Just a Dream escrita por ColorwoodGirl, WaalPomps


Capítulo 2
Capítulo 1




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Abriu os olhos devagar, suspirando pesadamente. Por melhor que fosse dormir em um quarto, ainda sentia falta do aconchego de seu armário, mesmo sabendo que já não caberia mais lá. Agora, dormia no antigo segundo quarto de Duda.

A mudança havia ocorrido quando ele tinha pouco mais de onze anos e um homem grande, corpulento e barbudo aparecera na porta da casa dos Dursley. Tinha um forte sotaque britânico, algo que surpreendeu Harry. Nos Estados Unidos era estranho ver algo assim.

Ele havia cumprimentado Harry efusivamente, mas logo tio Valter o levou para longe e passaram algumas horas conversando. O homem, um tal Rúbeo Hagrid, perguntou a Harry como ele vivia, e pediu total sinceridade. Convencido de que pior do que estava não ficaria, Harry contou tudo à Hagrid.

O que se seguiu foi mais uma discussão de horas, em particular, entre Valter e Hagrid. Quando o homem se foi, disse que manteria contato, o que fez seus tios engolirem em seco. Naquela mesma noite, Harry foi remanejado para o quarto, onde teria uma cama, uma escrivaninha e até mesmo poderia usar o antigo computador de Duda. Sua tia lhe comprou roupas usadas, porém em um tamanho adequado para ele, além de óculos novos. Mesmo que Duda tenha batido o pé e gritado muito com os pais por não ter mais seu segundo quarto, os Dursley nada fizeram, para a surpresa dos dois garotos. Apenas continuaram a destratar Harry, mas agora com o bônus de lhe dar alguns privilégios materiais.

Nunca mais viu Hagrid e, às vezes, temia que, seja lá o que ele falara com seus tios, deixasse de fazer efeito. Mas isso nunca havia acontecido e Harry continuou sua vida em paz.

Aos 15 anos, arranjou um bico na loja do Sr. Olivaras, um homem já idoso, solitário, que tinha uma velha loja de pesca e não dava conta dela sozinho. Harry trabalhava lá durante a tarde toda e parte da noite, e isso lhe dava algum dinheiro, além de livrá-lo de tempo ocioso para Duda e seus amigos o perseguirem. Temia que os tios tentassem tirar o dinheiro que conseguia, mas o casal nunca demonstrara interesse, mesmo após Duda dizer que deviam fazer isso. E dar-lhe o dinheiro para gastar no fliperama.

Agora ali estava ele, prestes a completar 18 anos e finalmente se tornar um homem. Percebera com surpresa que os tios estavam temendo essa data, dia em que, desde criança, Harry tinha certeza que iria deixar aquela casa. O dinheiro que ganhara, inclusive, estava todo guardado no banco, para quando chegasse o momento de deixar aquele lugar.

Se levantou e apanhou o uniforme do trabalho, já que havia se formado algumas semanas antes, se livrando para sempre do inferno que era o colégio. Agora precisaria começar a economizar para a faculdade e decidir o que iria querer fazer da vida.

Desceu as escadas em direção à cozinha, onde os três parentes já tomavam seu café. Se surpreendeu ao ver Duda ali, levando em conta que nas férias o primo não acordava antes do meio dia. Continuava um porco de peruca, apenas em versão maior, e naquele momento trajava uma roupa social que lhe deixava parecendo ensacado.

“Bom dia.” Sua tia o cumprimentou com um largo sorriso e ele arqueou a sobrancelha. “Sente-se, querido, vou servir seu café.”

Ele olhou em volta, em busca de alguma câmera para mostrar que aquilo era pegadinha, mas não encontrou nada. Apenas sentou-se, começando a comer o farto prato que havia à sua frente.

“Então, rapaz... Amanhã você finalmente completa 18 anos.” Começou seu tio e Harry entendeu: eles estavam felizes porque ele, afinal, iria partir. “Já pensou em que faculdade fará?”

“Na verdade não. Ainda não sei o que quero da vida e, além do mais, não tenho dinheiro.”

“Mas e o que você vem juntando do emprego no Olivaras?” Perguntou Valter.

“Bom, não é tanta coisa assim.” Lembrou Harry. “E também tem o aluguel do apartamento, que vai consumir parte dele.”

“Que apartamento?” Guinchou Petúnia.

“Eu aluguei um apartamento perto da loja do Olivaras.” Admitiu Harry, aliviado. “Me mudo depois de amanhã.”

“Mas é claro que não.” Bradou Valter, assustando tanto Harry quanto Duda. “Essa é sua casa rapaz, você cresceu aqui, e aqui deve ficar.”

“Como?” Perguntaram os dois rapazes ao mesmo tempo.

“Duda, querido, vá pegar a correspondência, enquanto a mamãe serve o Harry.” Pediu Petúnia, mandando um olhar sério para o marido, que suspirou, vendo-a encher novamente o prato do garoto.

Duda resmungou muito, mas afinal se levantou e foi até a porta, voltando não muito depois com uma expressão estranha.

“Tem uma da Inglaterra aqui... Endereçada ao Harry. De um lugar chamado Hogwarts.”

Valter e Harry engasgaram ao ouvir aquele nome. Hogwarts? Aquele nome lhe era familiar de seus sonhos estranhos, com magia e bruxaria. Mas não era possível, era?

Antes que reagisse, Valter já havia apanhado o envelope de Duda e rasgado em vários pedaços, deixando Harry indignado.

“Por que fez isso?” Gritou ele, quase derrubando a mesa ao se levantar. “É a primeira vez que recebo uma carta na vida.”

“É propaganda, querido, não se preocupe.” Pediu Petúnia, colocando a mão em seus ombros e encarando o marido, nervosa. “Vá para o trabalho ou vai se atrasar. Quando você chegar, nós conversamos sobre a história do apartamento, está bem?”

Harry assentiu a contragosto, apanhando sua jaqueta velha perto da porta e saindo bufando. O que havia sido aquilo? Em quase 17 anos que havia vivido na casa dos Dursley, jamais recebera um tratamento tão carinhoso, ou com tentativa de carinho. E que história era aquela de continuar a viver com eles? Sua mala já estava pronta com as poucas coisas que tinha e que levaria consigo.

Chegando ao Olivaras, encontrou o velho homem sentado atrás do balcão, terminando de atender um homem de meia idade, cabelos negros longos, extremamente magro. Trajava uma camisa polo simples e jeans escuros, além de um sapatênis.

“Bom dia, Sr. Olivaras.” Cumprimentou Harry, caminhando para os fundos da loja.

“Bom dia, rapaz.” Cumprimentou o frágil homem. “Você pode embalar a mercadoria do Sr. Black para mim?”

“Claro.” Concordou, apanhando as varinhas e iscas sobre o balcão e começando a embalá-las. Viu um livro de pesca para iniciantes e riu. “Querendo aprender a pescar, Sr. Black?”

“Estou na cidade para conhecer meu afilhado.” Respondeu o homem com um sotaque inglês forte, ainda encarando o Sr. Olivaras. “E, bom, estou pensando em alguma atividade legal para fazermos.”

“Sempre quis ir pescar.”

“Você trabalha em uma loja de pesca e nunca pescou? Isso é...” Começou o Sr. Black rindo e virou-se para Harry, mas parou estático ao vê-lo.

“Eu sei, isso é estranho.” Concordou o rapaz, dando de ombros. “Mas nunca tive quem me levasse para pescar. Na verdade, nem sei se existem lagos nessa cidade, e eu nunca sai dela.”

Ele terminou o embrulho, levando até o Sr. Black, que ainda o encarava espantado. Harry pareceu embaraçado e o Sr. Olivaras, curioso.

“Algum problema, Sr. Black?” Perguntou o velho senhor, atraindo a atenção do homem, que balançou a cabeça, piscando algumas vezes e sorrindo falsamente.

“Nada... O rapaz apenas me pareceu familiar.” Admitiu Black. “Bom, você parece quase adulto, rapaz, logo poderá ir pescar sozinho. Ou então, pedir a algum outro parente que o leve.”

“Acho difícil, Sr. Black.” Comentou Harry, estanhando a maneira como o homem o olhava. “Só tenho meus tios, e eles não são muito fraternais se quer saber. E além do que, uma viagem dessa despenderia muito dinheiro.”

“Bom, nunca se sabe o dia de amanhã, senhor...”

“Potter, Harry Potter. Muito prazer.” Apresentou-se Harry, estendendo a mão. O homem arregalou os olhos novamente, mas sorriu, apanhando suas coisas e saindo da loja. Harry encarou o patrão, que apenas deu de ombros, logo indo atender um homem que entrara com seus dois filhos gêmeos.

O dia passou sem mais emoções. Ainda tinham um mês até a volta às aulas, muitos pais iam comprar equipamentos para levar seus filhos pescar pela primeira vez. No passado isso mexia com Harry mais do que ele queria demonstrar, especialmente depois de tio Valter ter convencido Duda a passar um fim de semana no lago, evento que nenhum dos dois aproveitou, e Harry desconfiava ter sido proporcionado apenas para atingi-lo.

No fim da tarde, se despediu do Sr. Olivaras após protelar o máximo possível, sem nenhuma vontade de encarar os tios. Caminhou com as mãos enfiadas bem fundo nos bolsos, estranhando o ar frio daquele dia de verão.

O percurso de vinte minutos levou mais de quarenta, levando em conta sua velocidade e paradas por qualquer motivo, e ao chegar viu que, não apenas os carros de seu tio e primo estavam ali, mas também um grande sedan preto. Ótimo, além de tudo teria que aguentar mais um dos jantares de negócio de seu tio em que teria de ficar trancado em seu quarto. Pelo menos havia comprado algumas porcarias na lojinha do outro quarteirão.

Entrou com o máximo de silêncio possível, mas não foi o suficiente. Tia Petúnia apareceu assim que atravessou a porta, sua expressão já abatida ainda mais dolorida. Sua boca era uma linha quase invisível, tamanha era força que ela aplicava em mantê-la fechada.

“Já sei, já sei... Devo subir e fingir que não existo.” Disse ele erguendo as mãos.

“Na verdade, não.” A voz veio da sala e Harry a achou familiar.

“Sr. Black?” Perguntou Harry e o homem apareceu ao lado de sua tia, com um segundo homem, um pouco mais alto, porém tão magro quanto o primeiro.

“Meu Deus, Sirius, você não estava brincando quando disse que ele era uma cópia de James.” Admirou-se o homem com um sotaque acentuado, espantando Harry.

“Perdão, mas vocês conheciam meu pai?” Os homens concordaram.

“Meu nome é Sirius Black e esse é Remo Lupin. E estamos aqui por você rapaz.” Disse o primeiro, emocionado.

“Por mim?” Perguntou Harry encarando a tia, que evitava olhá-lo.

“Sim... Você não sabe, mas eu sou seu padrinho.” Explicou Sirius. “E eu vim buscá-lo para assumir seu lugar de direito como presidente das Empresas Peverell.”


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Notas finais do capítulo

Hello, como vão?
Bom, não tivemos nenhum review no capítulo anterior, mas eu sei que o prólogo é meio parado, sorry. Eu particularmente gosto muito desse capítulo, e espero que vocês também. E se gostaram, comentem, que sempre é uma força que a gente tem, né?
See you ;*