado dela.

A chinesa parecia em choque, ela gritou quando tentou se mexer e caiu para o chão.

– Watson!!

Sherlock quase entrava em pânico quando se abaixou e a puxou para o colo, vendo as roupas brancas se tingirem de sangue na lateral direita de seu corpo. Kitty arregalou os olhos, quase ficando muda em espanto e sua respiração descompassou. Ela levantou-se e gritou desesperada por Gregson e Bell, correndo na direção da saída do beco.

– Tenha cuidado! – Sherlock gritou para ela e em pouco tempo podia ouvir passos apressados em sua direção – Watson! – Tornou a chamar, querendo que ela reagisse – Joan!!

Viu os olhos dela se fecharem e sentiu um frio terrível lhe percorrer por dentro quando Kitty voltou com a ajuda.


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