Skeletons In The Closet escrita por OmegaKim


Capítulo 13
TREZE: Partes de mim


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! 41 leitores, obrigada!
Pov todo do Peeta.
Boa leitura e bem-vindos.



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Capítulo TREZE: Partes de mim.

Peeta

Os olhos dela estavam num tom de cinza escuro assustado como se o que eu tinha na mão não fosse uma foto e, sim, uma arma apontada pro seu rosto.

Notei o seu nariz meio inchado e o sangue na sua blusa, quis perguntar sobre isso. Quis ir até a geladeira e pegar gelo pra colocar no seu nariz pra não inchar, quis fazer ela trocar de roupa, quis saber por que seus olhos estavam meio vermelhos, mas eu tinha que manter o foco. Não podia deixar meu lado protetor tomar conta agora, não agora, quando tenho essa fotografia em mãos. Desvio meus olhos pra foto. Uma tira de foto composta por três momentos seguidos, daquelas tiradas numa cabine de fotografia. Eu devia lembrar. A imagem me é familiar. Katniss de olhos fechados e um sorriso na boca enquanto eu dou um beijo em sua bochecha; Eu e Katniss nos beijando, ela totalmente envolvida no beijo ao passo que eu tenho os olhos meio fechados, uma sobrancelha arqueada e olhando pra câmera de soslaio; Eu com um braço em volta do ombro de Katniss enquanto fazemos caretas pra câmera.

Eu devia lembrar.

Mas as imagens estão confusas na minha cabeça quando me concentro nessas imagens. É tudo um borrão colorido na minha mente, há o som do riso dela. O cheiro da sua pele, a maciez dos lábios dela contra os meus... No entanto é tudo imensamente embaralhado que não consigo organizar a ordem dos gestos. Minha cabeça começa a latejar, quer dizer, volta a latejar. Porque desde que vi essa foto minha cabeça só tem latejado e toda vez que me concentro na minha expressão adolescente da foto, apenas sinto a dor aumentar.

Tiro meus olhos das imagens e volto-os pra morena parada na minha frente.

– O que é isso? – repito a pergunta mostrando a foto pra ela.

– Estava mexendo nas minhas coisas? – ela solta, mas eu a conheço bem demais pra saber quando Kat está tentando fugir do assunto.

Katniss tenta pegar a fotografia da minha mão, contudo eu afasto minha mão do seu alcance. Eu ser mais alto do que ela ajuda nisso. Vejo uma surpresa passar por seus olhos e tom assustado se intensifica. Por que ela está com tanto medo por eu ter achado uma foto no chão do seu quarto?

Seguro a imagem entre meus dedos com força, sou tomado por um medo de que ela tire isso de mim. Essa única coisa que é importante, não sei por que, mas é. Há um sentimento de familiaridade toda vez que olho pra mim adolescente ao lado de Katniss adolescente. Sim, definitivamente, eu deveria lembrar.

– O que é isso? – repito mais uma vez a pergunta ao passo que minha cabeça lateja outra vez e esfrego meu dedo na minha testa pra apaziguar a dor. – Responde e não tenta mudar de assunto.

Isso? – vejo que suas mãos estão tremendo levemente e o seu corpo parece querer seguir o mesmo caminho. – Sou eu e-e vo-cê...

Tenho vontade de revirar os olhos com essa resposta ou soltar um sério?! Mas me contenho ao ver o estado frágil que a morena está. Uma parte de mim quer conforta-la, dizer que está tudo bem, devolver a foto pra ela e dizer que não foi minha intenção deixá-la nesse estado. Mas essa foto... O jeito que pareço tão à vontade ao lado dela, a naturalidade com que meu eu-adolescente está beijando Katniss-adolescente como se tivesse feito isso desde sempre.

O que é isso? Quero repetir mais uma vez, mas minha mente confusa me mostra a pergunta certa: Por que isso? E essa pergunta fica reverberando na minha cabeça, buscando a resposta que eu devia saber e não sei, esqueci, perdi ou qualquer que seja o adjetivo me leva a mesma conclusão: Eu não a tenho. Minha cabeça doí com mais intensidade, tanta que tenho que fechar os olhos por um tempo.

Essa... Isso... Aconteceu de verdade? – digo depois de um tempo angustiante de silêncio.

Eu não sei o que Katniss ver no meu rosto ou o quão ruim está minha expressão, mas ela me olha como se eu estivesse prestes a quebrar em milhões de pedaços confusos que não entendem porque estou a beijando numa foto antiga quando tenho certeza que sempre fomos amigos e o único beijo que demos aconteceu duas semanas atrás num beco escuro com a chuva como testemunha. Vejo ela assentir tão discretamente que se eu não tivesse a encarando não teria visto, mas isso, essa confirmação me pega desprevenido. Eu não sabia até ela confirmar, o quanto eu esperava negação da parte dela.

Olho pra foto mais uma vez na tentativa que meu cérebro reconheça a imagem, me mostre a verdade, a lembrança desse dia. No entanto, encontro as mesmas imagens borradas que não compreendo que me dão dor de cabeça e que não ajudam em nada, apenas me deixam mais confuso.

– Por que eu não lembro? – ainda estou olhando pra foto, a imagem do meio, a cena do beijo, é a que mais me intriga e faz meu cérebro doer e levo isso como um sinal pra insistir nela.

– Você... você... – a voz dela me alcança baixa, quase um sussurro. – Me dê a foto, Peeta. Não quero falar sobre isso. – a morena estende a mão pra mim.

Então é isso.

Katniss mais uma vez ditando as regras do que devemos conversar ou não, porque existe assuntos que ela não quer tocar nem hoje nem daqui um milhão de anos. Ela está se escondendo de novo como das outras vezes em que tentei perguntar a ela sobre coisas antes do acidente, porque eu quero lembrar. Quero parar de dormir me sentido incompleto e acordar num estado pior. O doutor Aurélios disse, numa de nossas consultas de rotina, que falar sobre minhas lembranças perdidas podia ajudar a minha recuperação e a única pessoa em que eu confiava pra falar sobre isso é Katniss, mas ela nunca quis nem tentar falar sobre isso. Ela sempre fugia desse assunto quando eu tentava entrar nele, e como ela está fazendo agora: Katniss diz que não quer falar sobre isso e pronto. E essa atitude dela me deixa irritado, sinto meu sangue subir pra minha cabeça e por um momento esqueço a dor de cabeça ao passo que digo:

– Você não me respondeu: Por que eu não lembro? – minha voz sai mortalmente seria, quase não reconheço ela como minha.

Katniss parece que foi pega de surpresa, a morena abaixa a mão. Ela com certeza nunca me viu assim, forçando ela a falar sobre algo. O Peeta de horas atrás - que ainda não tinha encontrado essa foto – iria respeitar sua decisão e devolver a foto para as mãos dela obedientemente. Mas esse Peeta de agora, está irritado com o jeito fácil que a morena sempre foge, com o pouco caso que ela faz com minhas lembranças perdidas e com jeito mandão dela.

– Peeta me dá a foto. – manda/pede, não consigo discernir.

– Não, Katniss! Chega! Eu não quero mais adiar esse assunto. – falo. Irritação estampada em cada palavra. – Por que eu não lembro?

– Peeta, eu não estou pronta pra...

– Por que eu não lembro?

– Não faz isso. – a voz dela fica terrivelmente frágil, mas eu uso minha força de vontade pra ignorar isso.

– Por que eu não lembro?! – falo mais alto, quase um grito.

– Porque você bateu a cabeça! – Katniss gritou, as lágrimas saindo descontroladamente de seus olhos. – Porque você pulou daquela droga de cachoeira junto de Darius, porque eu estava lá e não fiz nada pra impedir... E ficou dois meses em coma.

– Por que estamos assim? – mostro a foto pra ela.

– Eu não consigo...

– Fala!

– Namoramos. – disse baixinho com o rosto molhado, os olhos baixos.

A resposta me pegou de surpresa, soltei a foto como se ela tivesse começado a queimar meus dedos. Senti ela deslizar pra longe dos meus dedos, senti o chão sob meus pés desaparecer e por um momento desesperador não consegui puxar ar pros meus pulmões. Me senti com seis anos de idade quando cai no lago que tinha no quintal de casa, eu não sabia nadar e tudo que consegui fazer foi engolir água em meio ao desespero de morrer afogado, lembro do gosto da água entrando por meu nariz, boca, atrapalhando minha visão e meus braços se mexendo desajeitados, tentando me manter flutuando. E agora me sinto assim de novo, como se estivesse me afogando com a água preenchendo meu pulmão, roubando meu ar e deixando minha mente em total desespero, pois estou afundando e não consigo fazer nada pra impedir isso.

– Como? – consigo dizer meio atordoado, minha cabeça voltando a latejar.

– Namoramos. – ela repete mais alto. – Estávamos namorando quando você sofreu o acidente.

– Você só pode estar brincando. – dou as costas pra ela, não consigo encara-la, passo as mãos no meu cabelo e puxo o ar numa tentativa de me estabilizar. Quero que ela diga que é uma pegadinha, que essa foto é uma montagem, que isso nunca aconteceu porque não consigo acreditar que ela escondeu isso de mim esses anos todos. Mas volto a olhá-la. – Isso não pode ter acontecido... isso não é... – meus olhos encontram os dela e eu consigo ver a verdade estampada em cada parte do rosto dela, e isso me assusta tanto que não consigo terminar a sentença.

Estou outra vez flutuando, não sinto o chão sob meus pés.

– Peeta...

– Pelo amor de Deus, Katniss! Como você pôde esconder uma coisa dessas?! – acho que agora estou surtando, minha voz sai alta demais. Esfrego a minha testa pra tentar parar a dor, começo a andar pela mini sala dela. Puxo o ar com mais afinco, preciso de mais ar. Não consigo sentir que estou respirando o suficiente.

– Eu não estava pronta pra te dizer isso...

– Dez anos? E você ainda não estava pronta?!

– Você não entende.

– Você que não entende! – acabo gritando, meu autocontrole indo de vez pro ralo. – Eu passei dez anos dormindo e acordando me sentindo como alguém vazio! Com essas malditas dores de cabeça! Com esse maldito vazio na minha cabeça! Você podia ter me ajudado, mas tudo que você fez foi esconder tudo isso de mim – chutei com a ponta do tênis a foto no chão. – como se eu não quisesse saber, como se isso fosse só seu!

– Não é assim.

– É assim, sim! – voltei a olhá-la. As lágrimas tinham parado de descer, mas os olhos ainda estavam mesclados de vermelho e Katniss tinha uma expressão de irritação no rosto. Tive vontade de rir disso, eu quem fui enganado e ela quem está irritada. – Eu respeitei o seu maldito espaço todo esse tempo, mas e eu? Eu não mereço saber a verdade? Não mereço saber sobre minhas próprias lembranças?!

Balancei a cabeça numa tentativa de afastar os borrões de imagens que estavam piscando em minha mente.

Katniss ficou calada. Encarei-a na esperança que ela dissesse algo, alguma justificativa boa sobre ter feito isso pro meu bem ou algo do tipo, mas ela só me deu silêncio, confirmando a resposta de que ela nunca fez isso pensando em mim. Ela pensou única e exclusivamente nela, nos sentimentos dela. Apenas me virei e fui embora, não tinha mais nada pra se dizer, mais nada que eu quisesse saber. A revelação de que eu e ela namoramos foi demais pra mim.

Já dentro do meu carro, tentei respirar. Puxei o ar freneticamente como um asmático tendo um ataque, mas era como se o oxigênio não entrasse nos meus pulmões e me fizesse relaxar. Meus nervos estavam enlouquecidos, eu sentia raiva, confusão e a dor na têmpora estava me deixando atordoado. Liguei o carro e sai dali. Precisava ir pra bem longe. Apenas comecei a dirigir, sem destino certo.

Minha mente era bombardeada com imagens sem sentido aparente. Eu segurando a mão de alguém, o som de uma risada, o gosto de menta na boca ou a cor vermelha de uma roupa qualquer... Isso estava me deixando maluco e um tanto irritado, minha cabeça parecia que ia explodir. Latejava e latejava e latejava...

A quinta avenida estava uma loucura – como sempre -, mas também pudera era a hora do rush. Confesso que estava meio distraído, mas tentei fazer um desvio pra direita no entanto um carro que estava saindo de uma vaga ali perto e que não deu sinal algum cortou meu caminho e como a rua estava movimentada acabamos ficando presos num tipo de cruz. O carro atravessado no meio da rua e o meu tentando seguir direto, mas com aquele carro na minha frente ficou impossível. Os outros carros atrás de mim começaram a buzinar, todos de uma vez. Alguns motoristas falavam palavrões, me mandavam sair dali. Mas o motorista do carro na minha frente, o causador disso tudo, talvez fosse um novato no volante, o fato é que ele não conseguia sair da posição que estava. E os motoristas buzinavam, o barulho apenas me deixando mais irritado. Até que o carro que estava atrás de mim bateu na minha traseira. Minha paciência já tinha ido pro ralo há muito tempo.

Sai do meu carro e o motorista fez o mesmo. Andei até a traseira do meu carro, apenas pra encontrar ela destruída. Por algum motivo aquilo me subiu à cabeça e me deixou muito muito irritado. Um homem parou do meu lado.

– Cara. – ele disse vendo o mesmo que eu.

Foi aí que eu perdi todo meu controle. Eu só conseguia escutar o sangue pulsando nos meus ouvidos e minha razão bem longe de mim. Empurrei o cara.

– Seu idiota!

– Ei, não toque em mim! – e ele me empurrou de volta.

Parti pra cima dele e lhe acertei um soco no queixo e em menos de segundos estamos rolando no chão. Desferindo socos um no outro. Em algum momento fiquei por cima dele e lhe acertei mais um soco. Minha cabeça doía como nunca tinha doido antes e essas imagens ficavam vindo e a voz de Katniss continuava rodando na minha cabeça “namoramos”, e ficava ecoando e ecoando. Mais um soco. Eu estava vendo tudo vermelho, apenas sentia muita raiva. Raiva da Katniss por ter escondido isso de mim por causa da sua covardia. Mais um soco. Meu punho acertou o rosto dele. E essas vozes ficavam soando nos meus ouvidos, a voz dela. A dor mais e mais forte na cabeça. O que mais ela escondeu de mim?

Faz a dor parar. E mais um soco. O som de uma risada me alcançou em meio as imagens borradas. Quem está rindo? Mas a resposta não me veio, minha mente não encontrou. A imagem da foto me veio, a naturalidade com que meus lábios estavam colados nos dela. Eu parecia tão à vontade. Nos beijamos há duas semanas e tudo que ela me pediu foi pra esquecer enquanto eu me sentia culpado, confuso. Mas ela sabia, ela sempre soube. Já fizemos isso antes. Katniss escondeu de mim minhas lembranças que são parte mim, é através delas que sei quem sou.

Preparo meu punho pra mais um soco, mas olho pro corpo do homem embaixo de mim. Seu rosto está coberto de sangue e ele está meio consciente meio desmaiado. Saio do meu torpor que minha raiva me colocou. Me levanto lentamente de cima do cara e alguém me agarra por trás, segura meus braços e prende atrás da minha costa. Olho em volta ainda atordoado com o que fiz e vejo uma multidão de pessoas me olhando assustados, alguns tem a mão na boca disfarçando a boca aberta e o rosto de puro terror.

Eles me olham como se eu fosse um monstro.

Me dou conta aos poucos que fui algemado e nos minutos que se seguem vejo a ambulância levar o homem que espanquei e logo sou colocado numa viatura policial e levado pra delegacia. Minha cabeça continua latejando e me mostrando imagens difusas, mas o que não sai da minha cabeça é a voz de Katniss dizendo que namoramos e olhar nos rostos daquelas pessoas na rua. Sou colocado numa cela junto de outro cara. Além dele e eu não há mais ninguém conosco. O delegado disse que eu tinha que passar a noite ali, pois usando suas palavras “preciso esfriar minha cabeça” e acho que ele tem razão. Me sento num banco de metal acoplado a parede, apoio meus cotovelos no joelho e descanso meu rosto entre minhas mãos.

O que foi que eu fiz?

Espero que aquele homem esteja bem, afinal ele não teve culpa de nada. O único erro dele foi estar no meu caminho quando minha cabeça era só confusão. Quer dizer, ainda é. Mas agora estou cheio de culpa também. Solto o ar pela boca.

– Eai. Briga de bar? – alguém toca meu ombro. Levanto meu olhar e encontro o cara que está preso comigo.

Ele tem o cabelo preto liso comprido como o de uma garota, só que está amarrado num rabo de cavalo. Seus olhos são de azul quase como o meu, mas os dele exibem uma malícia fraca como a de um garoto do colegial que aprontou alguma. Ele usa uma camisa laranja e uma calça jeans e tênis e está sentado ao meu lado. Acho que estou encarando ele com uma carranca porque ele se afasta um pouco, mas seu sorriso continua no rosto.

– Não quer falar, eu entendo. Se alguém acertasse meu queixo assim, eu também não iria querer falar. – e solta uma risada ao passo que toca no meu braço, dando um leve empurrão.

Não estou com humor pra rir ou pra dizer qualquer coisa, quero ficar apenas sentado aqui até amanhã quando vou poder pagar a fiança e cair fora daqui. Então fico quieto, volto a deixar meu rosto entre minhas mão.

– Ouvi os guardas falarem que o outro cara estava num estado grave.

Ótimo, agora tenho um possível homicídio pra carregar nas costas.

– Você deve ter batido muito nele, não é? – levantei meu rosto pra encara-lo. – Então o que ele fez? Mexeu com tua mulher? Mexeu com você? Não, peraí! Já sei. Falou da sua mãe, não foi? – e riu de novo.

Continuei quieto, apenas encarando ele. Quem é esse cara?

– Você é caladão, né. – comentou e se levantou. Começou a andar pela cela.

Ele foi até a mini pia que tinha no canto esquerdo e lavou o rosto, depois enxugou-o na camisa. E voltou a andar, de um lado pro outro. Ficou nisso durante um bom tempo, que começou a me dar nos nervos. Respirei fundo e tentei ficar calmo, não queria socar alguém inocente de novo.

– Para com isso. – falei, enfim. Com os dedos massageando as laterais da minha cabeça.

– Uou. Você fala. – ele levanta as mãos com o mesmo sorriso malicioso no rosto. – Eu já estava perdendo as esperanças. Qual seu nome? Eu sou Sêneca. – ele me estende sua mão, fico ainda um tempo olhando pra sua mão estendida até que resolvo apertar.

– Peeta.

~~

– Então encrenqueiro, pode começar a falar. – Madge diz assim que sentamos numa das mesas de um café perto da delegacia onde passei a noite.

Em algum momento da madrugada os policias deixaram que eu ligasse pra alguém. A única pessoa que sobrou na minha lista, foi ela. Depois do que a Katniss fez, eu não quero falar ou ver ela tão cedo. O fato é que liguei pra Madge que veio pagar minha fiança e me trouxe pra esse café pra que eu esclareça tudo que me levou pra uma cela com Sêneca Crane como companheiro. Aquele cara é meio maluco e tem sérios problemas de hiperatividade.

Contei a ela tudo o que aconteceu, incluindo o meu surto de raiva e toda a enganação da Katniss pra cima de mim. Achei que Mad fosse reagir um pouco mais surpresa, mas ela pareceu bastante neutra. Foi quando constatei:

– Você sabia que ela estava fazendo isso, não é?

– Ah, Peeta. Eu não podia me meter nisso. O assunto é seu e dela.

Solto o ar pela boca. Estou cansado, minha noite foi longa e Sêneca não parava de falar nem me deixou dá uma soneca. Meu queixo doí e sinto que meu lábio está inchado, isso sem falar que minha aparência não deve estar das melhores e, é claro, minha cabeça está latejando. Tudo isso somado faz minha guarda baixar e minha curiosidade aumentar.

– Você pode me contar? Quero dizer, sobre os meses que eu não lembro?

Madge me encara durante um tempo avaliando sua resposta. Ela segura minha mão sobre a mesa, aperta levemente meus dedos.

– Posso.

– Ótimo. – digo e tiro minhas mãos das suas, chamo o garçom e peço um expresso e Madge um suco.

Depois que nossos pedidos chegam, eu tomo um gole do café.

– Pode começar. – digo colocando o copo de café na mesa.

Madge dá um sorrisinho que não sei decifrar.

– Vocês começaram a namorar dois meses antes do baile de formatura... – e nos minutos que se seguem eu escuto atento o relato das minhas lembranças, das partes de mim que eu tinha perdido e que Katniss tinha escondido de mim.


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Notas finais do capítulo

Sem muito o q dizer hj aqui...
cometem!



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