A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 38
Capítulo 25




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Dois guardas entraram primeiro na sala e olharam de um por um de nós, analisando todo o espaço, depois foram para o fundo da sala de reunião, e fizeram um sinal em direção à porta.

Entrou na sala um casal, ambos da mesma altura, e muito parecidos. Os dois tinham estatura média, eram muito magros e os cabelos loiros eram muito claro. O cabelo dele ia até o queixo, enquanto o dela, escorria como uma cortina, perfeitamente alinhada até a cintura.

Alexandre e Thomas se colocaram de joelhos logo que viram o casal, que era seguido por mais dois guardas.

– Vossas excelências... - exclamaram os dois em coro.

Rapidamente meus colegas se ajoelharam e eu fiz o mesmo, todos repetimos as mesmas palavras que nossos instrutores haviam falado.

Os dois governantes, sentaram-se um ao lado do outro, parecendo entendiados e sem nenhum momento parecerem notar a nossa presença. Os dois guardas que entraram com eles, permanecerem de pé atrás de suas cadeiras.

– Desculpem a falta de educação dos meus alunos, excelências — Alexandre fez uma leve reverência ridícula em direção ao dois. Ele, agora estava de pé, perto da ponta da mesa. - Soldados, sempre que estiverem na presença de nossos governantes, vocês deverão se ajoelhar e os saudar. Agora permita me apresentar nossos magníficos governantes: A excelentíssima Margareth Fischer — ele apontou para a mulher que deu um leve sorriso, sem olhar para nenhum de nós, e em seguida para o homem, que permaneceu com o rosto inalterado — e o excelentíssimo Golt Fischer. E ainda temos o excelentíssimo Milton Vonth que deve estar ocupado com assuntos mais importantes.

– Obrigada pela apresentação, sargento — falou a mulher, com uma voz fina e doce. Ela não parecia capaz de governar um país. Parecia mais alguma estilista de moda, com seus traços delicados, sua aparência marcante e seu jeito esnobe. - Deixe-me dizer algumas coisas para essas crianças.

– Sinta-se à vontade excelentíssima.

– Crianças, vocês devem estar muitíssimos impressionados com a oportunidade de nos conhecer pessoalmente. Creio que é uma honra sem limites para vocês e que nunca esquecerão desse grande dia — ela deu um sorriso radiante e dessa vez começou a nos olhar — Falo aqui, em meu nome, em nome de Golt e em nome de Milton. Também nos sentimos bem por ter vocês aqui, conhecendo nosso posto de trabalho e moradia. É aqui onde dedicamos nossas vidas e o nosso melhor pelo nosso povo e pelo nosso país.

Quanta falsidade. Duvido muito que eles se importassem e se dedicassem tanto por todos, como ela estava dizendo. E além do mais, seu jeito petulante e superior demonstrava que ela não estava tão feliz assim em nos ter ali. Seu irmão tinha a mesma opinião, pelo jeito, pois estava sentado na cadeira fitando um lugar qualquer, sem se importar com o que acontecia ao redor.

Olhei para todos a minha volta e todos olhavam para Margareth impressionados. Não saberia dizer se era por sua beleza ou por seu poder.

– Esperamos que vocês façam o mesmo depois de formados. - ela continuou seu discurso. - Dediquem suas vidas pelo melhor de nosso país, protegendo a todos e obedecendo a tudo que lhes ordenamos, sem nenhuma objeção. Tenho certeza que isso acontecerá e nossa Tazur se tornará um lugar cada vez melhor.

Ela terminou o discurso tão motivador e relaxou em seu lugar, enquanto todos batiam palmas emocionadas em sua homenagem. Quando as palmas terminaram, Margareth olhou para o irmão e falou em voz mais baixa do que a usada anteriormente:

– Você quer falar alguma coisa, Golt?

– Eu quero é ir para meus aposentos. Não gosto nada disso. Devia ter feito como o Milton e não ter aparecido aqui. Eles não merecem a minha presença- ele reclamou com desdem, e todos nós acabamos escutando.

Margareth deu de ombros, não se importando que nós tivéssemos escutado:

– Muito bem. Antes de me retirar, gostaria de conversar e analisar um pouquinho as soldados. Peço que os demais esperem lá fora. Vou ser rápida.

O que ela queria conversar apenas com as mulheres?

Golt foi o primeiro a levantar e sair da sala, seguido por dois guardas. Depois Alexandre e Thomas se levantaram, imitados por todos os meus colegas masculinos.

– Se comportem soldados. Lembre-se que estão diante de nossa governante e não envergonhem o quartel — alertou Alexandre, olhando com cara feia para cada uma de nós que permaneceu sentada. Antes que eles pudessem sair, vi Danilo olhando pra mim e pra Carol com o rosto preocupado. Dei um leve sorriso para tranquilizá-lo e depois não o vi mais.

Tinham sobrado apenas 4 meninas na sala, além de Margareth e de dois guardas, o que estava atrás dela e um que estava no fundo da sala. Eu e as meninas trocamos olhares nervosos, enquanto esperávamos a explicação por Margareth querer conversar apenas com nós.

– Soldados, gostaria de conhecer um pouco cada uma de vocês. Gostaria que fizessem uma fila em minha frente para que eu pudesse lhes fazer algumas perguntas.

Isso soava estranho. Porque ela teria interesse em nos conhecer? Não éramos apenas brinquedos que obedeciam as suas ordens? Ou ela como mulher gostaria de nos incentivar e nos conhecer, porque éramos poucas dentro do quartel? Eu tinha esperanças que ela explicasse isso logo.

Formamos uma fila em sua frente, eu fui a penúltima, na frente de Carol. Trocamos apenas olhares confusos enquanto esperávamos e tentávamos escutar sem muito sucesso o que Margareth perguntava as outras soldados.

Quando chegou a minha vez, me coloquei em frente a ela, que permanecia sentada de pernas cruzadas, com seu guarda atrás de si. Ela me analisou dos pés a cabeça antes de fazer a primeira pergunta:

– Qual o seu nome?

– Liss Deboch, excelência. - minha voz saiu calma, doce e educada como eu queria, juntamente com um leve sorriso simpático. Eu não gostava deles, nossos governantes, mas sabia que teria que tratá-los adequadamente se não queria arrumar confusão.

Ela anotou alguma coisa em um pequeno caderno.

– Quantos anos você tem?

– 18.

– E você veio de qual cidade?

– Crytur. Uma cidade de indústrias.

– Conheço. Agora dê uma volta paulatinamente para eu lhe analisar.

Comecei a girar, meio envergonhada por saber que a governante do meu país, estava analisando meu corpo. Cada vez essa situação ficava mais estranha e confusa. Quando terminei olhei para ela esperando mais perguntas, mas ela apenas me dispensou.

Eu ainda achava ridículo fazer uma reverência como se eles fossem reis e nos vivêssemos nos tempos medievais, mas achei que seria educado da minha parte fazer isso, então enquanto me ajoelhava disse:

– Muito obrigada vossa excelência — e me retirei, enquanto ela fazia mais anotações em seu caderninho.

Quando já havíamos saído do palácio do governo e caminhávamos o curto caminho até o quartel, Thomas veio em direção a mim, Carol e Mônica, que andávamos lado a lado:

– O que Margareth queria com vocês?

– Não entendi — respondeu Carol e desviou dele seguindo caminho.

– Como assim? Ela não falou nada com vocês?

– Só disse que queria nos conhecer. Mas não explicou o porquê. E ela fez perguntas para cada uma de nós e pronto. - falei, tentando me livrar dele também.

– Que tipo de perguntas?— não conhecia esse lado tão curioso de Thomas. O que interessava tanto isso para ele?

– Pra mim ela perguntou meu nome, idade e de onde eu tinha vindo — achei melhor deixar de fora que ela havia me pedido para dar uma voltinha para analisar meu corpo. Ele pareceu decepcionado com a minha resposta. - O que você esperava?

– Nada. Sigam caminho, soldados. - Thomas ordenou para mim e Mônica e saiu da nossa frente nos deixando continuar.

Mônica deu uma olhada para ele quando saia e depois comentou comigo:

– Esse cara é louco.

– Também acho. - concordei.

Já no dormitório os meninos vieram com tudo pra cima de nós, querer saber o que a governante queria. Explicamos que só queria nos conhecer e não havia explicado o porque e eles pareceram confusos como nós. Descobri que Margareth havia feito as mesmas perguntas para todas, e também tinha mandado dar uma rodadinha para olhar seus corpos. Passei uma boa parte da noite, me revirando na cama, tentando entender o porquê daquilo.


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Notas finais do capítulo

Opiniões sobre os governantes? Ou alguma ideia sobre o que Margareth queria apenas com as soldados?



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