Vocês já ouviram falar das Kyuubis? Em uma época bem antiga, existiram essas criaturas em forma de uma raposa de nove caudas e que variavam conforme o tamanho e a cor. Dependendo das cores, algumas eram um verdadeiro perigo, outras benéficas para quem as encontrasse e outras causavam pequenos transtornos.

As vermelhas eram o próprio demônio encarnado. Gigantescas, perversas e com um poder suficiente para aniquilar um país inteiro com apenas um sopro incasdescente de suas bocarras. Haviam também as pretas que não ficavam atrás; só de passarem por um lugar sua aura tornava a vegetação, os animais e os seres humanos em seres decadentes na aparência e na vitalidade, podendo até sugar-lhes o sopro vital.

Porém, tinham também as douradas e as prateadas muito maiores que as maléficas e que eram capazes de trazer a felicidade, a prosperidade e até a ressurreição dos mortos nos lugares por onde passavam.

Contudo, chegou um momento em que os deuses acharam que as kyuubis e os seres humanos não deveriam conviver entre si; os homens deveriam lidar com seus próprios problemas e suas conquistas. Por isso, colocou essas kyuubis numa terra bem distante onde nenhum homem teria acesso e cada uma delas conviveria com sua espécie.

Durante muito tempo esse arranjo funcionou, mas um dia, não se sabe como nasceu uma raposa de nove caudas completamente diferente das que viviam nesta região. Seu tamanho era de um cavalo, sua cor era azul e aparentemente não possuía nenhum poder como o das outras raposas. Por isso, ela foi banida do local por suas próprias companheiras.

Desiludida, a kyuubi vagou por vários lugares da face da terra até chegar no mundo dos homens. Ela estranhou aquelas criaturas tão diferentes dela que andavam em duas patas, eram menores do que ela e não possuíam pêlos. Porém, quis se aproximar e buscar nos homens o afeto negado por suas companheiras. Mas os homens que temeram por muito tempo as raposas, mesmo as benéficas e que julgavam que todas haviam desaparecido, assim que viram aquela kyuubi, ficaram mortos de pavor: algumas pessoas fugiram e outras a espantaram com o que tinham na mão.

Desde então, a criatura passou a atormentar a vida dos homens. Descobriu-se possuidora de certos poderes e com eles se vingava deles: destruía toda a vegetação dos lugares onde passava, devorava as riquezas nas casas dos mais afortunados, arrancava as roupas dos varais das casas e confundia as pessoas que adentravam as florestas e lugares desertos, fazendo-as se perderem.

Não havia quem pudesse capturar ou deter tal bicho. Ela era esperta e forte: libertava-se com facilidade das armadilhas que lhe preparavam e podia se transformar em qualquer coisa que quisesse se parecer, além de ser veloz e dar grandes saltos.

Cansada de percorrer tantos lugares, a Kyuubi, por fim, encontrou uma terra fértil e refrescante onde passou a residir: o Reino dos Ventos. Ali, permaneceu num bosque e como já era bastante conhecida e temida nos outros lugares, também passou a ser caçada neste. Inútil expediente porque nada e ninguém era capaz de detê-la. E ela também fazia o povo daquele reino conhecer sua ira aprontando mil e uma travessuras.

Ora, o soberano desta terra era o Rei Minato e ele não estava nada contente com as inúmeras reclamações que recebia diariamente de seus súditos relatando as perípécias que sofriam com a raposa. E mais desapontado ficava com os seus caçadores; voltavam envergonhados dos seus fracassos (os que voltavam).

O rei era casado com a rainha Kushina e tinham dois filhos: a princesa Ino e o príncipe Naruto. Os dois eram jovens de dezesseis e dezessete anos, respectivamente, e tal como o pai eram loiros e de olhos azuis. Ambos também eram lindos!

O príncipe Naruto era tido como o melhor caçador do reino e também quis empreender uma caçada em grande massa da raposa. Levou consigo uma tropa de caçadores para auxilia-lo. No entanto, para o grande espanto e decepção de seu pai, voltara envergonhado e sozinho relatando o insucesso da empreitada.

O rei já não sabia mais o que fazer. Tudo parecia inútil.

Um dia, apareceu no palácio um rapaz de porte elegante, vestes simples, um largo chapéu que cobria seu rosto e corpo delicado que pedia audiência com o rei. Os soldados que notaram que o visitante era estrangeiro, a princípio, não quiseram deixá-lo entrar. Mas ele tanto insistiu, tanto rogou e afirmou ser importante o que tinha a dizer que eles permitiram sua entrada.

Já dentro do palácio, no salão do trono, diante do rei, da rainha, de seus filhos e dos nobres da corte, estava o estrangeiro. Minato perguntou-lhe:

- E então, meu jovem? Quem é você e o que deseja falar de tão importante comigo?

- Majestade - respondeu o jovem com uma voz levemente grave e suave - Meu nome é Arukas e sou um caçador. Sou o único que sabe como capturar a peste que está devastando seu reino, a Kyuubi Azul.

O rei e toda a corte ficaram assombrados com as palavras do moço. Quem era ele para dizer com tanta confiança que era capaz de realizar tamanha proeza?