Skeletons In The Closet escrita por OmegaKim


Capítulo 12
DOZE: Nós


Notas iniciais do capítulo

Gente, quero agradecer os 39 acompanhamentos e as 5 favoritações juntamente com os 46 comentários. Amo vcs!! Obrigada.
É só isso.
Não tenho nada a declarar sobre esse capítulo.
Pov's da Madge, Johanna e Katniss.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/616574/chapter/12

Capítulo DOZE: Nós

Madge

O resto da noite passou como um borrão depois que a briga acabou. Os convidados foram mandados embora já que o motivo do jantar foi estragado. Eu e a mãe dela cuidamos disso: de esvaziar a casa. E durante o resto da noite consolamos a ruiva.

Finnick havia ido embora sem dizer uma única palavra pra sua noiva. Johanna fez o mesmo, mas ao contrário dele, ela teve a coragem de dizer a verdade pra Annie. Katniss também não ficou, ela foi levar Gale pra bem longe daqui já que ele havia feito o favor de abrir a sua enorme boca e Peeta sumiu depois de dizer umas palavras pra Annie. Não sei dizer pra onde ele foi, mas ele parecia um tanto desorientado. E quando perguntei se estava tudo bem, ele apenas se limitou a dizer que era só uma dor de cabeça, mas ia ficar bem. Então, eu fiquei. Por mais que eu quisesse ter ido atrás de Johanna, afinal ela é minha amiga também, acabei tendo que escolher Annie pois ela era quem estava sofrendo mais nessa história toda, era quem precisava mais de mim.

– Eu ainda não consigo acreditar... - sua voz tava falhando por causa do choro. - Como... como ele pôde?!

– Ah, Annie. - tentei consola-la, a abraçando. - Finnick é um canalha.

Apaixonado por outra completei mentalmente enquanto ela escondia o rosto no meu ombro e encharcava o mesmo de lágrimas.

– Ah, querida chore mesmo. - disse sua mãe acariciando sua costa. - Chorar vai aliviar essa dor.

A senhora Cresta me lançou um olhar tão quebrado quanto o da filha. Deve ser horrível pra ela ver a filha sofrer e não poder fazer nada pra ajudá-la além de ficar a consolando, assistindo a tudo. A abracei mais forte.

– Vai ficar tudo bem. - falei automáticamente, porque é sempre isso que dizem pra alguém que está sofrendo. Foi o que me disseram quando Robert morreu.

Vai ficar tudo bem... é tão imensamente vago. Como vai ficar tudo bem? Ele não está mais aqui. Nada nunca mais vai ficar bem.

Bem como? Finnick vem me traindo sabe se lá desde quando com a Johanna... - e mais lágrimas. - Ele mentiu pra mim... E-eu estou esperando um filho dele.

Annie se afastou pra me olhar. Seus olhos claros estavam mesclados de vermelho, seu nariz também e toda a sua expressão denotava sofrimento.

– Oh, Annie. - falei e voltei a abraça-la. Não queria olha-la assim, tão triste e quebrada. Fazia eu me lambrar de mim mesma nos meus piores momentos e também me fazia lembrar o quão hipócrita eu me sinto, afinal eu sempre soube do caso de Finnick com Johanna e não tive a decência de lhe dizer algo. Ela que é minha amiga. E vê-la sofrer assim só me faz pensar que uma parcela desse sofrimento é minha. - Você é mais forte do que pensa, vai ficar bem.

A ruiva levanta a cabeça outra vez, me olha bem nos olhos.

– Ela tem razão, querida. - a mãe dela diz e consegue sua atenção, pois a ruiva vira o rosto pra ela. A senhora Cresta limpa as lágrimas da filha com a ponta dos dedos. - Você tem que ser forte. Pelo bebê.

– Ah, mãe. - ela me solta pra abraçar a mais velha. Enterra o rosto no corpo dela. - É-é tão difícil.

Seu corpo começa a ter espasmos, então percebo que ela está chorando mais descontroladamente dessa vez. Esse choro vem do fundo da alma, é o choro da dor de uma coração partido e sonhos destruídos juntamente com todas as promessas que Finnick não vai cumprir, e principalmente, é um choro de amor.

– E-eu ainda o-o amo tan-to. - gagueja em meio aos espasmos ainda encolhida nos braços da mãe.

Ali, assistindo aquilo sinto meu coração afundar de culpa. Eu fiz isso também. Ajudei a trazer Annie pra esse estado. Mas o que eu podia fazer? Sou amiga das duas. Não podia trair uma em nome da outra, não podia escolher uma amizade por causa da outra. Johanna esteve comigo quando meu marido morreu no acidente de avião, Annie esteve comigo quando eu quis assumir a empresa... São tantos momentos. E as duas estiveram comigo em momentos diferentes, me consolando ou só me fazendo rir, sendo minhas cúmplices em projetos.

Não. Eu não podia escolher.

A senhora Cresta me encara e acho que ela consegue ler minha expressão. Cheia de culpa. Pois a mais velha me lança um olhar de compaixão. Eu sei querida, ela parece dizer.

~~

Johanna

Ao entrar no meu quarto de hotel trato de trancar a porta com receio, por um momento, que Annie raivosa entre aqui e jogue algumas verdades na minha cara. Me sento com as costas encostada na porta e fecho os olhos enquanto escondo meu rosto entre minhas mãos.

– Que merda! - grito depois de um tempo em silêncio.

Na única vez que tento fazer uma boa ação tudo termina desse jeito: o jantar de noivado arruinado, meu caso com Finnick exposto pra quem quisesse ver. Tudo culpa do Gale e de sua imensa boca.

Droga. Droga. Droga. Droga. Droga.

Soco o chão, esperneio, bato a lateral da minha cabeça na porta quantas vezes consigo tudo isso pra espantar a raiva o máximo possível até o ponto que começo a chorar.

Parabéns, Johanna. Você conseguiu estragar tudo, de novo.

A sensação de fracasso toma conta de mim, deixo as lágrimas descerem. Eu sempre estou fazendo tudo errado. Não consegui amar Finnick do jeito que ele merece, não consigo ter um relacionamento duradouro com ninguém, matei Darius, porque eu realmente matei. Eu estava lá, não fiz nada pra ajudar apenas gritei e continuei gritando pra que ele pulasse. Estou tão cheia de falhas, vendendo sorrisos por aí pra disfarçar isso. Sempre viajando com a desculpa de trabalho, nunca permanecendo tempo suficiente pra me apegar porque quando isso acontece algo sempre dá errado. Olha pra minha história com Finnick, um fiasco total. E eu nem ao menos consigo deixar ele ir embora, eu deixo que ele continue insistindo nesse nós imaginário que nunca vai ser real.

Por que faço isso? Por que sou assim? O que tem de errado comigo?

Não sei quanto tempo fiquei sentada lá, chorando e remoendo meus erros. Apenas sei que num determinado momento minha mente gritou um CHEGA tão forte que me levantei. Chegar de ficar num canto me lamentando porque as coisas não saíram como eu queria. Não foi eu quem disse que não era mais aquela garota mimada de anos atrás? Pois então. Eu sou Johanna Manson e os Manson não ficam num canto chorando como garotinhas que tiveram o coração quebrado.

Corações quebrados são pra quem já amou e eu definitivamente nunca amei ninguém, apesar de já ter chegado perto disso em muitas situações. Mas eu fugi antes que ficasse sério.

Vou até um frigobar que existe perto da mini sala de estar da suíte, abro-o e pego uma garrafa de vodka que eu tinha pedido umas duas noites atrás sem saber ao certo quando ou pra que eu usaria. Aí está sua função. Destampo e bebo direto no gargalo. O líquido desce cortando pela minha garganta. Ando pela suíte com a garrafa na mão, tiro meus sapatos de salto, desfaço meu penteado, limpo com a mão livre meus olhos borrando de vez a maquiagem. Minha aparência não deve ser das melhores e só esse pensamento me faz rir, pois me lembro de todos os homens que ficaram comigo só porque eu era bonita demais. Bebo mais um pouco da vodka antes de sentar no sofá. Encosto minha cabeça no encosto do sofá e fecho os olhos. Talvez se eu dormi consigo ter um pouco de paz, esquecer por um momento isso tudo. No entanto, escuto batidas na porta. Abro os olhos minimamente e volto a fecha-los. Não quero receber ninguém ainda mais se esse alguém for uma noiva raivosa atrás da verdade completa.

As batidas ficam mais fortes.

– Johanna, abre. - a voz abafada pela porta, meus ouvidos que estão estranhos por causa da sessão de lágrimas não impede que eu reconheça a sua voz.

– Finnick... - balbucio antes de tomar outro gole da garrafa. - VÁ EMBORA!

As batidas param. Há um momento de silêncio e penso que ele foi embora. Assim é melhor. Não quero vê-lo, não quero ver ninguém. Não agora quando minha pose de mulher forte foi pro ralo junto com minha máscara de indiferença.

Mas contra a minha vontade, me levanto do sofá e arrasto meus pés até a porta e com a garrafa na mão, encosto minha testa na superfície de madeira. Solto o ar pela boca.

Shelter, me deixa entrar. - pediu baixinho, mais tão baixinho que por um momento achei que o álcool tinha me subido a cabeça e me feito alucinar isso. - Shelter, por favor.

Mas não tem como eu imaginar isso. Não sou tão criativa e também nem bebi tanto assim. Acho que foi isso que me fez destrancar a porta e abri-la: a surpresa de escutar esse apelido tão antigo saindo da boca dele.

Shelter.

Finnick entrou. Seus olhos estavam vermelhos, a roupa amarrotada. Em algum momento da noite ele perdeu o blazer e a gravata. Estava usando apenas a camisa social branca com os primeiros botões abertos, acho que pra se livrar da gravata. O colarinho amassado, o cabelo despenteado e o cheiro de álcool completavam o visual. Eu nunca o tinha visto tão lindo, mas é claro que isso tudo era o álcool começando a fazer efeito.

Dei as costas a ele e fui sentar no sofá. Finnick fechou a porta, trancou-a e então veio sentar ao meu lado. Tomei um gole da vodka olhando pra frente, sem um ponto fixo. Ele pegou a garrafa da minha mão e bebeu.

– Não devia beber. - ele falou com a voz rouca. Eu ri do quanto isso foi ridículo saindo da boca dele. O noivado dele foi pro buraco e tudo que ele consegue me dizer é pra não beber? Que piada!

– Você não devia estar tentado falar com a sua ruivinha, inventando alguma desculpa ou algo do tipo?

– Ela não me escutaria nem mesmo se eu tentasse. - ele diz e eu pego a garrafa da sua mão. Bebo como se fosse água, depois limpo a boca com a costa da mão direita. Largo a garrafa meio cheia no chão.

– Você tentou?

Ele balança a cabeça.

– Annie está com a cabeça quente. Vou deixar que ela se acalme. Não quero que isso tudo faça mau pro bebê.

O bebê. Tinha me esquecido dele. E que ótimo, agora posso ter complicado a saúde do bebê. Mais um item pra minha lista de "estragos feitos".

– Johanna, tá chorando?

– Hum?

É quando noto que as lágrimas voltaram a descer. As limpo rapidamente.

– Não. - digo rapidamente.

Mas já é tarde demais. Finnick já viu. Ele segura meu rosto me obriga a olhar pra ele e com uma delicadeza que me chama a atenção, o homem limpa minhas lágrimas com as pontas dos dedos.

– Não fica assim, Shelter.

– Não me chame assim. - me afasto dele. Me levanto do sofá e vou pra longe da presença dele, mas não há muitos lugares disponíveis. A suíte não é tão grande assim e sair daqui não é uma opção, afinal não estou em condições.

– Você não pode vim aqui depois disso tudo que aconteceu e me chamar de Shelter como se... como se nada tivesse acontecido! - exclamo mais alto do que deveria, minha voz que está cheia de algo que não sei identificar. - Você devia está lá com ela. Tentando falar com ela como qualquer homem no seu lugar faria! Não devia procurar a companhia da sua amante e fugir do real problema!

– Acha que estou fugindo? Me escondendo aqui? É isso? - Finnick se levanta e vem em minha direção.

– Sim. É isso! - levanto o meu queixo, pronta pra uma discussão ou uma luta. O que vier primeiro.

– Quer saber, a verdade é que eu não to nem aí! - ele rir sem humor. - Gale ter dito que nos temos algo foi a melhor coisa que aconteceu nessas últimas semanas. Você não sabe quantas vezes eu tentei contar pra ela a verdade e não consegui... Estava insuportável olhar pra Annie e ver o quanto ela me ama e não poder retribuir. Quando ela me beijava e eu não sentia nada, quando ela dizia que me amava e eu mudava de assunto. - ele passou a mão pelo cabelo. - Deus! Era horrível ir pra casa e encontra-la tão disposta a me ajudar, querendo minha atenção. Mas eu não podia dá. Tentei me convencer de que a amava e disse isso pra ela tantas vezes que alguém deveria me dá um prêmio por dizer essas palavras da boca pra fora por tanto tempo. - era a primeira vez que eu o via tão indefeso, tão pequeno, tão desamparado e tão... tão cansado. Percebi que seus olhos estavam muito brilhantes, mas ele piscava pra afastar as lágrimas. Finnick nunca foi de chorar e se ele ia fazer isso, era porque essa situação toda já o tinha esgotado à tal ponto que seu autocontrole não estava mais funcionando. Dei um passo em sua direção, queria abraça-lo, beija-lo, toca-lhe o rosto, enfiar meus dedos no meio dos fios claros do seu cabelo ou apenas chegar perto, ficar perto. Era tanta coisa que não soube o que fazer primeiro. Apenas dei um passo em sua direção e fiquei lá, parada, olhando-o e esperando do jeito que eu fiz a minha vida toda por ele. Esperando que o sentimento aparecesse, esperando o momento que eu ia ama-lo, esperando esperando esperando algo que nunca veio. Até hoje, até agora... Meu coração perdeu uma batida ao vê-lo naquele estado. - Você, Johanna, é a única coisa certa que eu tenho nessa vida. My Shelter.

Dei outro passo. Não podia evitar, era como se meu corpo tivesse criado vida própria, pensando por si mesmo sem escutar os gritos de protesto do meu cérebro. E quando eu estava perto o suficiente dele, toquei-lhe o rosto. Acariciei o lado do rosto onde Annie lhe acertara um tapa. Finnick fechou os olhos com meu toque, inclinou a cabeça pra cima da minha mão.

– Ainda está doendo? - pergunto baixinho usando minha voz preocupada. Seu rosto não está tão vermelho, está meio rosado e consigo traçar a forma dos dedos de Annie na pele dele.

– Já parou há algum tempo. - diz no mesmo tom que o meu. Então abre os olhos. Me encara, mas como sempre parece que Finnick está vendo tudo. Não só eu, aqui, aparada na sua frente. É como se ele pudesse ver meu eu interior, minhas emoções, minha alma... - Ela te acertou em cheio. - e toca onde a ruiva bateu do mesmo jeito que eu estou fazendo com ele.

– Annie tem uma mãozinha pesada. - rio da minha tentativa se tirar sarro dessa situação.

– É, tem sim. Eu que o diga. - ele rir também, enfia seu rosto na curva do meu pescoço, aspira meu cheiro ao passo que eu enfio meus dedos por entre seu cabelo.

Assim é melhor, penso. Apenas ficar perto, sentir a presença dele, o calor dele. O cheiro dele está misturado com álcool mas, ainda assim, consigo identificar seu cheiro. Uma mistura de canela com algo mais cítrico ou seria amadeirado? Quem liga! É o cheiro dele, diferente e calmante.

Sinto Finnick se mexer e logo depois, sinto os lábios dele tocando meu pescoço. Uma corrente elétrica se dispersa por meu corpo contra minha vontade. Minha mente tenta assumir o controle e por isso, me afasto dele. Encontro os olhos verdes - meu tom de verde preferido - me encarando meio surpresos meio desconfiados. E tudo acontece rápido demais. Finnick me pega pela cintura e me beija. Seus lábios caem sobre os meus com tanta intensidade e rapidez que nem tenho tempo de processar o que está acontecendo, ele se fazendo valer do elemento surpresa. Não me mexo, mas quando Finnick pede passagem com a língua, eu dou. E então o beijo é aprofundado, sua língua toca na minha, meus lábios comprimidos contra os dele começam a doer e o ar a faltar mas o sabor do beijo é tão bom, tão viciante que apenas quando nenhum de nós pode aguentar mais e que nos separamos. No entanto, assim que Finnick toma o mínimo de fôlego ele tenta me beijar de novo, mas eu o impesso. Ponho minha mão em seu peito e o afasto.

– Não. - murmuro sem certeza alguma com meu corpo todo querendo mais da boca dele na minha, do corpo dele perto do meu.

Deixa, Johanna. Só hoje. - ele fala e tenta se aproximar e como eu não o afasto de novo, ele apenas encosta sua boca no meu ouvido. Meu cérebro entrou em pane, meu corpo parece que vai explodir.- Deixa eu te amar, my shelter.

É isso que me quebra. Meu apelido antigo, o apelido que ele me deu e que só ele conhece e que apenas ele é capaz dizer do jeito certo. Shelter. A graciosidade com que a boca dele pronuncia cada sílaba: o ar saindo na primeira pra logo em seguida a língua estalar nos dentes pra terminar a pronúncia. Shelter. Que surgiu quando Finnick descobriu que me amava e que minha presença acalmava seus fantasmas. Shelter que é abrigo em inglês. Shelter que é tudo que sou pra ele, um abrigo pra quando o mundo está desabando em volta dele. É esse shelter dito assim que quebra minhas barreiras, que faz minha armadura deslizar pro chão, que faz meu lado racional parar de lutar por controle e entrega tudo nas mãos das emoções, do meu coração. Fecho os olhos e seguro o rosto dele, roço meus lábios nos dele antes de beija-lo. Quero prolongar esse momento de pré-entrega, pré-beijo, pré-alguma-coisa.

Nesses anos todos em que eu tenho conservado a existência dele ao meu lado, velando o sentimento que eu não sou capaz de sentir é que eu percebo que nunca fui capaz de ama-lo porque nunca me permitir isso. Eu estou tão ocupada fugindo de qualquer sentimento, fugindo dos meus erros, fugindo de mim mesma que deixo ele passar. Deixo momentos como esse em que meu coração pode bater diferente passar. Por medo. Porque eu vi meu pai ir embora quando era criança, porque vi minha mãe chorar durante dias por causa disso e num dia seu coração partido foi demais pra ela aguentar que se matou, porque fui morar com meus avós que já tinham vivido muito pra se preocupar comigo. Foi aí, nessas situações que eu decidi que amar era ruim. Que amar matava você, que amar destruia quem você é. Mas agora, nesses segundos que antecedem meu primeiro beijo com sentimento real, eu sinto que não é assim. Talvez, só talvez as coisas sejam diferentes comigo.

Shelter. – sussurro pra ele.

É o que ele tem sido durante todos esses anos. Meu abrigo. Minha casa. Minha família. A única pessoa que conhece meus pecados, minhas falhas e ainda assim, me ama. E me ama e me ama, apesar de todo o resto ruim que eu sou.

O beijo acontece devagar como se ele e eu estivessemos com medo. Experimento o território que são seus lábios contra os meus, de olhos abertos encontro ele do mesmo jeito que eu. Estamos nos beijando de olhos abertos, é bizarro. Porque não queremos só sentir, queremos ver pra acreditar, pra guardar esse momento. Passo meus braços em volta do seu pescoço pra traze-lo pra mais perto e finalmente fecho os olhos de novo. E apenas o beijo, apenas me deixo levar. Sem armadura nem culpa. Pois estou onde eu deveria estar, nos braços do my Shelter.

Sinto quando suas mãos vão pra minha costa, tateando atrás do zíper do meu vestido. Finnick o acha e o abre, fazendo o vestido escuro deslizar pelo meu corpo até os meus pés. Ele rir contra meus lábios, eu me afasto e começo a desabotoar sua camisa, mas isso está indo devagar demais. Por isso apenas puxo com força, os botões pulam da camisa e vão parar em algum lugar no chão junto com a camisa, junto com meu vestido que chuto pra longe dos meus pés. Olho pra trás e vejo que a cama está mais perto do que eu esperava, seguro a mão de Finnick e o levo pra lá. Faço com que ele sente na beirada da mesma, e sento sobre ele com uma perna de cada lado, minha intimidade pressionando a sua sob o tecido da sua calça.

Dou meu sorriso de garota travessa e ataco seus lábios outra vez, prendo seu lábio inferior entre meus dentes ao passo que rebolo sobre ele e sinto Finnick ficar duro. Começo a beija-lo, então é quando ele me pega de surpresa. Me segura pela cintura e inverte nossas posições. Agora, ele está por cima de mim. Seus olhos estão cheios de malícia, escuros de desejo. Finnick abre o fecho do meu sutiã e logo ele vai se juntar com as outras peças de roupas no chão. Eu fecho os olhos quando ele desce sua boca sobre meus seios, beija cada um demoradamente, passa a língua neles, suga, morde. Prova, saborea, marca... e no meio disso tudo deixo que dos meus lábios escape um gemido de prazer. Quero pedir mais, que ele não pare, que se misture logo comigo mas meu corpo virou um mar de sensações e não sei qual sentir primeiro: prazer, alegria, desejo... Mas nada sai da minha boca além de gemidos. Seus lábios vão abrindo caminho pela minha barriga, trilhando um caminho de beijos molhados em direção a minha virilha. Sinto quando ele tira minha última peça de roupa desliza minha calcinha pela minhas pernas até que ela encontre um lugar com o resto, agora estou totalmente nua.

Abro meus olhos apenas pra encontra-lo me admirando. O verde do seus olhos está cheio disso, dessa coisa que tem entre a gente e que é tão forte.

– Você é linda. - ele declara com a voz rouca de desejo e por algum motivo, me permito corar e ele dá um sorrisinho de lado. Eu provavelmente sou a mulher menos atraente do mundo com o cabelo bagunçado, a maquiagem borrada, fedendo a álcool e com um lado do rosto vermelho por causa do tapa.

E é quando sinto seu dedo escorregar pra dentro da minha intimidade. Solto o ar pela boca tentando controlar meus sentidos, essas sensações malucas. Mas então eu desisto. Não tem como controlar isso, não tem como parar de sentir isso. Então apenas deixo. Me deixo levar, me permito apenas sentir e viver esse sentimento que tá nascendo aqui dentro do meu peito. Os minutos seguintes são uma agonia, Finnick brinca com minha intimidade com seus dedos, com sua boca. Me faz gemer alto, me faz pedir por ele, me faz pensar que estou morrendo quando o ápice chega tão bruto e grande e me faz ter sensações de frio e quente ao mesmo tempo. Mas é quando Finnick fica por cima de mim outra vez e o ajudo a se livrar de todo aquele pano que separa nossas peles de se tocarem, e o seu corpo se junta com o meu o máximo possível. É que eu sinto o mundo entrar na rotação certa, as cores brilhando mais fortes, as coisas nos seus devidos lugares e o nós que tanto adiei virando realidade.

~~

Katniss

A noite foi um saco total. Não só porque a festa foi pro buraco depois daquela revelação de que Finnick é um tremendo canalha traidor - nada que eu já não soubesse -, mas sim por causa de Gale. Tive que leva-lo pra casa e ele foi durante o caminho inteiro tagarelando no meu ouvido sobre o meu mau comportamento em ter fugido da sua presença pra dançar com Peeta. E como responder não ia adiantar, apenas me limitei a bufar e pisar no acelerador - eu estava dirigindo o carro dele - pra chegar logo na casa desse mala sem alça. E no fim da noite quando me preparava pra dormi - lá pras duas da matina - eu fiz um balanço mental sobre o que tinha aprendido hoje e foi esse quem ganhou: sair com Gale não é legal. E dormi pensando num certo loiro.

Eu sabia que o dia seguinte ia ser cheio de emoções assim que acordei ao som do meu celular berrando em cima da cômoda. Me repreendi mentalmente por deixa meu celular ao alcance das mãos de Cinna. O moreno havia colocado uma música ridícula como meu toque.

Tateo pela cômoda que fica ao lado da minha cama de olhos fechados o alcanço.

– Alô? - minha voz sai rouca e baixa, sem nenhuma energia ou algo do gênero.

Ah, Katniss até que fim. Céus! Você ainda está dormindo? - a voz soa alta e clara do outro lado. Tiro o celular da minha orelha e olho a tela pra ver quem é que está ligando, porque eu não reconheci a voz.

Bom dia pra você também, Madge. - digo com ironia.

Bom dia e vem pra cá agora.

Pra cá...?

O local da festa de ontem. Você tem uma hora, hein.Tchau.

Madge sempre direta e prática, penso. Depois que ela desliga e acabo fechando os olhos de novo e quando vi já dormi de novo. Acordo sobressaltada, jogo as cobertas pro lado e corro pro banheiro crente de que dormi mais que uma hora e que Madge deve está uma fera comigo. No entanto, depois que tomo meu banho as pressas e saio do banheiro vestida e secando o cabelo com a toalha é que olho no relógio que tem na parede da cozinha e vejo o horário. Putz. Ainda não se passou nem quinze minutos desde que a Mad me ligou. Oh, merda! Meu cérebro me pregou uma peça.

Depois disso faço tudo vagarosamente, até escolho outra roupa. O clima está frio hoje, acho que hoje neva. As nuvens cobrem o céu dando uma tonalidade cinza pra cidade, o inverno dando oi. Quando estou vasculhando atrás de uma das minhas blusas de inverno - uma de lã preta que minha mãe fez pra mim - é que encontro uma coisa que não vejo há muito tempo soterrada por uma enorme camada de roupas.

Minha caixinha de lembranças.

É uma caixinha cinza de sapato que tenho desde que comecei a namorar com Peeta. Saio do meio das minhas roupas jogadas no chão e me sento na beirada da cama, segurando a caixa entre as mãos como se ela fosse uma bomba prestes a explodir. Abro-a e jogo seu conteúdo sobre a cama, espalho tudo.

Há uma quantidade grande de cartas e fotos nossas, recados escritos em guardanapos ou pedaços de folhas de caderno. Pego um aleatório, um pedaço de folha de caderno.

"Pensei em você antes de dormi e quando acordei o seu nome foi o que me veio primeiro no pensamento: Katniss. Acho que isso é um sinal pra eu te ver.

Às 14:30hs na biblioteca da escola.

Ass: Seu Peeta."

Meu corpo foi inundado por água quente, que se espalhou por meus tecidos entrando em minha corrente sanguínea e me fazendo sentir o calorzinho em volta do coração que só Peeta me causa. Suspiro com isso. Quanta saudade eu sinto desse tempo. Tudo era bem mais fácil com ele do meu lado.

Eu lembro bem desse dia. Foi logo no começo, quando começamos a nos gostar mais do que só como amigos. Ele ainda não tinha me pedido em namoro, estávamos testando um ao outro ainda. Testanto as sensações causadas e o sentimento que tava nascendo entre nós. Os bilhetinhos eram mais pra que ninguém soubesse que estávamos nos encontrando desse jeito, pra que Gale não soubesse. Ele ainda não tinha aceitado nosso fim e sempre que podia me abordava e pedia pra que voltassemos. Peeta e eu concordamos em dá um tempo pra que ele se acostumasse com a ideia, pra só então podermos nos assumir. Apenas Annie sabia e nos acobertava, arranjava lugares pra irmos ou apenas inventava desculpas pra explicar minha ausência em alguns lugares.

Esse bilhete, em questão. Peeta me passara durante a aula de história. Lembro de tê-lo visto concentrado escrevendo algo até que ele rasgou um pedaço da folha e deu pra Annie - que sentava do seu lado - que passou pra mim com um sorrisinho de canto. E nos encontramos mais tarde entre livros da biblioteca da escola para dá beijos com gosto de leveza sobre toda poeira do livros mais velhos. Ficamos nisso até que derrubamos - sem querer - uma penca de livros e pegamos uma broca e tanto da bibliotecária.

Devolvo o bilhete pra dentro da caixa e pego uma das fotos. Essa foi tirada minutos antes do baile, quem tirou foi Johanna pois ela é a única que não aparece na foto e nessa época ela tinha decidido que queria ser fotógrafa. Eu me localizo no meio, Peeta está me abraçando por trás usando seu terno de baile azul-claro e eu estou com um vestido rosa escuro que minha mãe tinha escolhido uma semana antes. Annie está do meu lado esquerdo meio encostada em mim ela dá um sorrisinho de lado enquanto seus olhos claros se desviam sob o óculos de grau - que ela não usa mais - pra Finnick que está do seu lado, um sorriso grande em seu rosto - ele ainda estava namorando Johanna nesse tempo, dava pra ver que ele tava apaixonado. Do meu lado direito, existe Gale fazendo uma careta engraçada dando um mata leão de brincadeira em Darius - o moreno ainda estava vivo, ele morreria na semana seguinte - ao passo que este finge que está nocauteado. Estávamos todos juntos, ainda éramos amigos apesar do clima estranho que estava entre nós como os segundos que antecedem a tempestade. Deixo essa foto na caixa e pego outra foto.

Ah. Dessa eu lembro. Foi Annie quem tirou. A ruiva tinha ganhado uma câmera naquele verão e não parava de tirar fotos por aí. Foi nas férias, três semanas antes do baile, tínhamos combinado uma tarde no parque. Nos oito fizemos um piquenique em baixo de umas árvores numa parte afastada das pessoas e brincamos, tiramos sarro um com a cara do outro, discutimos sobre o futuro, fizemos competição de quem conseguia por mais uvas na boca - feito que Finnick conseguiu ao colocar 33 uvas na boca. E no fim da tarde enquanto o sol ia embora, eu me sentei entre as pernas de Peeta e ele passou os braços em volta de mim, encostou a boca na minha orelha e sussurrou um "sorria"baixinho ao passo que eu flagrava Annie do nosso lado com a câmera em mãos, eu sorrir. E a foto foi tirada. Essa é a minha foto predileta, a devolvo pra caixa. Mas quando estou indo pegar outra foto meu celular toca.

– Oi?

Cadê você? - Madge pergunta impaciente.

– Já estou indo. - coloco o telefone entre meu ombro e orelha e começo a guardar as fotos e bilhetes de volta na caixa.

Olho pra pilha de roupa jogada no chão. Não vai dá tempo de arrumar. Pego a caixa e coloco embaixo da cama e saio do quarto.

– Não precisa vim pra cá. Vai pro hotel da Johanna. Agora!

O que? Por quê? - saio do meu apartamento. E vou em direção ao elevador.

– Annie sumiu! Tenho certeza que foi atrás de Johanna. Você sabe o que vai acontecer se elas se encontrarem.

– Desastre total. - respondo. - Me passa o endereço que eu te encontro lá.

Madge diz o endereço e numa corrida só chego lá o mais rápido que posso. Esmurro a porta da suíte dela até que a porta abre e acabo por me deparar com Finnick, sem camisa me olhando. Meu alarme de perigo começa a apitar freneticamente.

Tomo fôlego antes de dizer algo.

– Cai fora daqui! - solto sem cerimônia alguma. - Annie está vindo pra cá. Você tem que ir embora.

– Merda! - ele leva as mãos pra cabeça e entra, vou atrás dele. Ele procura pelo chão sua camisa e logo a veste.

Nossa! Esse quarto está uma bagunça. Tem garrafas de vodka vazias pelo chão, roupas também, uma caixa de pizza vazia... Devio meus olhos pra cama e encontro Finnick sentado em sua borda, ele está falando com um amontoado de pano. No entanto, algo se levanta de lá. Não algo, alguém. Com o cabelo castanho bagunçado e um sorrisinho na boca Johanna beija Finnick brevemente antes dele me lançar um olhar de desafio pra mim e só então sair do quarto.

Vejo Johanna sair nua dos lençóis da cama. Ela nem ao menos se importa comigo aparada no meio do seu quarto. Ela entra no banheiro sem me dá nenhum olhar, e assim que a morena some pela porta do banheiro uma ruiva entra pela porta da frente. Ela olha em volta, ainda está usando o vestido do jantar o seu cabelo está meio bagunçado meio arrumado. Seus olhos estão vermelhos, deve ter passado a noite chorando. Então ela se depara comigo.

– Katniss?

– Oi, Annie. - digo na maior cara de pau. - Que tal nós sairmos daqui, eu te pago um suco e te conto o que to fazendo aqui?

Ela estreita os olhos pra cima de mim, franze o cenho perigosamente. Mas antes que ela diga qualquer coisa, Johanna sai do banheiro usando um roupão, o rosto lavado e os cabelos domados.

– Você! - Annie aponta pra morena. - Onde está meu noivo?!

Com uma belíssima cara de paisagem, a morena diz:

– Não está aqui. - sua voz está neutra.

Eu só consigo pensar que Annie vai pular em cima dela a qualquer momento, pois vejo quando o rosto da ruiva fica vermelho de raiva.

– Oi, Katniss. - Johanna diz me olhando com um sorrisinho travesso no rosto.

– Sua vaca! Está mentindo! - Annie avança pra cima dela. Mas eu consigo segura-lá pela cintura. Até que ela é bem forte pra uma grávida. - Diga onde ele está!

– Hum. Por que eu deveria saber? Ele não é seu noivo? - Johanna passa do lado de Annie, esta tenta puxa-la mas afasto as mãos dela de Joh.

A morena se senta no sofá com as pernas cruzadas.

– Me solta, Katniss! Deixa eu acabar com essa vadia. - Annie pede cheia de raiva e se contorcendo toda pra tentar sair do meu aperto.

– É, Katniss. Solta ela. - Johanna diz com uma neutralidade que me surpreende. Acho que essa surpresa é o que faz o meu aperto afrouxar e Annie se solta.

A ruiva vai pra cima da morena como um trator. Ela ergue a mão o barulho do primeiro tapa corta o ar. Eu prendo a respiração, mas estou assustada demais pra reagir e pelo visto Johanna também. A morena simplesmente recebe o tapa, e depois outro. Um em cada lado do rosto.

– Mais forte, sua idiota! - Johanna diz de dentes cerrados. Ao passo que Annie a estapeia mais.

Eu saio do meu topor e agarro a cintura de Annie, puxo ela pra longe de Johanna. Mas a ruiva segura o colarinho do roupão da Joh e puxa, jogando a morena no chão. Annie cheia de ódio, vai pra cima dela. Eu tento puxa-la de cima da outra, mas acabo levando uma cotovelada no nariz que me desorienta por um tempo. Tempo suficiente pra Annie continua a surra. Caio no chão segurando meu nariz que começou a sangrar.

Meu Deus!

Tombo a cabeça pra trás pra tentar parar o sangramento. Enquanto isso a ruiva bate e bate em Johanna, que não tenta se defender ou revidar em nenhum momento. E é nesse estado que Madge nos encontra.

A loira corre pra dentro da suíte com seu cabelo loiro solto sobre os ombros.

– Katniss?

Então ela ver as mulheres no chão. Ela corre em direção a Annie e quero avisa-la pra tomar cuidado com o cotovelo de Anne, mas não consigo dizer nada. O gosto de sangue forte na minha boca. Sem delicadeza alguma ela empurra Annie pro lado e puxa Johanna pra longe da ruiva.

– Ficou maluca?! - vocifera, o rosto adquirindo um tom de vermelho. - Ah, meu Deus! Johanna, fala comigo.

Johanna está imóvel no chão. Pelo canto de olho vejo um fio de sangue sair pelo canto esquerdo da sua boca. Seu rosto está muito vermelho por causa dos tapas e tem algumas escoriações em suas bochechas, seu lábio está partindo. Seguro meu nariz e olho pra Annie, ela parece enfim estar voltando ao normal. O surto de raiva saindo do seu corpo.

– Ah, Katniss. Você está sangrando! - aponta pra mim.

– Sério? Eu achei que tinha derrubado Ketchup em mim. - não posso evitar o sarcasmo. Limpo meu nariz na minha blusa. O sangramento já está parando.

Johanna enfim se mexe ao passo que Annie começa a sentir vergonha do que fez. A morena abre os olhos, Madge ajuda ela a se sentar. E olhando agora, seu estado é pior do que eu pensava. Annie acertou ela forte demais. O rosto sempre bonito dela, foi reduzido a muitas escoriações vermelhas e sangrentas. Ela olha pra Annie e ri. Em alto e bom som, Johanna ri na cara de Annie.

– Sua idiota. - xinga com a voz fraca, mas forte o suficiente pra que nos escutemos. - Espero que esteja se sentido melhor agora, porque eu não quero ter apanhado por nada.

– Eu não... - tenta a ruiva.

– Que pena. - diz com falsa lamentação na voz. - Mas agora que você não está mais com raiva podemos conversar, não é?

– Onde está Finnick?

– Não sei. - e percebo que ela não está mentindo.

Johanna realmente não sabe.

Madge faz ela se levantar e a coloca sentada no sofá. Annie sai de perto dela, mas ela parece mais surpresa pela reação de Johanna do que com repulsa dela. Annie vem até mim e me ajuda a levantar antes de dizer algo pra morena.

– É melhor você dizer, se não...

– O que? Vai me bater? Pode ir em frente. - debocha a morena e não posso evitar um sorriso de simpatia surgir na minha boca. Johanna sempre foi a mais forte de nós quatro, a mais corajosa. Ela sempre enfrentou os problemas de cabeça erguida. Talvez seja por essa força toda que Finnick ainda não pôde deixa-la. - Ele não está aqui e se quer saber, ele passou a noite aqui sim. Mas foi embora antes que eu acordasse e não sei pra onde foi e nem se volta hoje ou se algum dia volta.

– Vocês dormiram juntos? - Annie pergunta cheia de dor.

– O que você acha? - Johanna responde com uma pergunta.

– Desde... desde quando vocês dois estão me traindo?

Johanna parece pensar durante um tempo.

– Desde de sempre. - diz como quem fala que hoje vai chover. - Estamos juntos desde o colegial, nunca nos deixamos. Ele foi pra Amazônia por causa de uma briga boba que tivemos.

Annie fecha os olhos com força, mas mesmo assim as lágrimas descem, então deixa seu corpo cair. Ela senta no chão, eu a acompanho, lhe abraço e deixo ela chorar. Madge olha reprovadora pra Johanna.

– O que! Ela quem quis saber, Mad. - diz na defensiva. - Você sabe que é verdade.

– Você sabia, Madge? - Annie pergunta tirando seu rosto do meu ombro e olhando pra loira.

Vejo Mad engolir em seco e só isso entrega toda a verdade. E Annie chora mais.

– Annie, eu não podia contar. Johanna é minha amiga também.

– Você deixou isso acontecer. Eu desabafei com você minhas dúvidas, meus medos sobre Finnick e tudo que você fez foi fica lá, ouvindo, me dizendo que tudo ia ficar bem quando na verdade, você sabia de tudo. Tudo!

– Annie...

A ruiva me afastou. Ficou em pé.

– CALA A BOCA! - gritou tão alto que me sobressaltei. - Você não tem direito de falar nada, sua traíra! Mentirosa!

Dos olhos de Mad começaram a brotar lágrimas.

– Ai, pare de gritar. - Johanna reclama pondo os dedos nas têmporas.

Annie olha feio pra ela.

– Chega! - eu falo alto. As três me olham e fico sem saber o que dizer, eu só não aguento mais essa gritaria. - Parem de se acusar. Madge errou, eu sei. Foi horrível? Foi. Mas Johanna é amiga dela também. O que faria se fosse você, Annie? - a ruiva fica calada. - Johanna é uma vadia, disso todo mundo sabe.

– Ei! - protesta.

– E Annie, você conheceu Finnick na época de escola. Ele sempre foi louco pela Johanna, todos nós sabíamos que isso não ia sumir de uma hora pra outra ainda mais depois que eles foram embora juntos daqui depois do acidente... - minha voz está estranha por causa do meu nariz. - Finnick sempre vai ser esse canalha cretino. Você o ama, eu sei. Mas Annie, amor passa. Isso tudo vai passar.

– Do jeito que passou com você? - ela pergunta com uma ponta de irritação na voz. - Já se passaram dez anos e você ainda o ama. Não passou!

– Essa conversa não é sobre mim. - declaro.

– Claro, que não. Porque toda vez que é, você foge. - Annie fala e não posso acreditar que ela esteja me atacando desse jeito.

– Ela tem razão. - Johanna comenta ao passo que Mad me lança um olhar que não sei decifrar.

– Annie, você não pode...

– Não posso?! Claro que eu posso! - ela abre os braços. - Você foge, Katniss. Tudo o que você tem feito nesses anos todos foi fugir do passado. Fugir do amor que sente pelo Peeta, porque tem medo que ele saiba o quão ruim você é. Então não me venha com "isso passa" porque você nem ao menos tem coragem de enfrentar seus fantasmas, sua hipócrita!

Fico parada. Olhando pra ela, tentando achar minha amiga no corpo dessa mulher. Cadê minha doce Annie? Aquela ruivinha que me ajudava a fugir das aulas chatas. As palavras dela fazem o estrago esperado, reabrem minha ferida. Eu respiro fundo. Olho pra Mad e Joh, sentadas lado a lado no sofá, elas me encaram com certa pena no olhar. Annie acabou de dizer o que elas pensam.

Eu dou as costas a todas elas antes que eu diga algo que faça eu me arrepender depois, mas antes de cruzar a porta eu digo.

– Sabe, quando vi Finnick e você juntos naquele baile de reencontro eu sabia que não ia dá certo. Ele nunca vai olhar pra você, Annie, do jeito que ele olha pra Johanna.

E saio. Apresso meus passos. Quero ficar o mais longe dali, disso tudo, delas... No meio do caminho deixo as lágrimas cairem, a raiva se dissipando do meu corpo através das lágrimas. Pego um táxi e vou pra casa. Faço o que posso pra parar de chorar, porque com meu nariz batido fica horrível respirar.

Assim que entro em casa, pronta pra voltar a chorar me deparo com Peeta parado na minha mini sala. Ele deve ter vindo pra ver como eu estava depois de ontem, mas assim que seus olhos me encontram sei que tem algo de errado. Ele olha bem pra mim, espero o momento que ele vá perguntar o que tem de errado com meu nariz ou porque minha blusa está suja de sangue. Mas ele não pergunta. O loiro apenas levanta a mão e vejo que ele está segurando algo. Um papel? Não, uma fotografia. Engulo em seco ao reconhecer essa foto.

É uma tira de foto composta por três fotos nossas. Na primeira ele está beijando meu rosto enquanto eu tenho os olhos fechados, na segunda estamos nos beijando ele com os olhos meios abertos olhando pra câmera e na última, Peeta tem o braço sobre meu ombro e fazemos caretas pra câmera. Tiramos essas durante um passeio no shopping numa daquelas cabines de fotos. Um dólar por uma foto.

– Você pode me explicar o que é isso? - ele balança a foto na minha frente.

Mas eu congelei. Essa foto devia está junto com as outras numa caixa cinza embaixo da cama. Sinto como se estivesse numa estrada deserta esperando um furacão se formar, sentindo a ventania no rosto e pânico na boca do estômago pois sei que não importa o quanto eu corra, o furacão ira me pegar.

Ele acabou de me pegar.

–-------------------------------------------------------

LEIAM AS NOTAS FINAIS!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei, eu sei que eu disse que não ia mais rolar Jinnick, mas o problema é que eu não resisti!! Gente, eles combinam pacas!!! Minhas desculpas pra quem se sentiu enganado e pra quem curte esse casal: FICOU PERFEITO ELES JUNTOS!! rsrsrs.
Quero dizer em minha defesa que eu não estava planejando isso. Eu simplesmente fui escrevendo e quando vi já era e não pude não postar.
Annie deu uma surra na Johanna e ainda jogou uma verdade na cara da Katniss. ESSA RUIVA ARRASA!!! rsrsrs
Quanto a cena final do Peeta encontrando uma foto dele e da Katniss... hummm. Nada a declarar.
Comentem!!!
bjs e até o próximo.