Que bagunça! Era o que pensava enquanto dobrava minhas roupas e as colocava dentro de uma mala. Iria ficar na casa de Chase até a formatura. Em mais ou menos uma hora ele estaria vindo me buscar. Mer e Julyan tinham me oferecido um lugar em suas casas, mas estranhamente me senti mais confortável em ficar com Chase (que as garotas não me escutem).

Depois de guardar a última peça de roupa, digitei uma mensagem para Brent, dizendo que a chave do apartamento estaria com o porteiro e fui para a sala de estar levando comigo os meus pertences.

— Mais coisa do que quando cheguei – murmurei, olhando minhas malas, lembrando que não tinha trazido tanta coisa assim do Brasil.

Sem nada para fazer, sentei-me no sofá e liguei a televisão, mas desliguei logo em seguida, já que não havia nada de interessante para ver. Loguei no aplicativo para namoros e ri ao ver minhas novas combinações. Julyan tinha excluído o aplicativo do celular dela, por não ter gostado, Meredith ainda se mantinha firme, mas só pela teimosia de não dar o braço a torcer e eu nem sabia ao certo porque eu ainda o mantinha instalado.

Deixei o celular de lado e simplesmente puxei as pernas para cima do sofá, testando posições até ficar confortável. Última vez que deito nesse sofá, falei baixinho, arrastando meu olhar para minha minúscula sala de estar. Meus olhos umedeceram e sem muita surpresa notei que estava prestes a começar a chorar. Era uma sensação tão estranha desocupar o apartamento no qual tinha vivido por tanto tempo.

***

— Ei, tudo bem? – Chase tocou de leve a minha perna, enquanto dirigia com Mary por ruas que eu desconhecia.

Balancei a cabeça e então percebi que ele estava focado demais no trânsito pra conseguir me enxergar.

— Tudo! – falei.

No banco de trás, Thor assoviou enquanto dormia e eu suspirei pensativa.

— Só tenho me sentido um tanto estranha nesses últimos dias.

Chase assentiu, mas não disse nada. Provavelmente porque não havia nada a dizer.

***

O apartamento de Chase era bem diferente do que eu esperava e isso me surpreendeu. Chase era conhecido por sua habilidade em dramatizar tudo, mas seu apartamento era muito alegre. Nada de paredes pretas ou frases depressivas rabiscadas nos espelhos.

— Tá com fome? – ele perguntou, colocando minhas malas no canto da sala.

Balancei a cabeça.

— Não.

— Estou ficando preocupado com sua falta de apetite – ele murmurou, sentando-se no sofá.

Dei de ombros sentando-me do lado dele e nós dois passamos a observar Thor caminhando desconfiado ao redor da sala. Era um ambiente estranho para ele e ele sempre ficava inquieto em lugares que não conhecia. Será que ele se adaptaria bem na minha casa no Brasil? Será que eu também me encaixaria lá como antes?

— Recebi um e-mail do meu orientador, dizendo que o resultado do meu TCC e das provas estarão no site da faculdade amanhã pela manhã e nem sei se fico para a formatura ou...

— Você realmente quer voltar para o Brasil?

Suspirei.

— Eu amo a vida que construí aqui, Chase, mas morro de saudades dos meus pais e eu... Eu simplesmente não sei – gemi.

Ficamos em silêncio.

— Amanhã eu me desligo da empresa – comentei, tentando soar casual. Não funcionou, pois Chase percebeu a angústia da minha voz e afagou meus ombros.

— Então não vá – ele disse.

Ri baixinho.

— Não é assim tão fácil. Meu visto está vencendo, já pedi demissão, não teria onde morar e...

— Então vá – ele rolou os olhos.

Dei uma cotovelada em suas costelas.

— Ah, tá.

— Você não quer ir e também não quer ficar – ele murmurou rindo. – O que você quer que eu diga?

Massageei as pálpebras suspirando.

— Eu não faço ideia.