Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 29
Sacrifício - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera? Preparados para o último capítulo? Não sou bom em despedidas, mas tenho que dizer que essa história significou MUITO para mim e cada leitor aqui merece um abraço em especial.

Muito obrigado e espero que vocês curtam o final... =)
Boa leitura!



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Capítulo 29 – Sacrifício – Parte 3

Dave se assustou com a sincronia dos agentes Rockets. Eles se colocaram em movimento praticamente ao mesmo tempo, todos partindo para cima do pequeno grupo de fugitivos formado por Dave, Mindy, Jake e Blaine. Tanto os mais próximos quanto os mais distantes, todos partilhavam o mesmo objetivo. Colocar as mãos em cada um do grupo e prende-los, de modo que Geovanni pudesse lidar com cada um deles a seu próprio gosto e maneira. Gabrielle era a única que se mantinha distante, focada na batalha de Eevee.

Mindy, porém, sacou sua Pokébola o mais rápido que pode e liberou seu Dratini.

– Onda do trovão, agora!

O pequeno dragão se libertou e viu enquanto todos os olhos, inclusive os de Persian, se arregalavam. Ninguém estava esperando por aquilo. Todos achavam que os garotos haviam esgotado suas forças e seus recursos com a imensa batalha que acabara de acontecer.

Dratini titubeou ao ver que seus alvos eram muitos, e todos humanos, mas aquilo não foi suficiente para que os inimigos pudessem reagir. Em um segundo todos estavam paralisados, com exceção de Persian, que pulou para trás com seus reflexos felinos. Dave e Mindy perceberam o perigo daquilo. O forte Pokémon teria facilidade derrotando Dratini. O pequeno Dragão não poderia mantê-los em segurança por muito tempo.

Antes que Persian resolvesse como reagir aquela surpresa, porém, Algo chamou a atenção de todos. Até mesmo Jack e Jody param sua luta e olharam para o forte estrondo que vinha da direção onde Eevee estava lutando.

Por um segundo o coração de Dave afundou. Ele não viu seu amigo, apenas os adversários, todos amontoados em um mesmo lugar, como se em movimento de ataque. Gabrielle sorria em um canto, certa da sua vitória. Se ele cair, não temos mais esperanças pensou o garoto. Se ele cair, não conseguiremos salvá-lo.

Mais uma vez ele percebeu que não importava o que ele fizesse para ajudar Eevee, apenas ele mesmo tinha capacidade de se ajudar.

E então, os cinco adversários foram violentamente jogados para trás. Até mesmo o grande e poderoso Onix se afastou, impactado por alguma coisa. E então a pequena raposa saiu do centro dos inimigos, envolto em uma poderosa aura escura. Eevee saltou mais de dois metros de altura enquanto seus oponentes caiam desequilibrados para o lado e praticamente voou na direção de Dave.

É o ataque de frustração... percebeu Dave, enquanto seu Pokémon se aproximava. Não havia mais batalhas ali, não havia porque afastar os Pokémons de Geovanni. Agora, Eevee percebeu que precisava ficar próximo de seus amigos, se pretendia salvá-los também.

Persian encarou a pequena raposa, quase duas vezes menor do que ele e sorriu. Todos fitavam os dois Pokémons, que se encaravam friamente, preparados para a batalha, quando o restante do time de Geovanni começou a se levantar e colocar novamente de pé. Os pokémons sacudiram a cabeça depois do golpe sofrido e observaram o que estava acontecendo. Antes que Gabrielle pudesse ordenar, todos já estava se encaminhando para o lado de Persian.

Dave percebeu que, provavelmente, aquele gato exercia mais comando sobre os outros do que a mulher.

Eevee, por sua vez, virou-se para Dratini e disse alguma coisa que Dave não conseguia entender. A pequena raposa apontava para Mindy e Dratini parecia se recusar a fazer o que ele pedia. Alguns segundos se passaram até que Eevee deu um forte comando, visivelmente irritado. Dratini se assutou, parte porque a aura da frustração ainda envolvia a raposa de Dave, e em parte porque pareceu perceber que Eevee estava mortalmente sério.

Assim que Dratini assentiu, o Pokémon marrom olhou para Mindy e acenou com a cabeça para o dragão. Dave ficou confuso, mas a morena pareceu entender, e sacou sua Pokebola, recolhendo seu Dragão, enquanto Dave dava um breve sorriso. Ele sabia que Dratini mal poderia lhe ajudar, e preferiu lutar sozinho a permitir que o Pokémon se machucasse mais seriamente. Dave entendia a relutância de Dratini, mas tinha que concordar com seu Pokémon. Aquela não era uma batalha para ele. Aquela não era uma batalha para nenhum outro Pokémon que não Eevee.

Blaine chegou por trás de Dave e colocou uma mão sobre o ombro do rapaz, atraindo sua atenção.

– Dave, tem uma última coisa que eu preciso te contar – disse o especialista, atraindo a atenção do rapaz.

Blaine quase se encostou ao seu ouvido e sussurrou ao mesmo tempo em que os Pokémons de Geovanni se colocavam em movimento.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Eevee reparou que Blaine estava falando com Dave, e podia adivinhar o que estava sendo conversado, mas não tinha tempo para observar a reação do menino. Golem foi o primeiro a chegar, rolando como sempre. Ele pulou, mas antes que pudesse se encostar com as patas no corpo rochoso, Golem se abriu. Eevee estava suspenso no ar quando viu que Persian havia atirado o raio rosa em sua direção.

Em uma fração de segundo, desistiu de sua estratégia e lançou uma bola das sombras para baixo. A energia subitamente lançada o impulsionou para cima, ajudando-o a se desviar do ataque do gato e o seu ataque estourou contra o peito aberto de Golem, que esperava que ele fosse buscar apoio em suas costas e, em vez disso, cairia em um abraço esmagador.

A raposa se orgulhou do movimento. Fora a primeira vez naquela luta que havia conseguido atingir um golpe em um adversário, com exceção do ataque de frustração, que fora muito mais instintivo do que consciente. Não podia evitar em se perguntar o porquê daquela vez ter parecido tão fácil, mas no fundo, ele sabia que estivera distraído até ali. Dave e seus amigos estavam todos lutando por ele, e Eevee, ao se afastar da luta para protege-los do pior, acabou também se prejudicando. Não conseguira manter o foco enquanto estava preocupado com todos os outros.

Mas agora tudo dependia dele, e, por algum motivo, ele se sentia mais leve. O restante dos Pokémons estava derrotado, os agentes estavam paralisados e a única coisa que impedia a fuga de seus amigos para segurança eram os oponentes a sua frente. Aquilo era liberador de um jeito que a pequena criatura não sabia explicar.

Golem, ainda assim se levantou. E Rhydon já havia começado a lançar os pedaços de rocha e piso quebrado que conseguia encontrar na direção de Eevee. Gengar, por sua vez, atacava de longe com seus pulsos sombrios, enquanto Onix e Venomoth se moviam na direção de Eevee. Os movimentos da raposa eram puros reflexos, mais rápidos do que mesmo sua cabeça conseguia processar.

Desviou-se de duas tentativas frustradas de Gengar antes que levantasse a barreira de defesa e Venomoth e Onix, esse último tentando o ataque da cauda de ferro, explodissem contra ela e gritassem em frustração. Eevee sorriu. Sentia que podia fazer aquilo o dia todo e o resultado se manteria o mesmo. Ele continuaria inatingível.

– Eevee, temos de ir rápido, antes que mais reforços cheguem – disse Blaine de longe.

A pequena raposa saltou de uma das pedras de Rhydon e, enquanto dava uma cambalhota no ar, viu o pesquisador ao lado de Dave. O rosto do menino era indescritível, em uma mistura de susto, surpresa, medo e incredulidade. Ele tinha uma caixa nas mãos, aberta, e olhava para o seu conteúdo como se olhasse para um buraco negro de possibilidades que nem ele mesmo conseguia entender.

Eevee sabia muito bem o que Dave estava vendo dentro daquela caixa. Passara os últimos meses de sua jornada mantendo sua distância dela, com medo do que a descoberta faria com o garoto. Agora, porém, não havia escolha. Blaine estava certo. Eles haviam lidado com uma leva de agentes, mas aqueles não eram todos os que estavam à disposição da organização criminosa. Agora mesmo outros muitos estava recebendo chamadas de emergência e correndo para o prédio em desespero.

Eevee tinha que vencer, e vencer rápido. E se não tinha sua antiga forma, tinha mais um truque na manga que poderia muito bem salvar a vida de todos ali, inclusive a sua.

– Uee! – ele berrou, completando a sua cambalhota e caindo a menos de dois metros de distância de Blaine e Dave. O Pokémon sabia que Dave não entenderia aquele código, mas Blaine com certeza se lembraria.

– Água – ele ouviu o pesquisador dizer a Dave, abrindo um sorriso de satisfação.

Dave, porém hesitou por muito mais tempo do que seu amigo esperava que ele fosse hesitar. Eevee teve de pular para se desviar de mais uma bola sombria de Gengar e ouviu Blaine gritando mais uma vez.

– Água! Agora! Jogue logo!

Dave então pegou a pedra de água e a lançou no ar, acompanhando-a com o olhar. A pequena raposa fez o mesmo e pulou com a maior velocidade que pode em direção à rocha, pegando-a com a boca no momento muito antes que ela caísse no chão.

E então sentiu algo como não sentia há muito tempo. Não viu nada, senão um branco infinito a sua frente. Quando tocou o chão de novo, Eevee já havia se tornado Vaporeon.

Com um movimento rápido de cabeça, ele jogou a pedra novamente na direção de Dave e encarou os adversários a sua frente. O menino não consegiu pegar a pedra, que caiu no chão. Jake correu atrás dela para busca-la. Eevee, porém não pensava que precisaria dela mais nenhuma vez naquela luta.

Sentiu um gosto bom na boca, de água doce e salgada ao mesmo tempo, e percebeu, um pouco a contragosto, que sentira falta daquilo afinal. E sentia muito falta do medo que percorreu o rosto de Golem, Rhydon e Onix assim que viram a transformação do Pokémon. Eles conheciam aquele Pokémon azul a sua frente. Eles sabiam que eram o alvo escolhido.

Vaporeon rapidamente se colocou em movimento, sabendo que sua pele agora era menos resistente, principalmente a alguns ataques de Venomoth. Não importava, ele sabia exatamente o que fazer.

Começou correndo em direção a Onix. Gengar tentou atacar de longe e Persian tentou interceptar sua corrida, mas nenhum dos dois fora rápido o suficiente. Onix era grande, pesado, e incrivelmente lento comparado ao Pokémon aquático. Além disso, do topo de sua cabeça, Vaporeon teria a vantagem do terreno elevado.

Se aproximou e pulou no corpo da grande serprente de pedra, que rapidamente tentou se girar e prendê-lo em seu aperto. O movimento fora mais rápido do que Vaporeon previra, mas ainda não fora rápido o suficiente, e ele conseguiu se equilibrar usando as garras em uma das duras pedras de que era composto o inimigo. Imediatamente lançou uma hidro bomba contra essa pedra, se lançando para o alto enquanto o inimigo sentia o golpe.

Aquilo, porém tinha sido calculado, de modo que Vaporeon pudesse cair exatamente sobre a cabeça do agonizante Onix, agora muito molhado. Assim que caiu, Vaporeon tomou um segundo para observar o campo de batalha e tomar uma nota mental de onde seus inimigos estavam. Em seguida, lançou um forte raio de gelo contra o topo da cabeça de Onix, congelando-o imediatamente.

A serpente agora estava definitivamente derrotada, mas a luta estava longe de acabar, portanto Vaporeon manteve o raio de gelo, usando a cabeça congelada de Onix como base e construindo algo similar a uma plataforma até o chão por onde escorregou para cair bem ao lado de Onde Rhydon estava.

O Pokémon, assim que vira o escorrega criado por Vaporeon, se posicionou para encontra-lo no chão, mas aquilo era exatamente o que a evolução de Eevee esperava que ele fizesse. O chifre do Pokémon foi o próximo alvo do raio de gelo, e Vaporeon ainda usou uma Hidro-bomba para lançá-lo contra Persian que avançava para tentar contê-lo.

Agora era Golem que estava vindo em sua direção, mas Vaporeon estava mesmo esperando ouvir o bater de asas de Venomoth, que havia se mantido distante enquanto ele derrotava Onix. Sabia que o inseto estava apenas esperando o momento certo para atacar por cima, e quando ouviu as asas se aproximando, pulou com força, se chocando contra o corpo do oponente e desestabilizando-o. Ainda no ar, lançou uma poderosa rajada de Granizo contra o ultimo pokémon de Pedra que restava.

Golém manteve-se firme em seu ataque de rolamento, ultrapassando o ataque que Vaporeon sabia ter causado bastante dano, e ainda pulando em sua direção. Aquilo não estivera nos planos do Pokémon aquático, que esperava frear o oponente com sua técnica de gelo, mas ele sabia como reagir. Ao ver Golem se aproximar, pronto para atropelá-lo, ele lançou mais uma hidro bomba, que explodiu contra a pedra e fez com que os dois caíssem para direções opostas.

– Vaporeon! – exclamou Vaporeon para Dave, e ouviu Blaine traduzir.

– Fogo!

Dessa vez Dave foi mais rápido e lançou a pedra de fogo na direção de Vaporeon com força e velocidade. O Pokémon aquático, porém, viu persian saltando com um segundo de vantagem. Ele teria alcançado a pedra se não tivesse sido atingido por um jato de água do Pokémon aquático. A pedra caiu no chão e deslizou pelas poças d’água até parar a poucos centímetros do alvo.

Vaporeon então correu e a tocou com a pata. Eevee nunca soube descrever a sensação de evoluir, não importava quantas vezes ele fizesse aquilo. Uma quantidade de energia incalculável circulava pelo seu corpo, e quando ele tomava consciência, já era um ser completamente diferente.

Flareon novamente chutou a pedra em direção a Dave, que, mais esperto e preparado, abaixou-se e pegou-a. Enquanto isso, a raposa de fogo se virava de costas e lançava uma torrente de chamas no ar. Ela estava direcionada para o mesmo ponto onde há pouco Vaporeon havia se chocado contra Venomoth, mas o inseto havia conseguido se recuperar e se desviar do ataque.

Flareon não teve tempo de se lamentar. Gengar havia tentado atingi-lo com um choque venenoso, obrigando-o a pular de lado. Sentiu as garras de Persian arranharem a sua lateral assim que tocou no chão, e lançou mais uma forte rajada de chamas naquela direção, se afastando do atacante e queimando levemente uma de suas patas. Venomoth, enquanto isso, ganhou altura, tentando se proteger.

Flareon rugiu com raiva, sabendo que não poderia mudar de forma até que derrotasse o Pokémon inseto. Não podia desperdiçar a sua vantagem de tipo.

Subitamente, soube o que tinha que fazer. Gengar foi o primeiro a voltar a atacá-lo, dessa vez com uma tentativa de confusão. Flareon lançou uma cortina de fumaça a sua volta, atrapalhando e confundindo o fantasma. Persian já corria em sua direção pronto para lançar um hiper raio em movimento, mas a cortina de fumaça o fez hesitar, e Flareon, vendo de onde o inimigo vinha, lançou uma explosão de fogo de dentro da cortina de fumaça. O ataque atingiu o alvo e o gato foi lançado longe, passando por Gabrielle e se chocando contra uma parede.

O olhar no rosto de Gabrielle era o de mais puro terror enquanto ela acompanhava Persian com os olhos. O momento de distração da mulher ainda lhe fez perder o momento em que o Pokémon de Dave saiu do meio da fumaça envolto em chamas, em uma velocidade impressionante na direção de Gengar.

Flaeron sabia que passaria por dentro do corpo do fantasma roxo se tentasse aquele golpe, mas o alvo nunca fora o fantasma. Pelo contrário, a cerca de dois metros do Pokémon de Geovanni, Flareon utilizou uma segunda técnica, ensinada pelo Magmar de Blaine. A bruma de chamas causava uma série de explosões no solo ao redor do alvo – esse sim, Gengar. Só que agora Flareon também estava ao redor dele, e utilizou exatamente a força das explosões para se impulsionar para o alto, na direção de Venomoth.

O inseto não esperava pelo movimento ousado, e devido à alta velocidade do atacante, nada pode fazer para evitar o golpe. Flareon caiu com as patas ainda em chamas em cima das asas do derrotado oponente, enquanto Gengar se contorcia em meio aos destroços da explosão no chão e as chamas que o envolviam.

Dave, Blaine, Mindy e Jake olharam assustados, sem acreditar no que viam. Até mesmo Jack e Jody, sujos, sangrando e com os cabelos bagunçados, pararam de brigar para ver o que estava acontecendo.

Todos os Pokémons de Geovanni estavam derrotados. O caminho, finalmente, estava livre para a fuga.

– Flareon!

Flareon, porém, sabia que ainda não tinha acabado. Gengar não se recuperaria do ataque que sofrera, ele estimava, mas Persian ainda lutava para se colocar de pé O gato não iria cair ainda. Fora Blaine quem hesitara dessa vez, confuso com o fato de ver o caminho livre e ouvir o comando do Pokémon da evolução. Dave, porém, entendeu que aquilo deveria significar a pedra do trovão, e a jogou para seu Pokémon.

E Flareon subitamente, depois de mais um clarão de energia branca, se agitava em seu novo pelo amarelo de Jolteon. Ele esperou enquanto o gato de seu antigo dono se colocava de pé e o encarou, feliz de poder enfrenta-lo finalmente um contra um. Ele sabia que era mais rápido que ele, principalmente como Jolteon, e tinha todas as condições de vencer aquela luta, principalmente sem ninguém mais para lhe atrapalhar, amigo ou inimigo.

Mas não era isso que Jolteon tinha em mente. Não, ele queria se testar de uma maneira diferente, e sabia que Persian também estava sedento por aquilo. Se enquanto Eevee ele tinha dúvidas quanto a gema na cabeça do Pokémon, a personalidade mais elétrica e desafiadora de Jolteon tinha certeza que Geovanni tinha usado a ciência para aprimorar a técnica e o poder da pedra.

E ele tinha que saber se os avanços de Geovanni eram suficientes para ultrapassar seu poder.

Jolteon se preparou, abaixando as duas patas dianteiras e quase encostando o queixo no chão enquanto abria a boca e preparava uma boa sombria. Persian começou a carregar a energia rosa em frente a sua cabeça e todos fizeram o mais absoluto silêncio.

A energia rosa crescia em tamanho e suas vibrações começavam a ecoar, enquanto a bola roxa na boca de Jolteon também aumentava em uma velocidade impressionante. Poucos segundos depois, os dois ataques foram lançados simultaneamente, um na direção do outro. De um lado, um raio rosa da grossura de um verdadeiro tronco de árvore e do outro uma bola roxa com mais de um metro de diâmetro.

As duas técnicas se chocaram na metade do caminho e a energia despendida pelo choque foi tão grande que Dave e todos os outros humanos não conseguiram ver o que tinha acontecido. Apenas Jolteon e Persian observaram enquanto a energia roxa cortava e dispersava a rosa. O olhar de terror de Persian enquanto percebia sua derrota iminente ficaria para sempre gravado na memória de Eevee, estivesse ele como Flareon, Vaporeon ou Jolteon.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

– Vamos! Vamos agora! – Berrou Blaine.

A poeira havia baixado e Persian estava caído. Jolteon se mantinha de pé, com uma sombra de sorriso no rosto, mas Dave parecia mais atordoado do que todos os agentes paralisados da Equipe Rocket à sua volta. Ele e Gabrielle.

– Nós temos que ir agora! – Berrou de novo o pesquisador, tentando acordar todos do choque.

O último grito pareceu surtir efeito. Pelo menos em Mindy.

– Vamos! – disse a garota, puxando Dave pelo braço e olhando em volta à procura de Jake.

O garoto mais novo já estava correndo, mas na direção errada. Ela o viu partindo contra Jack, que agora tentava impedir sua parceira de fugir. Jody havia percebido a oportunidade e, aproveitando que a disputa de Eevee tinha deixado a luta contra seu parceiro em segundo plano, tentou correr.

Jack, entretanto, a agarrou imediatamente, derrubando-a no chão. Estava prestes a subir em cima dela quando Jake chegou pelo lado, em um salto, acertando o pé no maxilar do homem e liberando a mulher. Dave e Mindy já haviam liberado seus Pokémons voadores, e estavam quase na porta, o que fez com que o menino menor puxasse Jody para se levantar.

– Vamos... nós temos que ir agora!

Ela tinha os olhos cheios de lágrimas, olhando do garoto para Jack, que já estava se recuperando do golpe. Ela sabia que tinha apenas uma fração de segundos antes que ele começasse a se levantar, mas não conseguiu se impedir de olhar para ele mais uma última vez, enquanto sentia seu coração partir dentro do peito.

– Vamos! – disse Jake novamente, e ela obedeceu.

Jack se recuperou e colocou-se de pé, vendo que sua parceira estava fugindo. Ele não tinha tempo de pensar, e gostava daquilo. A adrenalina o ajudava a não sentir a dor da traição da companheira. Ele ainda podia alcançá-la.

Gabrielle, por sua vez, observava atônita enquanto tudo o que ela não imaginava se tornava realidade. Nenhuma definição de derrota e desespero era tão perfeita quanto o seu rosto naquele momento.

– Não os deixe fugir! – Jack gritou, para acordá-la do seu transe pessoal. – Isso não pode acabar assim!

Dave já havia subido em seu Pidgeot, seu Eevee agora transformado em Jolteon também, e Mindy estava com Blaine em seu Charizard. O dragão de fogo havia aberto um buraco na parede do prédio e saído para o ar livre, de modo que nada mais os impedia de voar. Os únicos que faltavam eram Jake e Jody.

Eles corriam a toda velocidade, seguidos de perto por Jack. Gabrielle começou subitamente a correr também, e por estar mais perto da saída, estava ainda mais perto deles do que o homem de cabelos brancos.

– Levante voo! – disse Blaine, assustando a todos.

– O que?! Nós não vamos abandonar eles! – explodiu Dave, tirando os olhos por um segundo da dupla que corria para fugir e olhando para o pesquisador.

Se surpreendeu quando viu Charizard batendo as asas e saindo do chão.

– Os pokémons pegam eles com as patas! Vamos! – berrou Mindy, fazendo com que Dave apenas assentisse com a cabeça.

Ele ordenou e Pidgeot bateu as asas poucos segundos antes de Jody e Jake chegarem perto de onde eles estavam. Quando finalmente a dupla alcançou o lugar onde Charizard e Pidgeot estavam pousados, os dois pokémons fizeram movimentos rápidos e o pegaram pouco antes que seus perseguidores o fizessem.

Dave não sabia o que sentir quando Pidgeot finalmente bateu as asas com força e ganhou velocidade e altura. Eles estavam livres. Eles haviam conseguido salvar Eevee e fugir da Equipe Rocket. Tudo tinha acabado bem. Pelo menos por enquanto... Disse a si mesmo, lembrando-se que ainda tinha muito a aprender sobre seu Pokémon.

Foi então que, quando instintivamente lançou um olhar a Blaine, no Charizard de Mindy, viu que Gabrielle havia se agarrado à pata do Pokémon, que parecia profundamente irritado. Blaine e Mindy haviam visto, e a mulher se agarrava à perna livre do dragão com toda sua força, sabendo que, da altura em que estavam, soltar-se poderia significar a sua vida. Jody, aparentemente muito desconfortável sendo segurada pelos dois braços pelas duas mãos de Charizard, parecia aterrorizada.

Por um momento Dave pensou que ela poderia estar asustada com a mulher que estava arriscando a própria vida para persegui-los, mas então percebeu que ela olhava na direção de seu Pidgeot. Quando olhou para baixo, viu Jack se segurando com apenas uma das mãos à fina pata livre de Pidgeot.

– Pidge! – ele ouviu o Pokémon reclamar, sentindo a dificuldade do pássaro com aquilo.

– Ele vai escorregar! – berrou Jody, desesperada. – Alguém faz alguma coisa!

– Pidgeot, desca! - ordenou Dave. Eles poderiam lidar com os dois agentes com calma, agora que tinham a vantagem, mas a ordem veio tarde demais. Jack não estava bem seguro e antes que o pássaro de Dave pudesse fazer alguma coisa, o homem soltou-se, sem falar nada.

– Não! Não! – Gritava Jody enquanto observava seu antigo parceiro despencar pelo ar.

Dave viu o homem ficando para trás e olhou para o lado, onde Gabrielle ainda estava presa à perna de Charizard

– Precisamos descer! – Berrou ele para Mindy, que assentiu com a cabeça.

Blaine, entretanto, tinha outras ideias.

– Não precisamos não! – disse o homem, levantando-se e ficando de pé nas costas de Charizard.

– Cuidado! – Disse Dave, assustado com a audácia do homem mais velho.

Blaine deu dois passos em direção à cauda do Pokémon e se sentou, de frente para a perna onde Gabrielle estava se segurando, enquanto Mindy dizia para Charizard não fazer nenhum movimento brusco. Do ponto de vista do ex-líder de ginásio, só as mãos da secretária pessoal de Geovanni podiam ser vistas, tentando se segurar.

– Isso é por Kato! – disse ele, e desferiu um chute nas suas mãos.

O primeiro golpe não surtiu tanto efeito, mas ele chutou mais três vezes, sentado, e mesmo que Charizard estivesse iniciado seu movimento de descida, ele não teve tempo de impedir que Gabrielle, indefesa e desesperada, se soltasse e mergulhasse para a cidade que passava abaixo deles.

– Pronto... – disse Blaine, aparentemente aliviado depois do que tinha feito. – Agora vamos o mais rápido possível para Fuschia.

Um momento de silêncio se passou, enquanto todos processavam o que Blaine havia acabado de fazer. Dave ainda não conseguia acreditar que ele tivera sangue frio de fazer aquilo. Por mais que o homem tivesse acabado de lhes salvar, aquilo lhe lembrou que talvez ele não fosse alguém com quem ele deveria ser muito próximo.

– Por que Fuschia?! – Perguntou subitamente Mindy, provavelmente lembrando-se que tinha parentes lá que ainda não conhecia – Lá não seria o lugar mais obvio para nos encontrarem?

Blaine sorriu por um momento.

– Não, menina. O parentesco de seu pai com Koga não é de conhecimento geral. Eu gostava dele, de verdade. Eu o protegi o máximo que pude...

Dave percebeu a emoção do homem ao falar de seu antigo pupilo, com a voz engasgada e os olhos brilhando com as lágrimas prestes a cair. Nunca tinha visto Blaine daquele jeito, e não o imaginava capaz daquilo. Não sabia se era por tudo que tinha acabado de acontecer ou se ele estava assim única e exclusivamente por causa do amigo perdido, mas se não fosse o forte vento que secava os olhos do homem, ele tinha certeza que o ex-líder tão impassível teria chorado.

Mindy pareceu, pela primeira vez, aceitar o homem com mais tranquilidade. Dave não sabia se ela algum dia o iria perdoar pela morte do pai, mas até então havia muito que eles ainda precisavam descobrir. E ela parecia estar disposta a deixar o homem se explicar. E, por enquanto, aquilo teria de ser o suficiente.

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

A viagem fora uma das mais longas que Dave já havia feito nas costas de seu Pidgeot, mas mesmo assim ele a completou praticamente em silêncio. Blaine havia aceitado uma parada quando já haviam deixado a cidade para trás, para que Jake e Jody pudessem subir nas costas dos Pokémons, em vez de serem carregados, mas o especialista em genética Pokémon não permitiu nem um minuto de descanso. Dave nem ao menos se importara em discutir. Estava cansado e queria explicações, mas sua cabeça ainda estava girando

– Você vai voltar a ser um Eevee? – foi a única coisa que falou em toda a viagem, e um aceno positivo de cabeça de Jolteon voltou a deixá-lo no mais absoluto silêncio.

Ele não tinha como medir o tempo, mas o sol lhe indicava que haviam conseguido fugir ainda na primeira metade do dia. A grande estrela amarela já estava se pondo quando Blaine começou a pedir que todos olhassem para baixo e procurassem o ginásio de Koga nas montanhas. Dave entendia agora por que toda a pressa do homem. Não era apenas para continuar fugindo o mais rápido possível, mas por que eles teriam uma enorme dificuldade de encontrar o ginásio à noite.

As últimas luzes do dia começavam a morrer e uma lua cheia já estava no céu crepuscular quando o homem mais velho conseguiu encontrar o que estavam todos procurando.

Dave olhou para baixo e lembrou-se da última vez que estivera ali. Era estranho para ele voltar aquele lugar depois de tudo o que passara. Olhando para trás, ele percebia o quão definitivo aquele momento fora. O momento em que decidira ir atrás de Mindy fora decisivo. Mas, naquela época, ele não imaginava o quanto tudo estava prestes a mudar.

Ao decidir ir atrás da garota, ele encontrou também Kato, pai dela e um dos cientistas responsável pelo projeto de seu Eevee. E fora exatamente este encontro que desencadeara todos os eventos que aconteceram desde então. Lembrava-se que Koga havia tentado impedi-lo de sair dali, e agora percebia que talvez aquela tivesse sido mesmo uma decisão sabia. Mas, no fundo, Dave não descobriu que mesmo com tudo o que havia acontecido, não se arrependia de nenhuma decisão que tomara.

Quando os Pokémons voadores, já bastante cansados, finalmente desceram e pousaram no grande pátio, a porta do ginásio se abriu e várias pessoas saíram correndo lá de dentro. Para a surpresa de Dave, não apenas Koga e Aya, mas também Susan, o Professor Noah e até mesmo seus pais estavam lá. Todos estavam esperando pelo grupo de fugitivos que vinha buscar refúgio ali. O mesmo refúgio que o garoto havia buscado quando visitara o ginásio pela última vez.

Dave olhou para Blaine como se a perguntar o que estava acontecendo, mas o homem apenas assentiu com a cabeça. Aparentemente tudo aquilo fora planejado também.

– Vocês eram esperados muito mais cedo. O que aconteceu?! – Dave ouviu Koga perguntando ao homem mais velho enquanto o abraçava como a velho amigo.

– Nós tivemos alguns problemas... Eu te conto lá dentro... – Disse o especialista, fugindo dos longos abraços e das lágrimas dos reencontros que agora começavam a acontecer.

Dave percebeu o treinador do ginásio de Fuschia se demorar alguns segundos a mais, olhando para Mindy, mas em seguida o homem se virou e seguiu Blaine. O menino pensou em segui-lo, mas a emoção em rever os seus pais fora mais forte. Vê-los juntos ali, bem e saudáveis, esperando-o, com certeza fora o ponto alto do seu dia. Quando finalmente os abraçou, percebeu o quanto sentira falta deles e o quanto os queria ao seu lado. Ele apenas os apertou enquanto os ouvia chorar, sabendo que nunca tinha dado tanto valor ao abraço de seus pais. E, ali, ele se permitiu chorar como nunca havia chorado antes.

Susan e Mindy também estavam abraçadas entre lágrimas, como se nunca nenhum problema tivesse existido entre as duas, e o Professor Noah limpava as lágrimas do seu próprio rosto, enquanto acariciava Charizard e falava com Aya, provavelmente ansiosa por conhecer sua recém-descoberta sobrinha.

Todos tinham muitas perguntas sobre o passado, sobre o presente e sobre o futuro, mas nenhuma pergunta foi feita ali. Ambas as famílias apenas se permitiram apreciar o quanto era bom estarem juntos de novo, sabendo que eles estavam bem e que poderiam dormir uma noite em paz.

O reencontro se estendeu por boa parte da noite e Dave mal teve tempo de falar sequer com Mindy, Susan ou o professor, e perdeu o momento em que ela finalmente conheceu o lado da família que ainda não havia conhecido.

Jonathan e Marth tomavam toda a atenção do garoto, e ele não podia negar que estava gostando daquilo. Era bom sentir-se sob as asas deles novamente. Por algum motivo, ele se sentia mais protegido. Além disso, pode compartilhar com eles tudo o que havia acontecido desde Pallet, e como tudo aquilo parecia simplesmente irreal. Como nada na sua cabeça ainda fazia sentido. Só ficou realmente irritado quando perguntou o que eles sabiam sobre Blaine e sobre o todo o plano que os havia levado até ali.

– Dave, nós não sabemos muito... – disse sua mãe.

– E o que sabemos, preferimos ainda não dizer. Blaine vai te explicar... – completou seu pai.

O menino ainda insistiu bastante, mas os dois foram firmes. No fundo, Dave entendia. A única coisa que disseram foi que o Professor Noah havia entrado em contato com eles e lhes dado um dia para arrumar tudo o que julgassem importante. No dia seguinte, ele passara com alguns Pokémons e os dois voaram até ali, onde esperavam o grupo de fugitivos. Pelo que Noah lhes falara, eles talvez nunca mais voltassem para a sua casa em Grené.

Dave tentou inutilmente arrancar mais informações dos pais, mas tudo o que sua mãe fez foi ralhar com ele e manda-lo tomar um banho. Até desses momentos ele sentira falta, percebeu. Jonathan disse que Blaine e todos os outros estaria esperando na sala de jantar para lhes contar tudo o que estava acontecendo, mas que, primeiro, o menino merecia um momento para respirar e relaxar.

E foi isso o que Dave fez. Se permitiu tomar um longo banho, deixando todo o peso que vinha carregando nas costas escorrer pelo seu corpo junto com a água quente da montanha. De alguma forma, sentia-se muito melhor, apesar da relutância de todos em lhe contar o que estava acontecendo. Ele não era mais o único a saber de Eevee, nem o único interessado e responsável por protegê-lo. Agora sentia-se abraçado por algo maior, e sentia menos responsabilidade sobre os seus ombros. Apesar de tudo, ele estava aliviado e agradecido por conseguir estar ali.

Quando chegou a sala de jantar, quase uma hora depois de se separar de seus pais, todos estavam sentados à mesa. Um lugar ao centro havia sido guardado para ele, ao lado de Mindy e de frente para Blaine. Jody e Jake eram os únicos que não estavam visíveis, mas Dave entendia. Jody havia visto Jack morrer, e o menino havia desenvolvido um forte relacionamento com a agente Rocket. Relacionamento esse que, no fim, acabou por ajudá-los. Ele deveria estar fazendo companhia a mulher.

Eu tenho que agradecer a ela depois... pensou Dave consigo mesmo.

– Sente-se... – pediu o especialista, e Dave obedeceu. – Tenho tanto para lhe explicar que nem sei por onde começar.

Jolteon estava em cima da mesa, praticamente na frente do menino. Dave estendeu a mão para acariciá-lo, sem conseguir absorver as palavras de Blaine, mas antes que pudesse tocar seu pelo, o Pokémon começou a brilhar, cegando todos ali por um momento. No momento seguinte, ele era Eevee de novo.

– Ok... – disse Dave, incapaz de esconder sua surpresa. – Que tal começarmos por isso? – sugeriu, apontando para Eevee, que agora sorria e deitava-se na mesa a sua frente.

– Tudo bem... Isso é uma das implicações da capacidade regenerativa de Eevee, Dave.

– Como assim?

– Assim que alguma de suas células sofre uma mudança, o corpo inteiro dele começa um processo de regeneração, certo? – o menino assentiu. - É algo que nunca consegui explicar, mas é o que acontece. E aconteceu com a evolução também... Quando ele é tocado por uma pedra, suas células se transformam, mas assim que elas saem de seu estado normal, o corpo dele começa a regenerá-las. Como a evolução é um processo de mudança muito profundo, ele leva um certo tempo para voltar ao normal, por isso que ele apenas voltou a ser Eevee agora, mas o ponto é que nem mesmo a evolução é definitiva nele.

Dave fingiu que entendeu. O raciocínio até podia ser simples, mas ele sabia que só conseguiria digerir toda aquela informação com o tempo.

– E como ele consegue mudar de evolução? Quero dizer, como ele passou de Vaporen, para Flareon e depois para Jolteon?

Blaine sorriu.

– Isso é outro mistério, mas eu tenho uma teoria que tenho quase certeza que está certa...

– Quase? – disse Dave

– Sim, quase... Tente acompanhar meu raciocínio. Assim que Eevee toca em uma pedra pela primeira vez, seu corpo começa a lutar para regenerá-lo ao seu estado normal, correto?

Dave assentiu com a cabeça.

– Então, quando ele toca em uma segunda pedra, parte de seu corpo, por menor que seja, já foi regenerada, correto?

Dave assentiu, incapaz de afirmar se era de fato correto ou não. Precisaria de muito estudo para entender aquilo, e aparentemente, até mesmo o estudado Blaine não tinha certeza do que falava.

– Essa parte já regenerada é a que evolui. E quando uma parte do corpo do Pokémon sofre a radiação de uma pedra, ela acelera a mudança de todas as outras. Assim, a parte já regenerada desencadeia uma reação pelo corpo dele, fazendo com que ele volte ao normal e evolua novamente. É bem incrível, se você parar para pensar...

– Além de ainda ser uma teoria... – disse o professor Noah, interrompendo o especialista. – Nada disso foi comprovado.

Aquilo era realmente incrível, mesmo que Dave não entendesse muito bem.

– Sim, uma teoria... Sai do projeto antes que pudesse comprová-la – disse Blaine – E desde então Geovanni tentou focar-se mais em replicar essa habilidade em outros Pokémons do que em desvendar os seus muitos mistérios.

– Duplicar? – surpreendeu-se Mindy – Ele conseguiu?

– Aparentemente, não, menina. O Eevee continua sendo único.

– E como você sabia qual pedra ele queria quando ele falava? – perguntou subitamente Dave, lembrando-se de seu choque com o fato no momento.

– Você esqueceu que eu trabalhei com ele muito antes dele conhece-lo, Dave? É um código que ele usa. Se ele fala a primeira parte do seu nome, significa água. Se fala o nome todo, significa fogo. Se fala a segunda metade, é trovão...

– Entendo... – mentiu Dave, olhando fixamente para seu Pokémon, que parecia tão feliz ali, olhando de volta para ele – E todo esse processo... Toda essa mudança... Isso não te machuca, Eevee?

Blaine se retraiu e Eevee apagou o sorriso do rosto, de modo que Dave não precisava mais de uma resposta. Respirou fundo.

– Tudo bem... isso não é o assunto mais urgente que temos, certo? – disse Mindy, sacudindo a cabeça e voltando a olhar para Blaine. – O que vamos fazer agora? Quer dizer, nós fugimos, mas a Equipe Rocket vai continuar a nos perseguir enquanto tivermos o Eevee, certo?

– Certo. – disse Blaine, mantendo o semblante grave e sério. – Por isso que temos de desaparecer.

– Como assim? – perguntou a menina.

E então Blaine explicou todo o plano que arquitetou com Kato em Cinnabbar. Contou que o homem havia feito um sacrifício consciente e que tudo aquilo fora armado desde o início. Mindy teve de ser contida por Susan quando descobriu que Blaine havia deixado seu pai morrer, e eles precisaram adiar a conversa por quase trinta minutos única e exclusivamente para conseguir fazê-la para de chorar e convencê-la a voltar a fica na mesa com eles.

Dave fingiu que não percebeu, mas os olhos de Susan denunciavam ainda mais emoção e dor do que os da filha. O garoto sabia da história da mulher com Kato e nem podia começar a imaginar o que aquilo tudo estava fazendo com ela. Admirou-a por conseguir se manter sã e tranquila a ponto de conseguir conter a filha. Ela era verdadeiramente forte.

Assim que Mindy se acalmou e toda a confusão passou, Blaine contou que precisou entrar em contato com um antigo especialista amigo, e teve de trair a sua confiança. Conseguiu informações sobre um Pokémon lendário chamado Mew, que supostamente teria sido visto em um continente distante, e repassou essa informação para o líder da organização criminosa. Aquele, de acordo com o especialista, era o ponto fraco de Geovanni. Ele era o homem mais poderoso da região, mas insistia em perseguir lendas. E Mew era a maior delas.

– Isso foi o suficiente para distraí-lo de Eevee por algum tempo, mas isso não significa que ele vai esquecer. E ele vai querer vingança pela derrota que sofreu hoje em Saffron. – disse o homem. Dave sabia que ele estava lembrando de Gabrielle e do momento em que ele a jogou para a morte. – Por isso que temos que fugir. Falei com Koga e com Noah, e nós já começamos a nos planejar para que vocês deixem Kanto, talvez para nunca mais voltar.

Dave respirou fundo, mas o homem ainda não tinha acabado.

– E isso não é tudo. Vocês precisarão mudar de nome e literalmente desaparecer. – ele falou, olhando para todos. Em seguida, focou nos olhos de Dave a sua frente. – Eu sinto muito rapaz, mas você nunca pode lutar na Liga Pokémon.

Por um momento aquilo lhe doeu o coração, mas foi um momento rápido, e Dave subitamente percebeu que todos estavam olhando para ele. Sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas, mas não permitiu que elas caíssem. No fundo, ele já sabia daquilo há algum tempo. Só era duro ter de finalmente admitir para si mesmo.

– Nem aqui e nem em outro continente. Geovanni estará de olho, e se você chamar a atenção em qualquer sentido, ele vai te reconhecer, mesmo se você não estiver com Eevee. Você precisa se manter calmo e tranquilo, sem atrair atenção para você, entendeu?

Dave assentiu, ainda sem forças para falar.

– E isso serve para todos vocês. – Disse Blaine

– Espera, a Mindy também?! - perguntou Dave, quando percebeu o que aquilo significava.

– Ora, mas é claro, Dave! – disseram Blaine e Susan ao mesmo tempo.

É claro... ele pensou consigo mesmo. Ela também... Ela também vai ter que sacrificar o seu sonho por minha culpa. Todos estão sacrificando os seus sonhos por minha culpa...Ele também sabia daquilo, mas não tinha percebido até aquele momento. Estivera tão ocupado tentando aceitar o próprio sacrifício que não pensara no sacrifício de todos os outros. Nunca, em toda sua vida, ele se sentiu tão culpado.

– Isso não está certo. Eu não posso pedir isso de vocês... Isso é demais! Eu conheci o Eevee e eu prometi ajuda-lo. Isso é uma responsabilidade minha. É uma decisão que é só minha. – Subitamente ele sentiu que precisava tomar a responsabilidade de volta. Era muito bom compartilhá-la, mas seria muito egoísmo seu deixar que os outros a assumissem por ele. - Nenhum de vocês tem que sofrer com isso. Eu não me importo de me sacrificar e sumir. Pelo Eevee eu faria muito mais. Mas vocês tem que continuar sua vida. Eu não conseguiria aceitar que todos vocês...

– Ei... – Mindy disse, pegando em seu rosto e olhando fundo nos seus olhos. O menino parou de falar, ainda ofegante, com o coração explodindo no peito. – Você fez a sua escolha, agora é a minha vez de fazer a minha. Essas escolhas não são suas, são nossas. E eu não escolheria nada diferente, Dave. A gente consegue... você vai ver. A única coisa que eu não consigo é ficar sem você...

A menina estava sorrindo para ele, e todos a sua volta também. Seu pai, sua mãe, o professor Noah e Susan, todos prestes a mudar suas vidas para sempre por causa dele. Por causa do sonho dele e por causa de seu Pokémon. Por causa da promessa que ele vez e de todos os problemas que ele causou. Ali ele soube que não poderia fazer nada. As decisões já estavam tomadas e ele não podia fazer nada para desfazê-las. Aqueles sorrisos eram a maior declaração de amor que ele podia ter e ele nunca mais esqueceria daquele momento.

Eevee, pontual e sensível como sempre, levantou-se e lambeu o rosto do menino, lhe trazendo pela realidade.

– Uee – disse ele, sorrindo para o garoto com o mesmo sorriso que o conquistara há tanto tempo atrás...

Dave suspirou, subitamente cansado e vencido, e olhou para todos a sua volta novamente.

– Então tá... – disse, quase rindo, mesmo sem conseguir entender direito a ideia do que ele estava aceitando. – Para onde vamos então?

Ele já sabia, porém, que a resposta para aquela pergunta era o que menos importava. Ali, segurando a mão de Mindy, olhando para Eevee e para todas aquelas pessoas que ele amava a sua volta, ele sentiu-se seguro, mesmo não sabendo o que iria acontecer no futuro. Dali em diante ele sabia que eles poderiam ir para qualquer lugar, que tudo ficaria bem.


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Notas finais do capítulo

E então, galera? O que acharam?

Sério mesmo, muito obrigado por chegarem até aqui. A jornada foi longa, mas espero que todos tenham gostado e aprendido tanto quanto o Dave.

Como um presente para vocês, esse não é verdadeiramente o final. Temos um epilogo para quem quer saber como ficou a coisa toda depois dessa confusão, ok? Ele será postado meia hora depois da hora de postagem desse capítulo ;)

Muito obrigado, de verdade. Eu sei que eu evolui bastante com essa história, espero que vocês também =)

Beijos!



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