Gone escrita por Eduardo Mauricio


Capítulo 11
Capítulo 10 - Loucos Fazem Loucuras




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Por volta do meio dia, um homem parou seu carro preto em frente à casa de Michael e desceu, caminhando até a porta e tocando a campainha. Vestia um terno preto e seus cabelos castanhos eram penteados para trás com gel.

Heather atendeu a porta alguns segundos depois, com seu uniforme branco pronta para ir trabalhar.

– Em que posso ajudá-lo? – Perguntou ela.

Ele sacou um distintivo do bolso do terno e exibiu, Heather viu que ele era do FBI.

– É aqui que Michael Brooks mora?

– Sim – Heather ficou assustada – Eu, eu vou chamá-lo.

Ela subiu as escadas e o homem esperou na porta, consultou seu relógio e em seguida colocou as mãos nos bolsos. Michael apareceu à porta logo depois, com sua irmã.

– Pois não.

– Michael Brooks?

– Eu mesmo.

– Posso te pagar um café?

Ele olhou para Heather, estranhando.

– Eu volto antes de você ir trabalhar – Disse ele.

– Tudo bem, não se preocupe.

***

Em uma lanchonete da cidade, onde Michael não gostava muito de ir, ele havia pedido apenas uma água, enquanto o agente tomava um café preto.

– Você sabe qual o motivo de eu estar falando com você, não é? – Perguntou ele.

– Não sei, talvez possa ser pelo assassinato cruel da minha namorada – Respondeu Michael, com uma ironia furiosa.

– Você é engraçado, eu gosto disso – O agente sorriu, colocando uma colher de açúcar no seu café com uma tranquilidade ameaçadora.

Enquanto girava a colher pela xícara, olhava para Michael, com um sorriso no rosto.

– Por que o FBI está interessado no caso?

– Você deve saber.

– Eu não sei.

– O pai dela é era traficante extremamente procurado.

– Era?

– Sim, ele foi morto há um ano, na California, o FBI preparou uma sexta emboscada e ele finalmente caiu, estranho ela nunca ter mencionado esse fato tão importante.

Michael ficou em silêncio.

– Mas o que isso tem a ver com ela?

– Ela foi assassinada, Michael, você não acha que tem a ver com vingança?

– Não.

– Por que tem tanta certeza? – O agente ficou curioso.

– Não tenho – Michael respondeu, escondendo que sabia quem era o assassino.

– As únicas impressões digitais encontradas no local do crime foram as suas, e uma fonte anônima nos informou que vocês tiveram um pouco antes do momento do assassinato.

– Então você acha que eu matei minha namorada?

– Eu não sei, Michael, mas o caso dela logo estará na mídia e os EUA vão querer alguém para culpar, esse alguém por enquanto é você.

– Eu não fiz nada.

– Então comece me contando tudo o que fez depois da briga.

– Eu voltei para casa e pensei um pouco sobre ela, mas decidi voltar para pedir desculpas e a encontrei morta.

– Mas você ligou para a emergência dizendo que sua namorada estava ferida, ela estava ferida ou morta, Michael?

Ele não podia contar o que ela havia dito antes, não queria revelar que Hector era o assassino, pois precisava matá-lo com suas próprias mãos, vê-lo implorando pela vida antes de levar um tiro na cabeça.

– Eu pensei que ela estava viva, mas não estava.

– É bem fácil de diferenciar uma pessoa viva de uma morta.

– Quando eu cheguei, ela ainda respirava fracamente, mas morreu logo depois.

– Então ela estava viva.

– Em que isso vai ajudar no caso?

– Ela não disse nada? Antes de morrer?

– Não.

– Não?

– Não, ela estava confusa, muito fraca, não disse nada.

O agente deu um último gole no seu café.

– Então tudo bem – Disse ele – Por hoje estamos acabados, mas não saia da cidade, posso precisar falar com você.

– Não se preocupe.

– Eu te levo para casa.

– Não precisa.

O agente levantou-se, pagou o café e a água no balcão e foi para casa, olhando Michael uma última vez, com desconfiança.

Michael saiu logo em seguida e foi a pé para casa, caminhando com as mãos nos bolsos da calça, a cabeça baixa e chutando toda pedra que encontrava no caminho.

***

Uma van de alguma emissora passou por ele e Michael percebeu o que estava por vir. Ele entendia que omitir o que Victoria havia dito antes de morrer poderia lhe causar problemas, mas não se importava, desde que pusesse uma bala na testa de Hector.

Já tinha planejado tudo, mataria o assassino na sexta-feira, quando sua mãe saísse para ir à feira da cidade e ele ficasse sozinho. Michael entraria na casa e o surpreenderia, sem ser visto.

Dois dias depois

Era uma manhã de sexta, Michael estava no porão com a porta trancada, a garrafa de uísque em cima da lavadora de roupas e o revólver em sua mão, o qual ele carregava com quatro balas. Ao colocar as balas no compartimento, ele pôs a arma dentro da calça, na parte da frente, e cobriu com a camisa e o casaco. Não dava para perceber que ali havia um revólver.

Michael subiu as escadas de madeira do porão e desligou a luz. Abriu a porta e saiu.

Caminhou pelo corredor e desceu as escadas da sala, nervoso. Sua mãe estava se preparando para sair comprar frutas e legumes na feira da cidade e Michael se preparava para matar alguém.

– Bom dia filho – Disse ela.

– Bom dia mãe.

– Como você está?

– Bem.

– Eu vou à feira, volto mais tarde, tudo bem?

– Ok.

Ela saiu e ele foi atrás.

– Aonde você vai?

– Vou até o Wendy’s.

– Tudo bem.

Quando atravessaram o portão da cerca branca, os dois caminharam para direções diferentes. Michael ficava mais nervoso a cada passo que dava, tinha medo, mas ao mesmo tempo nunca teve tanta coragem.

***

Michael agora estava na rua de Hector, e lá estava a casa dele, era só atravessar. Foi o que ele fez, atravessou a rua e caminhou pela passarela de pedra no meio do jardim até a porta da frente. A mãe dele já deveria estar na feira naquele momento.

Ele tocou a campainha e esperou. Já se preparava para tirar o revólver da calça, mas quem atendeu foi a mãe de Hector.

– Michael – Disse ela, com um tímido sorriso no rosto – Que surpresa.

– O Hector está?

– Sim, eu estou de saída mas ele está na sala, pode entrar, você sabe onde é.

– Obrigado.

Ela saiu e ele entrou. Tirou o revólver da calça e o deixou pronto, em sua mão direita.

Caminhou silenciosamente pelo corredor até chegar à sala, Hector estava sentado no sofá, de costas para Michael, por isso não o viu se aproximar.

Michael colocou o revólver na cabeça dele e Hector se levantou rapidamente.

– Oh deus, o que é isso? – Perguntou ele, aparentemente assustado.

O revólver estava mirado nele e atrás havia um homem furioso.

– Ela me disse – Falou Michael.

– Quem? Disse o quê?

– Victoria... Você não terminou o trabalho, ela ainda estava viva, ela me contou quem fez aquilo, e adivinha... Foi você.

– Cara, eu juro, não fui eu.

– Ela deve ter implorado pela vida dela, não foi? Enquanto você a esfaqueava... Você nunca a perdoou, ninguém nunca perdoa, estava esperando o momento certo para agir, se vingar, não é?

– Eu...

– Ela era inocente! Nunca havia feito nada a ninguém, não merecia morrer, muito menos daquele modo, mas você merece! – Ele exclamou, aumentando o tom de voz.

– Abaixe essa arma e vamos conversar – Hector disse, com as mãos erguidas.

– Não temos nada pra conversar, eu só tenho uma coisa a fazer.

Michael deu um tiro, que acertou o ombro de Hector. O homem gritou de dor. Ele se aproximou mais e atirou na perna.

Hector caiu no chão, com a mão na perna, chorava de dor.

– Não faça isso, cara – Dizia ele, em desespero – Eu juro, não fui eu!

Michael chutou o rosto dele com força e o homem virou a cabeça, mas quando voltou a olhar para ele, estava sorrindo. Sorrindo não, na verdade ele ria.

– Você não vai cair nessa, né?

Michael ficou em silêncio.

– É, fui eu, mas quem vai pro buraco é você.

– O quê?

– Eu passei muito tempo planejando isso, ou você acha que eu deixaria pistas que levassem a mim?

– Se eu for pro buraco, você também vai.

– Eu realmente não contava com isso, mas tudo bem, vamos lá, de mãos dadas pro inferno.

– Por que você fez aquilo?

– Vingança, Michael, apenas isso, passei cinco anos na prisão por causa dela, ela me traiu.

– Você a matou! Ela não merecia.

– Você sabe como é a mente de um psicopata, não é? Se me lembro bem você estudou psiquiatria.

– Infelizmente, não.

– É a vida Michael, loucos fazem loucuras, e a maior delas foi Victoria ter me denunciado.

– Você costumava ser um garoto tão bom.

– As pessoas mudam, Mike, já devem ter dito isso a você algum dia.

Os dois se olharam, Michael com ódio, Hector com uma mistura de medo e satisfação.

– Eu vou fechar meus olhos para não tornar isso constrangedor – Concluiu o assassino, com ironia.

Michael apontou o revólver para a testa dele e olhou uma última vez para alguém que um dia já foi seu melhor amigo.

Puxou o gatilho e o barulho foi tão alto que ele se assustou. A bala entrou na cabeça dele com tanta força que o corpo foi jogado para trás instantaneamente, caindo sobre o tapete e sujando tudo com sangue. A parede atrás dele também estava suja com o líquido vermelho, que escorria pelo papel de parede branco. O buraco na cabeça dele era grande, o revólver havia feito um estrago.

Michael caminhou de volta pelo corredor até a porta, limpou suas digitais na arma com a camisa e a jogou no jardim da frente. Em seguida saiu andando pela rua, como se nada tivesse acontecido. Sua alma finalmente estava em paz. Foi tão prazeroso quanto ele imaginava, embora esperasse que Hector se arrependesse.

No fim da rua, um carro preto estava estacionado, o agente Simmons ligava para alguém, sentado no banco da frente. Michael olhou para trás e o viu no carro, parecia não se importar em ter sido pego, então apenas continuou andando.


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