A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 40
Capítulo 26




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Chegou o dia! A partir de hoje nos tornaremos soldados de verdade. Mal posso esperar por isso. É o fim das aulas com Alexandre, dos treinamentos pesados, das torturas, etc.

A partir de hoje, não iremos mais morar nos nossos alojamentos, ganharemos quartos para dividir com um grupo. Combinamos eu, Carol, Danilo e Eric de dividirmos o mesmo quarto já que nos conhecemos e somos amigos, isso se continuarmos todos aqui. Porque logo depois da formatura saberemos onde trabalharemos. Se cuidaremos de alguma cidade, se permaneceremos aqui no quartel e em qual função. Eu espero permanecer aqui ou ir de volta para minha cidade, o que eu acho muito difícil.

Sinto falta dos meus pais, não com tanta intensidade que eu sentia no começo. Agora já estou mais acostumada, mas, mesmo assim, sinto saudades deles. Queria saber como eles estão, poder visitar minha antiga casa, por pelo menos, um dia, mas não sei se isso algum dia será possível.

Os militares não são proibidos de visitar a família, mas Crytur é muito longe da capital e temos apenas um dia de folga que poderíamos usar para visitas. Então se eu continuar no quartel essa hipótese está descartada. Mas eu queria muito que eles estivessem presente em minha formatura. Queria que vissem como eu tinha conseguido, tinha me tornado uma militar, apesar de todas as dificuldades. Aposto que eles iriam notar grandes diferenças em mim, principalmente no meu físico, que está muito mais forte e cheio de músculos, além de meu cabelo, que agora vive preso em um coque. E também algumas diferenças sutis na minha personalidade. Eu não mudei muito, não me tornei uma militar fria e sem coração, mas estou menos sentimental que antes. Agora consigo controlar minhas emoções muito melhor, além de estar mais independente e madura.

Ontem passamos quase o dia todo tomando injeções e vacinas contra todo o tipo de doença que existe no mundo. Essa poderia ter sido uma tarefa fácil, não fosse por termos sido obrigados a ficar todo tempo em que esperávamos pela vacina, em pé e imóveis, em posição de sentido. E tínhamos que esperar um bom tempo entre uma vacina e outra, sem poder conversar com ninguém ou se mexer. Foi bem estressante. Principalmente para Danilo, que muitas vezes descumpriu as regras e levou alguns xingamentos. Uma hora, inclusive, Júlio passou por lá e Danilo foi na direção dele, pedindo para que o tirasse dali, mas Júlio só repreendeu o irmão por não cumprir a tarefa corretamente e depois falou que não podia fazer nada e Danilo teria que permanecer ali até o fim, Danilo voltou pro seu lugar derrotado e tentou ficar o mais parado que conseguia. De certa forma, a cena toda foi até engraçada.

Nossa formatura aconteceu em uma área aberta do quartel, que tinha uma grande arquibancada onde todos os militares do quartel lá estavam para assistir, e um palco, para onde teríamos que ir.

Ensaiamos ontem a noite e hoje cedo, uma entrada muito bem organizada, onde marchávamos e nos colocávamos em várias posições com nossas armas. Era uma clara exibição de disciplina e organização.

Depois de nossa entrada, subimos ao palco e como em outras formaturas que eu havia visto em filmes e na TV, sentamo-nos um ao lado do outro, enquanto os chefões do quartel e nossos professores estavam sentados em uma mesa grande, de frente para a arquibancada. As únicas pessoas lá que eu conhecia eram Alexandre, Júlio e Thomas, que não entendi porque estava lá, já que não tinha sido nosso professor de verdade, apenas tinha ajudado os outros. Todos estavam com uma farda diferente da convencional, mais escura, com ombreiras e várias medalhas no peito. Muito elegante. Principalmente Júlio, que a farda tinha destacado ainda mais seus traços marcantes e fortes, e seus músculos. Ele parecia ainda mais imponente e autoritário do que o comum.

Nós, em compensação, estávamos vestidos como todos os outros dias, com nossas fardas comuns. Nem ao menos meu cabelo estava me ajudando a ficar um pouco melhor, já que estava preso em um coque.

O cara sentado mais à esquerda na mesa, levantou-se e foi para um palanque no centro do palco e começou com um discurso interminável com palavras difíceis que eu não entendi metade. Era incrível como todos os superiores gostavam de falar complicado, talvez quisessem mostrar-se melhores até no conhecimento de vocabulário. Também era estranho não conhecermos ele e os outros dois sentados na mesa junto com nossos professores. Isso era uma falha no nosso ensino. Fomos apresentados aos nossos governantes, mas esqueceram de nos apresentar nossos superiores aqui no quartel.

Os outros dois caras, também fizeram longos discurso que eu nem me dei ao trabalho de prestar atenção. Meu olhar e meus pensamentos ficaram vagando. Observei os militares sentados nas arquibancadas, a maioria homens, fortes e com cara de mau. As poucas mulheres, eram muito parecidas com homens também, com cabelos curtos, costas largas, muito musculosas e expressão rígida. Aquele era o meu futuro. Deixar de lado toda a minha vaidade, e dedicar minha vida, aos propósitos militares.

Fiquei feliz por os discursos terem acabado, e meus professores não terem falado, também. Já estava cansativo demais aquilo. Em seguida, como em uma formatura convencional, um aluno foi nos representar lá no palanque durante o juramento. É claro que esse aluno foi o melhor da nossa turma: Danilo. Pela primeira vez, eu vi como ele se parecia mesmo com todos os outros caras. Seus muitos músculos, seu rosto sério, sua voz grossa. O bom era que pra mim que o conhecia de verdade, sabia que ela era diferente, divertido, alegre e quando sorria parecia o menino de 18 anos que ele era.

Juramos proteger a todos, obedecer nossos superiores, obedecer as regras do país, nos dedicarmos ao máximo por nossas funções e deixarmos ser mandados pelos governantes. E depois disso acabou. Achei que fossem nos chamar um por um para ganharmos um diploma ou algo assim, mas não. Depois do discurso, Danilo voltou a seu lugar e dois canhões soltaram tiros e fim.

Os representantes da outra mesa, desceram do palco e saíram. As pessoas da arquibancada também começaram a sair. Nós ficamos lá olhando tudo, sem entender se tinha acabado mesmo. Por fim percebemos que sim e começamos a nos abraçar, se parabenizando. Estávamos feliz por ter concluído. Era o fim de uma etapa que tínhamos enfrentados juntos. Aquela era uma vitória nossa.

Terminado os abraços, Alexandre apareceu e disse que tinha acabado e que por hoje ainda dormiríamos em nosso dormitório todos juntos. E que estávamos liberados.

Achei que fosse ter alguma festa ou alguma coisa assim depois da cerimônia, mas não teve. Fomos para o dormitório, colocamos roupas pessoais, eu soltei o cabelo (Ufa!) e ficamos o resto da noite conversando sobre nossas expectativas para o que viria a seguir. Nessa próxima fase, depois de formados.


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