Skeletons In The Closet escrita por OmegaKim


Capítulo 5
CINCO: Eu e ele.


Notas iniciais do capítulo

Fiquei em duvida se postava esse capitulo ou nao, se reescrevia e mudava tudo... mas eu resolvi postar pq ja tinha escrito isso desde sabado... rsrs. E tambem pq vcs essa fic alcançou Mil visualizaçoes! Ae gente. Obrigada
Pov da Katniss e boa leitura.



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Capítulo CINCO: Eu e ele.

Eu não devia ter bebido tanto ontem, é a primeira coisa que penso quando acordo. Ponho a mão na cabeça e solto um gemido de dor.

Droga, Katniss!

O som estridente do despertador é o que me alerta minimamente para que horas são. 8:40hs.

– Droga. Droga. Droga. Droga.

Me levanto o mais rápido que posso. Corro pro banheiro. Estou atrasada para o trabalho. Tomo o banho mais rápido de todos os tempos, visto a primeira roupa que encontro no guarda-roupa. Procuro minha bolsa e jogo coisas nela, que talvez eu precise. Então corro pra cozinha, pra comer uma fruta qualquer. Ir pro trabalho de estômago vazio não ia me fazer bem.

– O que faz aqui? - solto ao me deparar com Peeta na cozinha.

Ele se assusta e quase deixa cair a xícara que segura.

Jesus! - ele deixa a xícara na bancada e me olha. - Não me assuste assim.

– O que faz aqui? - repito.

Pelo que eu me lembro, Peeta deveria está no restaurante agora.

Vou até ele, pego a sua xícara abandonada e bebo o café.

– Eu dormi aqui. - diz, e pega a xícara de volta. - Te trouxe pra casa ontem.

Eu não me lembro como cheguei em casa ontem, na verdade não lembro de nada aparti do momento que eu e as garotas saímos da boate e paramos num bar qualquer na rua e pra não escutar sobre a bela história de amor de Annie com Finnick, comecei a beber.

Pego a xícara de sua mão e bebo mais café enquanto penso em como Peeta se encaixa nisso.

– Annie te ligou. - constato.

Ele assente e outra vez toma a xícara de mim.

– Sabe, eu fiz mais café. É só se servir. - o loiro começa a dá sinais de falsa irritação.

– Então, se sirva. - e pego a xícara dele. E antes que ele a pegue de volta. Bebo tudo de uma vez.

Largo a xícara vazia na pia e dou um sorriso vitorioso. Peeta me mostra a língua numa atitude muito adulta.

– Tó atrasada. - digo. - Tchauzinho e não me espere para o almoço.

Saio praticamente correndo do prédio, pego um táxi e por uma taxa extra, pago o motorista pra ir muito rápido.

Meu celular toca, o procuro dentro da bolsa e atendo.

– Alô?

Katniss! - a voz alarmada de Cinna me alerta pra um possível problema.

– O que aconteceu?

– Samantha quer desistir. - ele diz de uma vez. - Ela cancelou o bufê e está desfazendo toda a ornamentação.

Samantha é filha de um deputado famoso, que sempre está nas capas de revistas. Mimada, rica e parte da elite estadual, Samantha é bastante importante socialmente. Quando ela contratou nossa firma para organizar sua cerimônia de casamento - apesar de não ser nossa especialidade - foi um grande golpe de sorte. Um dos contratos mais valiosos que temos, eu pessoalmente tenho cuidado de tudo. Tenho feito, junto com Cinna, o trabalho pesado de escolher os detalhes, as músicas que vão tocar e etc e tal.

– Estou chegando. - digo e desligo.

Como assim ela quer desistir?!

Estamos planejando essa cerimônia a meses. Meses escolhendo tudo, cada detalhe. Tornando tudo perfeito. Ela não pode simplesmente desistir! Ia pegar muito mal pra nossa empresa e pra ela. Isso tudo sem falar do noivo, Martin Leige um magnata dono de uma rede de empresas industriais, ele não vai ficar nada feliz.

O táxi finalmente para em frente a um ao espaço que alugamos para a festa. O casamento vai acontecer na Catedral Central. Adentro no salão e logo Cinna vem ao meu encontro.

– Não sei o que fazer, Kat. Samantha surtou.

– Onde ela está?

Mas ele não precisa me responder porque já avistei-a.

Seu cabelo castanho está preso num rabo-de-cavalo impecável, sem nenhum fio solto. As roupas elegantes. Ela está mandando que a decoração seja tirada.

Vou até ela, mas não sem antes respirar fundo.

– O que pensa que está fazendo? - pergunto logo de cara. Talvez meu tom tenha saido muito rude, mas a culpa é da dor de cabeça que estou sentido. Maldita ressaca! - Largue isso! - mando para o funcionário, que o faz prontamente.

– Katniss. - diz com um certo desgosto. - Não vai mais a haver casamento. - e se vira para o funcionário. - Tire.

– Não toque nisso! - falo firme. Pego Sam pelo braço e a arrasto pra longe dali. - Você surtou?!

Tudo bem, talvez eu não devesse usar esse tipo de palavreado com uma cliente, mas Samantha tinha um jeito único de me irritar.

– Não fale comigo desse jeito. - ela libertou seu braço do meu aperto. - Eu apenas pensei melhor sobre esse casamento.

Mas havia um jeitinho incômodo no tom de sua voz, e Sam tinha desviado os olhos dos meus pra responder isso. Coisa que ela nunca fazia, nem comigo nem com ninguém.

– O que aconteceu? - me surpreendi por minha voz sair calma e um tanto preocupada.

Percebo que seus olhos parecem brilhantes demais. Ela vai chorar, constato.

– Samantha...?

– Ele tem uma amante! - ela praticamente grita, mas percebo o quanto isso alivia ela.

– Certamente deve haver um engano... - começo. Não quero acreditar nisso.

– Não tem engano nenhum. Eu vi, ok?!

– Tudo bem. - digo mais pra min mesma do que pra Sam. - Eu vou...

A frase morre na minha boca. Eu não sei o que tenho que fazer. Os meses que passei planejando esse casamento foram em vão - todas as minhas noites em claro... O tempo que passei me preparando para se algo desse errado, imprevistos que toda festa tem. Mas quando eu iria imaginar algo desse tipo? Eu me preparei para o bufê atrasado ou o vestido que não cabesse nela na hora. Não podia esperar que o noivo a traisse...

Tudo acabou de ir por água abaixo.

– Não pode cancelar a festa. - enfim digo, dando voz ao meu desespero por não ser um fracasso.

Sam respira fundo, solta o ar como se estivesse lembrando de todas as suas aulas de etiqueta.

– Eu não vou casar. - falou cansada.

– Mas você não vai querer ficar em casa chorando, não é? - meu cérebro trabalhando. - Ele vai ficar por aí com a amante dele e você vai fazer o que?

– Eu...

– Você vai dar uma festa. - respondo por ela.

Vou?

Vai! - estou sorrindo. - Claro que vai! Você é Samantha Albuquerque! Filha de um dos caras mais influentes dos Estados Unidos, não pode se esconder em um lugar qualquer enquanto seu ex-noivo se diverte com a amante. Olha pra você, é linda! Ele quem está perdendo aqui, não você.

Acabo meu discurso e foco meu olhar numa Samantha meio pasma, mas então sua expressão muda para o familiar nariz em pé.

– Mude a decoração. - manda. - Está romântico demais pra uma balada.

Meu sorriso se torna vitorioso. Eu balanço a cabeça em concordância e chamo Cinna. Explico tudo a ele, e então colocamos a mão na massa. O resto do dia passa num borrão. O casamento na Catedral é cancelado, a decoração trocada, o vestido de noiva é ajustado pra outro modelo...

Cinna teve que chamar Portia pra ajudar assim como alguns funcionários. Até Peeta entrou na roda, já que nenhum bufê quis servir na festa de última hora, só mesmo o loiro pra pegar um desafio desse.

Estamos nos livrando da trilha sonora e arranjando um lugar melhor pras flores quando alguém aparece. Cinna está ao meu lado dando palpites sobre a cor que deveríamos usar na decoração, ele é realmente bom nisso. Portia está no outro lado do salão, junto con Rue, elas falam no telefone. Provavelmente desmarcando o convite para o casamento e marcando o pra festa.

– Acho que é pra você. - Cinna me cutuca com o cotovelo.

Olho pra onde ele está olhando. Fala sério!

– Mas como...? - meio tento perguntar, mas ao ver a cara de Cinna já encontro minha resposta. - Você fez isso!

– Ah, Kat. Ele apareceu lá na firma hoje cedo. Disse que eram velhos amigos, não vi mau algum em dizer onde você estava trabalhando hoje.

Porra!

Não acredito que Cinna caiu nessa.

– Katniss. - Gale diz ao chegar perto de mim. Lanço um olhar raivoso pra Cinna e vejo ele se afastar.

– O que tá fazendo aqui?

– Eu precisava falar com você, mas não sabia seu número. Então Cinna me deu, mas você não me atende... acabei resolvendo vim aqui.

– Fala logo. To ocupada. - era natural pra mim ser grossa com ele. Gale ativava meu modo defesa.

Gale olha em volta, ver todos trabalhando empenhados. Ele parece nervoso, coloca a mão na nuca. Quero que ele se apresse pois tenho que tratar da mídia ainda.

– Achei que de repente, um dia desses... Poderíamos tomar um café? - a última parte saindo como uma pergunta, o moreno na minha frente ainda parecendo o adolescente que namorei há dez anos.

Não pude evitar um sorriso por causa desse pensamento. Mas depois fiquei com raiva, ele veio até aqui pra me convidar pra tomar um café?

Sério?!

– Gale, não é um bom momento agora. - tento não ser rude. - Você pode voltar outra hora ou me ligar outra hora, sei lá.

Seus olhos brilham por não receber o não, que ele esperava.

– Na verdade, eu não tenho nada nesse horário. - fala. - Posso ajudar?

Não. - digo.

– Será um prazer. - Cinna surge de lugar nenhum e fala. - Você pode ajudar a carregar as flores para o caminhão.

– Claro. - Gale diz e logo vai em direção as flores na entrada do salão com o rosto satisfeito demais pro meu gosto.

– Cinna!

– Katnnis! - ele imita o meu tom. - Relaxa, o cara é um gato. Está obviamente afim de você, então por quê não aproveita?

Estou pronta pra dizer algo muito relevante quando avisto um certo loiro entrar no espaço. Ele trás vários embrulhos nos braços e sua equipe de cozinha vem atrás dele trazendo o resto.

– Peeta! - chamo. Ele conseguiu.

Vou até ele, mas ainda escuto Cinna dizer:

– Já sei porque.

Não me importo em dá uma resposta pra isso. Apresso o passo e vou até ele. Seguro os primeiros pacotes que Peeta trás nos braços.

– Cuidado. São os doces. - ele diz.

– Ei, eu sou muito cuidadosa. - replico.

– Quem? - o loiro brinca.

– Eu, seu sem-graça. - mas estou rindo também.

O guio até a área onde a comida vai ficar. Estamos organizando tudo nas mesas, desembrulhando os pacotes e colocando os petiscos em suas reais posições, mas acho que estou olhando desejosa demais para os petiscos pois Peeta me oferece um.

– Quando foi a última vez que comeu algo?

Devoro a pequena amostra sem cerimônia alguma. Não sabia que estava com tanta fome.

– Faz um bom tempo. - digo, não quero dizer que não como nada desde a hora que acordei e que aquele café foi a única coisa que entrou no meu estômago.

Mas Peeta sabe, porque me olha reprovador antes de me dá mais pra comer.

– Eu fiz alguns extras. - justifica.

Sempre pensando em tudo.

Ainda com um petisco na mão, eu o abraço meio de lado e dou-lhe um beijo na bochecha. Peeta está sorrindo por causa desse gesto meu, por causa desse meu beijo desajeitado em seu rosto.

– Katniss. - ouço meu nome ser chamado e a pequena bolha que eu estava com Peeta é destruída. Me viro pra ver quem é, mas eu já sei. - Esse cara diz que é o Dj.

Seu tom é tão profissional que me assusto, mas seus olhos denunciam sua clara desaprovação. Ciúmes?

– Ah, claro. - me recomponho. Mas sinto o corpo de Peeta endurecer ao meu lado. Ele reconheceu Gale. - Vem comigo. - digo entretanto não saio do lugar.

O Dj que é um garoto de uns 20 anos mais ou menos, o cabelo castanho desarrumado e usa uma roupa estilosa típica de Djs - cheia de cores e moda.

– Peeta. - o moreno cumprimenta.

– Gale.

Eles nunca se deram bem mais por causa do moreno do que por causa do loiro. Gale sempre veio pra cima de Peeta com piadinhas e tiradas provocadoras. Este primeiro sempre acreditando que eu tinha algo com Peeta, mas na realidade nunca fomos além de amizade na época que namorei com Gale. No entanto, o ciúmes que Gale sentia dizia o contrario e contribuiu para o fim do nosso relacionamento.

– Não sabia que você e a Catnip estavam juntos. - a raiva mau disfarçada na voz. Notei que ele me chamou pelo apelido de infância talvez pra provocar o loiro.

– Não estamos juntos. - eu digo encarando Gale.

Somos amigos. - Peeta completa. E ouvir isso sair da boca dele com tanta certeza me machucou minimamente o peito.

– Ah, claro. Os eternos amigos...

– Gale, por favor. Aqui não. - mascaro tudo que estou sentido e me foco em afastar Gale daqui. - Você veio ajudar, lembra? Se não pode deixar suas implicancias de lado é melhor ir embora. E você, - aponto para o Dj que assistia tudo calado. - vem comigo. - olho pra Peeta. - Você consegue arrumar sozinho?

Ele assente e então me retiro ao mesmo tempo que vejo Gale também ir, este em direção a Cinna enquanto eu vou até o palco montado pro Dj. O resto do tempo segue rápido demais. A decoração fica pronta, Peeta consegue montar uma mesa linda apesar dos olhares raivosos que Gale lança pra ele, Portia e Rue terminaram de ligar pros convidados, Eu avisei a mídia, Cinna vestiu Samantha - não sabia quantos talentos ele tinha, mas sabia que eram muitos. Então depois que o horário da festa fica próximo, ainda dou uns toques finais em tudo. Porque sou meio perfeccionista.

Maioria dos funcionários já foi embora, Portia também junto com Cinna. Gale ainda está por aqui mais porque Peeta ainda está do que por minha causa. O loiro dispensou seus ajudantes de cozinha e vai me dá uma carona de volta, combinamos de ir numa lanchonete aqui perto e comer algo.

Já passa das 21:40hs quando avisto Samantha. Ela está linda. Cinna fez um belo trabalho costumisando o vestido de noiva dela. Transformou um longo em algo estiloso e nem um pouco cerimônial. A cauda sumiu pra dá lugar à uma coisa desfiada que desce até acima do joelho, o decote ficou bem marcado e as mangas sumiram. O salto da uma elegância notavel pra ela, e a maquiagem destaca seus olhos. Dá um ar provocador.

– Está linda. - digo.

– Obrigada. - Sam diz, mas sei que ela não se refere ao elogio. Ela agradece por tudo isso: a festa, a ideia, as pessoas que ajudaram nisso... tudo.

Eu balanço a cabeça e sorrio.

Beleza, eu penso, trabalho cumprido.

Os convidados já estavam chegando. Sam foi recebe-los. E me encaminhei pra saída.

– Katniss. - ouço Gale chamar.

– Sim? - respondo, mas não me viro pra ele. Ouço a música começar a tocar e a luz apagar, dando lugar ao jogo de luzes coloridas.

Gale me alcança, me faz parar.

– Eu te levo em casa.

– Não precisa. Peeta está me esperando. - falo.

Ele bufa irritado.

– Que coisa, Catnip. É só uma carona, não precisa agir assim sempre na defensiva.

– Não confio em você.

– Mesmo depois da nossa conversa?

– Não falamos tudo... - digo.

– Claro, porque você tinha que ir no seu "cineminha" com o Peeta. - ele faz aspas com os dedos na palavra cineminha.

Gale tinha tomado de mim meu celular e lido as mensagens que Peeta enviará naquela noite. Bem típico dele, o mesmo cara mandão e controlador de sempre.

– Tudo bem. - abaixo a guarda. - Marca um dia qualquer, e me liga. Vou sair com você.

O moreno sorrir e naquela meia luz, parece-me sinistro. Mas deixo passar.

Existe uma pequena possibilidade de ele me deixar me paz depois que colocarmos tudo as claras entre nós. Por isso deixo esse encontro acontecer, vai ser bom pra mim confrontar meus fantasmas. Aliviar um pouco a carga que levo nas costas...

Gale me deixa ir.

Encontro Peeta encostado na lateral do seu carro. Ele abre a porta pra mim como o belíssimo cavalheiro que sei que ele é, eu entro. O loiro dá a partida e seguimos rumo a lanchonete mais próxima. No entanto, não é numa lanchonete que paramos. É num restaurante fino no sul da cidade. Tínhamos seguido o caminho inteiro em silêncio, eu não sabia o que dizer e aparentemente ele também não.

Ele estaciona e logo entramos no restaurante. Nos acomodamos numa mesa ao ar livre. É um belo restaurante, com mesas no lado de fora como nos restaurantes franceses.

Deixo que o loiro escolha algo no cardápio pra nós doi. Me limito apenas a curti o ar da noite. Observo o jeito que sua testa franze em concentração, os olhos azuis vasculham algo bom no cardápio. Não percebo que estou encarando ele até que acho seus olhos em mim também.

Desvio.

Isso tem se tornado frequente. Essas encaradas que nos damos. Como se quisessemos arrancar os segredos mais escuros de cada um.

– Você fez um belo trabalho, Kat. - ele diz e só de escutar sua voz outra vez depois de todo aquele silêncio incômodo eu sinto esse alívio, essa coisinha pequena e quente em volta da minha alma.

– A comida estava deliciosa. - também elogio.

– Claro que estava, foi eu quem fiz. - se gaba.

– Sempre tão modesto. - resmungo, ele rir e alcança minha mão sobre a mesa.

Aperta meus dedos e tenho um deja vu. O jeito que ele está me olhando como se lembrasse, como de ainda me amasse, como se nada daquilo um dia aconteceu... Tiro minha mão do contato da dele, mas acho que fiz isso abrupta de mais. Pois, ele me lança o olhar confuso.

– Você já decidiu? - me refiro ao cardápio.

– Sim, sim... - Peeta faz sinal pro garçom. Este vem até nós, ele faz o pedido e logo o garçom vai embora. - Então Gale...?

Solto o ar pela boca.

– Nos encontramos semana passada. - ele me lança um olhar reprovador por eu não ter dito nada pra ele. - Foi totalmente sem querer, eu não sabia que ele era advogado do Sr. Snow.

Me defendo.

Acho que errei em não dizer nada, mas eu só quis poupa-lo disso ou talvez eu só estivesse me poupando.

– Vocês tem se encontrado muito depois disso? - a pergunta é feita com cuidado, eu não reconheço o tom que ele usa nela. Parece hesitante e ciumento - ?.

– Não. - digo, mas tenho a impressão de que saiu mais como uma pergunta do que como uma certeza. Acho que é por isso que ele franze a testa em confusão. - Ele tem me ligado. - falo duma vez.

Gale tem me ligado frequentemente, aliás. Eu ignoro todas elas. Só porque meio que nos entendemos naquela noite não quer dizer que quero retomar de onde paramos, porque de uma coisa eu sei: não posso ser amiga dele. Nem agora e acho que nem nunca. Afinal, os sentimentos dele em relação a mim continuam os mesmos enquanto os meus...

– E como você está?

– Bem, - eu digo no automático, pois é natural fecha-lo assim. - eu acho. - completo quando ele levanta um sobrancelha desconfiado.

– Kat...

Mas o garçom parece com nossos pratos interrompe qualquer coisa que Peeta fosse dizer.

– O que é isso? - pergunto cutucando o que parece uma massa, com a ponta do garfo.

– Não faça essa cara. - ele enrola a massa no garfo e come. - É apenas uma massa fresca recheada com carnes e vegetais, com molho.

Eu provo e é tão bom que tenho vontade de chorar. Mas acabo rindo. Peeta parece satisfeito com minha aprovação do prato e então comemos em silêncio.

– É melhor se apressar se não quiser tomar um banho. - eu falo olhando pra cima. As nuvens começaram a se agrupar no céu, logo irá chover.

– Eu já acabei. - diz satisfeito, eu dou-lhe um sorriso de lado.

Eu empurro o prato pra longe de mim ainda com comida nele. Não que eu não tenha gostado, é só que meu apetite deu uma diminuída.

O loiro me encara por esse gesto meu, ele deve saber que tem algo errado. Ele chama o garçom outra vez e eu o ajudo a pagar a conta, e logo estamos indo embora dali.

– Onde você estacionou esse carro? - pergunto, porque já estamos andando a um tempo e nada do belo conversível de Peeta.

Ele coça a nuca envergonhado.

Ele esqueceu.

Esse são uns daqueles momentos que Peeta se distrai ao ponto de esquecer coisas, sua memória se tornou fraca depois do acidente. Em geral ele esquece coisas pequenas como onde deixou a chave do carrou ou se hoje é sexta ou não, alguns compromissos... Mas até hoje, nesses dois anos que retomamos a nossa amizade depois que ele foi morar com os pais na Austrália depois do acidente, ele nunca tinha esquecido onde estacionara o carro. E isso só me leva a constatação de que a falta dos remédios estão o afetando mais do que eu sabia.

– Não me olhe assim.- reclama.

E é só então que me dou conta de que estou lançando aquele olhar pra ele: cheio de culpa, porque eu fiz isso.

– Desculpa. - e desvio o olhar. - Ainda não olhamos por ali.

Aponto pra o outro lado da rua.

– Vamos.

Atravessamos a rua e saímos em busca do carro perdido. É exatos cinco minutos depois que a chuva começa a cair.

Ele me puxa e corremos pra um lugar qualquer pra nos esconder. A água logo nos molha por completo, mas eu o puxo pra baixo da calha de uma casa num beco próximo. O espaço é pequeno e ele está na minha frente, pressionando seu corpo no meu. Minhas costas batem na parede. Na meia luz do beco, identifico seu cabelo loiro molhado juntamente com a roupa e sei que eu estou no mesmo estado.

– Katniss... - ele começa.

Mas estamos tão próximos, consigo sentir sua respiração bater de encontro meu rosto, isso trás lembranças outra vez. Eu quero pedir que ele me beije logo, pois estou com tanta saudade que nem sei. E é ali naqueles segundos enquanto ele procura algo pra me dizer que eu encontro seus olhos me encarando, vasculhando atrás de qualquer coisa em mim, que eu me sinto ser aquela adolescente de 17 anos que ele já amou. Eu não estou mais pensando no quanto isso é errado ou nas consequências, ou no clima estranho que vai ficar entre nos no dia seguinte. Apenas me deixo levar por isso tudo que eu quero e seguro seu rosto entre minhas mãos.

– Katniss... - ele tenta outra vez, mas estamos quase lá.

Sua boca está a centímetro da minha, seus olhos estão nos meus. Mas agora eu sinto suas mãos na minha cintura, ele me puxa pra mais perto e ele próprio acaba com nossa distância.

Quase não posso acreditar que estamos nos beijando, mas estamos. E a chuva desaparece, o beco escuro desaparece... só sobra eu e ele, do jeito que deve ser.


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Notas finais do capítulo

Bom, aconteceu... kkk.
Gente eu qeria dizer que vou responder os comentarios no sabado e nem por causa disso vcs deviam deixar de comentar. Tenho 22 leitores, apareçam! Eu nao mordo. So quero saber o que tao achando da hstoria.
Bjs e ate o prox.