Just a Dream escrita por ColorwoodGirl, WaalPomps


Capítulo 3
Capítulo 2




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O clima naquela sala era tão denso que poderia ser cortado por uma faca. Harry caminhava de um lado para outro, encarando os tios no sofá, ambos cabisbaixos. Duda tinha a boca ligeiramente aberta, ainda tentando assimilar tudo que havia acontecido. Sirius e Remo estavam encostados ao balcão da cozinha, apenas observando o desenrolar da cena.

“Vocês sabiam?” Perguntou Harry, irritado. “Souberam esse tempo todo que eu tinha um padrinho, que poderia ter cuidado de mim ao invés de ter que viver aqui, e nunca me contaram? Aliás, por que você nunca veio atrás de mim?”

Sirius suspirou, se aproximando de Harry e indicando que ele sentasse ao seu lado no sofá. Eles se sentaram e o mais velho tirou um envelope de dentro de seu bolso.

“O que você sabe sobre a morte de James e Lily?” Perguntou Black e Harry deu de ombros.

“Muito pouco. Apenas que foi num acidente de carro. Estou correto?”

“Sim. Mas não um acidente de carro comum. Foi um atentado contra a vida de seus pais. Um golpe político, digamos assim, pela presidência da empresa, desconfiamos nós.

“Quer dizer que eles foram assassinados?” A voz do rapaz saiu rouca pelo espanto.

“Sim. Quando isso aconteceu, nem eu e nem Remo estávamos no país. E o homem de confiança de seu pai, que acreditávamos ser nosso amigo... Bom, basta dizer que ele estava trabalhando para quem quer que tenha feito isso. E ele facilitou a tentativa da pessoa de se aproximar de você e fazer-lhe mal.”

“Essa cicatriz tem alguma ligação com isso?” Perguntou Harry, erguendo o cabelo, e o padrinho concordou.

“Não sabemos como ela chegou nesse formato de raio, mas você não a tinha antes disso.” Contou Remo e Harry assentiu.

“Assim que soubemos da morte de seus pais, nós voltamos para Londres.” Prosseguiu Sirius, espantando Harry. “Vai dizer que você não sabe que é de Londres? Pelo amor de Deus, o que vocês contaram a ele? Nada?”

O casal não respondeu, apenas permaneceu de cabeça baixa, Petúnia parecendo abalada e Valter nervoso. Duda continuava com cara de bobo, nada fora do usual, encarando tudo sem entender nada. Novamente, nada de novidade.

“Em todo o caso, assim que pisei em Londres, perguntei por você, e me disseram que estava com Peter. Lene me pediu que ficasse tranquilo, mas eu não conseguia. Seus pais haviam me nomeado seu padrinho e eu lhes prometera cuidar de você, caso eles se fossem. Então fui diretamente à casa de Peter e, lá chegando, eu podia ouvir seus gritos da rua.”

Em sua mente, Harry conseguia formar essa imagem. Um Sirius mais novo em busca dele. Talvez porque por muitos anos havia imaginado isso, alguém que buscava por ele e o tiraria da casa dos Dursley.

“Eu bati, bati e bati, mas ninguém abriu. Então mandei que Lene ligasse para a polícia, enquanto entrava pelos fundos. Quando arrombei a porta, encontrei com Peter. Perguntei por você e ele começou a gaguejar e suar frio. Foi então que percebi que ele era parte daquilo. Ele partiu para cima de mim e travamos um combate corpo a corpo. Ele apontou uma arma para mim, mas nesse momento a polícia chegou. No meio da confusão, eu subi as escadas correndo, gritando por você. Havia alguém com você, pois Lene diz que o viu pulando pela janela, mas creio que não conseguia te levar junto, então deixou você no quarto.

“E como eu vim parar aqui?” Perguntou Harry e Sirius suspirou.

“Alvo Dumbledore.” Disse Sirius, e Harry arqueou a sobrancelha. Aquele nome era estranhamente familiar à ele. Mas se pensasse, o de Sirius e Remo também eram. Até mesmo o de Hagrid, de anos atrás, lhe era familiar. E, novamente, daquele mesmo sonho estranho.

“E quem seria ele?” Perguntou Harry, mas algo o dizia que não era o diretor de uma escola de magia, que por acaso havia lhe enviado uma carta mais cedo.

“Ele era o diretor da Ordem da Fênix, uma empresa de segurança contratada pelo seu bisavô vários anos atrás, fundada por Dumbledore quando jovem, após sair das forças armadas britânicas. Com o passar dos anos, Alvo e seu bisavô desenvolveram uma bela amizade e, após a morte prematura de seu avô, Alvo começou a cuidar pessoalmente dos assuntos de segurança dos Potter.”

“Mas quantos anos tem esse Dumbledore?” Harry ficou surpreso que o homem tivesse conhecido seu bisavô.

“Faleceu três anos atrás, com 96 anos.” Explicou Remo. “Porém, ela designou um ótimo agente para cuidar dos casos da família Potter, seu nome é Kingsley.”

“Mas o que esse Dumbledore fez para vocês me mandarem para cá?” Perguntou Harry, curioso e impaciente.

“Não foi algo que ele fez, foi algo que todos concordaram após longo debate.” Prosseguiu Sirius. “O atentado contra você foi o que levantou as suspeitas sobre o acidente de seus pais. Quando foi provado que havia sido um acidente criminoso, percebemos que você não estava seguro, especialmente por não sabermos quem estava por trás de tudo isso. E Alvo então disse que você teria que ir embora, para um lugar seguro.”

“Você precisa saber que tanto eu quanto Sirius fomos contra isso.” Lupin intercedeu. “Sirius e Lene especialmente. Mas não tínhamos muito que dizer. Após o que havia acontecido com Peter, que argumentos tínhamos nós?”

“A diretoria da Peverell estava pressionando Alvo sobre a sua segurança, dizendo que nós não éramos confiáveis, que poderíamos nos aproveitar de você. Foi preciso muita discussão, mas ele nos convenceu a deixar você partir. Menos de um mês após seus pais falecerem, eu me despedi de você e te entreguei à Rúbeo Hagrid, que acho que você se lembra, não? Ele era, e foi até o fim, um dos homens de maior confiança de Dumbledore. Apesar do tamanho e da falta de jeito, sempre foi uma pessoa muito carinhosa e atenciosa, especialmente com sua mãe e você. Ele te trouxe sem grandes problemas e lhe deixou com seus tios. Porém, somente ele e Alvo sabiam onde você estava.”

“E por que ele apareceu aqui, alguns anos atrás?” Perguntou Harry, e Sirius e Remo encararam os Dursley irritados.

“Apesar de não sabermos aonde você estava, havia certas coisas que deviam ser providenciadas. Por exemplo, como herdeiro de um império como a Peverell, você deve ser uma pessoa com um bom estudo, então um bom colégio era essencial. E Alvo disse isso a seus tios, inclusive engrossando a mesada que mandávamos, para que pudessem lhe pagar um bom colégio. Porém, quando procuraram por Harry Potter, nenhum foi encontrado. Em compensação, havia um Duda Dursley, num caro e tradicional colégio da cidade.” Explicou Sirius, fazendo a boca de Harry se escancarar.

“Você tem que estar de brincadeira.” Pediu Harry e o padrinho negou.

“Foi então que Alvo mandou Hagrid, para que ele visse como as coisas estavam por aqui. E qual foi a surpresa dele ao descobrir que você, o herdeiro de uma das maiores empresas do mundo, usava as roupas usadas do primo gordo, dormia embaixo da escada, usava óculos remendados e estudava em um colégio de periferia.”

“Ele ameaçou tirar a mesada de vocês.” Deduziu Harry, encarando os tios irritado, “Foi por isso que vocês começaram a me dar algumas coisas e me mudaram de colégio.”

“Do que podemos ver pelas fotos nessa casa e pelo seu quarto, não foi uma grande mudança.” Observou Lupin. “E Sirius disse que você reclamou sobre falta de dinheiro. E agora vemos que você sabia ainda menos do que imaginávamos.”

“O que vocês fizeram com o dinheiro que me mandavam?” Se exaltou Harry. “E não digam que usavam comigo, porque pelo que Sirius e Remo estão dizendo, não era pouco dinheiro. Foi a minha mesada que bancou os luxos e mimos do Duda todos esses anos? É isso?”

“Nós cuidávamos de você, lhe alimentávamos, lhe dávamos um teto, e nos arriscávamos mantendo o garoto em casa.” Rosnou Valter. “Nunca tivemos nada a ver com os Potter e seus negócios, ou com aqueles ingleses nojentos. Tínhamos o direito a algo por tudo isso.”

“Harry é seu sobrinho, sangue do seu sangue.” Lembrou Remo.

“Ele é filho daquela destrambelhada com aquele nojento.” Exaltou-se Valter, e antes que percebesse, tinha caído para trás, virando o sofá e levando Petúnia junto. Harry observou surpreso Sirius arfando, o punho ainda à frente após ter dado um forte soco no rosto de Valter.

“Nunca. Mais. Ofenda. James. Ou. Lily. Na. Minha. Frente.” Ele sibilou, sílaba por sílaba. “Harry, tem algo nessa casa que você queira levar embora?”

“Poucas coisas. Coisas que eu comprei desde que comecei a trabalhar no Olivaras. Estão na mala lá em cima.”

“Então, por favor, vá buscar enquanto eu e Remo terminamos de conversar com seus tios.” Pediu o padrinho e ele concordou, subindo as escadas de dois em dois degraus. Chegando ao seu quarto, apanhou a pequena mala e observou o local uma última vez, suspirando profundamente.

Desceu as escadas encontrando o clima na sala ainda tenso. O sofá estava de volta ao lugar e Petúnia (Harry não conseguia mais pensar neles como seus tios) segurava um saco de ervilhas congeladas no rosto do marido. Duda ainda parecia um idiota, sem entender nada.

“Pronto para irmos? Nossos advogados entrarão em contato em breve.” Sirius ameaçou os Dursley uma última vez, antes de se virar para sair. Ele e Remo passaram por Harry, que continuou encarando os tios.

Ele queria muito encontrar algo para dizer, mas não conseguia. Sempre havia esperado por esse dia, e não era nada como ele havia imaginado. Era melhor, bem melhor. Porque ele sabia que, com sua partida, os Dursley pagariam por tudo que haviam lhe feito nesses anos todos.

E foi com esse pensamento e um sorriso no rosto que entrou no carro de Sirius e se despediu da Rua dos Alfeneiros, número 4.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoal, como vão? Fiquei feliz de descobrir que tem leitores da primeira versão por aqui, espero que gostem de reler a fic ^.^
E aí, estão gostando das mudanças? Das adaptações do mundo mágico para o mundo 'trouxa'? Quero saber a opinião de vocês.
See you soon ;*
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