Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 30
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E então, preparados? Agora é adeus de vez! Muito obrigado por tudo gente, mesmo!

Um grande beijo a todos vocês, e, pela ultima vez em Evolution, boa leitura! =')



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Epílogo

Charizard mergulhou para se desviar do raio de gelo de Dewgong e passou com um rasante pela arena de gelo e água. Mindy observou enquanto seu grande dragão de fogo dava um voava sobre a parte descongelada do campo de batalha, jogando água para todo lado. Sabia do perigo daquela manobra, mas a grande foca branca havia acabado de atacar e mergulhar. Não acreditava que ela seria rápida ou ousada o suficiente para aparecer na superfície enquanto Charizard estava tão perto.

– Você me subestima, Mindy – disse Mary Jane, do alto de sua plataforma de treinadora, do outro lado do campo.

O público explodiu em êxtase quando Dewgong pulou atrás de Charizard. Por pouco ele não mordeu o rabo em chamas do oponente, mas sua treinadora já havia ordenado uma hidro bomba contra o dragão.

– Não tão rápido, ruiva...

Mindy podia não acreditar que ela fosse fazer aquilo, mas conhecia muito bem os riscos de seu movimento, e estava preparada para lidar com eles antes mesmo que sua mais antiga rival atacasse.

– Charizard, gire e responda!

A grande rajada de água produzida por Dewgong estava prestes a atingir o alvo, o rabo do Pokémon de fogo, quando ele bateu as asas, ganhando alguns centímetros de altura — apenas o suficiente para escapar do golpe que poderia ter lhe derrotado de uma vez. Ele girou o corpo em seguida, e abriu as asas de novo, se colocando agora em posição vertical e encarando de frente o inimigo que começava a cair novamente na água.

Era sua vez. Ele abriu a boca e lançou sua poderosa explosão de fogo, perfeitamente formada. Mindy percebeu que o movimento levara um segundo a mais do que tinha imaginado para ser executado, e viu Dewgong cair na água sem um arranhão sequer. Até ela se surpreendeu quando a explosão o seguiu para dentro da piscina, fazendo parte da água em volta evaporar.

O ataque se apagou um pouco depois, então a foca de gelo não sofreu tantos danos quanto sofreria fora d’água, mas nem o público nem mesmo Mary Jane conseguiram conter a surpresa com o poder de Charizard. Mindy sorriu com a força avassaladora de seu Pokémon, lembrando-se dele ainda como um pequeno Charmander, tantos e tantos anos atrás.

– Dewgong, você está bem?! – perguntou MJ, preocupada. Seu Pokémon, porém, já havia desaparecido sob a água, e a mulher ruiva compreendeu que aquilo era um bom sinal. Se ele estivesse desacordado, estaria boiando, e o gelo deveria impedi-lo de ficar com queimaduras mais sérias. Conhecia muito bem seu Pokémon e sabia que ele poderia aguentar mais do que um único golpe, mesmo um com aquela potencia

Ela respirou aliviada. Dewgong era seu último Pokémon, e, se ele caísse perante Charizard, ela seria eliminada da Liga. Não poderia deixar que um movimento tão simples quanto aquele de Mindy lhe custasse a eliminação e a sua reputação de campeã. Não depois de todo o esforço que a levara até ali.

– Essa luta ainda não acabou! – disse, provocando a oponente. Não a via desde quando eram crianças, e ela provavelmente não era a mesma menina temperamental que conheceu, mas tinha que tentar. – Eu vou te mandar de volta pra casa, com um abraço e um beijo para o Dave!

Mindy sorriu, tentando se manter equilibrada. Estivera esperando aquelas provocações, e aquilo não iria lhe atingir. Ela sabia que Mary Jane não recorreria àqueles artifícios se não estivesse desesperada. Dave havia lhe convencido da boa índole da garota, e mesmo que ela nunca conseguisse realmente gostar dela, aprendera a admirar Mary Jane ao ponto que ela também deixou de adicionar Pokémons a sua equipe. Mindy nunca admitira isso, mas passou até a invejá-la por um tempo, enquanto via de longe ela construindo a sua carreira de treinadora famosa e de sucesso sem poder segui-la.

Porém, não mais. Agora ela estava ali, e aquela seria sua primeira vitória definitiva sobre a sua rival. Uma vitória que finalmente lançaria seu nome no mundo dos treinadores Pokémon, como ela sonhara tantos anos atrás, ainda como uma garota de doze anos de idade. Imaginava que o fato de ter crescido diminuiria a sua sede por aquela vitória, mas aquilo apenas a impulsionava ainda mais. Sentia-se como se fosse a mesma garota que desafiara a mãe para sair em uma jornada.

– Eu já te derrotei em Grené, lembra? – a ruiva sorriu, tentando parecer confiante. – Hoje vai ser um dia de reviver boas memórias. Bom, pelo menos para mim...

– Hoje não, Mary... Hoje não – disse Mindy, quase rindo – Hoje o dia é meu... Charizard, vamos ao ataque?!

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Kato assistia com muita atenção cada movimento da bonita mulher morena. Ele estava sentado em frente à TV há horas, muito antes do horário da luta, assistindo cada comentarista prever como aquela iniciante de sobrenome antigo havia surgido do nada e chegado à final da Liga Pokémon de Kanto, e se ela seria páreo para a atual campeã, Mary Jane. Kato nunca duvidaria de Mindy Noah.

Vira quando ela viajou até Kanto novamente e voltou com oito insígnias em apenas um mês. E ela ainda lhe disse que havia parado para ver os lugares que gostava e onde crescera antes de voltar. Ele sabia que, com seu Charizard, era fácil percorrer o continente de ginásio em ginásio, mas ainda assim, pelo que ela havia dito, não precisara de mais de uma batalha em nenhuma das suas paradas.

Depois disso, passara o resto do ano treinando mais forte do que jamais havia treinado, e seus Pokémons estavam tão preparados quanto podia estar. Kato, inclusive, gostava de se gabar de tê-la ajudado no treinamento. Eevee havia treinado com eles, e, mesmo não tendo sido derrotado nenhuma vez, havia começado a sentir alguma dificuldade nas ultimas semanas antes da partida da mulher.

– Senhor Kato Noah Hairo! – A voz de Dave se fez ressoar pelo quarto, assustando o pequeno garoto. – Eu mandei o senhor ir para cama, não ligar a televisão do quarto! Você tem aula amanhã!

– Mas, pai! É a mamãe! Ela vai ganhar! Olha só!

Dave nunca tivera esperanças de que seu filho de sete anos fosse perder a final da Liga Pokémon, principalmente quando a mãe era uma das finalistas. Mas precisava que, no mínimo, o garoto terminasse de ver a luta já deitado, pronto para dormir. Com o fuso horário, apesar de ser dia em Kanto, já eram mais de onze da noite em sua casa e ele realmente tinha aula no dia seguinte.

Havia mandado o garoto para cama já sabendo que os dois terminariam de assistir a batalha no quarto dele, um ao lado do outro.

Dave estava aliviado por finalmente poder ver sua mulher lutar na Liga Pokémon. Há cerca de um ano Geovanni havia desaparecido de Kanto, e a Equipe Rocket, apesar de ainda existir, perdera muito de sua antiga força. E assim, quase vinte anos depois, o exilio de Dave, Mindy e suas famílias estava chegando ao fim.

Todos chegaram a considerar uma mudança de volta para Kanto, e fizeram uma grande reunião de família para tomar aquela decisão, mas no fim decidiram por permanecer onde tinham construído sua vida depois dos incidentes com a famosa organização criminosa. O professor Noah havia sido enterrado ali, nos fundos do laboratório que haviam construído, e agora cabia a Dave, um acadêmico Pokémon, ajudar os novos treinadores da região, uma função que ele não gostaria de abandonar.

O homem havia descoberto uma enorme paixão pelas ciências Pokémon, e tudo começou, como sempre, com seu Eevee. Depois de deixar seu continente natal, ele havia decidido entender todos os mistérios daquela criaturinha, e se dedicou aos estudos como nunca havia se dedicado antes. O mais idoso Noah foi seu professor durante anos, até que ele pode ir para faculdade local e expandir seus horizontes.

Desistir da Liga havia sido difícil quando mais novo, mas ele aprendeu a lidar com o sacrifício com o tempo, e percebeu que tudo foi ficando mais fácil a medida que ele se apaixonava pelos estudos. Mais tarde, veio a perceber que em todas as vezes que sonhava, quando pequeno, sonhava com um companheiro Pokémon, e não com o sucesso e a fama que vem com a vitória e a glória.

Assim, ele entendeu que seu sonho havia se realizado, de uma maneira ou de outra, no momento em que encontrara Eevee no bosque perto de sua casa. Além disso, todos os seus Pokémons eram como parte de sua família. Hoje, eles eram livres para ir e vir quando quisessem, mas continuavam a viver juntos por opção. Até mesmo ajudavam o menino a cuidar do laboratório. Dave nem mesmo lembrava onde havia guardado suas Pokebolas, já que não precisava mais delas.

Aquilo, para ele, não tinha preço. E quando todos decidiram que era seguro voltar à vida normal, e até a assumir seus antigos nomes, caso preferissem, Dave decidiu permanecer o Prof. Johnson e viver calmamente com pesquisador. Tinha muito a estudar sobre seu Eevee ainda. Mindy, em sua recente viagem a Kanto, havia recuperado as antigas pesquisas de Blaine, que o especialista havia deixado escondidas em um lugar secreto revelado apenas para eles, e Dave ainda não havia terminado de desvendar todos os mistérios que elas lançavam sobre as suas descobertas.

Receberam as direções para o lugar onde estavam escondidos os anos de pesquisa do homem que os salvara como parte da herança que ele havia deixado. Fora a única noticia que receberam desde que haviam se separado em Kanto, e a morte dele havia deixado todos muito emocionados. Souberam através de Jake que ele fora um verdadeiro herói, havia conseguido se manter no continente, em sua antiga casa, mesmo sendo um dos homens mais procurados por Geovanni, o poderoso magnata e verdadeiro governante do lugar durante o seu auge.

Jake havia fugido com eles, mas ele e Jody haviam se separado do grupo não muito depois. A mulher não se sentia confortável com eles e seguiu sua vida com o garoto, que tomara quase como filho. Dave descobriu que Jake não conhecia sua família de verdade, e que vivia em um orfanato em Auburn quando conheceu o grupo. Por algum motivo, ele nunca suspeitou sobre a facilidade com que o garoto decidira segui-los. Ainda assim, o garoto mais novo mantinha contato regular com o laboratório de Dave. Ele havia se tornado pesquisador também, mas fazia suas pesquisas viajando. Dave nunca mais ouviu de Jody.

Mais tarde, ele viera a descobrir que os planos Geovanni haviam se voltado contra ele mesmo. Ele havia encontrado a lenda que fora caçar, pelo menos havia conseguido recuperar seu DNA, e, com isso, tentou construir um clone melhorado. A criatura, porém, se rebelou contra seu criador, matando diversos cientistas e criando um grande problema com alguns treinadores Pokémons. Dave ficou imaginando como aquela criatura seria invencível se Geovanni tivesse conseguido uma maneira de transferir o segredo de Eevee para outros Pokémons. Uma lenda viva já era algo perigoso para o mundo. Uma lenda viva e imortal era inimaginável.

Entretanto, graças ao sacrifício do Dr. Kato, Blaine e de todos eles, aquela tragédia havia sido evitada, e o mundo continuava a correr como deveria correr sempre. E o segredo de Eevee continuava sendo o segredo mais bem guardado de todos. Se Geovanni ainda estava vivo em algum lugar, ele ainda deveria estar se remoendo de raiva por ter deixado aquele pequeno tesouro escapar por entre seus dedos.

– Não! – exclamou o pequeno Kato, acordando o pai de seus pensamentos.

Dave percebeu o motivo da reação do menino quando olhou para a tela da TV e viu o Charizard de Mindy ser engolido por uma onda incrível. Ela havia tentado outro voo rasante, mas Mary Jane não havia cometido o mesmo erro de antes e ordenara que Dewgong atacasse com a Onda. Dessa vez, ela tinha conseguido derrubar o grande dragão voador.

– Calma, rapaz. Isso ainda não ainda não acabou... – disse, despreocupado enquanto Mindy recolhia o Charizard. Dave sabia que a luta estava ganha quando Mary Jane escolheu Dewgong. Não porque sabia que o Charizard de Mindy poderia vencer, mas porque sabia que Mindy só usava o Charizard como uma distração, para dar confiança e desgastar o oponente. Se ele vencesse seria ótimo, mas ela já sabia como vencer uma luta contra Dewgong em uma arena aquática. Fizera a mesma coisa com um Gyarados há muitos anos atrás, ainda em Kanto.

– Agora é a sua vez, Dragonair! – disse ela, liberando o grande dragão azul para o campo. Ela havia conseguido vencer todas as disputas até ali sem recorrer ao trunfo que era Dragonair, e Mary Jane não sabia que Mindy possuía aquele Pokémon enquanto eram mais novas. A menina ruiva não conseguiu esconder a surpresa, e Dave sorriu ao perceber que a sua esposa finalmente estava prestes a conquistar o seu sonho.

– Dewgong, saia já da água! – Ordenou ela, um pouco tarde demais.

Mindy já havia ordenado, e Dragonair já havia descarregado uma forte corrente elétrica, que provavelmente teria fritado e paralisado o Pokémon de Mary Jane antes que ela pudesse fazer alguma coisa a respeito.

– Isso! Ela ganhou! Ela ganhou! – disse Kato, se levantando e pulando em cima da cama com os braços para o alto.

– A sua mãe sempre consegue vencer as batalhas com os truques mais velhos e previsíveis, garoto... – Disse ele, sorrindo de uma maneira que ele não sorria há muito tempo.

O menino pulou em seus braços e os dois comemoraram juntos por um momento, enquanto Dave tentava conter as lágrimas. Aquela vitória não representava apenas uma vitória, mas uma realização de um sonho que teve de ser adiado por mais de uma década por circunstâncias que não podiam ser atribuídos a nada menos do que o destino.

Dave não tinha — assim como Mindy — um arrependimento sequer, mas aquilo era o prêmio que tanto ele quanto ela estiveram esperando há tanto tempo por todo o seu sacrifício. Mas ele não queria mostrar o choro para o filho. Se havia algo maior que a imaginação de uma criança, era a sua curiosidade, e Dave não tinha como explicar tudo o que ele e a mãe haviam passado para um garoto de sete anos.

Eevee, que havia ficado na sala porque preferira ver ao final da luta sozinho, quase derrubou a porta para entrar no quarto, e pulou nas costas de seu antigo treinador. E, juntos, os três pularam e comemoraram durante mais tempo do que puderam contar.

Até que Dave, finalmente, decidiu colocar o filho para dormir, desligando a televisão.

– Mas eu quero ver a cerimonia. Quero ver o troféu!

– O troféu você pode ver depois, ao vivo... Ele vem aqui pra casa! – disse Dave, usando a sua voz firme de pai – Se você não for dormir logo, acordar você amanhã vai ser mais difícil do que vencer a Liga Pokémon.

O menino sorriu para o pai, que fechava a porta lentamente, e, antes que estivesse completamente fechada, falou em um sussurro alto suficiente para que o homem ouvisse.

– Mas me acordar é assim todo dia...

*-*-*-*-*-*-*

Eevee percebeu que Dave deixou uma fresta aberta, porque seu filho não gostava de dormir em um quarto completamente escuro. Duvidava que o garoto fosse conseguir dormir tão cedo, mas ele tinha que começar a tentar, ou ficaria acordado até o dia seguinte. O Pokémon sabia que, além disso, o homem ainda tinha que continuar a trabalhar. Ainda precisava terminar os estudos planejados para aquela noite.

– Vamos voltar a estudar, garoto – disse ele.

– Uee? – respondeu o Pokémon, revirando os olhos. Eevee sempre reclamava quando o seu amigo virava a madrugada estudando sua genética.

– Está tarde e você está cansado, eu sei. Hoje é um dia para comemorar, eu sei. Mas eu tenho que estudar – disse ele. – Eu te fiz uma promessa não fiz? Você se lembra de porque eu comecei a estudar genética e me tornei um pesquisador, não é?

Eevee rolou os olhos. Ele se lembrava muito bem da promessa. Lembrava-se do dia que admitira para Dave seu maior medo. O medo de chegar o dia em que ele estivesse velho e morresse, e Eevee continuasse a ser tão jovem e forte. Eevee nunca antes havia chorado na frente de ninguém, e nunca mais voltou a chorar naquele dia, mas não se conteve quando Dave jurou passar a vida tentando encontrar uma maneira de reverter as habilidades especiais de seu Pokémon. Aquela sim seria a verdadeira evolução para aquele Pokémon. Uma evolução que ele faria de muito bom grado.

Mas, enquanto isso não acontecia, ele continuaria ser o jovem e sorridente Eevee, que só queria passara aquela noite brincando. Por isso, assim que chegou na mesa de anotações do pesquisador, ele pulou começou a jogar livros e cadernos para todos os lados.

– Ei! Eevee! Não faz isso! – Dave dizia, sabendo que já havia sido vencido. – Não... Espera...

E assim, os dois passaram aquela noite brincando, mesmo que isso consistisse em espalhar papei e que Dave não achasse tanta graça da brincadeira. E era assim que Eevee pretendia passar o resto de sua vida, não importando o quão longa ela fosse.

Fim.


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Notas finais do capítulo

Esse último ponto final foi o mais dolorido e comemorado da minha vida.

Mais uma vez, um imenso obrigado a todos que chegaram até aqui nessa longa jornada.

Espero que levem essa história com vocês, de uma maneira ou de outra.

Espero vocês nos comentários!



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