Prisoner escrita por bitterends


Capítulo 26
Nunca Ficaremos Juntos


Notas iniciais do capítulo

Spoiler no título?



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Lorenzo ligava insistentemente para a amante, na esperança de ser atendido. Já era a vigésima chamada quando ouviu a voz, bastante sonolenta, da moça do outro lado da linha.
—Alô! Tudo bem, Lollo? - Disse Alice em meio aos bocejos.
—Agora sim… O que aconteceu? - Falou sorrindo, prevendo a resposta.
—Estava dormindo por um milênio… Ainda é 2009? - Sorriu.
—Oh, sim. Estava pensando… poderíamos nos ver.
—Sim, acho que precisamos nos ver, temos que conversar.
Já haviam se passado dois dias desde que passaram a noite juntos e que Alice havia tido certeza de sua gravidez.
Quase duas horas depois ela estava no mesmo hotel que estiveram juntos noites atrás.
Lorenzo a apertou contra si e beijou-lhe os lábios apaixonado, seu carinho foi retribuído por ela.
—Já não consigo mais aguentar ficar longe de você, miele.
—É justamente esse o ponto, Lollo. Está ficando difícil, eu não quero ficar longe de você… é que… - Fez pausa sem retomar por quase dois minutos até ouvir em tom desesperado para continuar a falar. - Lollo, eu… Estou grávida. E o bebê não é seu. - Mentiu Alice, ou disse uma verdade que queria acreditar.
O rapaz desmoronou ali, como se uma bala de canhão o tivesse acertado.
Algo lhe dizia que havia alguma chance de ser seu filho com Alice, mas ela parecia convicta demais ao negar.
—Nós nunca ficaremos juntos então, não é mesmo, Alice?
—Não… não sei…
—Como você pôde dormir com esse homem? Como você pôde engravidar dele?
—Lollo, eu sou casada com Khalil há três anos. Ele é meu marido e eu, naturalmente, faço sexo com ele.
—É verdade… sou eu quem sobra.
—Não, você não sobra. O espaço que você ocupa em mim é insubstituível.
—Você fala demais. E eu me iludo demais com você. Eu sempre tenho fé na gente. E olha só aonde sempre venho parar… em pedaços, recebendo suas migalhas.
—Não diga uma coisa dessas! Te amo tanto.
—Então prove.

O homem saiu em disparada para longe, deixando-a sozinha.
Alice em prantos sentou-se na cama e o choro a fez dormir. Ou seria a sonolência da gravidez?

                                             ***
     Khalil andava de um lado para outro na sala de estar, com um copo cheio de uísque, durante algumas horas. Ninguém sabia de Alice.
Assim que pressentiu que estava sendo enganado, decidiu que retornaria sem avisá-la e seus pensamentos estavam sendo confirmados por ela mesma.
    Já se aproximavam das 20h da noite quando ela entrou em casa e deparou-se com ele sentado, taciturno, no sofá.
—Onde você estava o dia inteiro? - Gritou ao vê-la aproximar-se.
—O quê? Fui ao hospital. - Mentiu ela. - Eu não tenho me sentido muito bem.
—Por que não avisou? Por que não pediu que a levassem?
—Porque estou cansada de ser tratada como criança.
   Khalil aproximou-se falando coisas muito rápido, mas ela não ouvia. Os sentidos foram se desligando e o “apagão” rompeu num desmaio.
Ao despertar, Alice encontrava-se deitada na cama do casal, tendo seus cabelos negros acariciados delicadamente pelo marido.

Sentia-se esgotada e frágil fisicamente, sabendo muito bem a causa e não poderia demorar a dizer, estava bastante decidida na realidade.
— O que vem sentindo, meu amor? Me perdoe por estar fora e não perceber…
— Eu não tenho certeza, não quero arriscar palpites.
— Você vem passando por muitas coisas, pode ser estresse.
— Sim, acho que sim, Khalil.
O estresse era o feto se desenvolvendo nela havia várias semanas.

Passaram a madrugada conversando sobre coisas diversas, desde a viagem de Khalil até sobre o comprimento dos cabelos de Alice, que em quase três meses após o corte, já cobria parcialmente sua nuca. Estava tão leve e agradável aquele ambiente, que ela via como se estivesse junto de Lorenzo.
      Foi tomada nos braços de Khalil, que gentilmente a amou, misto de preocupação com ela e desejo. Ele podia sentir que havia algo diferente, quase errado com a esposa, mas ignorou sua intuição naquele momento, pois sentia-se merecedor daquela estranha paz após muito e muito tempo.
      Ela parecia realmente estar a apreciar o homem a seu lado. Ele agradecia internamente aquele desmaio oportuno, que proporcionou aqueles momentos a seguir.

Quando uma onda de otimismo estava prestes a atingi-lo em cheio - e provavelmente afogá -lo, Alice gemeu e suspirou.
Em meio ao suspiro, ele pôde ouvir claramente a mulher dizer “Lollo”.
Ela teve um orgasmo logo na sequência, enquanto Khalil foi devastado em sua única tentativa de entregar-se completamente, enquanto tentava confiar em alguém novamente.
Foi varrida dele a esperança de ter um casamento feliz com a esposa e também ficou claro que ele simplesmente era o que era e já estava velho demais para mudar.

Levantou-se da cama silencioso, ficou algumas horas lendo um livro, até o sol brilhar e anunciar o novo dia. Dormiu sentado, pego de surpresa por um sono que o arrebatou.

Acordou pouco depois das 10h da manhã, sua aparência denunciava a noite mal dormida. Virou a confortável cadeira do escritório para a janela, observando o mar tranquilo através dela.
Sentiu um cheiro inebriante de café e ouviu a voz da esposa chamando-o.
Respirou fundo para virar e olhar para ela. Cada passo mais próxima, sustentando um sorriso odiosamente encantador. Mas era tarde, ela estava completamente odiosa aos olhos dele.
Alice estava usando um dos vestidos que o homem havia lhe presenteado, da cor dos olhos dela. Entregou a ele a xícara de café, o beijou nos lábios e sentou-se na escrivaninha, sorrindo como se o mundo estivesse pleno e perfeito ao redor dos dois.
        Khalil estava disfarçando todo seu rancor após ouvir, na cama, a mulher chamar por outro, guardando seus reais sentimentos.

— Tenho uma notícia para dar a você. - Disse ela.
— Tão cedo? - Khalil retribuiu ao sorriso.
— Sim, eu não consigo esperar mais.
Ele a observava, sorvendo o café.
— Eu queria muito isto, desde o início de nosso casamento… - Alice torceu os dedos das mãos até estalarem. Ela não podia ver que o marido estava tendo palpitações nervosas temendo a notícia. - Meu amor, estou grávida!
— Você… está…? Grávida? - Falou Khalil, pausadamente, em tom quase inaudível, visivelmente em estado de choque.
— Sim, meu amor. Estou grávida! Seremos pais.

Ele ficou estático, olhando para a esposa. Sua pele dourada passou para um tom vermelho, como brasa, perdeu o controle de tudo.
Alice sentiu em seu rosto um peso e se viu no chão, encostada no canto da parede. Sentiu na boca um gosto metálico e cuspiu sangue no carpete bege. Outro soco a deixou mais tonta.
Ao longe, ouvia Khalil xingá-la e não entendia o porquê dele estar fazendo aquilo.
Então seu corpo foi erguido por ele, em seus olhos podia jurar que via o demônio.
— Por quê? - Ela balbuciou.
— Eu sou vasectomizado há dez anos, Alice.


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Notas finais do capítulo

E então? Agradeço por ler.



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