Prisoner escrita por bitterends


Capítulo 27
Lua Má


Notas iniciais do capítulo

I wait till midnight
I can feel a cold breeze
A box of moonlight
A silhouette of palm trees
With one foot in the grave
Beware of what I crave

(Bad Moon - Hollywood Undead)

A música inspiração para este capítulo sombrio. Espero que a demora compense a quem ainda estiver acompanhando.
Beijos, boa leitura.



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Os gritos de Alice ecoavam pela casa e ninguém apareceu para ajudar.

O marido a arrastou pelos cabelos até a suíte do casal e a jogou sobre a cama com violência.

— Por que você me obriga a ser tão atroz, mulher? Eu decidi que não machucaria mais alguém há muito tempo e jurei não te machucar outra vez… 

— Não me culpe pela sua péssima natureza. Você me transformou nisso e agora não consegue lidar com o que criou? - Sorriu a mulher, com sangue escorrendo pela face. — Você não consegue me dar filhos, não consegue me dar sua palavra, só te sobram surras e violência para me oferecer. Enquanto amei você, não faz tanto tempo, eu tentei desvendar suas feições, sua mente, sua vida… Te fiz o meu melhor e você acabou comigo. Eu deixei de existir quando morri naquela banheira e você me trouxe de volta. Você deveria ter me deixado morrer quando teve a chance.

— E então você decidiu se vingar? Te digo uma coisa: me observe e aprenda como se faz.

 

Khalil saiu do quarto, trancou a porta atrás de si e ordenou a Samir que não saísse dali em momento algum antes dele voltar e ao guarda costas que vigiasse a janela. Alice não deveria sair de casa.

Dirigiu por quase duas horas até Atrani, entrando no restaurante de Lollo.

 

Avistou o rapaz de longe, pediu um dos pratos do cardápio e uma taça de vinho.

Apreciou a refeição e chamou uma garçonete.

— Querida, por gentileza. Avise ao chefe, Lorenzo, que sinto gosto de queimado. 

 

Pagou a conta e retirou-se dali.

 

Durante a noite, milhares de hectares da fazenda Bertoncello viraram cinzas. Toda a uva foi perdida, os galpões que abrigavam os últimos vinhos que Luigi Bertoncello produziu estavam em chamas, estrutura abaixo. A única coisa que ficou em pé foi a casa que as primas e Lorenzo viviam.

 

No dia seguinte, havia contratado mais quatro seguranças para vigiarem a suíte do casal. Contratou um arquiteto e lhe pediu para tornar o porão da mansão um lugar aconchegante, agradável e completamente habitável em pouco tempo. Alegou que estava esperando um filho e queria um cômodo onde a criança pudesse brincar em segurança e com muito conforto.

O porão não tinha janelas, não tinha lareira, não apresentava rota de fuga. 

 

Ao final do dia, Khalil entrou com uma bandeja cheia de alimentos e um exemplar do jornal da manhã. 

— Minha amada… Viu as notícias? - Estendeu o jornal para ela e a fez ler. A notícia a fez chorar mais do que as agressões que ela havia sofrido no dia anterior e Khalil teve certeza de que Lorenzo sempre seria o ponto fraco da moça. — Você precisa comer agora. Não pode deixar o bebê morrer de fome. Nosso filho terá que ser forte.

— Oh, não é nosso! O filho é meu e de Lollo.

— Tem certeza? Acho que não fui muito claro com você. A notícia que leu não foi suficiente? Como você está grávida e eu não quero prejudicar o bebê, vou descontar em seu amado Lorenzo tudo o que você fizer de ruim para mim. E falo muito muito sério, Alice.

 

Horas antes, Samir conversou com o pupilo a respeito do bebê esperado por sua esposa, induzindo-o a aceitá-lo como seu.

—  Será bom para você, para seus negócios. Você precisa de um sucessor com seu sobrenome. Vamos, sei que você não faria mal a uma criança.

—  Samir, como vou amar este bebê? Eu fiz a vasectomia porque nunca desejei ser pai.

—  Não é sobre amor, é sobre sucessão. Para onde vai tudo o que você construiu quando  você morrer? Quem vai levar o seu nome e seu legado para frente? Quando você realizou a operação, creio que não pensou em coisa alguma… O que será de seus institutos e as pessoas a quem ajudou? 

—  Não posso perdoar o que Alice fez.

—  E não precisa, só não alimente raiva por uma criança que não tem culpa do que houve. Crie e ensine-a a ser boa, a fazer negócios como você…

—  E se minha esposa contar a alguém? Contar ao verdadeiro pai?

—  Infelizmente meu querido menino, há coisas que só conseguimos através do medo e da violência. Essa é a sua história de vida.

Pensativo, guardou o conselho e o usou. 

Iniciou o projeto de reforma do porão, mas não tinha intenção de transformá-lo em um ambiente para a criança brincar, mas sim para aprisionar a traidora que chamava de esposa.

 

Quilômetros de distância, estava Lorenzo, inconsolável.

Sua terra não daria mais frutos, ele tinha perdido seus ingredientes, seus vinhos, azeites, queijos e a vontade de viver também virou cinzas. O aroma bom que a propriedade possuía naquele dia amanheceu com cheiro de queimado e azedo.

Lolita e Millene nada diziam, estavam arrasadas e limitaram-se a chorar com o rapaz.

Quando a prima abraçou Lorenzo, afirmando que encontrariam o culpado, o rapaz sussurrou sem forças que ela sabia exatamente quem era e que o culpado não pararia por ali.

 

Três dias após o incêndio da propriedade Bertoncello, o restaurante do rapaz foi completamente destruído, durante a noite.

Nenhuma testemunha.

Junto com a propriedade e com o restaurante, destruíram e reduziram às cinzas quem foi um dia Lorenzo Prado Bertoncello.

Em poucas semanas após as tragédias, o rapaz desapareceu sem deixar qualquer rastro de existência.


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