Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 28
Sacrifício - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Segunda parte, galera. A penultima! Estamos quase acabando! =)

Boa leitura!



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Capítulo 28 – Sacrifício – Parte 2

O lugar havia se transformado em uma verdadeira confusão. O enorme salão de entrada parecia não existir mais. Tudo o que existia eram pokémons engajados em lutas ferozes e violentas. As várias mesas de recepção estavam vazias, alguém havia evacuado as recepcionistas, e agora elas serviam de verdadeiras barreiras contra possíveis ataques errados que voavam em todas as direções. Agentes se escondiam atrás delas quando um golpe perdido vinha em sua direção. O calor do fogo contrastava com o chão molhado das rajadas de água.

Dave pode ver seu Arcanine em ação, sentindo-se verdadeiramente orgulhoso. Ele pulou de uma investida de um Tauros, caindo com as garras nas costas do animal antes de pular de lá lançando uma poderosa rajada flamejante. Fora atingido, porém, ainda no ar, por um choque de Electabuzz de um dos agentes.

O choque foi interrompido logo em seguida, porque Dave ordenou que seu Vileplume distraísse o Pokémon elétrico com um ataque de folhas navalha. O Pokémon de planta era seu maior orgulho. Ainda lembrava-se dele como um tímido e contido Oddish, que precisou de muito treino e paciência, mas que se tornara um amigo confiável e muito útil em batalhas. Um Primeape pulou em suas pétalas pesadas, obrigando-o a parar o ataque, mas foi rapidamente vencido quando Dave ordenou um rápido ataque de pó do sono. A planta Pokémon fez apenas um simples movimento, liberando pó o suficiente para botar o Pokemon primata para dormir.

Poliwrath e Sandslash estavam em uma batalha incrível com um Nidoking e uma Nidoqueen adversários. Assim que viu os dois sendo liberados, Dave não se conteve em imaginar que eles se chocariam com os dois Pokémons de Mindy, mas quando a loucura da batalha começou, os dois pares de Pokémons iguais se separaram, de modo que Poliwrath e Sandslash encontraram os adversários, enquanto os dois de Mindy lutavam com um Kengaskhan de um agente desconhecido e o Scyther de Peter.

Os dois Pokémons de Dave mostravam desenvoltura para enfrentar os oponentes maiores e mais fortes. O entrosamento entre a dupla, Dave percebeu, era notável, e por isso eles conseguiam combater muito bem enquanto o menino dava ordens para os outros dois. Apenas quando percebeu que os dois tinham sido encurralados entre os oponentes Dave precisou intervir.

– Sandslash, desequilibre-os! Poliwrath, congele-os! – gritou o menino, e observou enquanto o seu Pokémon de terra fazia o chão tremer e o de água congelava os dois inimigos desequilibrados com dois poderosos punhos de gelo.

O Nidoking de Mindy estava em um choque de forças com Kengaskhan, teimosamente vendo quem conseguia empurrar o outro, enquanto Nidoqueen se esforçava, sem sucesso, para acertar o mais ágil Scyther.

– Aguarde e se defenda! – ordenou Mindy para sua Pokémon, mudando de estratégia. – Nidoking, espete-o!

O Pokémon macho relutou, mas obedeceu sua treinadora. Ele gostava daquela disputa de forças, mas sabia que a confusão era grande demais para seu ego. Assim, lançou uma forte rajada de espinhos, sem soltar as mãos de Kengaskhan. O adversário sentiu o golpe, perdeu a concentração e se deixou empurrar, caindo de costas no chão enquanto o Pokémon roxo rugia com a vitória. Acertou um poderoso megasoco no adversário caído, o que deveria deixá-lo fora de combate por tempo o suficiente para que ele pudesse ajudar sua fêmea a derrotar Scyther.

A mudança de estratégia de Mindy, porém, deu certo. Nidoqueen parou de tentar encontrar Scyther com um golpe e esperou, e quando o Pokémon inseto tentou usar suas laminas, ela bloqueou com sua pele dura. Ainda sentiu o corte, é claro, mas o movimento havia pego Scyther despreparado. Ele esperava que ela tentasse desviar, não levantasse o braço ao encontro de sua lâmina.

O inseto verde viu a dor no rosto de Nidorina, mas também viu quando ela se transformou em raiva e, com a mão livre, acertou um soco de gelo em sua barriga. Havia aprendido a técnica com o Poliwrath de Dave, e ficou muito satisfeita de finalmente poder usá-la em batalha, congelando o inimigo.

– Sua desgraçada! – Rugiu Peter, sem poder fazer outra coisa. Ameaçou correr na direção de Mindy, mas Nidoking rugiu ao perceber isso, o que o fez parar no meio do caminho.

Apesar de todas aquelas vitórias, as coisas pareciam extremamente complicadas. Sandslash havia corrido para ajudar Vileplume a enfrentar um Charmeleon que o perseguia logo após a queda de Primeape. Um Pinsir se juntou ao Pokémon de fogo e a luta voltou a ficar equilibrada. Enquanto isso, Poliwrath lutava bravamente contra um Ivysauro, equilibrando a suposta desvantagem de tipo enquanto usava ataques de gelo. Um par de Beedrills extremamente voloz começou a rodear Nidoking, e um Raichu lançou uma poderosa carga em Nidoqueen, que sentiu o golpe e agora tinha dificuldades em se manter longe do rato elétrico. Arcanine pulou para salvá-la, mas uma Starmie se juntou a Raichu, e agora as duas duplas trocavam ataques.

E Eevee se encontrava em uma furiosa batalha contra todos os cinco Pokémons que Geovanni deixou sob o comando de Gabrielle.

Dave percebeu quando seu amigo atraiu os cinco para perto de um chafariz que havia em um dos pontos mais isolados do salão, deixando-os o mais longe possível do centro das outras batalhas. Percebeu que Gabrielle correu atrás, para manter os Pokémons sob seu controle estrito, e Dave entendeu que Eevee estava tentando proteger os outros Pokémons da força daqueles cinco adversários, provavelmente os mais fortes de todos. Além disso, pressentia que talvez a fonte de água pudesse ajudar contra Onix, Rhydon e Golem. Admirava a inteligência daquele Pokémon acima de todas as suas outras qualidades.

Quando ele não conseguia se desviar de um dos ataques que vinham em sua direção, se protegia com sua incrível técnica defensiva, criando um campo de energia em volta de si. Eevee nunca parava de se movimentar, e até mesmo acompanhá-lo com os olhos era difícil, quanto mais adivinhar para onde ele ia. Além disso, o seu constante movimento dificultava que Gengar conseguisse contato visual por tempo o suficiente para hipnotiza-lo, ou para que ele fosse alvo dos poderes psíquicos de Venomoth. Porém, por enquanto, ele ainda não havia arrumado uma brecha de tempo e espaço para contra-atacar. Os cinco Pokémons com que lutava não permitiam isso.

A raposa marrom, muito inteligente mente, muitas vezes usava o grande corpo de Onix como escudo contra os ataques físicos, principalmente nos que vinham de Golem e Rhydon. Subia pelas pedras do grande Pokémon, que se entortava inutilmente tentando agarrá-lo, e alguns dos ataques que eram direcionados ao Pokémon de Dave explodiam no corpo da grande serpente rochosa, que se enfurecia não só com isso, mas com o fato de ter o oponente tão perto e ainda assim não conseguir atingi-lo.

Ainda assim, o grupo de Geovanni também mostrava bastante entrosamento, de modo que por várias vezes conseguiam cercar Eevee e obrigá-lo a uma manobra mais complicada, e consequentemente arriscada para se safar, normalmente envolvendo receber um conjunto de ataques com seu campo de energia. Dave sabia que aquela técnica apenas diminuía o impacto, mas não impedia que o seu amigo sentisse pelo menos parte do ataque. Se fosse qualquer outro Pokémon, Dave estaria tremendamente preocupado com um iminente cansaço, mas sabia que Eevee poderia aguentar muito mais do que aquilo. Na verdade, o menino nem ao menos ousava estimar quanto tempo de batalha ele conseguiria aguentar, quantos ataques daqueles seriam necessários para derrubá-lo. Os adversários cansariam antes dele, apostava.

Mindy, por sua vez, parecia preocupada com outra coisa, além das batalhas decisivas que se desenrolavam a sua frente. Os agentes rockets em pessoa movimentavam-se, demonstrando claro interesse em se mover na direção dos dois treinadores para um ataque corpo a corpo. A única coisa que os havia impedido de fazê-lo era o fato de que, para isso, teriam de cruzar o espaço onde ataques poderosos se chocavam contra outros, com ainda mais força.

Dave percebia isso também. Alguns conseguiam usar uma mesa de recepção como proteção por tempo o suficiente até que uma brecha aparecesse e fosse possível se movimentar um pouco a frente. O avanço era lento, mas Dave e Mindy não tinham como se proteger uma vez que eles chegassem. Ou era o que Dave pensava, até ver Mindy com uma pokebola ainda em tamanho pequeno na mão.

É por isso que eu amo essa garota... ele pensou, enquanto se lembrava de Dratini. De fato, ele poderia não ser de muita ajuda lutando no chão, e até mesmo na pequena fonte onde agora Eevee lutava ele seria um alvo fácil, principalmente quando alguns oponentes do tipo elétrico estavam na luta. Mas ele poderia ser extremamente útil no momento em que os agentes Rockets se aproximassem mais para ameaçá-los.

Enquanto isso, Pinsir lutava para manter Sandslash longe de Vileplume, enquanto a planta tentava salvar o amigo terrestre do inseto com garras. Charmeleon parecia entretido com a disputa de poderes entre ele com sua rajada de fogo e as habilidades defensivas da toupeira de Dave, que lutava para proteger Vileplume e a si mesmo.

Quando, porém, tentando atingir Eevee, Golem fez o chão tremer, a planta perdeu o equilíbrio e uma brecha se abriu. Pinsir não perdeu a chance e atacou ambos os oponentes com uma rajada swift de energia. O ataque atingiu os dois, e Sandslash deu dois passos atrás, saindo da frente do amigo que protegia. Charmeleon, esperto, lançou um forte círculo de fogo, prendendo Vileplume no meio e separando-o de seu defensor.

Em seguida, pulou para o centro do círculo, onde a planta sofria com a temperatura e com as chamas, e partiu também para um ataque físico. Sandslash havia se recuperado em seguida, mas foi forçado a desviar de uma poderosa investida de Pinsir, se afastando ainda mais de Vileplume. Dave viu o inseto desgovernado frear o avanço de um agente que havia partido em sua direção, mas estava preocupado demais com Vileplume para comemorar a sorte. Seu Pokémon estava praticamente derrotado, e ele não podia fazer nada além de recolhe-lo antes que tudo piorasse.

O raio da Pokebola atingiu o Pokemon de planta, puxando-o de volta, e liberando Charmeleon para voltar a sua disputa com Sandslash, que agora partira para ofensiva contra o desequilibrado Pinsir, obrigando o Pokémon inseto a fugir e se defender. Depois de uma rajada de espinhos bem colocada e de um salto incrível, Dave estava certo de que ele iria atingir o oponente com ambas as garras quando o dragão de fogo o atingiu com uma cabeçada ainda no ar.

Sandslash deslizou no chão e acertou ninguém menos que Raichu, quando ele estava prestes a lançar um raio do trovão contra Arcanine, que havia acabado de escorregar em uma poça no chão criada por Starmie. Charmeleon correu atrás do Pokémon terrestre, mas Nidoqueen o impediu, atropelando-o.

Dessa forma, Raichu se viu frente a frente com Sandslash, o que fez o Pokémon terrestre sorrir. Dave, entretanto, percebera que Arcanine agora lutava sozinho contra Starmie, e a desvantagem de seu Pokémon o preocupava.

Sandslash não perdeu tempo e se recolheu em seu formato de bola enquanto Raichu preparava um poderoso mega-soco. Os dois correram um em direção ao outro, mas Dave sabia que seu Pokémon sairia vencedor. Enquanto isso, Nidoqueen, sob ordens de Mindy, pegou o Charmeleon ainda tonto pelo pé e o lançou em direção a Starmie, para ajudar Arcanine. A estrela se desviou, mas isso foi o suficiente para que o cachorro lançasse uma poderosa rajada de fogo contra ela, obrigando-a a desviar-se novamente.

Dave, porém, treinara aquele movimento com seu cachorro de fogo. A rajada nunca fora destinada a atingir o oponente, mas para fazer com que ele, que já estava fugindo de um primeiro ataque, se desviasse novamente, para uma direção determinada. A colocação da rajada determinava a direção, e quando Starmie girou para se livrar do fogo, Arcanine já estava no ar, prendendo-a entre os dentes afiados.

Enquanto isso, Poliwrath estava com problemas. Ivysauro estava mantendo-o ocupado, mas ele vinha conseguindo se manter no controle da situação até que o mesmo Pinsir que há pouco lutava contra Vileplume intervisse.

O inseto investia contra o Pokémon aquático e isso abria espaço para que Ivysauro, de longe com seu chicote de vinha, o atingisse quando estava desequilibrado. Em um momento Dave achou que Poliwrath iria vencer a luta, quando Pinsir investiu com suas garras e ele acertou um soco de gelo no inseto, derrubando-o na hora. Um dos chicotes de Ivysauro vinha pelo seu lado direito, mas o Pokémon conseguiu segurá-lo, assustando a planta por um momento.

Dave sorriu, mas então o segundo chicote prendeu Poliwrath pelo pé e o levantou no ar. Em seguida, uma semente da morte voou do bulbo de Ivysauro, plantando-se no Pokémon de Dave.

Arcanine e Sandslash pularam juntos contra Ivysauro logo em seguida, tendo acabado de derrotar seus respectivos oponentes, mas já era tarde demais para Poliwrath, que foi largado derrotado no chão enquanto Ivysauro encarava seus dois novos adversários, e Dave, muito consternado, recolheu o Pokémon aquático.

Mindy, por sua vez, conduziu Nidoqueen para ajudar o atrapalhado Nidoking, que sofria com as picadas das duas Beedrills. Elas não o envenenavam uma vez que ele era invulnerável ao veneno das abelhas, mas também não conseguia atacá-la. Nidoqueen chegou e os dois passaram a dificultar as coisas para as duas oponentes, lutando lado a lado e lançando rajadas de espinhos venenosos cada vez que uma delas ela se aproximava.

Mindy estudava um jeito de vencer as abelhas e Dave observava enquanto Ivysauro era atingido por um lança chamas de Arcanine, que estava furioso por não ter conseguido salvar seu amigo Poliwrath. Os dois quase não puderam perceber no meio de tanta confusão quando o agente rocket mais próximo levantou e partiu correndo na direção dos dois. Veio sozinho, os outros ainda presos atrás da batalha, e estava muito próximo de Mindy quando finalmente Dave o viu.

Antes, porém, que o garoto pudesse gritar, um forte estrondo o fez cair no chão. A parede às suas costas, onde ficava a porta de onde havia saído da escada, foi aberta por um grande buraco, enquanto Blaine, Jody e Jake saiam correndo, seguidos por Dodrio e Buterfree. Um Onix os perseguia, e fora ele o responsável por destruir a parede. A pesada porta de proteção contra incêndios fora lançada com força e atingiu o agente rocket quando ele estava a menos de dois metros de Mindy, nocauteando-o.

– Vocês estão bem? – perguntou Blaine, chegando próximo a Dave. Todos haviam parado para olhar o que estava acontecendo, mesmo que por alguns momentos.

Atrás do Onix que saiu da escada, um bem menor que o de Geovanni, com que Eevee vinha lutando, estavam mais alguns agentes rockets, incluindo a loira que os atacou também em Cinnabbar. Ela deveria ser a treinadora daquele Onix, Dave lembrou.

Os fugitibos havia ganhado reforços, o garoto percebeu, com Blaine, Jake e Jody, mas a nova leva de agentes rockets também tinham pokémons, além de Onix. Um Electabuzz, um Weezing, um Golduck e um Raticate podiam ser vistos. Dave preocupou-se mais, porém, com o Kadabra que estava atrás dos primeiros. Ele tinha uma vantagem de tipo que seria difícil de contornar, a não ser, talvez, pela Butterfree de Jake.

– Meu Rhydon e minha Ninetails foram derrotados – disse Blaine, observando Dave a fazer as contas e pesar os Pokemons que ainda estavam aptos a lutar – E Jake perdeu o Vulpix, mas ainda tem Blastoise, que recolheu para poder correr mais rápido.

– Sim, eu tenho... – disse ele, ofegante enquanto sacava a pokebola de Blastoise e o liberava novamente.

–Eu perdi o Vileplume e o Poliwrath – disse Dave, informando o homem mais velho. – Mas Mindy ainda está com seu casal. E ela mantem Dratini para...

– Nos proteger caso alguém chegue mais perto. Menina esperta ela. Puxou o pai – Observou Blaine com um leve sorriso. Dave, por um momento, olhou para Mindy para reparar se ela tinha ouvido o que fora dito, mas o som da batalha acontecendo lhe chamou a atenção.

A visão da grande tartaruga de água de Jake pareceu acordar os outros, e a luta voltou a se desenrolar, dessa vez não como Dave gostaria que acontecesse. O momento de silêncio foi bem aproveitado pelo par de Beedrils que vinha mantendo os Pokemos de Mindy ocupados. Dave nunca havia visto aquilo, mas agora elas pareciam estar usando uma combinação de ataque de fúria com a agilidade. O menino mal conseguia vê-las, mas percebia os grandes Pokémons de Mindy sofrendo diversos golpes.

– Arcanine, ajude-os! – Ordenou.

O grande cão pulou na direção dos amigos, lançando um jato de fogo no ar a volta deles. Uma das Beedrills pegou fogo, de modo que os ataques pararam enquanto a segunda se afastava do cachorro de Dave para se proteger. Nidoking, porém, caiu de joelhos antes que Arcanine pudesse ajudá-lo, e Mindy sabia que o Pokémon havia sentido os golpes. Ele já havia levados alguns antes de Nidoqueen aparecer para lhe ajudar, e com toda a confusão da batalha, a garota não tinha conseguido uma oportunidade de lhe tirar daquela situação.

Nidoqueen se aproximou de seu companheiro, preocupada, e tentou ajudá-lo a se levantar. Por um momento, Dave e Mindy acharam que ela conseguiria, e ele ficou de pé, mas assim que a parceira o largou, ele cambaleou e tombou para o lado. Mindy recolheu-o ao mesmo tempo em que Dave se deixou aterrorizar pelo olhar no rosto de Nidoqueen. Ela estava inflamada de raiva de um modo que ele nunca a tinha visto antes.

Arcanine ainda tentava atingir a segunda Beedrill quando um grande hiper raio derrubou a abelha, que nem ao menos viu de onde ele havia saído.

Dave ficou surpreso ao perceber que os primeiros guardas, que estavam lhes esperando quando eles chegaram ao primeiro andar, agora estavam todos derrotados, com exceção de Gabrielle, que ainda tentava, sem sucesso, encurralar Eevee. Os perseguidores de Blaine, porém, haviam entrado na luta, de modo que agora o grupo fugitivo estava entre um grupo de agentes sem Pokémon e outro de agentes com Pokémon.

Blastoise e Onix lutavam entre si, mas o Pokémon de pedra era ajudado por Kadabra, que bloqueava os jatos de água do Pokémon aquático. Ele só não fazia mais porque a Butterfree de Jake continuava a se esforçar para interromper seus ataques psíquicos.

O Arcanine de Blaine havia se juntado ao Dodrio de Jody, e eles enfrentavam um Electabuzz e um Raticate. O Pokémon elétrico tentava atingir a ágil ave com seus raios, mas ela apenas se desviava, tentando inutilmente atingir o igualmente ágil Raticate com seus bicos. Arcanine lançou uma rajada de fogo contra Electabuzz, obrigando o Pokémon a interromper seus ataques, mas foi logo interrompido por Raticate, que inteligentemente havia trazido Dodrio para perto dele, de modo que usava o grande corpo do cachorro em seu favor. Enquanto isso, a falta de entrosamento entre Blaine e Jody fazia com que a batalha, que deveria ser fácil, se tornasse mais complicada.

Magmar, por sua vez, vinha lidando muito bem com Weezing e Golduck. Mesmo com a desvantagem de tipo, o Pokémon era uma máquina de luta, e impedia Weezing de rodear o salão com sua fumaça tóxica, mantendo-o o mais encurralado possível com suas chamas. Golduck tentava contra-atacar com água, mas o poder de fogo de Magmar era muito maior, e logo o vapor começou a tomar conta do local.

Talvez possamos vencer. Pensou Dave, percebendo que a batalha não mais estava acontecendo entre eles e a porta, mas somente com os agentes que haviam chegado depois. Estamos indo bem, talvez consigamos fugir. Se corrermos agora, teremos o caminho livre.

Ele estava pronto para partir em velocidade para a porta, já que agora só tinha agentes humanos em seu caminho. Ele poderia facilmente passar por eles com a ajuda de seus Pokémons, se fizesse isso com velocidade. E aí poderiam fugir. Mas Eevee ainda estava preso em combate.

– Eevee, você consegue sair daí?! –gritou Dave, enquanto Sandslash ameaçava os agentes que, mesmo sem pokémons, ainda pensavam em atacar o grupo com as próprias mãos.

Nesse momento, entretanto, Gabrielle olhou para trás e percebeu o que estava acontecendo. Eevee também havia percebido, e fez um movimento em direção a Dave no exato momento em que a mulher gritou.

– O que estão fazendo, seus idiotas?! Bloqueiem o caminho deles!

Dave mordeu o lábio por ter sido tão idiota. Não deveria ter gritado daquela maneira. Assim que Gabrielle falou, Kadabra se teletransportou com Onix, se colocando no caminho de Dave e do grupo.

– Droga! – exclamou o garoto, frustrado.

Blastoise e Butterfree, pegos de surpresa por aquele movimento, se viraram com velocidade, mas não com velocidade o suficiente. Onix já havia atacado com um lançamento de pedra, quebrando uma parte do chão com sua cauda e jogando-a contra a borboleta de Jake. Blastoise aproveitou seus canhões para atacar o grande Pokémon de pedra a distância, atingindo-o com sua hidrobomba, mas pouco depois foi derrubado por um poderoso raio psíquico de Kadabra. O Pokemon psíquico havia permitido que seu companheiro de pedra fosse atingido para derrubar Blastoise enquanto ele se ocupava.

Gabrielle sorriu, mas aparentemente ainda não estava satisfeita. Viu Kadabra olhar para Sandslash e Nidoqueen, que deveriam ser seus próximos adversários e resolveu ajudá-lo. Pegou uma pokebola que ainda restava em seu cinto e a lançou no ar, e Dave se surpreendeu ao ver um Persian ser liberado e se posicionar para a luta. Algo lhe dizia que, se Gabrielle vinha guardando aquele Pokémon, era por que ele tinha alguma coisa em especial.

– É o Persian do Geovanni... – disse Blaine, incrédulo, o que confirmou as expectativas de Dave e Mindy.

Assim que Persian entrou na luta, uma forte explosão ocorreu em um dos cantos do grande campo de batalhas que havia se transformado o já destruído saguão de entrada do prédio da Equipe Rocket. Dave se virou e viu Weezing, que batalhava com Magmar, explodir depois de ter sofrido um dos ataques do Pokémon vulcânico. Golduck teve de se proteger com uma técnica defensiva para não sofrer danos com a explosão e subitamente sofreu uma carga poderosa de ataques de fogo. Ele conseguiu se manter de pé, mas agora que estava sozinho contra o Pokémon de Blaine, Dave duvidava que o Pokémon azul fosse durar muito tempo.

Arcanine, por sua vez, continuava com dificuldades em enfrentar Raticate e Electabuzz, principalmente porque os dois pareciam conseguir usar bem a sua incapacidade de trabalhar junto de Dodrio. Jody estava ficando nervosa quando viu seu Pokémon ser atingido. Mas a surpresa da mulher não foi por causa de uma mordida ou uma descarga elétrica. Ele tinha sido atingido por um osso que viera do buraco onde antes estava a porta para a escada.

Daquele buraco saiu Marowak. Marowak seguido de perto pelo treinador, seu antigo parceiro Jack.

A expressão no rosto do homem era de fúria. Ele olhou a volta para a grande luta que estava acontecendo demonstrando uma ligeira surpresa, mas não se demorou a encontrar o olhar da mulher de cabelos roxos novamente. Ele queria encará-la, mostrar para ela toda a sua raiva e sua decepção. E ela percebeu. Percebeu o quanto a sua traição o havia machucado, mesmo que ele nunca admitisse. Percebeu que tinha ido longe demais, para um ponto onde não poderia mais retornar. Nenhum dos dois jamais confiaria no outro novamente.

– Jack... – ela disse, sentindo o resto embolar na garganta. Na verdade não sabia o que mais dizer. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto sujo e suado.

Mas então ela voltou a realidade quando ele sorriu. Por um segundo ela não acreditou, mas o sorriso não sumiu. Era o sorriso que ele usava quando entrava em uma batalha. Quando estava prestes a deixar a adrenalina tomar conta. Quando estava com raiva e não queria mais saber de nada no mundo que não a batalha à sua frente. Aquilo não parecia real para ela. Não imaginava que ele sorriria mesmo que seu oponente fosse ela. Não depois de tudo que passaram juntos. Ela não esperava que ele fosse gostar de lutar verdadeiramente contra ela, como gostava de lutar contra todos os outros. Aquilo a machucou mais do que ela pode dizer.

E então o osso voltou a atingir Dodrio. A ave perdeu o equilíbrio, e antes que pudesse fazer alguma coisa, Raticate pulou. O osso atingiu o rato também, e Jody tomou um susto.

A dona do Raticate, uma agente morena, ainda jovem, se preparou para protestar, mas Jack apenas levantou a mão.

– Ela é minha... – disse, e Jody engoliu em seco.

Blaine chamou Jody, mas ela estava presa na batalha com Jack, sem saber como responder a ele. Marowak partira para cima de Dodrio, mas a mulher havia conseguido fazer a ave recuperar o equilíbrio e se colocar na defensiva. Era tudo que podia fazer, contudo, porque ainda não conseguia lidar com o que estava acontecendo. Estivera o tempo todo esperando fugir antes de ter de reencontrar Jack, mas, com toda aquela confusão, ela devia saber que ele teria tempo de acordar.

– Jody, concentre-se na luta! – ela ouviu Blaine dizer. – Mantenha o foco. Não se deixe abalar! Vamos!

As palavras de Blaine não surtiam efeito, mas ela finalmente acordou quando viu o Raticate morder a pata do Arcanine do ex-líder de ginásio. O cachorro olhou para baixo e lançou uma forte rajada de fogo no rato, que não deveria acordar novamente para aquela luta, mas Electabuzz aproveitou a oportunidade para atingir o cachorro com uma fortíssima carga elétrica. O cão latiu alto por um longo período e então caiu no chão, derrotado. Ela viu os Pokémons sofrendo e se sacrificando por tudo aquilo, e lembrou-se porque estava ali.

Um menino de menos de 10 anos havia sido manipulado a trair aqueles de quem gostava, e provavelmente seria morto por isso mesmo assim, caso ela não intervisse. As outras duas crianças seguiriam seu destino, também, apenas porque tropeçaram em uma informação valiosa. Ela havia presenciado um cientista e um Pokémon serem assassinados a sangue frio na sua frente e um outro Pokémon ter de enfrentar a morte todo dia, só porque aparentemente podia vencê-la. Ela não tinha uma moral exemplar, era uma bandida convicta, mas ainda assim conseguia ver o quão absurdo aquilo tudo era. Não queria mais fazer parte daquilo. E Jack, ao contrário, parecia gostar cada vez mais. Ela não podia continuar ali, com ele. E se enfrentá-lo era o preço, ela teria de pagar. Agora era tarde demais para desistir.

Ela olhou para seu Dodrio, surpresa por ele ainda ter velocidade para desviar-se do ataque de fúria de seu antigo companheiro mesmo depois de toda a luta em que estivera envolvido.

– Dodrio, pule para o alto e responda com seu próprio ataque de fúria.

Jody sabia que Jack não se deixaria atingir por aquele golpe, mas tinha que fazer aquilo mesmo assim. Na verdade, ela estava torcendo para que ele reagisse como ela esperava.

Marowak subitamente parou o ataque e pulou para trás, se afastando da ave antes que ela começasse a atacar. Com a ave no ar, ela era um alvo fácil para seu osso bumerangue. Sob as ordens de seu treinador, o Pokémon lançou o osso, e foi a vez de Jody sorrir, satisfeita.

– Abortar fúria. Ataque triplo!

Jack arregalou os olhos e observou sem reação enquanto a ave lançava um raio colorido de cada cabeça, que se juntaram em uma única descarga de energia em direção a seu Pokémon terrestre. O osso de Marowak foi atingido no meio do caminho e jogado longe, e o ataque explodiu no peito do alvo. Jody, porém, parecia irrefreável, mesmo com todas as lágrimas que ainda desciam pelo seu rosto, parte de raiva, parte pela dor de enfrentar e derrotar seu companheiro. Ela estava com raiva não apenas de Jack, pois sabia que ele nunca a acompanharia na fuga, mas de toda a situação em que se encontrava. De tudo o que estava acontecendo a sua raiva.

– Agora! Hiper raio!

– Marowak, responda na mesma moeda! – foi tudo o que Jack conseguiu falar.

O Pokémon terrestre, caído no chão, se colocou de pé com pressa apenas para ver o raio de Dodrio avançando em sua direção. Abriu a boca e lançou o seu próprio, mesmo que não tão forte quanto poderia ser. Por um momento Jody achou que os dois ataques se encontrariam no meio do caminho, mas isso não aconteceu. Os dois atingiram os respectivos alvos, passando a poucos centímetros um do outro e derrubando os dois pokémons quase simultaneamente.

O ataque de Marowak não fora o mais potente, mas Dodrio já estava muito desgastada do restante dos combates, e a sua treinadora sabia que ela não podai aguentar mais. Jody caiu de joelhos, cansada e arrasada, e recolheu seu Pokémon. Foi tudo o que pode fazer, antes que Jack partisse para cima dela, com os punhos cerrados. Ele pulou na direção dela, mas a mulher foi ágil o suficiente para girá-lo por cima do próprio corpo e afastá-lo com o pé, pelo menos por tempo o suficiente para se colocar de pé. Jack não estava satisfeito com uma batalha Pokémon. Ele tinha que terminar aquela disputa com as próprias mãos, e Jody se resignou de que, se aquilo fosse mesmo necessário, era exatamente o que ela faria.

Enquanto isso, Persian e Kadabra estavam agora lado a lado, bloqueando o caminho dos fugitivos até a porta. Eles encaravam Nidoqueen, Sandslash e Arcanine, estudando os adversários à frente, ao mesmo tempo em que Magmar tantava por um fim a Golduck. Dave surpreendeu-se ao perceber que o Pokémon aquático vinha conseguido resistir ao de fogo. Em algum lugar em sua cabeça, ele tinha guardado a informação de que aquele Magmar era um dos Pokémons mais fortes que já vira, uma vez que ele fora o responsável por derrotar Eevee no vulcão e deixa-lo desacordado por tanto tempo, mesmo com a sua capacidade regenerativa.

Ali, naquele momento, ele lembrou-se que aquilo poderia não ser tão exato quanto parecia. Blaine fora a pessoa a cuidar de Eevee logo depois de seus ferimentos. Ele podia muito bem ter feito com que Eevee ficasse fora de combate por mais tempo do que deveria. Assim tudo que Magmar precisaria ter feito era deixar Eevee desacordado por tempo o suficiente para que Blaine completasse o trabalho. O especialista Pokémon poderia ter retardado a recuperação dali em diante. A raiva de Dave ao se lembrar de como havia sido enganado só era suplantado pela sua confusão com a situação em que estava naquele momento. Porque ele está ajudando a gente agora?! O garoto se perguntava, confuso. Nada daquilo fazia sentido.

Ele estava distraído por aqueles pensamentos quando Nidoqueen e Sandslash partiram para cima de seus oponentes, enquanto Arcanine lançava rajadas de fogo para impedir que os alvos pulassem para os lados. A estratégia parecia boa e tinha sido bem treinada por Dave e Mindy em Pallet, mas eles não contavam em enfrentar um Pokémon psíquico como Kadabra. Persian ficou parado com um sorriso no rosto enquanto Kadabra usou o ataque de confusão para jogar os dois atacantes contra o fogo lançado pelo cachorro gigante de Dave.

Sandslash conseguiu resistir bem aos golpes, mas Nidorina já estava enfraquecida por outros momentos da luta, e Mindy percebeu que ela caiu sobre um joelho quando conseguiu voltar ao chão. Arcanine rugiu de raiva e fitou Persian nos olhos. O gato não havia feito nada, mas não era segredo para ninguém, nem mesmo para Kadabra, que aquele era o Pokémon a ser batido na luta, e o grande cão de fogo parecia ter tomado para si aquela missão.

Ele começou a circular o felino, tentando focar toda sua energia e preparar um único e poderoso ataque, enquanto Persian parecia imóvel, até mesmo sentado no chão. Dave não gostava daquilo. Era muito mais fácil lutar com um inimigo em movimento. Era mais fácil prever para onde ele iria. Um inimigo parado poderia fazer qualquer coisa, mover-se em qualquer direção. Dave sabia, porém, que Arcanine preparava seu mais poderoso ataque de fogo, o superaquecimento, que colocaria todo o espaço em volta do gato em chamas. Persian não podia voar, então ele não podia escapar, mesmo se tentasse, por isso ele esperou.

O Pokémon do garoto abriu a boca, pronto para lançar sua técnica, mas antes que pudesse fazê-lo foi atingido por um forte e veloz raio de energia rosa que saiu da pedra que ficava na cabeça do gato. O movimento foi tão rápido que Dave só entendeu o que estava acontecendo quando viu seu amigo cair no chão, desacordado. Persian sorriu e observou o garoto, de longe. Ele estivera esperando Arcanine se preparar o tempo todo. Sabia que, se atacasse um pouco antes, o adversário teria chance de se mover, e se atacasse um pouco depois, não teria conseguido evitar o golpe que viria em sua direção. Mas se atacasse no momento certo, segundos antes de Arcanine disparar, o Pokémon estaria ocupado demais atacando para poder se esquivar.

Foi um único tiro, mas um tiro poderoso e certeiro, que derrubara o grande cachorro de Dave de uma só vez. E um impressionante cartão de visitas do gato do líder da Equipe Rocket. Dave nem mesmo sabia o nome do ataque que ele usara.

Mindy, por sua vez, havia considerado recolher sua Nidoqueen, mas a situação estava se complicando novamente, e a criatura parecia ter conseguido se recolocar de pé, de modo que a menina mudou de ideia. Aquilo fora importante. Nidoqueen preparou um raio de gelo, outro dos ataques que Poliwrath havia lhe ensinado, e lançou-o contra Kadabra. O Pokémon psíquico estava preparado e respondeu com um raio psíquico, não para atingi-la, mas para bloquear o ataque. Aquela poderia ser uma técnica efetiva em batalhas individuais, e Mindy havia percebido que Kadabra tinha tendência a usá-la, por isso resolveu forçá-lo a isso. Aquilo não era uma batalha individual, e enquanto o Pokémon rocket se defendia de Nidoqueen, Sandslash se moveu com velocidade e usou suas garras para atingi-lo. Os golpes foram fortes, velozes e vorazes, de modo que Kadabra não resistiu. Pokémons psíquicos normalmente tremiam contra ataques físicos, e com ele não foi diferente.

Ao mesmo tempo, porém, Persian aproveitou a distração de Nidoqueen com Kadabra e lançou um hiper raio em sua direção.

– Não! – gritou Mindy. Se o grande Pokémon azul havia ficado abalado com o último golpe sofrido, esse, que poderia muito bem tê-la tirado da luta sozinho, não deixava dúvidas de que ela não teria mais condições de prosseguir.

E Persian não parou por ai. Assim que lançou seu hiper-raio, correu em direção a Sandslash, que havia acabado de atacar o Pokémon psíquico. Sua velocidade era impressionante e sua ferocidade, ainda mais. Ele parecia calmo e centrado enquanto encarava Arcanine, quase paciente, e agora apresentava um comportamento animalesco, feroz, quase descontrolado.

Dave havia alertado Sandslash sobre o súbito avanço do Pokémon felino e a toupeira havia se virado a tempo de se esquivar das primeiras garras do Pokémon, fazendo-o se esquivar das suas também. O ataque desenfreado, entretanto, não parou por ali, e por um momento Dave pensou que aquilo era, de fato, a técnica da fúria.

Ele, porém, não teve tempo o suficiente para pensar nisso. O primeiro arranhão de Persian atingiu a casca dura de Sandslash, e o menino ficou surpreso ao ver que seu Pokémon havia sentido o golpe. Em seguida, no momento de fraqueza, o adversário pulou sobre o Pokémon de Dave com as duas patas em seu peitoral, derrubando-o no chão. Dave estava pronto para ordenar uma esquiva em rolamento quando Persian, aproveitando o impulso do salto, se lançou alguns centímetros para o alto e atirou novamente o raio rosa que havia derrubado Arcanine. O raio saiu de sua pedra e, estando tão perto, mal teve tempo de tomar forma antes de explodir contra seu alvo.

– Sandslash! Não!!

A explosão lançou Persian para trás, mas o gato, esperto, caiu sobre as suas patas, sereno e intocado, como se nada tivesse acontecido. Sandslash, entretanto, não tinha mais condições de ficar de pé.

Do outro lado, entretanto, Magmar havia se saído muito bem. Golduck tentava atingi-lo ocasionalmente com seus ataques aquáticos, mas o Pokémon de fogo não permitia que uma gota sequer se aproximasse. Mesmo quando não podia se desviar, seu poder de fogo era tanto que fazia com que o ataque se evaporasse assim que chagava perto de seu corpo. E ele não permitia que Golduck ficasse parado ou concentrado por tempo o suficiente para usar ataques psíquicos.

Blaine admirava o oponente, que vinha apresentando um nível de desafio maior do que ele esperava, mas percebeu que se tivesse sido mais bem treinado para usar suas habilidades psíquicas sem esforço, o pato azul poderia ter sido um adversário mais a altura do Pokémon vulcânico.

Sua vitória veio com uma combinação de que o ex-líder gostava muito. Magmar lançou uma bomba de fumaça em volta do adversário e pulou por entre ela, fazendo com o que o gás entrasse em combustão enquanto passava. Para completar, além da explosão do gás, ele ainda acertava o alvo confuso com um soco de fogo. Era uma combinação letal, e ninguém havia conseguido lutar depois de ser o alvo de um ataque bem sucedido. Golduck não fora o primeiro.

Assim, todos os Pokémons dos agentes rockets foram derrotados. Todos, sem excessão. Dave não podia deixar de sentir um certo orgulho daquilo, mesmo que isso servisse pouco para a situação em que se encontravam. Isso porque os Pokémons de Geovanni, os mais fortes e mais bem treinados, ainda estava todos de pé. Ele começava a se preocupar, pois Eevee, apesar de seus esforços, ainda não havia conseguido derrubar nenhum deles. E aquilo não podia ser um bom sinal.

Além disso, ainda havia um exército de pessoas, mesmo que sem Pokémons, querendo prendê-los. Ele ainda tinha seu Pidgeot, e sabia que Mindy ainda tinha seu Charizard, mas algo lhe dizia que se Eevee não conseguisse derrotar os Pokémons de Geovanni, Charizard e Pidgeot não tinham muitas chances de fazê-lo. Blaine os havia advertido para manter os Pokemons voadores guardados, para que eles pudessem dar o seu máximo na fuga que, se tudo corresse bem, ainda estava por vir.

O problema é que tudo não vinha correndo tão bem quanto o esperado. Agora, enquanto os cinco Pokémons de Geovanni mantinham Eevee ocupado, Magmar enfrentava Persian sozinho. E se o Pokémon de fogo perdesse, eles teriam de recorrer aos seus Pokémons voadores para se defender.

Dave instintivamente levou a mão a Pokebola de Pidgeot, mas Blaine o conteve, segurando seu braço. Não disse nada, pois estava focado no encontro entre Magmar e Persian, mas se deu o trabalho de balançar a cabeça e apontar com os olhos para Mindy, um pouco ao seu lado, com as mãos sobre a pokebola de Dratini.

Ainda temos o Dratini. Dave pensou. Ele podia não ser o oponente ideal para Persian, caso o gato vencesse Magmar, mas era o oponente ideal contra todos os outros agentes, que pareciam ter parado para ver a luta entre o Pokémon de fogo e o felino do tipo normal. Nem toda esperança está perdida... Pensou o garoto. Nem toda...

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Eevee sabia que as coisas não iam tão bem quanto ele esperava. O problema não era a fatiga. Por mais cansado que estivesse, sabia que estava menos cansado que seus oponentes. E conhecia os oponentes bem o suficiente para saber que ainda era necessário muito tempo para que a fatiga se tornasse um fator mais influente na batalha. Ou talvez não. O Pokémon havia perdido a noção de há quanto tempo aquela luta estava acontecendo.

Tinha tanto em sua mente que não conseguira processar a passagem dos minutos. Tinha cinco oponentes. Cinco dos melhores oponentes que já enfrentara na vida. Oponentes como ele não havia enfrentado nenhuma vez desde que fugira do laboratório de experimentos ao redor de Grené. Por um lado, sabia que seu desempenho não era ruim. Considerando a forma em que estava, ainda assim sentia-se confortável com o fato de que não havia sido atingido uma vez sequer. E ainda conseguia lançar olhares furtivos em direção ao resto da batalha.

Viu todos os seus amigos caírem, mas sentiu uma pontada de orgulho de ver que eles haviam conseguido derrubar muitos antes de fazê-lo. A cada vitória ele se sentia mais aliviado, e a cada derrota sentia que precisava se esforçar para ajuda-los mais. E, ainda assim, não conseguia achar uma brecha para o ataque sem se abrir às ofensivas dos outros quatro oponentes.

Já lutara daquela maneira antes, e sabia que aquele era um jogo de paciência. Em algum momento alguém iria falhar, e ele tinha que se concentrar para perceber aquela falha e se aproveitar dela. Sua experiência lhe dizia que não era possível que, mesmo depois de tanto tempo, alguém não houvesse falhado ainda, mas ele também sabia que não podia deixar seu pensamento levá-lo naquela direção. Ele precisava manter a confiança em seu instinto e em sua habilidade. Se tivesse deixado uma oportunidade passar, tinha de se focar em não deixar outra. Ou quem iria falhar era ele.

Mas, além disso, ele não podia negar que estava preocupado. Muito preocupado, e a sua preocupação se devia ao fato de que o sexto oponente mais forte que já enfrentara não estava ali naquela luta, mas em outra, contra o Magmar de Blaine. Eevee admirava o Magmar do ex-líder de ginásio e sabia que era um Pokémon poderoso, mas Persian estava ainda um patamar acima. Ele mesmo só havia enfrentado o felino poucas vezes, e mesmo que saísse sempre vitorioso, sabia que era o mais bem treinado dos Pokémons de Geovanni.

Rapidamente ele se viu tendo que pular de uma das bolas sombrias de Gengar. De todos os Pokémons que ele enfrentava, o fantasma era o mais desafiador. Não por ser o mais forte, mas por ser o mais inteligente e perspicaz. Atingi-lo era difícil, e a menor das distrações, como a que Eevee teve ao olhar para a outra luta, podia lhe custar caro. O ataque explodiu no chão molhado abaixo da raposa enquanto ela, no ar, girava e tomava impulso no casco de Golem, que não conseguira se virar com velocidade o suficiente.

Ele ainda tentou rolar, mas Eevee já havia saltado de suas costas, batendo no peito de Rhydon e subindo pelo corpo de Onix, que se contorceu mais uma vez tentando, inutilmente, afastar o pequeno Pokémon. Eevee já havia aprendido a ter equilíbrio ali há algum tempo, depois de tantas vezes que fora obrigado a enfrentá-lo.

Aproveitou o momento que tinha para roubar mais um olhar da batalha. Magmar havia tomado a iniciativa com um soco de fogo, obrigando Persian a entrar em movimento, mas aquela talvez poderia ser uma estratégia perigosa, já que o felino era inúmeras vezes mais veloz que seu oponente. Forçá-lo a usar um de seus mais perigosos atributos não pareceu a Eevee uma estratégia muito inteligente por parte de Blaine.

Persian havia pulado de lado e circulado o oponente, e Eevee lembrou-se de que ele tinha aquele costume, de estudar e observar antes de decidir como agir. Dividia essa característica com seu treinador, e talvez por isso fosse o seu Pokémon mais bem sucedido, além do mais querido.

Magmar seguiu o soco de fogo com um ataque de círculo de fogo muito maior que o normal. Usualmente, aquele ataque servia para prender um oponente, gerando dano com as chamas e também com o forte calor. Mas aquele círculo era amplo e mantinha Magmar em seu centro também. Eevee percebeu que aquilo tinha por objetivo delimitar uma área de batalha, mas não gostava daquilo. Por mais que parecesse inteligente, minando a capacidade de movimento de Persian, uma parede de fogo não seria suficiente para parar o felino, caso ele realmente precisasse de espaço.

A única vantagem que Magmar teria seria lutar em um ambiente mais quente, onde ele se sentiria melhor e Persian estaria fora da zona de conforto.

Enquanto isso, Jody ainda lutava sozinha contra Jack, mais afastados do resto das pessoas e da batalha. Eevee nem ao menos conseguia imaginar o que a mulher deveria estar sentindo por estar fazendo aquilo com seu parceiro, e o que ele estaria sentindo também. Tentou imaginar se Dave o traísse, e só de cruzar a sua mente o pensamento já o assustou mais do que ele conseguia expressar.

O momento de observação de Eevee passou, e ele teve de novamente entrar em ação. Onix balançou a cabeça e o jogou para o alto, e ali ele era um alvo fácil, sabia. Venomoth tentou usar a técnica da confusão e Gengar soltou um hiper raio. Era incirivel como Geovanni gostava daquele ataque. Todos os Pokémons capazes eram ensinados a dominas aquela técnica. E não apenas os seus, mas os de todos os outros agentes também.

Era um poderoso ataque, mas Eevee tinha outras preferências. Como, por exemplo, o duplicar. Assim que usou a técnica defensiva, várias ilusões suas apareceram em outros pontos, inclusive a sua volta, caindo pelo ar. Venomoth se confundiu antes mesmo de executar a confusão, e o hiper raio de Gengar atravessou uma das cópias mais à direita.

Quando eles perceberam quem era o verdadeiro, Eevee já havia voltado ao chão. Rhydon havia partido em sua direção instantaneamente, mas escorregou no chão molhado pela fonte que a batalha havia destruído alguns minutos antes. Golem já havia cometido esse erro antes, e decobrira que tinha menos chance de perder o equilibrou se atacasse rolando. Às vezes a raposa Pokémon se impressionava com algumas atitudes dos Pokémons de Geovanni, principalmente de Golem.

Para manter o equilíbrio, o gigante de pedra preferia rolar. Até ai fazia sentido, até que você percebesse o que isso significava. Rolar era o mesmo que envolver todo o seu corpo de pedra em água, um elemento que comprovadamente não lhe fazia bem.

Para frear o avanço do Pokémon rochoso, Eevee soltou uma das suas próprias bolas sombrias, que explodiu no caminho do adversário, obrigando-o a frear seu movimento. Enquanto isso, Venomoth já havia lançado seu ataque de asas prateadas, e Gengar estava tentando um soco das sombras, ambos explodindo contra o campo de energia defensiva rapidamente levantado por Eevee.

Quando foram lançados para trás, a raposa deu um pequeno salto, para desviar da cauda de pedra de Onix que vinha em sua direção. Além de seus reflexos, ele ainda contava com a voz de Garbielle, sempre denunciando a próxima ordem segundos antes dela ser executada. O Pokémon de Dave podia ver como cada nova defesa que fazia causava uma crescente frustração em seus adversários, e não podia deixar de achar aquilo revigorante.

Roubou mais uma espiada para ver Persian utilizando e errando sua técnica preferida, o poder da gema. Dave nunca havia sofrido um daqueles golpes, e esperava que continuasse assim. Nunca vira ninguém sobreviver a ele e não sabia que tipo de poder a pedra na cabeça de Persian possuía, mas desconfiava que, o que quer que fosse, não era natural. Não duvidava da capacidade de Geovanni de estudar e potencializar aquela técnica com ajuda da sua ciência.

Magmar pulou para longe do raio de explosão do raio rosa de energia, escapando por centímetros, e respondeu com uma explosão de fogo. Por um momento Eevee achou que o ataque iria atingir o alvo, mas Persian o surpreendeu novamente, como tinha o costume de fazer. Em vez de fugir, respondeu com o um hiper raio, que parou o ataque de Blaine e gerou uma forte cortina de fumaça.

Naquele momento Eevee soube que Magmar estava perdido. A culpa não havia sido dele. O mérito era todo de Persian. A pequena raposa nunca havia visto um outro Pokémon lançar ataques com a mesma velocidade e poder que aquele gato. Ele era o que se podia chamar de rápido no gatilho. Não precisava de mais do que um segundo para conjurar as mais forte das técnicas ofensivas e lança-las contra seus oponentes, normalmente ainda em estado de choque. Aquele era um de seus trunfos, e, infelizmente, Magmar foi mais uma de suas vitimas.

Eevee lamentou que fosse justamente uma cortina de fumaças, mesmo que improvisada, que derrotasse Magmar. Persian saiu do meio de um dos artifícios favoritos do Pokémon de fogo já lançando o raio que saia de sua gema, fazendo-o explodir contra o peito do Pokémon de fogo, que foi lançado longe. Blaine o recolheu antes que o corpo desacordado de seu Pokémon atingisse o chão.

Aquilo foi um golpe tão forte em Eevee que ele achou que tivesse finalmente dado uma brecha para seus oponentes. Agora Dave e Mindy precisariam usar seus últimos Pokémons, guardados apenas para emergências, para tentar fugir e se proteger de Persian e de todos os outros agentes rockets. Charizard e Pidgeot eram adversários formidáveis, mas a pequena raposa sabia que não eram páreos para Persian, mesmo juntos e podendo voar. Sabia que se alguém pudesse derrotar aquele gato inteligente e traiçoeiro, era ele.

E ele estava ali, incapaz de enfrentá-lo.

Ali, naquele momento, era impossível não pensar em porque tinha fugido. Que, mesmo tendo deixado para trás uma fase de sofrimento e abuso, de dor e exploração, ele também havia sacrificado uma coisa. Sua forma e o auge de seu poder. Sem a Equipe Rocket, ele nunca seria tão forte e tão capaz quanto fora uma vez. E ele sabia que era exatamente por causa dessa mudança em sua capacidade que ele estava ali, sem conseguir fazer tudo o que podia para ajudar aqueles a quem ele mais amava.

Sentiu-se egoísta por sacrificar tantas pessoas para que ele pudesse fugir da dor. E, no fim, exatamente porque ele estava fugindo da dor, não podia salvar a todos que se sacrificavam por ele. Assim que Magmar caiu os agentes que assistiam a luta pareceram acordar e partiram para cima dos fugitivos, para prende-los. Ele sentiu o desespero começar a tomar conta. Sentiu como se alguma coisa ali não estava certa, e Eevee não sabia o que fazer para mudar aquilo.

Rapidamente se viu cercado. Onix vinha de cima, acompanhado por Venomoth. O grande corpo da serpente de Pedra ajudava a fechar o cerco, juntamente com Golem e Rhydon, que investiam contra ele com força, cada uma de uma direção diferente. Gengar havia lançado uma bola sombria vindo por suas costas, e agora voava em um ângulo diferente, fechando a única saída que Eevee conseguia imaginar. Eles finalmente tinham conseguido encurralá-lo e ele não viu mais nada, apenas o corpo de seus oponentes vindo em sua direção para um golpe final.


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Notas finais do capítulo

E aí galera? Curtiram? Tenso né?

O próximo já está saindo, se não estiver no ar...hahahhaha

Espero todos nos comentários! xD



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