Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 23
Os Próximos Passos


Notas iniciais do capítulo

E então, aqui estamos começando a tomar alguma atitude sobre o que aconteceu. Ou pelo menos o que seja possível tomar de atitude, considerando o nível dos inimigos com quem estamos lidando...

Espero que curtam!
Boa leitura!



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Capítulo 23 – Os Próximos Passos

Dave pulou da cama com o telefone tocando e procurou por Eevee no quarto. Ouviu mais dois toques antes de se lembrar de que seu Pokémon não estava no quarto. Uma pontada de dor lhe apertou o coração e ele se deixou cair na cama novamente, deixando o telefone tocar sozinho. Ele finalmente parou e o menino bufou. A última vez que se lembrava de estar acordado fora no dia anterior. Dormira initerruptamente desde então, e sentia-se revigorado.

Quando o telefone tocou novamente, se obrigou a sentar e atender. Era estranho dormir na cama de baixo do beliche, agora que Jake não estava mais lá.

– Alô – disse, surpreso com o próprio tom energético

– Até que enfim você acordou! – A voz de Mindy lhe era inconfundível, e ele sorriu – Já liguei três vezes!

– Desculpe, eu nem vi...

A menina bufou antes de continuar, mas ele entendeu aquilo como um bom sinal. Ela também estava ligeiramente mais animada, como se um pouco mais viva. Combinaram de se encontrar para o café da manhã, que ela disse que terminaria em breve. Não disseram nada sobre a sua recém descoberta família de Fuschia ou sobre o que ocorrera nos últimos dias.

Dave se levantou, tomou banho, pegou suas coisas e rumou para fora do quarto. Decidiu subitamente que não queria mais ficar em Cinnabar. Já conseguira tudo o que queria da ilha, e perdera mais do que estava disposto a aceitar. Queria deixa-la para trás e seguir em frente. Sentia que precisava fazer alguma coisa para ajudar Eevee, e que tinha que fazê-lo o quanto antes. A cada dia perdido suas chances de reencontrá-lo diminuíam. Sabia que Mindy estava passando por um momento difícil, mas não podia se deixar perder mais tempo. Estava disposto até mesmo a partir sozinho, mas não podia abandonar seu primeiro Pokémon e melhor amigo.

Um segundo aperto no coração lhe fez suspirar quando viu Mindy lhe esperando em uma das mesas do refeitório. Por mais que soubesse que precisava tomar uma atitude, queria muito que a menina lhe acompanhasse. Não pediria que ela embarcasse em uma aventura suicida logo após o que havia sofrido, mas não podia suportar a ideia de se separar dela mais uma vez.

– Bom dia – disse ele, se aproximando e lhe dando um carinhoso beijo nos lábios

– Bom dia – ela lhe respondeu, esboçando um sorriso.

Os dois não falaram muito. Apenas se levantaram, serviram-se de uma combinação de pães, frios e frutas, além de um copo de suco de laranja, e voltaram a se sentar. Estavam famintos e comeram entre poucas palavras, concentrados. O luto cansava, e dava fome, concluiu Dave.

– Então...- disse ele, quando percebeu que o prato da menina estava vazio - Acho que já passamos tempo demais nessa ilha, não?

Mindy acenou com a cabeça, ainda engolindo uma ultima mordida da maçã que comia. Ela se demorou sem querer responder ao menino, pois por mais que concordasse, não sabia, pela primeira vez, qual caminho seguir.

– Pensei que, talvez, você quisesse visitar Fuschia... - o menino hesitou, sem saber exatamente de onde tirara aquela ideia, mas a menina simplesmente acenou com a cabeça, negativamente.

– Duvido que seu Eevee esteja lá, Dave...

O menino esboçou um pequeno sorriso, sentindo mais uma vez o coração bater forte pela garota. Ele deveria saber que ela nem ao menos hesitaria em lhe ajudar. Ainda assim, Fuschia não seria um tiro completamente no escuro. Ele pensou por um momento, escolhendo as palavras antes de continuar.

– Olha eu estive pensando. Pelo que seu avô falou, é provável que o Kato... Quer dizer, seu pai... - ele travou por um segundo, esperando a reação da menina, que parecia indiferente quanto ao modo com que ele se referia ao falecido especialista - Ele sabia sobre o Eevee, e estava sendo procurado pela Equipe Rocket. Além disso, ele disse que Blaine lhe arrumou um trabalho, e Blaine trabalha para Equipe Rocket...

– Você acha que ele trabalhou com Eevee na Equipe Rocket, não é? - disse ela, parecendo considerar a possibilidade pela primeira vez - As peças se encaixam, realmente...

– Pensei que, sendo a família dele, provavelmente Koga e Aya sabem de alguma coisa a mais. Talvez algo que possa nos ajudar... - disse Dave, justificando sua sugestão.

Mindy considerou por um momento o que o menino estava propondo. Sua linha de raciocínio parecia fazer sentido e tudo parecia se encaixar. Mas se Kato sabia que Blaine trabalhava para os Rockets, porque nos trouxe até ele? A menina se lembrara de que fora Kato quem insistira para que o grupo incluísse Cinnabar em sua rota, o que antes não estava previsto.

– Talvez eles saibam... - concordou Mindy, ainda brevemente distraída - Mas eu não queria ir até lá...

– Porque não?

– Primeiro porque é uma longa viagem, e perderemos dois a três dias, mesmo nas costas de nossos Pokemons voadores... - ela suspirou, relutando em admitir para si mesma o verdadeiro motivo daquilo - E segundo porque eu não sei se estou pronta para conhecê-los agora...

Os dois trocaram olhares sem saber o que dizer. Ele entendia o lado da menina. Acabara de ganhar e perder um pai em apenas um dia, e agora descobrira que tinha também um tio e uma tia, e um deles era um famoso líder de ginásio. Simplesmente voar até a casa deles e se apresentar poderia ser terrivelmente desgastante, e não em relação ao desgaste físico. Ainda assim, Koga era uma de suas únicas esperanças de conseguir alguma informação extra sobre a Equipe Rocket.

– Porque não ligamos para lá? - sugeriu Mindy, percebendo que por mais que não quisesse, aquela seria uma medida necessária - Meu avô deve saber como entrar em contato com eles...

Dave sorriu e concordou com a cabeça. Pelo menos daquela maneira, eles não perderiam muito tempo.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Descobriram que a própria enfermeira Joy possuía o numero para contatar o ginásio de Fuschia, e, depois de cerca de cinco minutos de conversa solta, os dois se encaminharam para o telefone. A menina sentou em frente ao aparelho, olhou o numero escrito no papel a sua mão e então o teclado com os números. Respirou fundo, e digitou-os todos, um por um, com calma. Assim que terminou, apertou o botão de cancelar e fechou os olhos. Dave deu um breve sorriso compreendedor.

Colocou a mão em um dos ombros da menina, chamou sua atenção e fez um sinal com a cabeça que ela não precisou se esforçar para entender. Como se agradecendo, ela deixou que ele tomasse o seu lugar, lhe deu o papel e puxou uma cadeira para se sentar ao seu lado, dessa vez a vista do monitor e de quem quer que respondesse à chamada. Apoiou a cabeça em seu ombro enquanto ele discava.

Foram dois curtos toques até que Koga atendesse a ligação. Seu rosto duro e impassível tinha uma sombra de algo que Dave não sabia identificar. Seu sorriso estava morto, mas ainda assim lá. Não conteve os próprios olhos quando percebeu quem estava na outra linha, e os arregalou por um momento. Mindy se endireitou na cadeira quando viu seu tio pelo monitor.

– Dave... Como você está?

– Muito bem... – O menino se surpreendeu ao não saber o que dizer e precisou de um leve esbarrão de Mindy para continuar – Essa é a Mindy, uma amiga minha e...

– Eu sei – disse Kato, pegando ambos de surpresa – É um prazer conhece-la, Mindy.

Ele dirigiu um sorriso levemente mais animado à garota, que tentou retribuir da melhor maneira que podia. Procurou alguma coisa para dizer, mas as palavras ainda lhe faltavam. Como ele sabe? Será que ele sabe o que aconteceu com o meu pai?

– Eu estive falando com o seu avô, o professor Noah...

– Ah, então foi ele quem te disse tudo? – interrompeu Dave.

– Não exatamente tudo. Kato, meu irmão, descobriu a sua existência enquanto exilado aqui comigo, Mindy. Ele tem estado aqui há anos, escondido da Equipe Rocket. Ele nem ao menos sabia de sua existência, até esse ano.

– E como ele descobriu? – a menina subitamente falou, surpreendendo a si mesma.

– Ele sempre acompanhou de longe o trabalho de sua mãe. Acho que a pior parte de seu exilio era o seu medo de retornar a ela. Ele nunca quis coloca-la em perigo. Soube que ela tinha uma filha há algum tempo, mas nunca soube sua idade ou qualquer detalhe sobre você. Doía saber que sua mãe tinha seguido a vida dela, mesmo que ele soubesse que era o melhor para ela.

Kato suspirou enquanto Mindy tentava manter suas emoções sobre controle. Mal estava preparada para conhecer seus familiares recém-descobertos. Não sabia que estava prestes a descobrir o que acontecera com seu pai nos últimos anos.

– Ele mantinha-se atualizado principalmente pela revista do seu avô, e quando fizeram um perfil seu esse ano, ele descobriu a sua idade, sua data de aniversário e viu algumas de suas fotos. Não teve dúvidas de que era seu pai, então.

– Então ele sabia... – disseram Mindy e Dave, juntos.

– Sim, ele sabia. Foi verdadeiramente difícil mantê-lo aqui nos últimos meses. Precisei convencê-lo diversas vezes de que ir atrás de você não era uma ideia inteligente, e que apenas colocaria você em maior perigo. Mas quando você anunciou para todo o continente que estava atrás de um Dratini, soube que estava tudo perdido. Ele sumiu sem nem ao menos se despedir, fugindo no meio da noite com seu Alakazam. Desde então soube que talvez nunca mais fosse vê-lo...

Koga parecia emocionado e Mindy estava a beira das lágrimas. Queria se desculpar com ele, por ter feito com que seu pai se colocasse em risco apenas para protege-la. Nunca tinha imaginado que poderia, de alguma maneira, ter causado a sua morte apenas pela sua vontade egoísta de conhece-lo.

– Me desculpe... – ela conseguiu dizer, em uma voz afetada e deixando as primeiras lágrimas caírem.

Dave a envolveu com os braços e ela escondeu o rosto em seu peito como costumava fazer, enquanto Koga tentava recuperar a postura do outro lado da linha.

– Não é culpa sua, menina. Ele era um homem que sabia o que estava fazendo, e na posição dele, duvido que eu mesmo teria agido de outra maneira. Ele conseguiu o que queria, e apesar do que lhe aconteceu, eu duvido que ele se arrependa de qualquer coisa.

A menina ainda soluçava contra o corpo de Dave, e ele a abraçava forte, sabendo que nada que ninguém dissesse seria capaz de aliviar o que ela sentia. Ainda assim, não se continha em tentar.

– Isso não foi sua culpa, Mindy. Se muito, foi minha.

Koga pareceu ajeitar o corpo para ouvir, como se percebesse algo que não tinha percebido antes.

– Eles não vieram para Cinnabar atrás do seu pai, e sim do meu Eevee... Eu sinto muito, mas você não pode se culpar por isso.

– O garoto está certo – disse Koga, surpreso com suas próprias palavras – Seu pai fora diretamente envolvido com os experimentos no Eevee de Dave. Ele me contou um pouco sobre o assunto, apesar de nunca ter me revelado muito, por questões de segurança. Quando você esteve aqui, tentei lhe conter por tempo o suficiente para localizar e informar meu irmão. Eu tenho certeza que ele voltaria imediatamente para cá, e estaria com você desde então, rapaz.

Então foi por isso que eles tentaram tanto me manter por lá! Surpreendeu-se Dave, lembrando-se da saida conturbada de Fuschia.

– Porque você não me disse nada? Eu teria ficado! – disse Dave, incrédulo.

– Eu sei, rapaz, mas essa informação era valiosa demais. Contar-lhe que meu irmão sabia sobre o seu Pokémon implicava em denunciar a posição dele. Posso esconder alguém da Equipe Rocket, mas assim que eles descobrissem, não seria capaz de mantê-los afastados.

Dave pensou em Jake e em sua traição, e percebeu que a atitude de Koga fora muito prudente e bem pensada. Caso tivesse dito alguma coisa, o menino mais novo provavelmente teria denunciado a posição à Equipe Rocket, e Kato teria encontrado seu fim antes mesmo de encontrar Mindy. Além disso, agora que parava para pensar, sua decisão não seria tão fácil. Ele não sabia se teria ficado em Fuschia, sabendo que Mindy estava na zona safari.

– Dave, o Professor Noah me contou que eles conseguiram levar o seu Eevee. Como você está?

O menino respirou fundo, lembrando-se do verdadeiro motivo pelo qual fizera a ligação. Koga era sua melhor chance no momento de reencontrar seu amigo.

– Não sei te dizer, na verdade... Só sei que preciso fazer alguma coisa...

– Eu imaginei – disse o líder do ginásio, com um breve sorriso no rosto.

– Eu estava pensando que você é provavelmente que melhor sabe o que eu poderia...

– Eu sei – Kato interrompeu o garoto, que já sentia o peito bater mais forte. Mindy se ajeitou tentando secar as lágrimas, também prestando atenção no que o homem do outro lado da linha dizia – Normalmente eu não estaria disposto a ajuda-lo garoto, mas o Professor Noah me convenceu do contrario. Esses bastardos mataram meu irmão e seu Pokémon. E agora estão fazendo deus sabe o que com o seu Eevee. Não podemos deixar isso assim.

Dave estava surpreso com o tom de voz do homem.

– Então você vai me ajudar? Você sabe de alguma coisa?

– Sem sombra de dúvida

Dave se ajeitou na cadeira, sem conter a ansiosidade pelas próximas palavras de Koga.

– Meu irmão me disse que a base principal do projeto ficava próxima a sua cidade, Dave. Em Grené. Foi por isso que seu Eevee apareceu por lá.

Dave já desconfiava daquilo, mas duvidava que fora para lá que Eevee havia sido levado. A Equipe Rocket não parecia uma organização que cometeria o mesmo erro duas vezes.

– E você acha que eles levaram o Eevee para lá? – perguntou, em um tom duvidoso.

– Não. E é ai que quero chegar. Kato nunca trabalhou em Grené. Ele trabalhava no centro de pesquisas principal, na sede da organização.

– E onde fica isso?

– Em Veridiana – disse Koga, definitivo.

*-*-*-*-*-*-*-*-*

Os dois decidiram almoçar em Cinnabar antes de seguir viagem. Koga lhes aconselhou a viajar até Pallet, uma cidade pequena entre o mar e Veridiana, onde eles encontrariam refugio. De acordo com o líder de Fuschia, que estava em contato com o laboratório de Cardo, Noah já havia avisado ao Professor Carvalho que os dois estavam a caminho, e ele estaria disposto a lhes oferecer acomodação enquanto eles precisassem. Susan também encontraria os dois em Pallet, prometera o professor.

A enfermeira Joy confirmou os cálculos que o casal havia feito, e disse que levaria no máximo um dia nas costas de seus Pokemons voadores até o continente. Disse ainda que havia uma quantidade de pequenas ilhas pelo caminho, e, caso os dois se atrasassem, não deveria ser muito difícil encontrar algum lugar para pousar e passar a noite. A previsão do tempo era boa, e não havia risco de chuvas ou tempestades, portanto tudo estava a seu favor e Dave resolveu encara aquilo como um bom sinal.

Agora que o momento de partir chegava, os dois sentiam um nervosismo inesperado. Sabiam exatamente o que estavam prestes a enfrentar. Sabiam para onde estavam indo. E por mais que soubessem que não tinham escolha, aquilo ainda lhes parecia assustador. Então foi assim que ela se sentiu quando partiu contra a Equipe Rocket pela primeira vez? Pensou Dave, tentando respirar fundo.

– Preparado? – perguntou Mindy, tentando sorrir para Dave.

Ele acenou com a cabeça e sacou a Pokebola de seu Pidgeot, recuperado depois do tratamento intensivo dado pela enfermeira Joy. Os dois tinham concordado que iria viajar nas costas do grande pássaro naquela tarde, dormiriam em uma das ilhas no mar e seguiriam viagem pela manhã nas costas do Charizard de Mindy. Desse modo nenhum dos Pokemons seria sobrecarregado e os dois poderiam viajar juntos, diminuindo o risco de acidentes e imprevistos.

O grande pássaro parecia feliz quando foi liberado, próximo a costa. Abriu as asas e piou alto, chamando a atenção dos turistas na praia. Dave e Mindy sabiam que se ficassem ali por muito tempo, seria rapidamente alvos de fotos, uma atenção que ele dispensavam naquele momento. Dave se aproximou de seu Pokémon, acariciando o seu rosto e recebendo uma carinhosa bicada no pescoço. O pássaro se abaixou e ele subiu as suas costas, estendendo a mão para Mindy, que se sentou atrás dele e passou os braços pela sua cintura.

– Gosto de ficar aqui – disse a menina, apertando o menino em um abraço pelas costas.

– Então aproveite, que isso é só hoje... – repondeu Dave, provocativo, enquanto dava um leve tapinha nas costas de seu Pokémon, sinalizando que era hora de ganhar o ar – Não precisamos de pressa, garoto. Se poupe e fique confortável.

O pássaro piou em concordância e Dave sabia que ele estaria sorrindo se pudesse. Seu Pokémon gostava de voar e de se fazer útil para seus amigos, e um passeio pelo oceano seria novidade para ele. Os ventos do mar e maresia pareciam combinar com ele, que quase saboreava o salgado do mar nas correntes de ventos carregados de maresia.

Mindy, com os cabelos presos, parecia a mais contente de estar no ar. Era impossível não sentir um surto de adrenalina depois de dois dias de luto e calmaria e agora, no ar, com apenas a agua do mar abaixo deles, os dois sentiam-se mais livres e animados. A única coisa que Dave realmente não conseguia deixar de lado era a ausência de Eevee. Ainda sentia o peso do amigo apoiado em seu ombro, mesmo sabendo que ele não estava lá, como uma lembrança constante de como falhara na promessa que fez.

A costa da ilha de Cinnabar ficou para trás em poucos minutos e logo se tornou apenas um pequeno ponto em um horizonte distante, na direção do passado, para onde nem Dave nem Mindy queria virar a cabeça para ver. O sol começava a descer a sua frente, o que atrapalhava a visão e o vento frio da altitude incomodava, por isso Dave pediu para que Pidgeot, agora já em alto mar, nadasse um pouco mais próximo dá agua.

O Pokémon entendeu o comando do treinador mais literalmente do que o esperado, e logo Dave se viu tentando não se molhar enquanto o grande pássaro brincava de arrastar a ponta das garras na límpida agua do oceano. Mindy parecia gostar da brincadeira, e ria as costas de Dave enquanto ele se assustava com as mudanças de altitude de Pidgeot, que subia e descia, por vezes fingindo que iria mergulhar.

Ele estava claramente se divertindo, e com o tempo Dave relaxou e passou a fazer o mesmo. Passaram mais de uma hora se divertindo no vôo. Pidgeot passou a procurar pequenas ilhas, onde podia voar próximo ao solo, se desviando de árvores e pequenas montanhas, no que acabou por se provar um exercício interessante de agilidade e controle aéreo além de uma grande aventura para os dois passageiros em suas costas. Dave estava particularmente orgulhoso de seu Pokémon, que com certeza voava melhor que o recém-evoluído Charizard de Mindy.

O sol agora descia ainda mais no horizonte e estava difícil olhar para frente, de modo que Dave e Mindy focavam nas costas do pássaro ou no azul do mar mais abaixo. Pidgeot, por sua vez, parecia não se incomodar, e planava sobre a água de maneira relaxada. Mas aquele foi o ultimo momento relaxado da viagem.

Subitamente, como se materializado-se do ar, um enorme Gyarados surgiu por baixo do pássaro, forçando-o a uma manobra lateral surpreendetemente rápida, que envolvia um giro de 180 graus sobre si mesmo. Dave e Mindy se agarraram, mas foi muito complicado não despencar. O garoto se agarrou com força ao corpo de seu Pokémon, e Mindy apertou a sua barriga. Suas pernas se desprenderam e eles ficaram literalmente pendurados por alguns segundos, até Pidgeot recuperar o equilibrio do voo.

– Sobe! Sobe! Sobe! - disse Dave, e o pássaro bateu as asas.

Gyarados, porém, não voltou a mergulhar. Pelo contrário, disparou uma forte bomba dágua em direção aos três, forçando mais uma manobra defensiva. Dessa vez Mindy não conseguiu se segurar e despencou para cair no mar.

– Mindy! - berrou Dave, sem reação.

A menina ainda estava a menos de cinco metros de altura do mar, mas ainda assim a pancada a desnorteou por alguns momentos. Bater na água parecia doer tanto quanto em uma parede de concreto. Pelo menos o concreto não seria congelantemente frio... Ela mergulhou fundo, tentando recuperar as forças e nadar para cima ao mesmo tempo. De algum modo sabia que se ficasse tempo demais submersa, Gyarados lhe daria o mesmo destino que seu pai. Pensando nele, ela pegou uma das pokebolas em sua cintura.

Dratini se liberou e seguiu imediatamente para cima, com a garota agarrada em seu corpo liso e escorregadio. Dave estava atacando diretamente Gyarados quando ela voltou a superficie, e ela agradeceu mentalmente a ele. Se ele tentasse mergulhar atras dela em vez de distrair o dragão, os dois provavelmente estariam mortos ao mesmo tempo.

– Dratini, vamos ajudar o Dave! - disse ela, se lberando dele e nadando por conta própria - Esse Gyarados não vai continuar selvagem por muito tempo!

Foi então que ela ouviu uma voz feminina desconhecida.

– Ele não é selvagem...

Mindy procurou a dona da voz, mas não encontrou em um primeiro momento, deixando-a assutada. Só então pode ver, alguns metros a sua frente, uma mulher vestida de preto, nadando com equipamento para mergulho. Ela não teve duvidas sobre para quem ela trabalhava, ou porque estava ali.

– Eu não recomendaria que vocês dois continuassem viajando naquela direção. Seria uma pena ter que lhes capturar. São duas crianças tão bonitas...

Mindy trincou os dentes, com raiva. A Equipe Rocket continua nos monitorando?! percebeu, surpresa. Por que?!

– Nós vamos onde queremos ir! - respondeu Mindy, enquanto Dave ainda se desiava dos ataques do Gyarados da agente rocket.

– Não se eu puder evitar... - respondeu a mulher, com um sorriso no rosto.

– Você não pode... Somos dois contra um!

– Não por muito tempo...

A agente tirou uma das pokebolas do seu traje molhado e lançou ao ar, liberando um grande Fearow. Dave se assustou com o novo combatente e ordenou que Pidgeot ganhasse mais altura, tentando manter Gyarados fora do combate. Mindy entendeu a deixa e ordenou que seu Dratini entrasse em ação. Ela nunca duvidou de sua bravura, mas para ele, com pouco mais de um metro, se portar em frente ao grande Gyarados era um enrome desafio.

A garota estava prestes a dar um comando de ataque quando outra coisa a surpreendeu. A agente rocket nadou com velocidade em sua direção, e ela soube que seu Pokémon não seria o unico a ter que travar uma dura batalha naquele dia. A mulher se lançou com os braços estendidos, e Mindy se desvencilhou com um chute em sua virilha, se empurrando para trás. A mulher sorriu ao perceber que teria ali uma luta e não apenas uma menina mimada.

Dave, por sua vez, estav travando um duelo aéreo com Fearow, que tentava se aproveitar de seu pescoço e bico longo para atingir diretamente o menino, nas costas do grande Pidegot. O Pokémon de Dave, entretanto, era bem treinado e protegia bem seu treinador, e foi capaz e atingir Fearow com um golpe de asas, quando este investia contra os dois.

O breve segundo que teve depois disso ele usou para analisar a situação na superficie. Viu Dratini mergulhando e sumindo pelo mar enquanto Gyarados o seguia com uma expressão que se parecia perigosamente com a fome. Assustou-se ainda mais quando viu uma mulher de preto, que ele ainda não havia notado, nadando contra Mindy, com violencia no olhar. De onde ela veio?! Ele pensou, preocupado.

– Pidgeot, me jogue no mar! - disse Dave, apontando com a mão para a briga lá em baixo.

O pássaro entendeu imediatamente o desejo do menino, mergulhando no ar e se aproximando bastante da água, permitindo que ele pulasse em um movimento rápido. O frio da água se fez sentir em todas as partes de seu corpo, mas ele tinha coisas mais importantes com o que se preocupar naquele momento. Moveu-se rapidamente em direção a Mindy, e agarrou a mulher que a agredia por trás, em um mata leão.

– Desiste - disse ele, mas ela simplesmente apertou a sua mão em volta de seu pescoço e com um movimento tão rapido que Dave não conseguiu registrar, ela se livrou do seu aperto e torçeu-lhe o braço. Ele sentia que ela não teria pena de quebrá-lo, mas Mindy interveio com um chute na sua barriga, e ela largou o garoto, relutante.

Enquanto isso, Pidgeot voltara a investir contra Fearow, agora sem ter de proteger ninguém às suas costas. O pokemon Rocket sentiu a diferença quando percebeu que agora era ele quem estava sendo obrigado a se desviar e que não achava um espaço para contra-atacar. Pidgeot usou uma combinação intelignete de ventania, usado apenas para desestabilizar o voo do oponente, combinado com um às aéreo, atingidou-o por cima e lançando-o contra o mar. Antes de atingir a água salgada, porém, Fearow foi atingido pelo hyper raio do Pokémon de Dave, mergulhando três vezes mais fundo.

A agente parecia preocupada, e deu um leve assobio. Como Gyarados escutara aquele chamado para sempre permaneceiria um mistério, mas o Pokémon surgiu das profundezas trazendo o corpo desacordado de Fearow, completamente encharcado, obrigando a sua treinadora a recolhê-lo. Dratini surgiu logo depois, alguns metros atrás dele.

– Dratini, você está bem? – Perguntou a Mindy.

O Pokémon emitiu um som agudo fino e balançou positivamente a cabeça, mostando confiança e arrancando um sorriso da sua treinadora, enquanto a agente Rocket mordia o lábio, claramente preocupada. Não com o confronto fisico com os dois garotos, muito mais novos do que ela, mas sim na batalha Pokémon, em que agora estava em desvantagem. Com seu Fearow rapidamente derrotado por Pidgeot, seu Gyarados teria que também se preocupar com o pássaro de Dave. E se seu Pokémon aquatico fosse vencido, de nada adiantaria a sua superioridade fisica contra os garotos. Não tinha como sustentar qualquer vantagem perante seus Pokémons.

– E então? Vai querer continuar? – perguntou Mindy, desafiadora, percebendo o momento de hesitação do inimigo. – Se eu fosse você, fugiria enquanto nós estamos dispostos a deixar...

Dratini se colocou ao seu lado, de frente para o oponente, enquanto a mulher parecia refletir. Sabia que as suas opções não eram boas, mas não conseguia imaginar a possibilidade de se reportar de volta ao seu superior informando uma derrota vergonhosa como aquela. Em vez disso, pensou em outra possibilidade.

– Você não sabe com quem está falando, menina... – Ela falou, tentando recuperar a pose de desafiante – Essa confiança toda é por que você pensa que está em vantagem? Coitada. Meu Gyarados consegue derrubar vocês dois de uma só vez...

Dave se agitou, mas Mindy segurou seu braço por cima da água. Manter-se na superficie era dificil em alto mar, principalmente para quem não estava acostumado. Dave queria terminar aquele confronto logo, da maneira mais pratica e rápida possível, mas Mindy pensou em outra coisa.

– Você não precisa se preocupar com ele ou com o Pidgeot– disse a morena, apontando com a cabeça para o menino ao seu lado. – Você só vai precisar com o meu Dratini. Eu não preciso de ajuda para te vencer...

– Mindy! – exclamou Dave. – É exatamente isso que ela quer! Vamos acabar com isso logo!

– Olha que bonitinho, o namorado querendo ajudar a namorada... – provocou a agente, fazendo Dave corar.

– Dave, me escuta. É melhor assim... – Mindy disse, calmamente.

– Mas, Mindy...

– Dave! – Ela o interrompeu. – Confia em mim. Eu sei o que eu estou fazendo, ok?

A contragosto, o rapaz acabou aceitando a ideia e concordando com a cabeça.

– Agora, peça para o Pidgeot te tirar do mar, para facilitar as coisas, ok? – Pediu a garota em voz alta – É mais seguro para você.

– E para você, também – ele disse, resoluto.

– Eu não vou deixar o Dratini aqui. Quero lutar de igual para igual – Ela falou, dando um sorriso incomum para Dave. Ela se aproximou para o que parecia um beijo no seu rosto, mas sussurrou ao seu ouvido. – Quando eu der o sinal, você me tira do mar o mais rápido possível, ok?

– Vocês vão ficar ai namorando ou a gente vai fazer isso direito – apressou a agente, enquanto Mindy terminava de falar em seu ouvido.

Ela o largou em seguida, fazendo um movimento com as pernas para se afastar e se posicionar de frente para a oponente. Dave ficou perplexo por um segundo, até que fez sinal para seu Pidgeot no ar, que voou até ele para buscá-lo. Foi dificil subir, mas ele conseguiu depois de alguns minutos. Aparentemente as duas estiveram apenas esperando ele ganhar certa altura antes de voltarem a se enfrentar.

Assim que Dave estava no ar, antes mesmo que el pudesse dizer que estava confortavel e seguro nas costas do pássaro, Gyarados partiu com um impulso forte para cima do pequeno Dratini, que mergulhou e se esquivou com certa facildade. O mergulho da grande serpente marinha no mar levantou muita água, fazendo com que Mindy cobrisse o rosto. Quando voltou a abrí-lo, surpreendeu-se por se ver sozinha no mar.

Não apenas Dratini e Gyarados haviam submergido, como também a agente rocket, com seu equipamento de mergulho. Droga! Que idiota que eu sou! Pensou Mindy. Era obvio que a agente iria se utilizar de sua vantagem para buscar uma batalha sub-aquatica sabendo que poderia acompanhar seu Pokémon enquanto Mindy ficaria restrita na superfície. Ela puxou o quanto de ar podia e mergulhou, deixando Dave tenso no ar.

A menina tentou abrir os olhos para ver o que estava acontecendo e se arrependeu imediatamente. Esqueceu-se, na pressa, de que estava no mar e a água, ali, era salgada. Voltou a supérficie gritando consigo mesmo, de raiva e de dor, enquanto tentava inutilmente secar os olhos. O problema é que todo o seu corpo também estava encharcado com água salgada.

– Mindy! Mindy, o que houve?! – berrou Dave, assutado.

– Manda o Poliwhril! Agora! – disse a menina, tentando não deixar o desespero tomar conta. Sabia que tinha de agir rápido. A batalha ainda se desenrolava no fundo do mar, e ela precisava tomar uma atitude. Seu Dratini corria perigo.

Dave lançou a Pokébola para baixo com pressa, preocupado.

– Poli, ajude a Mindy!

O Pokémon azul se libertou e caiu na água, projetando-se para a garota em poucos segundos. Ela apoiou-se nele, ainda com os olhos fechados, sentindo-os queimar por baixo da pápebras. Poucas dores que ela havia experimentado haviam sido tão perturbadoras quanto aquela.

– Poli, são meus olhos – ela disse em um tom de voz controlado, tentando se manter calma. – Tem sal neles, e nas minhas mãos e braços. Preciso lavá-los com água doce e limpa. Você pode me ajudar.

Poliwhiril assentiu com a cabeça e, mesmo que ela não pudesse vê-lo, sabia que a resposta havia sido positiva. Estava presetes a abrir um dos olhos quando lembrou-se de um ultimo pedido.

– Seja gentil, por favor.

Ela quase pode sentir o Pokémon aquatico sorrindo. Abriu com muita relutancia um dos olhos, sentindo-o arder ainda mais. Parecia seco e ela segurou uma enorme vontade de gritar. Poliwhril cuspiu um leve, fino e fraco jato de agua em direção ao rosto da menina, atingindo-a incialmente na sombrancela e deixando a água escorrer pelos lados. Lavou as laterais do olho sem atingí-lo diretamente, e ainda assim foi um grande sacrificio para ela mantê-lo aberto. Quando ele finalmente atingiu o olhou diretamente, com um jato ainda mais fraco, ela não se conteve e fechou-o rapidamente.

– Ai! – ela reclamou, mas na verdade podia sentir a diferença. Seu olho ainda queimava, mas cada vez menos.

Era a vez do segundo quando, subitamente, Dratini explodiu para fora d’água, saltando alguns metros no ar fugindo da boca aberta de Gyarados. Se ele fosse um pouco menor, a grande serpente poderia comê-lo com uma só mordida. Mindy e Poliwhril se sobresaltaram com o subito movimento da água e o som dos dois Pokémons lutando e Mindy ficou ainda mais agitada. Poliwhrill tentou mante-la segura com suas mãos, mas estava realmente complicado.

A menina tentou ignorar a dor e abriu os dois olhos. O direito ainda estava doendo e poliwhril estava tentando, sem o mesmo sucesso de antes, ajudá-la a lavá-lo, mas com o outro foi possivel ver Dratini caindo de novo na água, aparentemente muito cansado, mas sem maiores ferimentos. Ele manteve-se na superficie enquanto Gyarados voltava a observá-lo de longe. Mindy respirou um pouco, aliviada por saber que seu Pokémon estava bem.

– Dratini eu não posso te seguir lá para baixo. Tente ficar por aqui! – pediu a garota para seu Pokémon.

– Gyarados, puxe ele para baixo! – Ordenou a agente Rocket, impiedosa.

O grande Pokémon lançou-se contra Dratini comuma agilidade incomum para criaturas do seu tamanho, mas o dragão de Mindy era muito mais veloz e sua estatura e sua pele lhe proporcionavam maior facilidade para se mover na água. Ele submergiu e voltou a aparecer logo depois, longe de Gyarados, enquanto a serpente mergulhava com um estrondo na água onde ele estava ha pouco, há menos de dois metros de Mindy.

A agitação na água fez com que a garota tivesse dificuldades de se manter nadando e suas pernas e braços já começavam a demonstrar sinais de cansaço, mas ela ainda queria se manter na água por mais alguns momentos, para se certificar de que seu plano daria resultados.

– Dratini, atrase-o com o Twister! – ordenou Mindy. Dave foi levado a um estado de quase desespero nas costas de seu Pidgeot.

– Mindy, você está maluca?!

O ponto branco na testa do Pokémon da garota começou a emitir uma estranha luz brilhante enquanto ele, de alguma forma, levantava a maior parte de seu corpo para fora d’água. Gyarados havia submergido, mas seu tamanho e velocidade denunciavam a sua posição pelo efeito que causava na estabilidade da agua do mar. E pelo que parecia, ele estava investindo com velocidade contra o oponente.

A reação de preocupação de Dave era facilmente explicada quando se entendia que era necessário atingir Gyarados em baixo d’água. O ataque ordenado por Mindy poderia muito bem criar um rodamoinho no mar, colocando em risco não apenas os Pokémons, como ambas as treinadoras que observavam a batalha. Até mesmo a agente Rocket estava atordoada com a brutalidade e o risco que a estratégia da menina envolvia.

O ataque atingiu o alvo em cheio, mergulhando no mar e causando uma grande agitação. Fora mais dificil do que ela imaginou fazer um sinal claro com as mãos para que Dave a retirasse da água como combinado, mas ele estava tão impressionado que não o viu. Mindy foi obrigada a gritar para chamar a sua atenção.

– Dave! Dave! Agora!

O menino então entendeu e com um pequeno tapa nas costas de Pidgeot mergulhou no ar em direção a menina. Com uma das mãos ele recolheu Poliwhrill, que lutava para ajudar Mindy a se manter na superficie, e com a outra ele abaixou e segurou o braço esticado de Mindy. Pidgeot teve de fazer enorme força com as asas para tirar Mindy do mar antes que eles fossem atingidos por uma das grandes ondas que haviam sido criadas pelo ataque de Dratini. A agente rocket parecia perdida em meio às ondas, mas seu equipamento de respiração era uma garantia de que ela dificilmente se afogaria.

Enquanto isso, Gyarados fora pego no centro de um forte rodamoinho, e Mindy parecia bem satisfeita consigo mesmo, demonstrando um sorriso de meia boca enquanto era erguida para cima, pendurada unicamente pela mão de Dave. Ele sentia que era iminente o risco da menina escorregar e cair novamente na água, portanto ordenou que seu Pidgeot se afastasse um pouco da batalha para que, caso ela caisse, atingisse o mar em um ponto mais tranquilo.

– Não! – gritou Mindy, exasperada. – Ainda não!

– O que? Por que não?!

– Dratini, interrompa o ataque e se enrole no Gyarados! – ordenou ela, para a surpresa de todos.

A confusão na cabeça de Dave era similar a confusão que estava acontecendo na água, mas o menino estava focado de mais em manter a menina suspensa para se preocupar com outra coisa. Os musculos das suas costas e do seu ombro gritavam de dor, mas ele sabia que ainda não podia largar a garota. Ela também fazia um grande esforço para se segurar ao garoto com ambas as mãos, mas os dois podiam sentir claramente que ela estava escorregando.

No mar, Dratini havia mergulhado e se aproximava com velocidade de Gyarados, ainda perdido em meio a confusão do mar. Chegar tão perto a ponto de enrolar-se nele seria um desafio e, com seu pequeno corpo, Mindy duvidava que o dragão conseguisse dar mais de duas voltas pelo corpo do oponente, mas não era para isso que ela o queria ali. Dratini lutou bravamente contra a corrente enquanto um furioso Gyarados lutava para recuperar o controle.

O desespero de Dave apenas aumentou quando ela deu sua ultima ordem e ele entendeu a importancia de mante-la suspensa. Dratini havia acabado de conseguir passar seu corpo contra o de Gyarados quando ela ordenou.

– Onda elétrica, agora!

O olhar da agenteda equipe rocket foi paralisado assim que ouviu as ordens da garota, antes mesmo de ser atingida pela corte corrente eletrica que emanou do corpo de Dratini. Gyarados berrou por um momento, e uma grande área do mar foi atingida pelo ataque, mas o principal que tanto Pokémon quanto treinadora estavam, a partir daquele momento, paralisados. Dave não podia negar a surpresa com a estratégia da menina, mas a dor em seus ombros lhe impediam de falar.

Assim que Dratini cessou o ataque, Mindy soltou a mão de Dave, que relutou por segundo antes que a menina escorregasse e atingisse a água de costas, mergulhando fundo com um sorriso escancarado no rosto. Quando retornou a superficie, não se conteve.

– Uhul! – gritou, animada. – Isso foi sensancional!

Dave tentava rir enquanto massageava o ombro direito. Dratini nadara para o lado de sua treinadora em seguida e tudo parecia bem, até que a garota notou que a agente rocket havia desaparecido. Levou menos de um segundo para processar o que estava acontecendo. Sem poder se mover, ela não poderia nadar e estava rapidamente afundando para sua morte.

– Dratini, a agente! Rapido! – ordenou a garota, e em seguida o dragão mergulhou para o mar. Gyarados, por algum motivo, boiava na superficie.

Foram alguns minutos de tensão, nos quais Mindy sentiu-se extremamente culpada, além de estupida. Pensou sim em paralisar a mulher, mas esquecer completamente de avaliar as consequencias daquilo para ela. Esquecera que o peso de todo o seu equipamento a puxaria para baixo com muito mais velocidade. Pensara naquela estratégia como um modo de vencer a batalha e deixar seus perseguidores a sua merce, mas nunca havia pensado naquilo como um modo de assassinar a mulher. Apenas o pensamento daquilo lhe trazia calafrios a espinha.

A menina so conseguiu respirar aliviada quando, quase um minuto depois, Dratini surgiu na superficie enrolado no corpo da mulher. Ele a levou diretamente para sua treinadora, que a segurou com dificuldade. Dave mandou Poliwhrill novamente para ajudá-la.

– Qual é a Pokébola do seu Gyarados? – perguntou a menina, sem se lembrar de que não havia nada que a mulher pudesse lhe dizer ou fazer para lhe dar ou confirmar uma resposta.

– Ela só tem duas pokebolas – Lembrou Dave. – Tente as duas ao mesmo tempo e com certeza vai funcionar.

– Boa! – disse Mindy, deixando a mulher nos braços de Poliwhrill e tirando suas duas Pokebolas do cinto onde estavam muito bem presas. Demorou quase um minuto para conseguir liberá-las. Respirou um pouco mais aliviada quando conseguiu recolher Gyarados, podendo se sentir mais tranquila com o resultado de sua estratégia.

Pidgeto estava quase na agua, voando a uma altura muito pequena, para permitir que Dave e Mindy conversassem tranquilamente.

– Tem uma ilha aqui perto onde acho que podemos descansar. – disse o Menino.

– Acho uma otima ideia... - A menina voltou a sorrir, tranquila enquanto acariciava seu Dratini – Pidgeot, acha que pode leva-la até lá?

Dave arregalou os olhos, sem acreditar no que ouvia.

– Ela?! Uma agente rocket? Você quer levá-la com a gente?!

– Ora, mas é claro... Porque você acha que eu a paralisei?

– Mas... mas...

– Dave, ela é nossa refém agora. – Disse Mindy, calmamente. – É ela que vai nos dizer o que precisamos saber para encontrar a Equipe Rocket...

Dave estava boquiaberto. Não tinha pensando naquela possibilidade antes. Levar pessoas como refém nunca havia passado pela sua cabeça. Mas talvez Mindy estivesse certa. Eles precisavam de informações. Precisavam de um plano. Não podiam continuar as cegas como vinham fazendo.

– Você tem certeza?

– Olha, eu já pensei nisso tudo, ok? Seu gloom pode botá-la para dormir quando chegarmos na ilha e teremos ela sob controle até estarmos seguros em algum lugar. E então, podemos acordá-la e, bem, fazermos algumas perguntas...

Dave parecia indeciso, incapaz de tomar aquela decisão, mesmo sabendo que era necessária.

– E você acha que ela vai falar?

– Ora Dave, com o estimulo certo, todo mundo fala – ela sorriu, e pela primeira vez Dave teve medo do sorriso da garota.


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Notas finais do capítulo

E então, curtiram? Gostaram de ver e ouvir nomes mais familiares para os fãs do anime?

Espero sinceramente que sim. Gosto muito desse final para que estamos nos encaminhando.

Torço para ver vocês nos comentários! =)

Beijos



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