Elementary, my loved Joan escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo 1 - Um mundo fora dos crimes




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Capítulo 1 – Um mundo fora dos crimes

O trio caminhava de volta para o sobrado após mais um caso solucionado. Sherlock para enlouquecer de tédio até se deparar com um novo crime para resolver, Kitty só queria descansar um pouco e Watson para pegar as coisas que havia deixado lá antes de saírem correndo com o chamado do capitão Gregson. Ao entrarem, Sherlock se jogou no sofá enquanto Joan se dirigia até a mesa cheia de coisas espalhadas.

– Não querem chá? – Kitty perguntou indo para a cozinha.

– É claro que sim – Sherlock respondeu imediatamente, como era de costume.

– Obrigada, Kitty, mas já estou voltando pra casa. Quero descansar, e esse caso exigiu muito de todos nós. Clyde deve estar querendo mais atenção agora.

– É bom que tenha levado Clyde com você. Deve ser muito solitário, Watson.

Joan o olhou desconfiada, sabendo que aquela era mais uma das provocações dele por ela ter saído. Alguém que não conhecesse bem Sherlock diria que ele estava sendo maldoso se referindo à morte de Andrew, mas Joan sabia que ele jamais faria algo para feri-la ainda mais se tratando disso, até mesmo porque Sherlock e Andrew eram bons amigos. O consultor sabia do quanto ela havia sofrido com aquilo, especialmente porque ela devia ter morrido. Andrew a salvara por acidente. E só Deus imaginava o quanto Sherlock ficara desesperado ao saber que ela, Watson, podia ter sido morta naquela noite.

Agora que um bom tempo havia passado, ela ainda se sentia triste, mas muito mais disposta em seguir em frente. Terminando de recolher suas coisas sob o insistente olhar de Sherlock, Watson se despediu de Kitty, que apareceu rapidamente na entrada da cozinha e acenou com um sorriso. Quando encarou os olhos azulados do famoso consultor ele ainda a olhava sem nada dizer, isso não era raro nem estranho, mas Joan sempre se perguntava o que se passava na cabeça dele nesses momentos. Mesmo após anos nem sempre tinha ideia do que podia ser.

– Até mais, Sherlock – lhe disse com um leve sorriso e seguiu para a porta.

– Até logo, Watson – ele disse simplesmente.

Ao ouvir a porta se fechar, Kitty reapareceu, apoiando-se na parede e observando Sherlock com um sorriso curioso.

– O que acha engraçado?

– Nada... – ela tentou se esquivar.

– Sabe que vou insistir até você se cansar. Pode ficar acordada a noite toda comigo perguntando.

Ela o olhou como se estudasse suas expressões a fim de saber a veracidade do que ele acabara de afirmar e lembrou das incontáveis vezes em que, segundo Watson, Sherlock a acordara das maneiras mais imprevisíveis e menos adequadas possíveis. Sim, ela passaria a noite em claro se não falasse.

– Sua expressão corporal me diz que teme falar do assunto por se tratar de algo pessoal referente a mim – ele jogou as palavras com um olhar desafiador, se balançando nos calcanhares como costumava fazer quando estava inquieto ou ansioso.

Kitty ergueu uma sobrancelha um tanto surpresa com a rapidez da dedução. Mesmo após tanto tempo trabalhando com Sherlock e já o conhecendo bem, aquele estranho poder que ele parecia ter ainda a pegava de surpresa às vezes.

– Estava brincando, não vou forçar você a falar. Assim como respeito Watson, respeito você. Quando quiser dizer, eu ouvirei.

Ele dizia a verdade, mas Kitty queria testá-lo e o único jeito seria provoca-lo, o que a levou a seguir em frente.

– Watson...

– É sobre a Watson? O que você poderia ter pra falar? Se tornaram muito amigas, até rápido demais depois de um começo turbulento com direito a uma perseguição e uma luta no meio da rua.

– A culpa é sua, você me mandou estuda-la – a ruiva respondeu com autoridade, mas sem levantar a voz ou parecer arrogante.

O consultor ficou um instante em silêncio. Kitty era o tipo de pessoa que o respeitava não só como seu protetor e mestre, ela parecia o tipo de jovem que sabia respeitar os mais velhos, nunca levantando a voz ou se mostrando rebelde quando um novo conhecimento lhe era apresentado. Sherlock gostava disso nela e achava uma característica surpreendente para alguém tão jovem com um passado sombrio como o dele e de Watson. Mas ela também sabia dizer a verdade sem cerimônia. Sherlock também gostava disso quase sempre. Voltou de seus pensamentos alguns momentos depois diante do olhar de Kitty, que esperava ele voltar de seus devaneios.

– O que Watson tem a ver com isso? – Ele tornou a questionar.

– Algum tempo atrás você parecia mal. Ela andou dormindo aqui. Também acho que a presença dela é importante pra te ajudar.

– Obrigado por opinar quando não perguntei – ele disse de imediato, fazendo uma pausa.

A garota sabia que ele não queria ser grosseiro, falava sem pensar quando ficava nervoso, o que provava que sua suposição estava certa. Joan não apenas o ajudava a se manter sóbrio, o deixava tranquilo, equilibrado emocionalmente e feliz, por mais que ele não admitisse. E provavelmente muito mais do que isso. Quando Kitty chegou muita coisa já havia acontecido ali e ela já ouvira em conversas sobre Watson sofrer um sequestro e ameaças de morte antes de deixar o sobrado. Tudo culpa de mil e uma armações da máfia e de um tal de Mycroft, que diziam ser irmão de Sherlock, e que trabalhava na Inteligência Britânica. Ela não sabia muito mais que isso, mas também ouvira o capitão Gregson e detetive Bell conversarem certa vez sobre como Sherlock ficou louco quando a chinesa sumiu, desesperado a ponto de agredir o irmão, torturar um dos envolvidos psicologicamente, e quase chorar, coisa que segundo Watson ele só havia feito com a perda de um grande amigo, e mesmo assim, sozinho. Kitty nunca comentara nada disso com Sherlock. Apesar do detetive ser tão genial e seguro, também parecia muito frágil e não queria arriscar machuca-lo com nada disso.

– Me desculpe por isso – ele falou.

– Tudo bem – esperou que ele dissesse mais alguma coisa – Se está pensando em como eu lidaria com isso... Watson é uma grande detetive e pessoa. Eu ficaria feliz em trabalhar com ela por perto por mais tempo e talvez ter alguém pra conversar sobre algo que não se trate de crimes uma vez ou outra. Mas independente disso, a questão é que ela é importante pra você, muito mais do que você quer admitir. Por que não a chama de volta?

– Você é uma excelente companhia, Kitty, também me ajuda a me manter sempre no foco. E também se preocupa comigo, bem como eu me preocupo com você.

A garota lhe mostrou um sorriso sincero e radiante, mas tornou a argumentar.

– Sinceramente eu fico muito feliz e grata em saber disso, mas não é a mesma coisa. Naturalmente nós somos de mundos diferentes. Você sente falta da companhia dela.

– Eu pedi pra ela ficar, mas ela insistiu que precisava de uma vida fora disso. Vejo que você pensa do mesmo jeito da Watson. E confesso que fico feliz que ela tenha me feito colocar os pés no chão e deixar que você possa ter o seu tempo longe dos crimes também, mesmo ainda morando aqui.

– Não acha que valeria a pena fazer o mesmo de vez em quando? Ela é uma parte importante do seu mundo.

– Novamente obrigado por deduzir todos os meus sentimentos por mim – ele falou e seguiu para a sala.

Kitty riu silenciosamente, sabendo que mais uma vez estava certa, pois o havia deixado sem jeito. Voltou para a cozinha para terminar de preparar o chá e os dois não tocaram mais no assunto pelo restante do dia.


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