Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 25
A Invasão


Notas iniciais do capítulo

Agora o circo começa a pegar fogo galera. Entramos de cabeça nessa reta final para o final da história.

Depois desse, apenas 4 capítulos nos separam do final. E aí? Ansiosos?

Vamos ver no que vai dá!
Boa leitura xD



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Capítulo 25 – A Invasão

Dave e Mindy não podiam dizer que estavam surpresos quando Susan saiu do interrogatório com a agente Rocket e lhes deu imediatamente a notícia de que estariam partindo para Veridian na manhã seguinte. Na verdade, ficaram até um pouco decepcionados de a agente não ter revelado um lugar diferente daquele para o qual eles já estavam previamente destinados. Sua verdadeira surpresa, porém, veio quando Susan se recusou a lhes dar qualquer outra informação.

– Como assim isso é tudo que a gente precisa saber?! – explodiu Mindy, assim que a mãe se recusou a lhe contar o que havia transcorrido nas duas horas em que ficou trancada sozinha com a prisioneira.

– Mindy, eu já lhe disse tudo o que era importante. Nós vamos para Veridiana amanhã cedo, e lá encontraremos o detetive Henry e uma força policial especializada, escolhida a dedo por ele, para fazermos uma operação contra a Equipe Rocket. Nós levaremos a agente até ele, e a partir dali ela será problema dele.

Dave estava tão perplexo quanto sua namorada, pego completamente de surpresa pela súbita reação super-protetora da mãe da garota. Ele não podia dizer que não conhecia aquele lado de Susan, mas julgava que ela tinha ultrapassado aquele problema alguns muitos incidentes perigosos antes. Ela nem ao menos podia dizer que era a primeira vez que a filha partia atrás do maior grupo criminoso do continente.

– Mas isso tudo nós já sabíamos, mãe! Eu quero mais detalhes. E eu sei que você os tem! O que ela disse? Onde exatamente fica a base? Tem algum lugar seguro por onde possamos entrar? O Eevee está mesmo lá? Blaine vai estar lá quando chegarmos? A quem ela se reporta? O que ela estava fazendo quando...

– Chega! – explodiu Susan, calando a filha. Seu rosto estava vermelho, seus olhos denunciavam o seu cansaço e as veias no seu pescoço eram prova de que ela estava prestes a ter um ataque de nervos – Eu já disse tudo o que vocês precisam saber. Não tem mais detalhes. Acabou! Amanhã a gente vai entregar essazinha para a polícia e ela não será mais nossa responsabilidade, entendeu? Vocês nunca deveriam tê-la trago aqui para começar...

E, bufando, a mulher deu as costas para os dois treinadores atordoados e marchou para fora da sala do laboratório, batendo a porta com força depois de sair. Naquele momento Dave sabia que o que quer que tivesse acontecido dentro daquele quarto, durante o interrogatório, havia sido tão torturante para Susan quanto para a agente, se não ainda mais.

– O que acabou de acontecer aqui? – ele perguntou em voz alta, para ninguém em específico.

Mindy lhe fitou cheia de raiva, como se não tivesse sequer prestado atenção no estado em que sua mãe estava quando saiu. Era incrível como mãe e filha ficavam parecidas fisicamente quando estavam enfurecidas.

– Ela acha que isso vai ficar assim? Que ela pode nos deixar de fora desse jeito?! – Disse Mindy, fitando fundo nos olhos de Dave. – Se ela não quer me contar o que a agente falou, acho que eu mesma terei que fazer as perguntas...

Dave suspirou alto, sabendo que não conseguiria nem diminuir a raiva que Mindy estava sentindo, nem dissuadí-la da ideia de interrogar sozinha uma agente Rocket. Se bem que, considerando a última hipótese, talvez a ideia não fosse assim tão má. Mindy estava certa, afinal. Não importa o quão difícil aquilo fosse para Susan, eles não podiam aceitar serem deixados de lado. Eles tinham que fazer alguma coisa. Qualquer coisa.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Mindy estava ansiosa e Dave sabia muito bem por que. Não era apenas a perspectiva de extrair informações da agente escondida da sua mãe que a agitava, mas a ansiedade pela resposta sobre a evolução de dois de seus Pokemons. Faziam algumas horas que ela havia deixado Nidorino e Nidorina à vontade no bosque do laboratório para que eles decidissem o que fazer em relação à evolução e até então eles ainda não haviam retornado para ela.

Dave podia apenas imaginar o que se passava por sua cabeça e o quão apertado o seu coração deveria estar. Ele a admirava pela decisão que tomara e pela liberdade de escolha tão ampla que ofereceu a seus Pokemons, mas sabia que aquilo estava cobrando um preço alto dela. A inquietude, ansiedade e medo deixavam-na agitada e sensível, e ele não sabia como ela iria se comportar perante a agente quando tivessem a chance de fazer o que tinham combinado.

Ele se sentia cansado e muitas vezes perdido com tudo o que vinha acontecendo nos últimos dias, e com a quantidade de surpresas, situações difíceis e complicadas que se apresentaram, mas tinha de reconhecer que a menina estava em situação ainda pior. Como ela aguentava e se mantinha sã e com a cabeça no lugar era um mistério para ele. Um mistério, porém, que ele não se sentia compelido a resolver. Sabia que nunca poderia entender o que seria estar na pele dela naquele momento. Tudo que ele podia fazer era ajuda-la o máximo que pudesse, e admirá-la de longe, deixando que seus sentimentos por ela crescessem ainda mais.

– Acho que minha mãe já foi dormir... – disse Mindy, andando de um lado para o outro do quarto do garoto – Acho que já podemos ir...

Dave concorda com um movimento da cabeça e se põe de pé com prontidão. Ele consegue sentir a hesitação no olhar da menina, assim como ela sente a dele. Ambos respiram fundo, quase que simultaneamente, e então se dirigem à porta. Não há mais tempo ou motivo para hesitar. Ambos sabem o que fazer, e por que fazê-lo, e por mais que não gostem da ideia, não veem outra saída que não essa.

Mindy caminha pelos corredores do laboratório a frente do menino, com passos rápidos e suaves, quase sem fazer um ruído sequer. Dave por sua vez é um pouco menos cuidadoso, e tudo o que a garota pode pensar é torcer para que os sons não ecoem pelo edifício inteiro. Já passam de meia-noite, mas é possível que sua mãe ainda esteja acordada, planejando o dia seguinte.

São menos de dois minutos até a porta do aposento em que a agente está acomodada, aguardando ser entregue para a polícia. Eles chegaram em frente e pararam, fitando a maçaneta dourada que lhes separava do que precisavam fazer. Por um momento Dave se perguntou se Mindy iria abri-la, mas antes mesmo que pudesse tecer uma opinião, a garota estendeu a mão para o bolso e pegou uma chave dourada.

Assim que a porta estava destrancada, ele girou a maçaneta e entrou no quarto sem pensar duas vezes. Dave apenas seguiu os seus passos, sem olhar para trás, fechando a porta atrás de si enquanto Mindy acendia as lâmpadas que iluminavam o local.

O quarto era simples, porém confortável. Uma pequena mesa de estudos em baixo de uma janela na parede oposta à porta, duas cômodas largas em frente à uma cama de casal, onde a agente dormia aparentemente tranquila. Seus pés estavam amarrados um ao outro, dificultando qualquer tipo de locomoção em que fossem necessários, mas as mãos surpreenderam Dave. Cada um dos braços estava esticado para os lados e de cada pulso era possível ver um cabo que descia e passava por baixo da cama, apenas para subir e encontrar o outro pulso, do outro lado.

A cama está presa ao chão, e ela está presa à cama ele concluiu, admirado. Daquele modo, era possível permitir alguma flexibilidade para a mulher, mas ainda assim restringir seus movimentos. Podia apostar que fora Susan quem pensara naquele simples e eficiente mecanismo.

A mulher continuou dormindo mesmo depois que os dois acenderam as luzes. Isso lhes permitiu observar algumas marcas vermelhas e uma roxa em seu rosto. Susan parece tê-la maltratado mais do que Dave imaginara, e ele não podia negar que a sua curiosidade clamava por saber o motivo. Duvidava que a mãe de Mindy tivesse ultrapassado dos limites sem ter sido devidamente provocada a tal. Susan era dura, mas não era cruel, ao contrário do que as marcas no rosto da agente poderiam indicar.

– Como vamos acordá-la? – perguntou ele a Mindy, sem se preocupar em falar baixo. – Não podemos assustá-la. Não sem correr o risco dela gritar e acordar a cidade inteira.

– Temos de pensar em alguma maneira de acordá-la e de deixá-la calada – disse Mindy, estudando a agente deitada.

– Não há com que se preocupar – a voz da agente disse, enquanto ela ainda permanecia de olhos fechados – Eu já estou acordada há algum tempo...

Dave e Mindy ficaram em silêncio por alguns minutos, sem saber bem o que dizer ou como reagir. A mulher abriu os olhos e olhou diretamente para os dois.

– Crianças são tão inocentes, achando que sabem de tudo. É uma pena ver que vocês dois acreditam estar tão acima de tudo e ao mesmo tempo pensam e consideram tão pouco.

– É uma pena que você tenha sido derrotada e capturada por essas crianças... – disse Mindy, tentando manter o controle. Sabia que a mulher estava tentando provocá-la, mas não lhe daria o prazer de conseguir.

– Olha só... Você tem uma língua afiada. Tão parecida com a sua mãe... Porém ainda acredita que pode entrar no aposento de um prisioneiro, vítima de tortura, e achar que ele não vai acordar apenas com o barulho de seus passos... Não é preciso ser um agente rocket, menina, para isso. Basta ser uma pessoa capaz de sentir dor e de temê-la.

– Você está dizendo que está com medo de nós? – perguntou Dave, bastante satisfeito.

– Não, rapazinho – Dave odiava que o chamassem assim – Eu apenas tive medo quando ouvi os seus passos no corredor. Assim que vi quem fazia o barulho, percebi que não tinha nada a temer.

– Você está enganada se acha que não vamos machucá-la... – ameaçou Mindy, começando a se irritar.

– Pelo contrário mocinha. Tenho certeza de que não o farão...

Mindy e Dave fitaram o fundo dos olhos da mulher sem querer perguntar porque ela dizia aquilo. A pergunta, porém, estava tão impregnada em suas cabeças que eles não conseguiram pensar em nada diferente para dizer, e assim o quarto ficou em silêncio por alguns momentos, até que a agente o rompeu mais uma vez.

– Querida, você não veio aqui para me machucar. Se quisesse simplesmente fazer isso, teria feito durante todo o tempo em que fui sua prisioneira. Porém tudo o que fizeram foi me sedar enquanto me traziam aqui. O que significa que você quer outra coisa de mim... – A mulher inspirou profundamente enquanto Dave e Mindy tentavam acompanhar o seu raciocínio – Eu não tenho informações suficientes para concluir com certeza o que vocês querem, mas se tivesse que especular, eu diria que vieram atrás de informação.

– E você acha que não vamos lhe machucar se você não nos der essa informação?

A mulher sorriu.

– Tenho certeza.

Mais uma vez Dave e Mindy quiseram, mas não conseguiram perguntar porque. A agente levou menos tempo para romper o silêncio dessa vez.

– Vejam bem, são dois os motivos pelos quais eu tenho certeza de que vocês não vão me machucar. Primeiramente, enquanto vocês achavam que eu estava dormindo, deixaram bem claro que não querem que eu grite. E se vocês quiserem me machucar, eu vou gritar.

– Nós podemos paralisar você – disse Mindy, tentando parecer superior.

– E como você espera me fazer te dar a informação que você tanto quer se eu estiver paralisada?

Dave suspirou fundo, e Mindy fechou a cara. Ele sabia que a garota não iria dar o braço a torcer, mas ele estava ficando sem paciência para aquele jogo de palavras e de poder.

– E o segundo motivo? – perguntou, ligeiramente irritado, fazendo com que as duas focassem nele.

– Ora, já se passou da meia noite, e vocês estão preocupados com o silêncio, o que significa que não querem que ninguém saiba que estão aqui comigo. Isso provavelmente significa que vocês estão atrás da mesma informação que eu dei à Susan hoje mais cedo. Considerando o que eu disse, eu não ficaria surpresa se ela não quisesse compartilhar com vocês, o que, por sua vez, explica muito bem o que vocês estão fazendo aqui.

– Isso não é um motivo para nós não machucarmos você – disse Dave, irritado.

– Ora não. Isso apenas explica como eu sei exatamente que informação que vocês querem – A mulher sorriu para Dave e Mindy mais uma vez. – O verdadeiro motivo que eu sei que vocês não vão me machucar é o fato de vocês não precisarem...

Dave e Mindy olharam-lá confusa.

– Eu já disse tudo para sua mãe, menina. Não tenho motivos para não repetir tudo para você.

Dave e Mindy suspiraram perplexos. Estavam preparados para muita coisa, menos para um interrogatório sem nenhuma resistência. Mais uma vez, eles pareciam perdidos. Mais do que isso, sentiam-se pequenos, como na maioria das vezes em que enfrentaram a Equipe Rocket nos últimos tempos. Cada vez mais percebiam o quanto Jack e Jody eram amadores. Cada vez mais percebiam o quanto ainda precisavam crescer. Aquilo não era o tipo de pensamento que ele podia se dar ao luxo de ter tão perto de enfrentar a organização inteira mais uma vez. Dessa vez, Dave tomou a palavra antes que a mulher pudesse dar seguimento ao seu momento exibicionista.

– Não queremos saber de tudo o que você disse – Mindy lhe olhou ligeiramente espantada, mas disfarçou imediatamente, tentando não demonstrar a surpresa. – Vocês ficaram aqui a tarde toda e nós não temos esse tempo todo.

– Que pena... Foi uma tarde divertida...

– Não é o que parece – Mindy respondeu, olhando para os hematomas no rosto da mulher.

– Quase nada é o que parece ser, garotinha...

Mindy mordeu a língua, mas Dave tomou a frente mais uma vez.

– Nós queremos saber como encontrar a Equipe Rocket em Veridiana. Onde é a sua base.

– Ora eu já disse isso para Susan... – respondeu a mulher, com um sorriso.

– Eu sei – Dave estava tendo dificuldades em controlar a sua irritação.

– O prédio é alto, no centro. É difícil de errar. O mais alto da cidade. Supostamente um laboratório científico de uma das nossas empresas de fachada.

– Tudo bem... E como podemos entrar nele?

– Ora a entrada principal fica bem na frente. Existe também a garagem para funcionários, e duas saídas pelos fundos para evacuação de emergência e para as pessoas do serviço...

Dave deu um passo à frente.

– Eu quero saber sobre como entrar lá sem ser percebido.

A mulher sorriu.

– Ora, Susan também queria saber...

– Eu imagino – disse o rapaz, cerrando os dentes. A mulher parecia estar adorando tortura-lo daquele jeito.

– Eu só conheço uma entrada secreta para o laboratório... Ela leva ao ginásio.

– Ao ginásio? – Mindy não conseguiu disfarça a surpresa.

– Sim, ao ginásio. É um túnel subterrâneo que sai das dependências internas do ginásio, mais especificamente o corredor de circulação onde fica a sala do líder...

– E como eu acho esse túnel? – perguntou a garota.

– A entrada fica por trás da dispensa do lixo. A parede é falsa. Imagino que vocês consigam abri-la com certa facilidade quando chegarem lá...

– Entendo...

Dave e Mindy se entreolharam, tentando pensar em outra coisa para perguntar. Achavam que teriam mais trabalho do que tiveram para conseguir aquelas informações.

– Eu tenho muitas lembranças daquele corredor... – continuou a mulher sem ser convidada, fitando fundo os olhos de Mindy – Muitas saudades do tempo em que eu e seu pai namorávamos escondidos ali...

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Dave teve de arrastar a menina para fora do quarto à força, lembrando-a de se manter calada enquanto a agente não fazia o menor esforço para controlar as gargalhadas. Inicialmente a menina não acreditou na história sobre Kato e seu suposto envolvimento amoroso com a mulher, mas a agente era paciente, e insistiu em continuar contando cada detalhe do caso e do que ocorria no corredor secreto que levava ao ginásio de Veridiana.

Ele não conseguia ver se ela estava realmente chorando enquanto ainda dentro do quarto, mas duvidava que a menina fosse dar aquela satisfação a agente. Quando, porém, ele fechou a porta e girou a chave para trancá-la novamente, sentiu a menina desabar no chão contra a parede e deixar o primeiro soluço se fazer ouvir, ecoando pelo corredor.

Dave respirou fundo, recuperando o folego depois da briga silenciosa que teve de travar para que Mindy não machucasse ainda mais a agente e então se abaixou em frente à garota. Ela estava abraçando os joelhos, com a testa apoiada neles e o cabelo negro cobrindo as laterais de seu rosto como uma cortina de luto. Ele viu que ela estava fechada em sua própria casa, em seu próprio sofrimento.

Com uma das mãos ele afastou o seu cabelo, prendendo-o atrás da orelha, e levantou levemente o seu rosto, fazendo-a olhar para ele. O rosto estava vermelho e tão molhado que ela parecia ter acabado de sair da chuva. Ele inclinou o próprio rosto e beijou um lado de seu rosto, e depois o outro, sentindo nos lábios o sabor salgado das lágrimas. Em seguida, encostou levemente os lábios nos dela, e voltou a fita-la fundo nos olhos.

– Eu amo você

Ele disse, simplesmente, enquanto ela deixava derramar as últimas lágrimas.

– Eu amo você.

Ele repetiu, enquanto a ajudava a se recompor e a colocar-se de pé.

O caminho até o quarto fora mais curto do que parecera quando eles o fizeram pela primeira vez, no sentido inverso, há pouco menos de vinte minutos atrás. Eles foram abraçados, enquanto Mindy tentava secar as lágrimas que ainda não haviam parado de cair. Era doloroso, mas também reconfortante se permitir chorar pela morte de seu pai. Aquele era um privilégio ao qual ela não pode se dar ao luxo muitas vezes desde o ocorrido.

Caminharam em silêncio, mesmo que essa não fosse a preocupação em suas cabeças naquele momento. Dave esperava descobrir mais da mulher, mas não conseguia afastar a ideia de invadir o ginásio de Veridiana no dia seguinte. Mindy, por sua vez, só conseguia pensar no que iria fazer até lá: dormir.

Ambos entraram no quarto da menina despretensiosamente, com o pensamento em outro lugar, e nenhum deles previu ou ao menos esperava ser possível ver o que lhes esperava lá dentro. Alguns segundos foram necessários para que eles processassem a verdadeira bagunça que estava instaurada lá dentro. As gavetas haviam sido retiradas da cômoda e jogadas ao chão, o colchão estava de cabeça para baixo e as roupas da garota jogadas por todo o quarto. No canto, sua mochila estava de cabeça para baixo em cima de um cadeira caída. Tudo o que havia dentro dela estava espalhado pelo chão.

Dave olhou para os lados sem saber o que pensar, mas Mindy mal reparou em toda a bagunça. Seus olhos estavam fixos em uma coisa, e uma coisa apenas: a caixa onde havia guardado a pedra da lua que sua mãe lhe dera. Ela estava aberta no chão com a pedra a mostra, e ao lado estavam Nidorino e Nidorina, claramente sorrindo. Ele estavam sentados no chão, esperando pacientemente o retorno de sua treinadora, mas se postaram de pé assim que a viram entrar no quarto.

Mindy suspirou e prendeu a respiração, incapaz de conter a surpresa, quando simultaneamente eles estenderam suas respectivas patas e tocaram, juntos, na pedra da evolução. O quarto e o corredor foi subitamente tomado por uma luz brilhante que quase cegou os dois treinadores, mas a garota não se conteve em abrir os olhos assim que sentiu que podia. Agora não havia mais como disfarçar, nem como perceber qualquer outra coisa.

O quarto parecia pequeno quando um Nidoking e uma Nidoqueen se ergueram no centro dele.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

A viagem para Veridiana foi silenciosa. Dave fora acordado por Mindy cedo de manhã, antes mesmo de o sol tomar definitivamente o céu da lua. Eles tomaram café sem a presença do professor e Susan falou o mínimo possível durante a refeição. Prof. Carvalho acordou apenas para se despedir do grupo, já na área gramada. A agente iria viajar presa a pata do Charizard de Susan, mas parecia incrivelmente satisfeita consigo mesma enquanto era guiada até ele.

Susan lhe disse que assim que aterrissassem na cidade, o detetive Henry iria prendê-la, e foi assim que Dave e Mindy descobriram que o detetive já estava em Veridiana. Nenhum dos dois queria perguntar para a mulher mais velha se havia algum plano para quando aterrissassem, ou se o detetive já estava na cidade há mais tempo do que ela lhes havia dito. Eles sabiam que ela não estaria disposta a discutir com eles, e ambos preferiam manter o fato de que já tinham as informações que a agente lhe dera um segredo.

Na verdade Dave sequer vira Mindy falar diretamente com Susan depois do que ocorrera no dia anterior. A menina parecia estar deliberantemente evitando se dirigir à mãe e Dave percebeu que a atitude era reciproca. Achava difícil culpar Mindy depois da maneira com que Susan lhes tratara antes, mas também compreendia o lado da mulher mais velha, subitamente se pondo em confronto com a mulher que supostamente teria tomado seu lugar uma vez que Kato a deixou. Lidar com aquilo logo após saber do seu retorno ao mundo comum e da sua morte mexeria com a cabeça de qualquer um.

Ainda assim, ele preferiu não intervir e subiu no seu Pidgeot, enquanto via Mindy subir em seu Charizard e se lançar ao ar, sem esperar por ninguém. Dave a seguiu, e Susan veio em seguida, e logo todos estavam no ar, focados unicamente em chegar ao seu destino e dar início ao que quer que fossem fazer contra a Equipe Rocket.

O caminho era apenas um pouco mais longo do que aqueles que eles fizeram da costa até Pallet, mas parecia duas vezes maior. Dave via que a paisagem ali era maravilhosa, que os campos abertos e pequenos bosques eram um convite para qualquer treinador de Pokémon, iniciante ou não, porém era impossível registrar tudo que estava vendo uma vez que a sua mente estava tão distante, imaginando o que Eevee estaria passando nas mãos de seus antigos donos.

Ele mal percebeu quando ao longe a cidade se fez ver, com seus altos prédios e construções. Veridiana era uma das metrópoles daquela região do continente, portanto não era nenhuma surpresa que a Equipe Rocket tivesse uma base secreta ali. De longe, ele tentava adivinhar qual seria o prédio onde eles estavam instalados e em como a polícia poderia permitir que uma organização criminosa estivesse instalada de maneira tão descarada em um prédio de uma cidade.

O Charizard de Susan laçou-se à frente com bruscos movimentos das asas, tomando a frente do grupo aparentemente sem muitos esforços, e enquanto passava por eles, a mulher lhes informou de que eles deveriam segui-la até o centro Pokémon da cidade, onde aparentemente eles se encontrariam com o detetive Henry e sua equipe de policiais de confiança.

Ela não esperou nenhuma resposta enquanto eles faziam uma curva a direita e começava, suavemente, a perder altitude. Dave olhou para baixo na expectativa de ter de procurar pelo centro Pokémon, mas apenas arregalou os olhos quando o viu, ainda de longe, antes mesmo que pudesse distinguir uma pequena casa de outra. Uma larga avenida dividida por um canteiro arborizado levava até uma grande estrutura circular, com um enorme círculo vermelho no topo.

Nenhum dos dois treinadores jamais havia visto um centro Pokémon daquele tamanho.

Foram menos de cinco minutos até que eles estivessem pousando novamente, dessa vez em Veridiana. De algum modo Henry já sabia da chegada dos três e esperava do lado de fora, acompanhado de dois policiais, prontos para lidar com a agente. Eles se cumprimentaram cordialmente, mas nada além disso, enquanto os outros dois algemavam oficialmente a mulher, que por algum motivo sorria, e a levavam para longe em um veículo oficial.

Dave e Mindy viram ela ir embora sem saber o que pensar. Pensaram que sentiriam alguma coisa, seja raiva, alívio ou determinação para continuar com a missão que tinham a frente, mas nada se revelou naquele momento para eles. Apenas a observaram enquanto entrava no carro preto da polícia, em um riso que misturava satisfação, nervosismo e desespero. Nem aquilo eles conseguiram interpretar.

– Susan, acho que não podemos perder tempo – disse Henry. – Quero entrar em ação ainda hoje.

– Eu concordo. Devemos ir para algum lugar mais sossegado para conversar – respondeu a mulher, olhando para os dois mais jovens.

Henry pareceu desarmado pela vontade de manter as discussões fora dos ouvidos de Dave e Mindy, mas não se opôs e apenas assentiu com a cabeça, seguindo os passo decididos da doutora para dentro do prédio. Dave sentiu-se profundamente incomodado, mas quando deu um passo para segui-los, Mindy colocou uma das mãos em seu braço e o segurou.

– Agora não. Deixe ela fazer o que acha melhor.

– Mas...

– Não tem “mas”. Se formos atrás dela, não resolveremos nada. Ela sabe que vamos participar da operação. Uma hora ou outra ela vai ter que nos dizer o que pretende fazer.

Dave não acreditava que Mindy estava dizendo aquilo. Não se parecia nada com a garota que ele conhecia.

– Mas eles vão decidir tudo sozinhos! – esbravejou

– Exatamente.

– E você está de acordo com isso?!

– Não. Quando eles resolverem nos informar, será a nossa vez de fazer o que acharmos melhor...

Com isso, a menina soltou o garoto e se encaminhou também para o centro Pokémon, uma vez que sua mãe e o policial já haviam desparecido por entre as portas automáticas. Essa sim era a Mindy por quem Dave era apaixonado.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

O casal estava acomodado no quarto que tinham reservado no enorme centro. Se surpreenderam com o fato de que apesar do tamanho do edifício, as acomodações para treinadores eram bastante similares a dos outros centros Pokemons por onde já haviam passado. Isso significava que ou o lugar tinha espaço para muito mais treinadores do que o normal, ou ele tinha uma série de outros espaços que eram exclusividade dele, para tratamentos e pesquisas.

Dave estava deitado na cama de baixo do beliche, com os braços atrás da cabeça enquanto Mindy esticava as pernas por cima das dele, sentada na cadeira rotatória. Estavam em silêncio, tentando fazer o tempo passar mais rápido e pensando em quanto tempo levaria para Susan lhes informar do plano que pretendiam colocar em execução. Porém, por maior o esforço que faziam para não ver o tempo passar, o maior intervalo de tempo que um deles ficou sem olhar o relógio foi de cinco minutos.

Quando uma batida na porta se fez ouvir, Mindy levantou-se com tanta pressa que acabou chutando a canela de Dave, onde suas pernas estiveram apoiadas.

– Ai! – Ele exclamou, sentando-se com pressa e levando as mãos às canelas por reflexo.

– Desculpe – disse a garota, sem esperar um segundo sequer para abrir a porta. Assim que o fez, desejou ter perguntado quem batia primeiro.

– Oi... – Disse uma voz que Dave conhecia bem demais para ignorar.

Mindy não sabia nem o que responder. Esperava encontrar muitas coisas em Veridiana, mas não esperava ver Mary Jane.

– Posso entrar? – perguntou a menina, vendo a perplexidade da garota que a considerava sua rival.

– É... É claro – respondeu a morena, abrindo passagem com o corpo duro e a voz falha.

Dave sentiu um peso em sua garganta ao ver a amiga e se lembrar de como os dois se despediram. Naquela ocasião ele estava dominado pela raiva, sentindo-se sozinho e traído, confiante de que a garota apenas o acompanhara para denunciar o seu paradeiro para quem quer que quisesse saber. Lembrou-se do que ocorrera em Celadon e do que ela contara ao detetive Henry, mesmo depois de prometer-lhe ficar calado.

Mas agora ele sabia que suas ações não tinham trazido Aya até eles, até porque Aya nunca fora uma agente Rocket. E sabia que o detetive Henry era confiável, ou pelo menos ele assim se provara, no incidente envolvendo Mindy e o seu plano para encontrar Kato. Sabia também que Jake era o informante de seus perseguidores, e que a ele se podia atribuir grande parte do perigo que enfrentaram durante os últimos meses. Perigos que a menina ruiva tentou lhes ajudar a superar, tentando desviar o caminho da Equipe Rocket como havia prometido.

Dave sentia que tudo aquilo não apagava o fato dela ter mentido para ele mais de uma vez, mas também não lhe trazia de volta toda a revolta que sentiu na despedida. Dessa vez, tudo o que ele conseguia sentir era culpa.

– Hey... – disse a ruiva, sorrindo para ele como se nada tivesse acontecido.

– Hey...

Dave corou e se levantou, sem saber exatamente por que fizeram aquilo. Mindy percebeu a agitação do menino, sem entender exatamente o que estava acontecendo. Fez questão de se colocar ao seu lado e segurar a sua mão, sem tirar os olhos de Mary Jane. A recém-chegada não fez questão nenhuma de fingir que não percebera o que Mindy estava querendo dizer.

– Vocês formam um belo casal. Meus parabéns. – disse com um sorriso.

– Obrigada – respondeu Mindy, tentando manter um tom superior.

Mary Jane riu e, sem cerimonias, sentou-se na cadeira em que Mindy estivera alguns momentos antes.

– Eu estou falando sério. Sempre soube que vocês fariam um belo casal, e como tudo o que está acontecendo, fico feliz de saber que estão juntos de novo e que tem um ao outro...

Dessa vez foi Dave quem agradeceu, deixando mais gratidão transparecer do que a morena.

– O que você está fazendo aqui? – perguntou Mindy, bem direta.

– Em Veridiana? Eu estou ajudando o detetive Henry...

Dave e Mindy arregalaram os olhos, e Mary Jane lhes concedeu um segundo de pausa para absorver a notícia.

– Desde que me separei de você, Dave, tenho mantido contato com o laboratório de Cardo e tentado ajudar ao máximo no que posso. O professor vem me mantendo informada dos problemas que vocês e as suas famílias vem enfrentando. Há cerca de um mês encontrei o detetive e desde então temos trabalhado juntos para encontrar qualquer rastro ou informação importante sobre a Equipe Rocket...

Dave queria perguntar por que motivo ela estaria fazendo aquilo, mas as palavras ficaram presos em sua garganta. Mindy ainda apertava sua mão, e ele ainda não sabia como se dirigir à ruiva. O arrependimento pelo modo como a tratara dominava-o mais e mais.

– E vocês conseguiram alguma coisa útil? – perguntou a morena, tentando superar o ciúme que estava sentido. Sequer sabia que Mary Jane estivera com Dave enquanto os dois estavam separados, muito menos o motivo que fazia com que Dave ficasse tão visivelmente abalado com a presença da garota.

– Sim, algumas coisas. Uma ou outra pequena operação. Uma dúzia de agentes pequenos e independentes. Nada tão substancia quanto essa operação, porém...

– Entendo. E o que vocês tem em mente para essa operação – perguntou Mindy, percebendo a chance que tinha de obter informações que sua mãe talvez lhe ocultasse.

– Na verdade, foi por isso que vim falar com vocês. Queria explicar para vocês o que pretendemos fazer.

A pouca empolgação de Mindy murchou. Se Mary Jane estava ali para lhes explicar, era porque Henry – e também Susan – sabiam e haviam aprovado tudo o que ela tinha para falar.

– Nós pretendemos agir esta tarde. – continuou a ruiva, tomando um tom mais sério do que o anterior. – Estamos na cidade há cerca de três dias e estivemos observando as movimentações de pessoas. Vimos Blaine por aqui.

– O que? – Dave disse, finalmente. – Blaine está aqui?!

– Sim, está. E graças a ele descobrimos qual é o prédio onde a Equipe Rocket tem a sua operação. Já conseguimos um mandado de busca e apreensão, e agora, com vocês aqui, queremos invadir o lugar e botar todos para fora.

Mindy mordeu os lábios, mas não traiu o que estava passando por sua cabeça. Mary Jane continuou.

– Vamos arrombar o lugar e tirar todos de lá. Acho que é a melhor chance que temos de encontrar o seu Eevee, Dave.

– Se o Blaine está aqui, é muito provável que o Eevee também esteja... – disse o garoto, pensativo.

– Exatamente. Passaremos os detalhes quando nos encontrarmos a tarde. Podemos contar com vocês?

– É claro! – Mindy disparou antes mesmo que Dave pudesse responder. Seus olhos, porém, estavam perdidos em um ponto distante e demoraram alguns segundos para seguir as suas palavras.

– Ótimo. Nos vemos na frente do centro às 14h, então - Mary se levantou e se encaminhou para a porta.

Antes que saísse, entretanto, Dave lhe interrompeu.

– Mary! Espere.

A garota parou e olhou para ele.

– Eu só queria dizer que...

– Não precisa, Dave... Eu sei...

– Não! – ele insistiu – Eu preciso sim. Eu preciso dizer que sinto muito. E eu preciso dizer obrigado.

Ele deu uma pausa enquanto a ruiva abria um grande sorriso.

– Por tudo... – ele completou.

Ela assentiu com a cabeça e saiu, fechando a porta atrás de si. Dave respirou aliviado, sentindo-se subitamente mais leve. Sorriu sem ao menos perceber o que estava fazendo, mas o sorriso desapareceu assim que ele percebeu o olhar inquisitivo e acusatório de Mindy. Subitamente, lembrou-se que a menina pouco sabia sobre o que tinha acontecido entre ele e Mary Jane, e de como as duas meninas não costumavam se dar bem.

– Não é nada disso... – ele começou. – A gente só brigou. Eu posso explicar...

A morena suspirou fundo, olhou nos olhos do garoto, muito ansiosa para ouvir a explicação, mas se forçou a interrompê-lo.

– Você vai me explicar tudo isso depois, pode apostar. Agora, a gente tem mais coisa para fazer.

Era impossível disfarçar o alívio, mas ele foi rapidamente substituído por curiosidade. Ele não sabia do que a menina estava falando.

– Como assim?

– Você ouviu a Mary Jane. Eles não querem usar a passagem secreta. Eu não ficaria surpresa se a minha mãe sequer tivesse mencionado a passagem para o detetive...

– Você acha? – Dave não havia considerado essa possibilidade, por mais que entendesse a relutância de Susan a entrar na passagem depois de tudo que a agente provavelmente lhe dissera.

– Eu tenho certeza – disse a menina, deixando a voz tremer por um momento.

– Então... – Dave tentava pensar rápido – Vamos lá e vamos contar para eles...

– Não! – exclamou Mindy, sacudindo a cabeça, claramente nervosa. – A minha mãe iria dar um jeito de evitar a passagem mesmo assim. Ela sempre consegue o que quer...

– Mas, então, o que você quer fazer?! – Dave tentava, mas não conseguia acompanhar o raciocínio da garota.

– É simples... Nós vamos invadir a base da Equipe Rocket pela passagem secreta antes que ele comecem a operação...

Dave nem sabia como responder ao que estava ouvindo.

Mindy não se demorou em explicar o que queria para o menino, mas foi mais difícil convencê-lo do que a garota esperava. Para ela, tudo estava muito claro em sua cabeça. Sua mãe havia se distraído do objetivo principal, que era recuperar Eevee, e estava deixando com que seu lado emocional tomasse conta da sua capacidade de tomar a melhor decisão. O detetive Henry, por sua vez, era um agente policial, e, por tanto, tinha mais interesse em prender o máximo de agentes da Equipe Rocket possível, mesmo que isso não levasse a recuperação de Eevee.

– E a MJ? – Questionou Dave, enquanto a menina arrumava as suas coisas e tentava explicar o que pensava ao mesmo tempo. – Por que ela vai junto com eles então?

Aquela fora a pergunta errada e o menino percebeu na hora o erro que havia cometido. Mindy parou e olhou para ele, ligeiramente vermelha, pensando em como responder sem deixar com que toda sua raiva transparecesse. Estava pouco importando para os motivos da menina ruiva estar ali, e, para ela, Dave devia fazer o mesmo.

– Ora, e eu lá sei? Pelo que ela disse, está com a polícia há algum tempo nesse caso. Deve estar apenas seguindo o Henry...

Por mais que tudo estivesse diferente desde a última vez que Dave e Mary Jane estiveram juntos, era difícil para o menino negar que a garota tinha mesmo uma certa tendência a preferir trabalhar com as autoridades oficiais, e que, às vezes, ela podia perder o objetivo principal de vista. O menino respirou fundo. Ele não estava acreditando no que estava prestes a fazer. Mindy disse que a mãe sempre dava um jeito de conseguir o que queria. Naquele momento, Dave se lembrou de que elas compartilhavam aquele traço peculiar.

– Tudo bem, eu não sei mais como discutir com você. O que está pensando em fazer agora? – Ele perguntou, verdadeiramente curioso. – Você tem um plano?

– Eu acabei de te contar o plano, Dave! Nós vamos invadir a sede e recuperar o Eevee usando o túnel que a agente falou!

– Sim, mas nós não sabemos nada sobre esse túnel... Onde ele vai dar, o que a gente vai encontrar, onde exatamente está o Eevee na sede...

– Nós sabemos onde fica a entrada do túnel, certo?

– Certo...

– E isso é tudo o que precisamos saber, por enquanto...

Mindy já estava preparada e moveu-se para abrir a janela do quarto. Eles estava no terceiro andar do Centro, mas todos os quartos possuíam uma escada de incêndio que dava para um beco nos fundos do edifício.

– Vamos, nós já esperamos muito. – Ela disse para um perplexo Dave, ainda incerto sobre qual seria o melhor caminho a escolher. – Temos que invadir antes da operação policial começar. E, com sorte, eles distrairão os agentes enquanto estamos trabalhando lá dentro. – Dave não sabia por que estava seguindo a garota, mas o fazia mesmo assim. - Quem sabe quanto tempo nós ainda temos, Dave? Quem sabe quanto tempo o Eevee ainda tem?

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Eles esperavam encontrar alguma dificuldade para entrar na passagem dentro do ginásio sem serem percebidos. Os trabalhadores do lugar deveria ser agentes rockets, com certeza, e não receberiam bem o fato de que dois adolescentes soubessem da existência da passagem secreta. Ela era secreta, afinal, por algum motivo. Para sua sorte, porém, o ginásio estava fechado para visitantes e ninguém estava trabalhando.

Isso significava que eles não conseguiriam entrar pela porta da frente, mas, assim que conseguissem achar qualquer tipo de entrada, não haveria ninguém para observar o que os dois estariam fazendo. Achar uma entrada fora o menor dos problemas, considerando o que eles esperavam encontrar. Uma janela arrombada e eles estavam dentro.

Dave não estava acostumado com aquele tipo de atividade, e deixava claro o seu desconforto a todo momento, mas Mindy parecia estar focada, de modo que mal se importava em responder o garoto. Uma vez dentro do ginásio, a sua única preocupação fora lembrar-se das palavras da agente quando falara da passagem, e encontrar a entrada que os levaria até o que supostamente seria a maior instalação da Equipe Rocket.

Eles levaram apenas alguns minutos para encontrar a porta trancada que deveria leva-los até a passagem, mas não contavam que ela estaria protegida por um sistema de senhas e de identificação digital e de retina. Dave e Mindy não tinham como acessá-la através de qualquer maneira convencional.

– Nós não devíamos vir por aqui, Mindy – ele continuava dizendo. – Nós não temos nem como abrir isso.

– Dave, será que você pode parar de falar esse tipo de coisa?! – ela estourou, olhando-o com irritação. – Você veio até aqui comigo, não veio? Sei que quer resgatar o Eevee, e sei que estar com a polícia não é a melhor maneira de fazer isso. Você sabe também. No momento em que eles tiverem que escolher entre prender mais agentes ou recuperar o seu amigo, eles não vão escolher a última opção! Você sabe disso. Eu sei que sabe.

Ele não podia negar que sabia. Fazia bastante sentido. Se ele fosse um policial, estaria obrigado pelo seu dever a fazer o que a garota falava. A missão da polícia não era ajuda-lo, mas sim lutar contra a equipe rocket. Enquanto as duas coisas permanecessem similares, ele estava bem, mas se em algum momento elas passassem a significar coisas diferentes, Dave sabia que não poderia contar com Henry e seus oficiais. Garantir a paz era um objetivo maior e mais importante do que garantir a segurança de um único Pokémon, por mais importante que esse Pokémon fosse para Dave.

– E, se você sabe disso tudo, por que será que não consegue parar de reclamar e me ajudar? – Ela continuou - Chegamos até aqui, não foi? Você não vai desistir. Eu sei que não. Então pare de duvidar de tudo vamos fazer isso juntos!

Ele assentiu com a cabeça, engolindo em seco e aceitando finalmente o que a menina estava falando. Não ajudava em nada ficar se questionando se aquela era mesmo a melhor opção. A decisão havia sido tomada e eles já estavam no meio do caminho. Dar para trás agora seria não apenas um erro qualquer, mas um que poderia lhe assombrar para o resto da vida. A menina estava certa. Aquela parecia ser mesmo a melhor opção que tinham, mesmo que não fosse necessariamente uma boa opção.

A próxima questão, então, era como liberar aquela porta. Mindy sabia do risco de disparar um alarme caso decidissem arrombá-la, mas não conseguia ver outra opção que não aquela. Hesitava, porém, em atrair a atenção da Equipe Rocket tão cedo. Sabia que em algum momento eles seriam descobertos. As chances de escaparem sem serem notados era mínima, se não nula, mas ela esperava ter avançado pelo menos um pouco até que os dois tivessem de enfrentar alguma resistência. Se ao menos conseguissem colocar as mãos em Eevee, sabia que a pequena e poderosa criaturinha conseguiria ajuda-los a escapar. Mesmo que aquilo significasse lutar contra todos os agentes rocket ao mesmo tempo.

– Alguma ideia de como abrir a porta para o túnel? – perguntou ela, quando percebeu que o garoto havia parado de duvidar do plano dos dois.

– Não, mas acho que não precisamos abrir a porta para entrar no túnel – ele disse, pensativo, enquanto sacava uma pokebola do cinto.

Esse era o Dave que Mindy conhecia e amava. Um menino inteligente e capaz, quando realmente queria alguma coisa. Um menino cheio de recursos. Um menino treinador de um Sandslash.

O Pokémon terrestre logo abriu um túnel largo o suficiente para que Dave e Mindy passassem sem muita dificuldade. Eles nem mesmo precisaram se sujar muito, e logo estavam do outro lado da porta. O túnel era mantido por um revestimento de madeira, ao invés do concreto que Dave estivera esperando, e apesar de aquilo tornar o trabalho de seu Pokémon bem mais fácil, trazia também um certo desconforto aos dois jovens, inseguros quanto a probabilidade de um desabamento, principalmente depois das escavações do Pokémon de Dave.

Caminharam com um passo apressado, prestando bastante atenção aos arredores. O túnel era mal iluminado, mas Mindy viera bem equipada com lanternas. Andaram por cerca de quarenta minutos, que mais pareceram algumas horas debaixo da terra, muito atentos a qualquer sinal de vigilância dentro do túnel. Não havia nenhum indicio de câmeras ou gravadores em nenhum lugar visível, mas aquilo apenas deixou-os mais preocupados.

– Eu não gosto disso, Mindy. Deveriamos ter achado alguma coisa. Eu ficaria mais tranquilo se tivéssemos destruído algumas câmeras, em vez de não achar nenhuma...

A menina apenas olhou para ele com uma expressão de compreensão, mesmo que ele não conseguisse vê-la direito no ambiente mal iluminado.

– Quais são as probabilidades deles manterem esse lugar sem nenhum tipo de vigia?

– Quase zero – respondeu a garota. – Mas vamos torcer para que a vigia se limite apenas a um agente na porta de saída...

Ela estava realmente esperançosa e Dave gostava daquele otimismo. Às vezes queria saber pensar de uma maneira mais positiva, como a menina, mas sabia que sua atitude estava longe de ser pessimista. O realismo era algo de que não conseguia escapar nessas situações, e nem tinha certeza se, de fato, deveria tentar fazê-lo. Sim, ele queria que apenas um guarda na saída fosse toda a vigia que a equipe Rocket destinava àqueles tuneis, mas sabia que não seria assim.

Demoraram quase quarenta minutos dentro do túnel, até que perceberam que o solo começava a se inclinar para cima. Eles estavam finalmente subindo à superfície, o túnel estava finalmente acabando e eles poderiam enfrentar os seus inimigos e colocar um fim naquela questão, para o bem o para o mal. Dave não podia deixar de sentir uma leve pontada de alívio. Era melhor estar lutando do que ali, andando aparentemente sem direção, sem saber quando alguma coisa podia acontecer. Não, ele preferia estar em algum lugar em que alguma coisa estaria definitivamente acontecendo.

Ainda levaram alguns momentos para encontrar o final do seu caminho subterrâneo, e quando o encontraram, se depararam com um novo dilema. O caminho terminava em uma área circular, com uma longa escada de ferro no centro, que subia cerca de cinco metro até o teto, onde uma espécie de porta quadrada os esperava. Mindy subiu primeiro e constatou, com muito cuidado, que ela estava trancada. Aquilo fez com que ambos voltassem ao chão, para discutir os próximos passos.

– O que você tem em mente? – perguntou a menina, olhando para o garoto, pensativo.

– Eu não sei – Ele disse, pausando para respirar e pensar em como formular as suas ideias. – Pesei em fazer o mesmo que fizemos para entrar, mas acho muito arriscado.

– Também acho – respondeu ela, mordendo o lábio inferior. – Não sabemos se vamos sair em um lugar mais ou menos guardado do que essa saída.

– Não só isso. Não sabemos se vamos conseguir sair dentro do prédio. Furar terra é uma coisa, concreto, outra. Furar uma parede grossa atrasaria Sandslash, e denunciaria nossa posição antes mesmo de sairmos do buraco. E se procurássemos uma superfície mais fácil, quem irá garantir que estaríamos ainda dentro do prédio?

– Se eles tem câmeras, sabem que vamos sair aqui – ponderou a garota, fazendo com que Dave balançasse a cabeça negativamente.

– Também acho pouco provável que eles não saibam que estamos aqui, mas acho também que se soubessem, já teriam nos atacado. Estamos prestes a entrar na base deles. Eles não correriam tanto risco.

Mindy foi obrigada a concordar.

– Mas então só nos resta arrombar a porta.

– Não – respondeu o menino, claramente preocupado. – Simplesmente arrombar a porta é lento demais. Se alguém estiver do lado de fora, nos capturariam antes mesmo de terminarmos de subir as escadas. Precisamos ao menos ter a chance de sair e nos defender.

Mindy entendeu o que o menino tinha em mente. Sabia que aquilo poderia não dar certo, mas era exatamente o tipo de plano que ela gostava de executar. Passaram alguns momentos discutindo os detalhes, e então colocaram tudo em prática. A operação da polícia não lhe dava muito tempo.

Dratini ficou no chão, olhando para cima. Mindy fez questão de agachar ao seu lado e prometer que não o deixaria ali sozinho por muito tempo. O pequeno Pokémon parecia satisfeito em tomar parte da ação. Em seguida, Poliwrath e Vileplume subiram as escadas, seguidos de perto por Dave e Mindy. Eles sabiam que aquilo iria requerer agilidade, mas fora o melhor que haviam conseguido planejar.

Quando os dois Pokémons de Dave chegaram imediatamente abaixo da porta de saída, passaram para as costas da escada. Dave e Mindy fizeram o mesmo, abrindo espaço para que Dratini pudesse ter uma visão clara da porta, alguns metro abaixo. Os dois trocaram olhares e respiraram fundo, e então a garota fez um sinal positivo com mão para o pequeno dragão azul. Imediatamente eles conseguiram ver o pequeno brilho azul no topo da cabeça do Pokémon, que antecedia o raio de energia da técnica conhecida como fúria do dragão.

O raio atingiu a porta e não apenas a arrombou, como a destruiu em uma explosão que praticamente cegou a dupla de treinadores, que precisaram de todas as suas forças para se segurar à escada. Dave apenas conseguira ouvir enquanto Vileplume, com a ajuda do chicote de cipó, e Poliwrath, com sua força, pulavam para fora do túnel enquanto o chão ainda tremia com o golpe do dragão.

Eles sabiam que não tinham muito tempo para agir. Era imperativo que conseguissem sair dali antes que qualquer inimigo que estivesse do lado de fora tivesse a chance de se recuperar. Poliwrath e Vileplume deveriam conseguir atrasá-los o suficiente para que os dois subissem, mas nada era garantido quando se tratava de Equipe Rocket.

Levou menos de trinta segundos até que os dois conseguissem saltar pelo buraco onde uma vez estivera a porta e olhar em volta, ainda em meio a fumaça da explosão. Poliwrath e Vileplume estavam cada um virado para um lado de um corredor, preparados para lidar com o primeiro ataque que nunca veio. Mindy se apressou para apontar a Pokébola de Dratini para baixo e recuperar seu Pokémon deixado para trás, com medo de sofrer um ataque antes que conseguisse fazê-lo, mas mesmo depois de feito, o ataque não chegou.

Dave e Mindy não ouviam nada além do eco que a explosão e todo aquele movimento causar em um corredor estreito, de paredes e piso branco, agora sujos pela explosão e pelos pés dos novos visitantes. Eles esperaram a poeira baixar prontos para a batalha, apenas para se certificar de que não havia nada nem ninguém, para qualquer direção que olhassem. De alguma maneira aquilo causou um calafrio no casal. Eles esperavam por tudo, menos por aquilo. Aquilo era muito mais assustador do que qualquer inimigo.

*-*-*-*-*-*-*-*

Os nervos de Dave e Mindy ferviam a cada vez que viravam uma curva cheios de cautela, apenas para ver a continuação de um corredor branco do piso ao teto, completamente vazio. Estavam no prédio da equipe rocket há cerca de vinte minutos, explorando, mas ainda não haviam encontrado um único agente, um único equipamento, um único Pokémon, nem sequer uma única porta. Não encontraram nada, além de mais e mais corredores brancos.

Se não tivessem um time de Pokemons consigo capaz de quebrar e atravessar as paredes, teriam com medo de estar presos em um labirinto. Não conseguiram encontrar nem mesmo escadas para subir ou descer um andar. Suspeitavam estar no térreo, uma vez que subiram cerca de cinco metros apenas, e estavam em um túnel subterrâneo, mas até mesmo uma escada para baixo teria sido mais animador do que absolutamente nada.

Nem mesmo Arcanine conseguira detectar qualquer aroma que indicasse alguma coisa. Cada vez mais aquela missão suicida se parecia com um plano inútil.

Cerca de meia hora depois, se encontraram no mesmo lugar de qual saíram: o buraco da explosão de Dratini. Estiveram em silencio até aquele momento, apreensivos e tensos de mais para conversas, mas quando perceberam que voltaram à estaca zero, não conseguiram mais se segurar. Mindy bufou, dando um soco em uma parede ao seu lado. Recolheu a mão instantaneamente, reclamando silenciosamente da dor. Dave se apoiou na parede que a menina golpeou e se deixou cair sentado no chão.

– Ok, eu desisto de tentar entender o que está acontecendo – disse Dave, confuso. Mindy permaneceu em silencio.

Os dois tomaram mais um momento, até que o menino cruzou as pernas e ajeitou a coluna, retomando a palavra.

– Será que a agente nos enganou?

– Provavelmente – disse Mindy, enraivecida.

– Mas então onde estamos? Porque existe um túnel subterrâneo atrás do ginásio de Veridian, e por que ele está ligado a esse lugar vazio e sem sentido?

– Eu não sei Dave... Eu não sei... Só sei que não nenhum sinal de Eevee ou de qualquer a gente Rocket aqui. Nada. Talvez ainda consigamos voltar a tempo de participar da operação da polícia...

Dave não gostou do que ouviu. Não gostava de desistir, principalmente quando ainda não conseguia fazer sentido do que estava acontecendo. Mindy tinha um ponto razoável, porém. Se corressem, talvez conseguissem chegar a tempo de participar da operação policial, o que era melhor do que estar ali, no meio de nada, completamente perdidos. Ainda assim, havia alguma coisa ali que o incomodava.

– Vamos... – disse a menina, rumando novamente para o túnel subterrâneo. – Vamos voltar por onde viemos.

– Não – disse Dave instintivamente, olhando para a parede a sua frente. Havia uma coisa que eles não haviam tentado, e mais de um motivo para tentá-la.

– O túnel é longo. Vamos perder muito tempo. Devemos derrubar essas paredes e ver onde sairemos. Depois, voaremos até o ponto de encontro.

Mindy assentiu, reconhecendo o valor naquela ideia. De fato, seria muito melhor caminhar ao ar livre do que voltar por todo aquele caminho escuro. Além disso, Nidoking e Nidoqueen apreciariam o exercício. Ela liberou seus dois grandes Pokemons de suas pokebolas e lhes disse o que fazer e em poucos momentos eles estavam em um lado do corredor, fixando os olhar e se concentrando no outro.

Correrram, acertaram o concreto com força, e o derrubaram sem muita dificuldade, apenas para ver outra parede alguns metros mais a sua frente. Dave franziu o cenho, e os dois Pokemons pareciam irritados. Dave e Mindy ajudaram os dois a limpar os escombros e quebrar a parte de baixo da parede também, para que eles pudessem pegar mais impulso, e quebrar a parede seguinte. Quando tudo estava pronto, eles correram de novo.

A segunda parede não foi diferente da primeira, nem mesmo a terceira. Mindy já começava a argumentar que era mais seguro voltar ao túnel, mas Dave pediu para quebrarem mais uma, pelo menos, e ela cedeu. Nidoking e Nidoqueen já estavam mais visivelmente irritados, bufando e usando cada vez mais força bruta do que técnica em seus golpes. Mas Dave queria ver até onde aquele labirinto de corredores iria.

Os dois pokemons de Mindy tomaram distância novamente e se prepararam para atacar mais uma parede a sua frente. Correram e colocaram toda a sua raiva no golpe que estavam prestes a desferir, e então derrubaram a parede. Não apenas quebram o concreto como haviam feito antes, mas derrubaram a parede como um todo, sem quebrar nenhum pedaço e fazendo um estrondo ensurdecedor. Como se ela fosse um bloco solto de concreto, que quando empurrado no meio, tomba sobre sua base.

Dave e Mindy ficaram surpresos, mas não por muito tempo. Olharam a parede caída, mas em seguida viram pelo primeira vez em quase uma hora algo que não fosse uma parede branca. Estavam agora em uma sala ampla, da mesma cor de todos os corredores, mas a sala não estava vazia. No centro, há menos de um metro de onde a borda da parede caída se chocara com o chão, uma pequena coluna retangular se levantava do chão por cerca de um metro e meio. No centro dela, um Eevee estava deitado, aparentemente dormindo, fechado em uma simples caixa de metal. Dave e Mindy perderam o ar.

Os dois olharam para o Pokémon adormecido por cerca de um minuto antes de conseguirem voltar a si. Eles esperavam encontrar tudo quando derrubaram aquela parede, desde milhares de agentes Rockets prontos para matá-los até um campo verde no meio do nada, mas nada os havia preparado para encontrar Eevee, dormindo em uma jaula portátil, no centro de um salão branco e vazio.

– É ele... – suspirou Dave, antes de correr em direção ao Pokémon caído. Mindy o seguiu, e até Nidoking e Nidoqueen pareceram esquecer a sua raiva e correr para o centro da sala.

Dave instintivamente esticou a mão entre as barras para tocar o pelo macio de seu querido amigo. Quando tocou a pele da criatura por baixo do pelo, sentiu um arrepio subir por seu braço e descer a espinha. Mindy parecia emocionada ao seu lado, mas ele não conseguia tirar os olhos do Pokémon a sua frente. Foi por iniciativa própria que Nidoking agarrou duas barras da pequena jaula e as dobrou com sua imensa força, possibilitando que Dave tirasse o pequeno Pokemon de sua prisão. Ele ainda estava desacordado, provavelmente sedado, mas Dave sabia que o importante era tê-lo recuperado. Uma visita ao centro Pokémon era tudo o que ele precisava.

Foi então que subitamente Eevee ficou vermelho, e desapareceu de seu braço. Dave perdeu o ar e seguiu com os olhos o raio que o havia atingido, até encontrar Blaine, parado, com uma Pokebola estendida em sua mão. Tudo fez sentido imediatamente para Dave. Aquela era a Pokebola do Eevee. A pokebola com que Giovani o capturara pela primeira vez. E, sedado, ele não tinha como se libertar.

Fora como perder o seu amigo novamente. O golpe inesperado o paralisou, atordoou de um jeito que ele não soube como responder. Mindy vociferou e Nidoking e Nidoqueen rugiram, mas logo surgiram mais de dez agentes rockets ao lado de Blaine, todos eles demonstrando seis pokebolas presas aos seus cintos. Blaine guardou a de Eevee junto com as suas, olhando gravemente para os dois jovens.

– Vocês não deveriam ter vindo aqui... – foi a única coisa que disse, antes dos agentes começarem a se aproximar.


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Notas finais do capítulo

E aí? O cerco apertou né? As coisas não sairam tão bem quanto o planejado.

Ansiosos pelo próximo?! Ele não vai demorar ;)

Fico esperando todo mundo nos comentários!



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