Por Trás da Seriedade escrita por Lilly Belmount


Capítulo 25
Capítulo 23 - Parte II




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A viagem fora cheio de turbulência no primeiro momento, Cindy ficou com medo de que algo de pior pudesse acontecer com ela. Pedia proteção para aguentar, para sair salva de todo o caos.

Assim que desembarcou no aeroporto da França, Cindy tentou contatar a sua tia Amelie. Não sabia para onde ir o sequer como chegar a outros lugares. A jovem tremia tanto que digitar parecia complicado demais. Na primeira tentativa dava diretamente na caixa postal. Não poderia desistir e logo tentou novamente. No terceiro toque fora atendida.

— Alô?

— Tia, a senhora pode vir me buscar no aeroporto?

— Claro que posso! Estou bem perto, já chego ai.

Quanto mais pensava em esquecer todas aquelas cenas, mais impossível se tornava. Seu peito doía demais, queria e precisava chorar desesperadamente. Assim que chegara em casa, apenas arrumou as suas malas e partiu para o aeroporto. Bem que sua mãe lhe perguntara o que tinha acontecido, mas tudo o que conseguira dizer era que se tratava de um trabalho escolar, de que precisava de um tempo longe de todas as pessoas do colégio. Fora isso não houve mais nenhuma pergunta. Queria chegar logo na casa de sua tia. Precisava de alguém que compreendesse as suas dores. Esperar em pé não parecia ser uma boa ideia, logo ela procurou um lugar para se sentar. Olhava a todo instante em seu relógio, mas sua tia não chegava. Ficar olhando para o nada só fez com que ela se cansasse cada vez mais. Acabou por pegar no sono. Lutava para se manter acordada, mas suas tentativas foram em vão. Seu corpo se relaxara por completo.

— Ei, acorde! — Chamava uma voz suave.

— Ai minha cabeça, está tudo doendo.

— Oh minha amora! Me desculpe a demora. Deu problema no carro e não consegui chegar mais cedo.

Olhar para aquele rosto familiar só fez com que a garota não controlasse as suas emoções. Abraçou sua tia e começou a chorar intensamente.

— O que aconteceu querida?

— Ele... me... traiu — Respondeu Cindy entre soluços intensos.

— Como assim?

— Tia, por favor me tira daqui. Eu não quero voltar mais para Londres. Quero criar essa criança sozinha, longe do Jared.

— Calma amora. Vamos pra casa e lá conversaremos com muita calma.

Amelie ajudou a garota a pegar seus pertences e caminharam lado a lado até chegarem ao carro. Ela não havia notado nada de tão diferente na jovem, o moletom que Cindy vestia escondia qualquer vestigio de sua gravidez. A senhora ajudou Cindy a carregar as suas malas. Não eram tão pesadas, mas deveria fazer algo por ela.

Ventava muto forte do lado de fora. Colocaram tudo dentro do porta malas e logo assumiram as suas posições no carro. Amelie não gostava de ver as pessoas tristes ou magoadas. Se a sua sobrinha estava com o coração partido logo iria fazê-la recuperar todos os pedaços que foram perdidos. Não iria começar a conversa até chegar em casa. No carro não seria uma boa forma de manterem-se relaxadas.

As ruas da França estavam calmas, os comércios lotavam as calçadas. Não dava para imaginar que a vida dos franceses fosse ruim. Cada cidadão praticava atos de bondade e gentileza para com os outros. Um gesto tão bonito que Cindy nunca presenciara em Keaton. Quanto mais tentava parar de chorar, mais dificil era para Cindy. A dor de uma traição era muito grande.

— Amora, se importa se pararmos para comprarmos alguma flores e frutas? — Perguntou Amelie cautelosa.

— Claro que não! Preciso me distrair bastante.

Amelie sorriu divertida. Fazer compras era com ela mesmo. Uma forma muito gostosa de distrair e divertir a mente. Ela estacionou o carro na porta da floricultura do senhor Garret. Um senhor que tinha mais de sessenta anos e que adorava cuidar de suas beas e grandiosas flores. Sua loja era a das mais frequentadas e recomendadas. No dia de São Valentin não sobrava uma semente sequer para contar história. Suas flores eram únicas. Gostava principalmente de ouvir as histórias sobre os corações apaixonados. Ele tinha a esperança de que um dia seu filho pudesse encontrar alguém que o completasse.

Garret e seu filho Pierre organizavam belos buquês de violetas em arranjos magnificos. Ficaram felizes ao verem Amelie e sua sobrinha entrar no estabelecimento.

— Boa tarde Garret!

— Madame Amelie, quanta honra em recebê-la na minha humilde floricultura. — Cumprimetava Garret.

— O prazer é todo meu! Vim comprar algumas de suas belas flores para alegrar a minha casa. — Ela apontava para Cindy — Essa é a minha sobrinha Cindy, vai passar alguns dias comigo! Espero que o Pierre possa ser um bom guia turistico quando eu estiver ocupada.

Pierre sorriu empolgado com a ideia de fazer novas amizades. Principalmente vindas de outros países.

— Será um prazer Amelie! — Exclamou Pierre animado.

Cindy estava mais afastada apenas observando cada uma daquelas flores exóticas. Nunca contemplara tantas cores misturadas, formas diferentes.

— Gosta de flores? — Perguntou Pierre educadamente.

— Um pouco! — Respondeu ela simplesmente — Você tem cara de que gosta de violetas. A cor da realeza.

— Minha cor favorita é roxo! Sou a Cindy — Apresentou-se ela.

— Pierre.

— É difícil cuidar de flores?

— Depende da origem de cada uma delas. Temos que cuidar como se fossem uma criança.

— Claro! — Ela sorriu docemente ao lembrar da criança que crescia dentro de si.

— Vamos querida? Temos muito o que fazer ainda. — Chamava Amelie.

— Foi um prazer conhece-los — Despedia-se a garota.

Novas amizades abriam. Vira Pierre crescer e se tornar um jovem educado e amoroso. Passara por bullying na sua vida pelo simples fato de ajudar o seu pais a vender flores. Ele não se importava com as provocações e insultos, amava o seu pai e o que fazia para ajudá-los. Não encontrara pessoas dignas para manter uma amizade pura e sincera. Se isolar na época parceia funcionar muito bem, estudou em casa, aprendera mais com o convivio rotineiro ao invés de frequentar a escola.

Cindy não imaginava que a casa de sua tia fosse tão grande. Era como se estivesse vendo uma casa da Barbie em tamanho real. Por fora ela era toda fofa, com belas flores na entrada, tons de rosa e creme davam um ar de romantismo para a casa toda. Seus olhos eram preeenchidos com tanta fofura e delicadeza. Quando entrou na casa foi como entrar num verdadeiro desenho animado. Toda a decoração se assemelhava as atitudes de Amelie.

Amelie deixou a sua sobrinha aproveitar do momento para conhecer a casa, e para que ela pudesse se desprender de qualquer outro pensamento que se dirigisse a Jared. O silêncio ajudava sempre.

Depois de tomar um bom banho relaxante e colocar as suas malas no quarto, Cindy sabia que Amelie não esqueceria de tocar no motivo que a levara até a França. A senhora já devidamente vestida para mais uma noite de descanso chamou sua sobrinha para ter a devida conversa.

— Me conte minha querida o que aconteceu — Pediu Amelie sentando-se ao lado de Cindy.

— Ah tia! É tão complicado de dizer...

— Tente! Só assim consigo te ajudar minha amora.

— Ele me traiu... vi com os meus próprios olhos. Só não quero ter de lembar dessas cenas, por isso vim para cá. Decidi que quero criar essa criança sozinha.

Amelie estudava muito bem as plavras pronunciadas por Cindy. Só agora compreendera melhor.

— Você está gravida do Jared?

— Estou... podemos descansar. Quero aproveitar cada minuto ao lado da melhor pessoa nesse mundo.

Amelie concordou e a conduziu para o seu quarto. Sua semana seria muito agitada e animada agora que sua sobrinha estava por perto.

**********

Nos próximos dias que se seguiram Cindy fora conduzida a vários passeios com Amelie e Pierre. Ele se mostrava um jovem encantador, mas diferente em alguns aspectos. O sonho de Pierre era conhecer Jared Colleman. Ficaria louco se soubesse que Cindy tivera um caso com ele. Em sua inocênica, ele não seria capaz deadivinhar, mas isto não fazia com que Cindy o menosprezasse. Agia normalmente com ele durante os passeios, mas por dentro sofria por saber que seu relacionamento não estava saudável. Um corte enorme havia sido feito e só o tempo poderia curar e deixa-la mais forte.

Amelie gostava de passear principalmente à noite, nos primeiros passeios Cindy conseguiu enxergar as belezas parisienses, dos melhores restaurantes, das mlehores lojas. Infelizmente alguns lugares tocavam músicas da banda The Fallen e isso fazia com que a garota desejasse ficar em casa, evitando que qualquer lembrança a atingisse.

Entre uma conversa e outra Cindy acabou contando que estava grávida eque um dos motivos que estava ali com a sua tia era por querer respirar novos ares, esquecer os olhares de repreensão. Pierre a compreeendia melhor do que qualquer outra pessoa.

A semana passava rápido e Cindy já havia decidido que retornaria para casa, não poderia ficar tanto tempo afastada do colégio e de seus familiares. França continuaria sendo sempre um dos seus países favoritos. Sempre que pudesse estaria ali novamente para ter longas conversas com Pierre, Garret e com sua tia Amelie.

A relação de Cindy com Pierre crescia fortemente. Ele a fazia sorrir nos momentos mais inacreditáveis. Mesmo sendo tão simples havia algo que ele parecia querer contar. Havia muitos lugares que Cindy gostaria de conhecer e talvez a sua nova amizade poderia ajudá-la a descobrir os encantos da cidade luz. Ele a convidara para um piquenique num campo verdejante que ele muito amava. À principio ficaram quietos, cada qual com os seus pensamentos mais profundos e esclarecedores. Com os olhos fechados, Cindy começava imaginar o seu bebê com alguns anos mais para frente, brincando livremente no meio do campo. Um sorriso doce e angelical iluminaria os seus dias tristes.

Demorou para que o silêncio enfim fosse quebrado. A garota começou a conversa através de uma observação que havia feito.

— Você não parece gostar muito das garotas daqui, não é Pierre? — Cindy tentava adivinhar.

Pierre deu de ombros.

— O problema não são as garotas Cindy. — Ele suspirou pesado — Sou eu quem tenho problemas.

— Quer falar? Sou uma boa ouvinte — Sugeriu Cindy.

— Há alguns anos eu fiquei com uma garota, mas ela esperava muito de mim e eu não sabia lidar com a situação, passaram-se alguns meses e não havia mais atração nenhuma por ela. Nunca teve na verdade... — Cindy o interrompeu.

— Você é homossexual?

— Sou! — Disse ele tristonho — Espero que não tenha nenhum tipo de preconceito.

Cindy sorriu docemente e o abraçou.

— Não tenho preconceitos! Isso é diferente.

— Meus pais não sabem. Tenho medo de falar e depois acabar matando-os de desgosto, por isso aceitei ficar saindo contigo. — Declarou Pierre.

— Vou te dar um conselho — Ele ouvia atentamente — Conte a verdade para os seus pais. Eles podem ficar com raiva no começo, pois tudo o que queriam era a sua felicidade. Os seus pais te amam e vão te aceitar do jeito que você é.

— Como você sabe? — Duvidava Pierre.

— Eu passei pela mesma situação quando minha mãe descobriu a gravidez. Me ofendeu, falou o que filho nenhum deseja ouvir, mas no fundo ela sabia que tinha de me ajudar, em apoiar. Sou uma mãe sem experiências e tenho de aprender tudo com ela.

— Espero que esteja certa! Tudo o que eu mais desejo é a minha felicidade com o Andreas.

Cindy sorriu docemente tocando levemente o rosto dele. Um rosto sereno com um sorriso tímido, mas com um olhar apaixonado pela vida.

— Cindy, você promete me ajudar? — Seu olhar era suplicante.

— Vou te ajudar sim. Aliás, já até sei como. Minha tia vai amar a ideia que acabei de ter.

— Qual sua louca?

Por um momento os pensamentos de Cindy foram transportados para Roberta. Mesmo longe sentia saudades de sua amiga. Não deu tempo de lhe contar sobre a sua viagem que faria até a casa de sua tia. Rezava para que Brenda lhe esclarecesse tudo.

— Tudo bem? — Perguntou Pierre preocupado diante do silêncio da jovem — Está sentindo alguma dor?

— Estou bem! Só me lembrei da minha amiga. Vamos para casa, temos muito o que fazer.

O fim da tarde foram regados a sorriso e piadas de todos os tipos. Amelie de fato apoiava a iniciativa de sua sobrinha para ajudar Pierre. Ele tinha o direito de ser feliz. Não imaginava que ele pudesse ter um gosto tão diferente, mas naquela noite tudo iria se resolver. Pierre disse que Cindy deveria conhecer Andreas e assim ela não se importou em ter mais convidados no jantar.

As mulheres tomavam conta da cozinha, enquanto Pierre fazia questão de deixar a mesa e a sala de jantar mais agradável. Andreas hvaia chegado muito cedo. Amelie e Cindy se entreolharam ao ver o quanto os dois se amavam. Nunc haviam presenciado novas formas de amar. Andreas era um rapaz alto beirando os seus 1, 70, loiro das sobrancelhas grossas, com um belo par de olhos verdes intensos.

Pierre e ele se tornavam fofos um com o outro. Pierre era um bom mais baixo em torno de um 1,65. Educado e muito esforçado em tudo o que fazia. Suas covinhas e seu sorriso torto de lado eram o seu charme. Não dava para não se encantar com os dois. Quem os via junto acreditariam que fossem apenas amigos, mas o coração deles batiam muito mais forte quando estavam juntos.

— Agradeço pelo que está fazendo por nós Cindy! — Agradecia Andreas emocionado.

— Não por isso.

— O Pierre me falou tanto de você que comecei a acreditar que pudesse ser brincadeira.

— É um prazer ajudar as pessoas. Um dia irei abrir uma fundação para ajudar as pessoas. — Declarou Cindy.

— Será um sucesso e todos irão te amar. Continue com esse seu coração imenso, recendo e ajudando as pessoas a se encontrarem nesse mundo cheio de preconceito e barbare.

Dito isso Cindy voltou a cuidar do jantar. Em poucas horas a família de Pierre estaria ali para a grande revelação. Sentia-se nervosa e ansiosa pelo momento.

O jantar especial estava belo ao olhos de quem nunca vira Cindy cozinhar. Se sentia orgulhosa por tentar ajudar seus novos amigo. Mandava energias positivas para que tudo saísse bem naquela noite. Com tudo pronto, só faltava a chegada de seus convidados.

A campainha tocou e Cindy fora atender.

— Boa noite senhor Garret! Fico feliz que tenha vindo.

— Você é um amor querida, mas não quero dar nenhum trabalho.

— Imagina! É um prazer fazer novas amizades. Essa deve ser a Sophie estou certa?

A senhora sorriu.

— É um prazer te conhecer minha jovem.

— O prazer é todo meu!

— Vejo que o Andreas também veio. Quanta honra em vê-lo. — Cumprimentava Garret

Entre conversas animadas e amistosas o jantar foi servido. Todos se divertiam bastante com a animação de Cindy e Amelie, as duas se tornavam uma dupla dinâmica impossiveis de controlar. No fundo o riso é uma fuga quando há algo mais sério. Pierre demosntrava o nervosismo. Tinha de começar a falar o quanto antes.

— Senhor Garret e Sophie este jantar tem o intuito de fazer uma grande revelação. Espero e acredito que de primeiro momento possam achar estranho, mas peço que escutem atentamente e que tenham uma mente aberta.

— Podemos ir para a sala — Sugeriu Amelie.

Não hesitaram em seguir a sugestão e logo todos estavam na sala prestando atenção enquanto Pierre tomava a frente deles.

— Pai — Começou Pierre — Durante todos esses anos tenho sido muito grato a tudo o que tens feito por mim, mas chegou a hora de eu ser sincero. — Ele respirou fundo — Eu sou homossexual.

Um intenso silêncio se formou na sala. Garret e Sophie ficaram chocados com a revelação. Não esperavam que Cindy pudesse influência-lo a se descobrir. Cindy ficou ao lado de Pierre, queria ter certeza de que tudo iria ficar bem entre ele e seus pais.

Garret se aproximou do filho puxando-o para um abraço.

— Oh meu filho! Jamais imaginaria que fosse diferente, mas sua mãe e eu estaremos ao seu lado para o que precisar.

— Pierre, jamais iremos julgar o nosso filho. Ser diferente é legal. — Sophie sorria.

— Fico feliz por entenderem... — Virou a sua atenção para Cindy. — Serei eternamente grato a sua ajuda Cindy. Me ajudou a enfrentar o meu medo.

— Você sempre foi corajoso, Pierre. Só te dei um pequeno incentivo.

— Eu sempre gostei muito do Andreas e com a ajuda da Cindy consegui colocar para fora. — Declarou Pierre a todos.

Todos se puseram a comemorar. A tarefa de Cindy fora executada com maestria. Agora seria a sua vez de resolver todos os seus próprios problemas.


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