Os dias se passaram tão rápido quanto uma corrida de tartarugas. A tentativa de arranjar um emprego foi péssima, e agora estou ocupando meu tempo ajudando Amália em um projeto social da igreja, onde estaremos ajudando famílias carentes.

Nesses dias, não vi Gabriel apenas Lily – que sempre vem aqui, depois da escola. Estou passando mais tempo com Thomas do que com os meus melhores amigos e já estou com saudades de ver Gabriel se implicando com Lily e vice versa. E no momento que pensei em ligar para a casa deles, recebo uma ligação de Lily dizendo que hoje eu e Amália vamos almoçar na casa dela.

– Amália – falei observando meu guarda-roupa. – Que roupa você acha que devo usar?

Ela sorriu enquanto se aproxima de mim.

– Com a qual você se sentir melhor – respondeu, me abraçando.

Procurei um vestido e uma sandália de salto alto e alguns minutos depois já estava pronta para ir com Amália na casa da família dela.

– Hannah! – exclamou Lily, a me ver ali. – Que bom que você veio!

– Estava com saudades de você – falei.

– Eu também.

– Hannah! Mamãe! – Ângelo diz, se aproximando. – Bem vindas!

Sorri para ele. Impossível olhar para ele e não lembrar-se de meu pai.

– Fiquei surpresa com o convite, afinal na maioria das vezes são vocês que vão até minha casa – disse Amália.

– É que hoje temos uma convidada especial, mamãe – sussurrou ele.

– Ela está vindo – falou Alice.

Ao olhar para o alto da escada vejo uma garota de cabelo escuro e com no máximo 1,50 de altura acompanhada por Gabriel. Ambos estavam rindo enquanto conversavam e só depois de 10 segundos se deram conta que não estavam mais sozinhos.

– Hannah! – Gabriel veio me abraçar e durante o abraço sinto como se a garota tivesse ficado incomodada. – Quanto tempo hein?

– Pois é, você não apareceu mais lá em casa.

– Infelizmente não deu tempo – justificou. – Quero que você conheça alguém – ele me puxou para mais perto da garota. – Hannah essa é a Kate, Kate essa é a Hannah.

Sorri para ela e nos cumprimentamos.

– Prazer – falemos juntas.

– Vamos comer? – sugeriu Lily. – Estou com fome.

– Grande novidade isso, né? – debochou Gabriel.

Logo no início daquele almoço, Gabriel começou uma intensa conversa sobre Kate. Fiquei sabendo que ambos estudaram juntos quando eram crianças e que agora ela está morando em outra cidade. Kate decidiu vir pra cá para visitar a cidade e reencontrar os velhos amigos, principalmente Gabriel.

– Você está tão linda – falou Amália. – Lembro-me de quando era bem pequena e ia com o Gabriel lá em casa.

– Pequena ainda sou, dona Amália – responde ela, rindo.

– Uma nanica – diz Gabriel e ela mostrou a língua para ele.

– Por que está tão quieta Hannah? – questiona Lily, fazendo a atenção voltar-se para mim.

– Não quero atrapalhar as histórias da Kate e do Gabriel.

– Desculpa, só nós que estamos falando na mesa – disse Kate.

Depois disso, já não prestei mais tanta atenção no assunto que tratavam em volta da mesa. Não sei por que, mas comecei a sentir algo estranho. Uma vontade de não querer que essa Kate estivesse aqui ou então, eu não estivesse. Me senti tão mal por estar aqui, que preferiria estar com Thomas conversando coisas da igreja.

– Hannah! Hannah! – Lily me chamava. – Volte pra Terra, por favor.

– Que foi? – pergunto, olhando para ela.

– A Kate te fez uma pergunta.

– Ah, o que? Desculpa, eu não prestei atenção.

– Imagina, deve estar pensando em algo importante e eu te atrapalhei.

– Precisamos marcar um cinema – diz Gabriel, mudando de assunto. – Adoraria ver um filme com minha melhor amiga – e abraçou Kate.

Encarei eles. Por que eu fiquei incomodada ao ouvir Gabriel a chamar de melhor amiga? Será porque eu gostaria que ele estivesse falando de mim?

– Lily – falei. – Vamos lá pra cima e vamos deixar os melhores amigos conversarem sozinhos?

– Estava pensando nisso agora – disse ela e seguimos para o seu quarto.

Quando finalmente cheguei lá, deitei na cama dela.

– Você conhece a Kate a muito tempo? – perguntei.

– Não, a conheci ontem – Lily dá de ombros. – Ela parece ser legal.

– Hum.

– Você está estranha.

– Você acha? Por quê?

– Acho que você não gostou da Kate.

– Ah, ela é legal – dei de ombros.

– Por acaso você não está com ciúmes?

– Ciúmes de que?

– Da Kate está com o meu irmão.

– Eles estão namorando?

– Não, mas bem eles não se desgrudam e você...

– Não viaja, ruivinha.

– Tem certeza? – questiona.

Fechei os olhos.

Gabriel pega na minha mão e sorri para mim.

– Saiba que vou estar aqui para o que for preciso. Me considere como um amigo. Tanto eu quanto Lily, queremos te ajudar a se adaptar a essa sua nova vida.

~~

– Acho que a louça é sua – disse ele.

– Não gosto de pensar nisso – respondo.

Ele riu.

– Você vai conseguir.

– Sem quebrar nada?

– É só colocar detergente na esponja, ensaboar a louça, enxaguar e depois coloca-la no escorredor. É como dar banho nas louças sujas.

Gargalhei.

– Vou lembrar disso, pode deixar.

– Seria loucura se... – não consigo terminar a frase.

– É o que estou pensando? – questiona Lily. – Você está apai...

– Não, não, não sei.

– Como não?

Respirei fundo e sentei na cama e Lily sentou na minha frente.

– Você é minha melhor amiga, então acho que devo me abrir com você.

– Concordo plenamente.

– Okay. Sabe eu gosto muito de estar com o Thomas e...

– Você gosta do Thomas? – ela quase grita.

– Cala a boca e me escuta!

– Desculpa.

– Então, eu me sinto bem com o Thomas e sei que ele gosta de mim mais do que uma amiga, pois dá pra ver de longe isso. Mas hoje quando vi teu irmão com aquela garota eu senti... Algo estranho como... – acabo deixando uma lágrima cair. – Sim, estou apaixonada por ele. Acabei de me tocar que isso que sinto por ele, é além de amizade.

Lily dá um gritinho e me abraça.

– Estou tão feliz em saber disso.

– Você está feliz, mas eu não posso dizer o mesmo.

– Por quê?

– Não quero sofrer como antes e além do mais ele me vê como uma amiga e hoje quase nem falou comigo, pois preferiu dar atenção a Kate.

Lily sorriu.

– Não sei quais são os verdadeiros sentimentos de meu irmão pela Kate, mas saiba que você terá sempre uma amiga que te ajudará em tudo que for preciso para conquistar o Gabi – ela piscou e me abraçou.

– Juro que não queria que fosse assim. Era pra mim nunca mais se apaixonar, mas não mando nos meus sentimentos. Infelizmente.