Skeletons In The Closet escrita por OmegaKim


Capítulo 4
QUATRO: Música


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Eu estava numa semana de prova na faculdade. Nao sabia para o que estudar. Ufa!
Mas to aqui de novo.
Ah o pov eh do Peeta hj. Entao aproveitem a visao do padeiro mais lindo do mundo! Rsrs
Boa leitura!



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Capítulo QUATRO: Música.

Peeta

– Então? - inquiri com a sobrancelha direita levantada.

Ela fecha os olhos, saborea o petisco e então faz aquela cara de satisfação que só ela sabe fazer, o rosto todo relaxado e um sorriso mínimo no canto da boca.

– Perfeito. - declara com um suspiro, pegando mais na travessa que eu trouxe.

– Você disse isso dos últimos cinco. - falo, porque estou ficando meio irritado.

– Porque todos estão perfeitos. - e agora me da uma visão de todos os seus dentes.

Um belo sorriso, para um belo rosto.

– Você sabe que não deve se cobrar tanto, não é?

Ela se levanta, anda até a cozinha e ouço a geladeira ser aberta.

– Eu sei. - falo e me deito no carpete.

Estamos no meu apartamento no Brooklyn.

Eu trouxe-a aqui para que provasse minhas tentativas de criar um prato novo para o restaurante. E levando em conta o quanto Katniss gosta de comer e de que ela é minha melhor amiga, pareceu uma boa ideia na hora. Realmente não conseguia pensar em mais ninguém para desempenhar esse papel. Mas agora quando tudo que ela consegue dizer dos pestiscos é "perfeito", talvez eu devesse ter trazido Delly - ela sempre foi mais critica em relação à tudo. Ou talvez tudo esteja perfeito mesmo e essa minha insatisfação disfarçada em impaciência seja apenas meu eu interno sendo perfeccionista, como sempre.

Fecho meus olhos e tento relaxar. A dorzinha de cabeça que eu sempre sinto, está vindo. Esta sempre aparece quando me estresso minimamente ou quando, como hoje, minha cabeça fica cheia de coisas pra pensar. Doutor Aurélius disse que isso é um efeito colateral por causa do acidente que sofri na adolescência. Meu cérebro se tornou imperativo, sempre cheio de coisas e com uma tendência a distração que costuma irritar muita gente, menos Katniss - é claro. Pois, quando isso acontece durante nossas conversas, a mulher apenas se limita a olhar pra mim com tristeza. Uma tristeza que se estampa em seus olhos e isso me deixa constrangido (para não dizer irritado), e mudo de assunto.

Ouço os passos dela à minha volta, abro os olhos. Katniss acaba de se sentar ao meu lado, as pernas cruzadas e uma garrafa de suco de uva na mão. Os lábios levemente rosados por causa do corante deste, o cabelo ondulado preso num coque frouxo. Seus olhos cinzentos estão me encarando, eu faço o mesmo. O cinza no azul. Kat bebe um gole no gargalo da garrafa, ainda me olhando.

Talvez tenha ficado incômodo pra morena ou talvez tenhamos ficado tempo demais nisso, mas ela simplesmente desvia. Olha pra baixo fingindo que está olhando onde vai deixar a garrafa e então deita ao meu lado no chão.

– O que há? - Kat se pronuncia depois que ficamos em silêncio muito tempo olhando pro teto.

– Nada. - falo.

Mas o meu nada é tudo. E eu sei que ela sabe. Deve sentir pelo jeito que a minha voz saiu que tem muita coisa errada. As noites mau dormidas e essa minha recente obsessão em criar algo novo pro Mellark's é o efeito colateral de algo maior. Afinal, nos conhecemos desde os 14 anos quando ela deu um soco em Gale na quadra da escola, por ele ter me empurrado sem motivo aparente. Mas eu ia saber dias mais tarde que aquela cena não passou de ciúmes da parte dele.

– Fala. - então ela se aproximou de mim, deitou com a cabeça no meu peito e eu passei meu braço direito pelo seu corpo.

Suspirei.

– A dor de cabeça tem piorado. - enfim digo.

Não é toda a verdade, não é a real fonte do meu estresse. Entretanto, é uma parte dele, uma pequena porcentagem do incômodo geral. E eu não posso dizer pra Katniss, pois é tão incômodo pra ela quanto pra mim. E eu não posso evitar fecha-la desse lado da minha vida, do jeito que eu sei que ela, as vezes, faz comigo.

– Mas e os remédios?

Os remédios...

Estão guardados no armário do banheiro, socados lá. Esquecidos. Não quero toma-los, pois eles me deixam bobo, me fazem esquecer coisas do cotidiano. Já pedi ao Doutor que os trocasse, mas ele me pediu que os usasse por um tempo ainda. No entanto, eu desistir deles. E a dor tem ficado pior...

– Peeta. - Katniss está usando sua voz preocupada. Quase parecido demais com uma mãe que descobre que o filho esqueceu de levar o casaco num dia frio.

– Não tenho tomado. - digo por fim.

Peeta!

– Eles não me fazem bem, Kat.

Roubam meus sonhos. Eliminam a dor, mas me deixam vazio. A verdade é que me sinto um drogado quando estou sobre seu efeito. Não me sinto eu mesmo.

Ela está pronta para me dizer algo - provavelmente um sermão - , mas o celular toca. Percebo tarde demais que não é o meu, e sim o dela. Contudo, estamos em pé outra vez. Afastados um do outro. A música continua tocando, Katniss com o celular na mão olha incerta para o mesmo. Franze o cenho em confusão até que atende e diz um "alô" baixinho, me dá as costas.

Me limito a ir até a cozinha. Deixo que a morena se resolva com quem quer que seja que está ligando pra ela.

Tá uma bagunça isso, penso.

Existe trigo espalhado pela bancada da pia, louças sujas e etc e tal. A preguiça em mim diz que eu tenho que limpar isso mais tarde. Mas chego a conclusão de que se eu começar a limpar agora, posso ficar mais tempo sem fazer nada, porque acabei de decidir de última hora que não vou trabalhar hoje.

Afinal, tem que existir alguma vantagem em ser o chefe. Não é?

Estou lavando as louças sujas, quando escuto a voz de Katniss. Ela se encosta no batente da porta, o celular ainda na mão e o cabelo solto caindo desalinhado pelos ombros, mas tornando ela tão natural que o fato dela tê-los bagunçados tinha a importancia diminuida.

– Tenho que ir.

Lavo as mãos para tirar o sabão destas.

– Algo errado? - pergunto, pois notei os olhos cinzentos dela cheios de dúvidas. Enxugo as mãos no guardanapo e vou até ela.

– Era Annie no telefone. - conta. E eu tento não parecer muito esperançoso com isso. Sei o quanto está sendo difícil pra ela isso tudo. - Ela quer sair comigo hoje a noite, Madge também vai. Uma noite das garotas, ela disse.

– E você vai?

Ela solta o ar que nem percebi que estava prendendo. Guarda o celular no bolso de trás da calça.

– Vou ter que ir à firma e ver algumas coisas ainda... - e esse é o jeito que eu sei que ela vai. Então sorrio e o começo de dor de cabeça começando a sumir.

Katniss sorri pra mim também, mas é um daqueles sorrisos que eu não sei decifrar, cheio de... será, saudade?

E dessa vez é meu celular que toca. Consigo identificar da cozinha a música ridícula que Delly pôs para que eu possa saber quando é ela quem liga.

Jogo o pano de prato na bancada da pia e vou até meu celular, que está na sala.

– Oi? - quase nunca digo alô.

Fala gatinho. - a voz melodiosa de Delly soa alegre. Do jeito que ela sempre é.

Tínhamos começado a sair há um mês. Não era um namoro ou algo do tipo, mas curtiamos a companhia um do outro.

Gatinho, tem a noite livre?

Achava charmoso o jeito que a palavra gatinho saia da sua boca, as letras saiam arrastadas como se ela estivesse provando o sabor delas.

Olhei apreensivo pra cozinha, mas não conseguia ver Katniss. Ela deve ter entrado pra dentro da mesma. Não sei ao certo porque hesitei, no entanto eu sempre hesitava. Com todas as outras garotas, com Delly agora, eu continuava hesitando como se existisse algum tipo de barreira psicológica me impedindo. E como sempre, eu procurava a presença de Katniss.

Essas partes de mim que eu não conheço sempre estão atrás de sua aprovação, apesar de nunca termos tido nada.

Gatinho?

Percebi que tinha ficado bastante tempo em silêncio. Maldita distração!

– Você tem algo em mente?

Muitas coisas... - a malícia tomando conta dela.

Olho outra vez para a cozinha, mas nada. Por quê insisto tanto em olhar pra ela? Em buscar aprovação?

– Peeta, eu preciso ir. - Katniss finalmente aparece.

A morena pega sua bolsa que está jogada displicente no sofá e não espera que eu diga algo. Ela simplesmente sai, tão rápido que me sinto decepcionado.

Gatinho! - me foco outra vez em Delly, pois ela começa a dar sinais de impaciência.

– Que horas? - pergunto.

Preciso me distrair. Talvez sair com Delly, aliviasse minha mente. Tirasse essas imagens embaçadas que costumam aparecer todas as noites quando durmo. Ou apenas aliviasse a dor de cabeça que sinto toda vez que tento me focar nessas imagens.

~~

Ela está bonita. O cabelo loiro desce liso por suas costas e para um pouco acima da sua cintura. Então há o vestido preto, reto e apertado que marca suas curvas. A maquiagem pesada em volta dos olhos azuis, o salto alto. Ela está bonita, apesar do vestido parecer vulgar para o local pra onde estamos indo.

Eu espero leva-la a um restaurante fino na parte sul da cidade, mas duvido que ela queira. Delly é cheia de personalidade e o local onde nos conhecemos denúncia o quanto ela não faz parte de lugares como restaurantes finos.

Delly entra e se ajeita no banco ao meu lado. Dou partida no carro, a loira estica a mão pra fora e dá um tchauzinho pra sua colega, Clove, com que ela divide o aluguel da casa onde mora.

Clove não parece nenhum pouco feliz com a saida da colega, ela tem s braços cruzados enquanto vamos embora.

– Ela não parece feliz. - comento.

– Clove nunca está feliz.

E era verdade, a garota Clove nunca sorria. Era sempre séria e reservada.

– Mas qual o motivo hoje?

– Ah, ela está preocupada com a prova de amanhã. - Delly mexe no meu porta luva, vasculha atrás de algo.

– E você não está?

Até onde eu sabia Delly e Clove eram do mesmo curso, Jornalismo. Mas a primeira não era tão interessada quanto a segunda. Adolescentes. Não que Delly seja muito nova, ela acabou de completar 19, é só que me sinto - às vezes - tão velho pra ela. Apesar de eu ainda não ter completado 30 anos. Tenho 27.

– Tenho outras coisas em que me concentrar. - e lançou pra mim um olhar significativo.

Quase fiquei envergonhado.

– Onde estamos indo? - perguntou notando pela primeira vez o caminho que eu fazia.

– Tem um restaurante no sul...

– Ah, não. - me cortou. - As boates ficam no norte.

Claro que ficam.

– Dê a volta, Peeta. - ela estava usando o tom mimado de adolescente que ela costuma ter. - Não estou vestida para jantar num restaurante chique.

– Não é um restaurante chique. - falo. - É apenas um lugar que quero levar você.

A loira revira os olhos, impaciente.

– Estou sentindo cheiro de romantismo... - cantarola irritantemente.

– Não é um jantar romântico! - rebato. E paramos num sinal.

Aproveito para encara-la.

Eu sei a relação que tenho com ela. Sei o quanto ela abomina relacionamentos e envolvimentos afetivos. Por algum motivo, Delly odeia isso. Mas eu também não estou atrás de um. Quando nos conhecemos e vimos que de certa forma queríamos a mesma coisa: sair, curti algumas noites na companhia de alguém. Achei que isso não impedia que construissemos uma amizade. No entanto, cada vez que tento fazer algo que leve a isso. Delly tem a péssima mania de agir assim, como se eu tivesse a pedindo em casamento ou algo do tipo.

– Então pare numa lanchonete qualquer, já que quer comer. - o aborrecimento claro em sua voz.

Qual o seu problema com restaurantes, afinal? Eu quis gritar, mas uma pontada na minha tempora não deixou. Fechei os olhos, e esfreguei o dedo indicador aonde doia, do jeito que sempre faço pra afastar a dor. Sempre dá certo.

Escuto barulho de buzinas, e vejo que o sinal da aberto. Mas não sigo, dou sinal e faço o caminho de volta.

As boates ficam na parte norte, penso amargamente.

Delly se limita a tirar a expressão emburrada, então segura meu rosto e me beija na bochecha.

– Você é uma chata. - reclamo.

– E você é bonzinho demais, gatinho.

Eu dou um sorriso de lado mais por causa do comentário do que pra tentar fingir que estou bem.

Nos dirigimos para a boate que fica no norte, Distrito 13 tem sido um point e tanto para qualquer idade. Sempre cheia de pessoas, bebidas e brigas - como é de praxe nesse tipo de lugar. E é a predileta da loira ao meu lado. Consigo achar um lugar pra estacionar mais rápido do que esperado. E logo eu e ela estamos dentro da boate, dançando.

O corpo dela perto demais do meu.

Não sei ao certo, quando começamos a beber. Mas quando dei por mim, já estou com um copo na mão. Bebo o líquido de uma vez e deixo copo vazio na bancada do bar, Delly faz o mesmo. E logo me puxa para a pista de dança. Eu seguro em sua cintura enquanto ela começa com movimentos provocantes, encostando seu quadril no meu sempre que possível, olhando nos meus olhos de um jeito desejoso demais.

Suas mãos vão parar no meu pescoço, sinto a loira me puxar ao seu encontro e logo nossas bocas estão juntas. As batidas da boate martelando em meus ouvidos, o gosto do álcool no beijo dela. Aperto-a mais contra meu corpo.

Ela se desvencilha de mim e me da a visão das suas costas, continua a dançar. Desce até o chão, fazendo questão de fazer seu corpo deslizar pelo meu. Ela sabe como seduzir. Eu a seguro por trás, afasto o seu cabelo para o lado e lhe deixo beijos no pescoço exposto. Talvez estejamos sendo vulgares demais aqui, mas se olhar ao redor... é fácil encontrar gente fazendo pior.

Delly me afasta e começa a dançar outra vez. A música parecendo que a está renovando.

Ela ainda é tão nova. Queria que ela não tivesse sido tão machucada. Delly não me conta, mas eu percebo o olhar dolorido que ela sempre me lança no dia seguinte ao acordarmos juntos, quase uma súplica. Dizendo pra que eu vá logo embora, pra que eu corra pra longe do grande vazio que ela sente. Eu também sinto, um grande vazio no peito, na memória.

Minhas lembranças perdidas que eu não posso perguntar a única pessoa que pode me responder: Katniss. Pois é tão doloroso pra ela quanto pra mim e esse meu extinto protetor que tenho por ela, não deixa que eu a veja sofrer.

Mas agora, quando Delly dança com os braços levantados e o rosto tão relaxado eu penso que talvez seja isso: cada um tem seu escape. O dela é a música, as festas, as bebidas... E o meu? Eu ainda não encontrei ou ainda não sei.

Delly vem até mim como se só agora tivesse me notado. Segura minha mão e me puxa pra o lugar onde ela estava.

– Estamos em uma balada. - ela ralha. - Dance.

Eu começo a rir do jeito mandão que ela não soa nenhum pouco. Talvez por causa da música ou da sua voz arrastada por causa da bebida.

Ela acaba bebendo mais. Se soltando mais. Dançando mais e fazendo as coisas mais. Depois de eu começar a impedir de beber muito e ela começar a se irritar por causa disso. Eu resolvo a levar pra casa. Delly ainda me agarra dentro do carro. Seus beijos são famintos... mas eu não estou com vontade pra isso. Entretanto, Delly começa outra vez com aquele jogo de sedução familiar e não posso impedir que meu corpo reaja, assim toda a minha força de vontade vai pro ralo e quando dou por mim outra vez, estamos indo para um motel qualquer.

O quarto não é bom. Mas serve para o que nos queremos. Eu a levo pra cama redonda do quarto, o lençol de cama vermelho chamativo como deve ser. Estou me concentrando em tirar seu vestido quando uma música me alcança, me tirando desse topor luxurioso que me encontro.

Procuro atabalhoado o meu celular. Até que o encontro na mesinha ao lado da cama, apesar de não lembrar quando o deixei lá.

Katniss. Constato ao ver seu nome brilhar na tela.

Atendo.

Peeta.

– Katniss? - digo incerto, pois não reconheço a voz como a dela.

– Oh, não. É a Annie.

E logo meu cérebro confirma, porque de alguma forma eu identifico o jeito centrado e delicado da sua voz.

– O que aconteceu? Cadê a Kat? - não posso evitar me desesperar. Meu extinto protetor tomando controle sobre mim.

– Ela está bem. - diz. - É só que... preciso que venha busca-lá.

– Por quê? - olho para Delly que tirou ela mesma o vestido. A lingerie lilás se destacando em sua pele pálida.

– Kat, bebeu demais. Ela não quer que Finnick a leve em casa e se recusa a dizer onde é. - A voz de Annie parece cansada.

– Estou indo. - falo.

E logo ela me diz o endereço. Desligo.

– Preciso ir. - falo a Delly. O desejo todo foi embora tão rápido quando veio.

Ela parece um tanto decepcionada.

– O que aconteceu?

– Um problema com uma amiga. - falo e pego o vestido dela que está no chão. Ofereço-o.

Uma amiga. - seu tom amargo me assusta. Ela nunca falou nada assim, como se parecesse tão velha e rancorosa.

Franzo a testa não entendendo o por que de ela dizer algo desse modo.

– Te levo em casa. - digo. Ela pega o vestido e começa a vesti-lo.

– Não precisa, eu pego um táxi. - não entendo sua raiva.

Delly põe os saltos depois que se veste, ela sai do quarto e eu vou trás.

– Eu te levo. - repito quando saimos do motel.

Delly apenas se limita a olhar pra mim com raiva, quer dizer, não raiva. É mais como uma confirmação de alguma coisa que ela não queria que acontecesse, por isso sente essa irritação da certeza.

– Não precisa. - diz com os dentes cerrados e simplesmente se afasta, o salto batendo forte contra o asfalto.

Respiro fundo e penso em ir atras dela, mas meu celular toca outra vez. Annie. Não atendo, apenas vou até meu carro e dirijo até onde Annie está.

Passa das 3hs quando finalmente acho o lugar. É um bar na parte movimentada da cidade.

– Onde esteve? - Annie parece quase aliviada.

– O trânsito estava péssimo. - uso uma desculpa qualquer. - Onde ela está?

Saio do carro.

– Ali. - Annie aponta para o balcão do bar onde uma morena está sentada com um copo na mão. Finnick está ao seu lado, lhe dizendo algo que ela não presta atenção porque está ocupada retribuindo os olhares de um cara que está numa mesa não muito longe dela .

Suspiro.

Oh, Katniss.

Ando até lá, paro bem na sua frente e vejo o rosto de alivio que Fin me lança.

Peeta. - Kat diz, surpresa. - O que faz aqui?

– Eu vim te buscar. - falo calmo, mas mesmo que eu tentasse quase nunca consigo sentir raiva dela. Afasto o copo de sua mão. Vejo seus olhos brilharem e então ela me abraça.

É tão inesperado que demoro a corresponder.

– Vamos pra casa? - ela pergunta, parecendo tão indefesa com aquela voz arrastada por causa do álcool.

– Claro. - digo.

Vamos pra casa.

Katniss vem comigo de boa vontade, a coloco no banco do carona e me despeço de Finnick e Annie. Está última me lança um olhar triste quando me ver levar Katniss, mas não sei como interpretar isso. Talvez deve ser por causa da morena que bebeu demais, talvez deva ser por causa de toda essa coisa de Katniss não aceitando o casamento dela. Mas me pareceu ali, que ela lançava aquele olhar pra mim e não pra Kat.

Durante todo o caminho Katniss sussurra coisas que não entendo, ela meio dorme meio está consciente. Eu opto por não incomoda-la. Ao chegarmos ao apartamento dela, eu a conduzo pelo lugar. A deixo no banheiro para que tome um banho gelado depois que a acordo. Vou pra cozinha fazer um café bem forte. Ainda estou lá, olhando pro café servido na xícara verde que Cinna deu a ela no verão passado, junto com todo o conjunto de porcelana que ela possui. Seguro-a e me viro pra sair dali quando me deparo com ela na minha frente.

Seus olhos estão vermelhos, ela chorou ou talvez seja só o álcool. O cabelo tá molhado, o roupão cobre sua nudez e o cheiro de sabonete que vem dela me causa um comichão no peito, estranho.

– Oi. - ela diz e sua voz já não soa arrastada.

– Oi. - repito ainda com a xícara na mão. - Fiz pra você.

Katniss olha pra xícara que tenho em mãos, vem até mim e a pega. Então me encara enquanto bebe do líquido. Eu encaro de volta.

– Você precisa dormir. - recomendo.

– Estou sem sono.

Ela me dá a visão de suas costas, sai de perto de mim. Cruza a sala e coloca meio sem interesse uma música pra tocar. Eu a vejo fazer tudo isso da cozinha, o pequeno muro nos separando. Katniss fecha os olhos, canta a letra da música baixinho, balança o corpo sem pressa. E assim, olhando pra ela tão relaxada e nem um pouco parecida com a bêbada que trouxe a pouco, só consigo perceber que ela se parece nisso com Delly. Ambas tem a música como refujo.

Mas Kat parece infinitamente mais avontade disso do que Delly.

Vou até ela. Tiro a xícara de sua mão, ela me olha surpresa com aqueles olhos cinzas que eu sempre acho bonito demais. Deixo que a xícara descanse na mesinha de centro, coloco minhas mãos na cintura dela e deixo que Kat coloque seus braços em volta do meu pescoço, e dançamos ao som de uma música calma e de letra fácil.

Talvez a música possa ser meu refujo também, existe tanta coisa das quais quero fugir. Esses pesadelos, minhas noites mau dormidas, a dor de cabeça chata, o grande enigma que é Delly, a tristeza que acompanha Katniss, todas essas pessoas voltando pra reivindicar perdão, minhas memórias embaçadas...

Eu fecho os olhos e encosto minha testa na dela. Katniss não diz nada, eu também não. Apenas nos movemos ao som da melodia ao longo da madrugada.


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Notas finais do capítulo

Eu gosto desse capitulo por causa dessa duvida que Peeta tem em relaçao a Katniss, ele sabe que ela esconde coisas dele... mas por causa do seu jeito protetor acaba deixando isso de lado. Quem foi que ficou animado com a ideia dele nao ter esquecido tudo assim? Ele tem sonhos...
Comentem e ate o prox.



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