Meu pai uma vez me disse que antes da derrota de Gaia os sonhos dos meios-sangues eram sempre ruins. Ele disse que depois de vencerem a guerra os sonhos vieram a ser normais, mas aquele que tive foi o contrário do normal.

Eu estava em um lugar totalmente escuro, pois eu não enxergava nada. Vozes sussurravam em uma língua que eu não conhecia, imaginei que estivesse no pico do Everest, pois eu sentia muito frio. De repente a escuridão da sala foi interrompida por dois círculos na parede, o que quer que fosse estava com uma luminosidade vermelho sangue. Eu olhei mais atentamente aos círculos até perceber o que eles realmente eram. Dois olhos vermelhos e penetrantes, aquilo me deixou com muito medo.

Estava começando a pensar que eu ficaria ao lado daqueles olhos para sempre, até que na frente deles surgiu uma figura horrível. A pele de seu rosto parecia ter sido feita por uma massa cinza e velha. Mas no seu rosto o pior não era a pele, mas sim o fato de ele não ter olhos, apenas dois buracos preenchendo a face. Ele não tinha um fio de cabelo. A cima de sua cabeça, havia uma espécie de chapéu com dois chifres pretos de um metro de tamanho. Ele estava envolto por um manto roxo brilhante. Mas mesmo com o manto eu ainda podia ver seu corpo ossudo e cinza. Ele estava com uma expressão maligna estampada em sua face.

– Uma profecia foi feita pai. –Disse a figura horrenda olhando (se é que ele pode fazer isso) para os olhos na parede. Sua voz era fria e maligna –Como o senhor previu, a qualquer momento podem descobrir nosso plano.

–Não se preocupe minha cria –Disse uma voz forte e estrondosa em minha cabeça –Precisamos que eles descubram, só assim podemos concluir o que iremos fazer.

–Eu sei pai. –Disse o filho –Mas não quero que acabemos como Gaia e Cronos.

–Gaia e Cronos não são nada comparados a minha grandiosidade. Não vou ter medo de meros meios-sangues.

–Tem razão pai. Gaia e Cronos cometeram seus erros, mas agora chegou a nossa vez, e não vamos falhar.

–É bom que você não falhe, depositei minha confiança em você meu filho. Não me decepcione.

–Pode ter certeza que não pai. O mundo vai perecer enquanto levantamos nossa glória. Nada e nem ninguém vai poder nos deter.

–Pode ter certeza disso. Agora vá, você já tem conhecimento de sua missão.

–Eu sei, e... –Ele parou de falar e sua expressão se tornou mais sombria –Tem alguém nos observando.

Eu me senti caindo de um penhasco. Ele descobriu que eu estava ali. Ele olhou em volta e encontrou meus olhos. Abriu um sorriso maléfico e em sua mão direita apareceu uma espécie de chicote com uma caveira na parte do punho.

–É bem corajoso de aparecer aqui, meio-sangue. –A criatura horrenda balançou sua arma e a atirou contra mim.

Eu acordei gritando. Nunca tive um sonho como aquele, (se é que foi um sonho). Eu estava em na enfermaria do acampamento meio-sangue. Haviam mais três macas ocupadas, e meus amigos estavam deitados nelas.

Eu me levantei e fui para a porta da enfermagem. Quando sai, pude ver meus pais e os dos meus amigos, Rachel e Quiron conversando com um homem loiro vestido em estilo Grego, ele era o deus Apolo. Meu pai parecia furioso e minha mãe prestes a chorar. Cheguei perto o suficiente para ouvir a conversa.

–Você não pode ter certeza que eles são os escolhidos da profecia. –Dizia meu pai.

–Eles foram os únicos mortais a ouvir tudo. É claro que eles são os escolhidos.

–Não podem... eles não podem ir, não posso aceitar que eles tenham o mesmo destino que nós tivemos. –Disse minha mãe com lágrimas nos olhos.

–Não á outro jeito Annabeth, e tenho quase certeza que essa vai ser a última grande profecia. E creio que ela não poderá acabar tão bem como as outras. O inimigo que se levanta tem uma força muito antiga. –Disse Apolo

Minha mãe enxugou os olhos.

–E você sabe quem é esse inimigo? –Perguntou ela.

–Ainda não, mas creio que logo ele vai se revelar.

–Não posso acreditar nisso. Logo agora que tudo estava bem. –Disse tia Piper chorando no ombro do tio Jason.

–Eu sei como vocês se sentem –Disse Apolo –Mas profecias não podem ser simplesmente impedidas de acontecer. É o destino de seus filhos, eles são os escolhidos.

Tia Rachel suspirou.

Minha mãe continuou a chorar no ombro de meu pai. Depois do que ouvi, já podia saber o que estava acontecendo. Não pude mais me segurar e fui até eles.

–Aquilo que eu e meus amigos ouvimos foi uma profecia não foi? –Perguntei entrando na conversa.

Todos ficaram calados. Mas eu não podia deixar passar, se aquela profecia era sobre eu e meus amigos, eu tinha o direito de saber.

–Então? –Perguntei

Meu pai olhou para Apolo que assentiu com a cabeça.

–Sim meu filho –Disse Ele –Foi uma profecia.

–E eu e meus amigos temos alguma coisa a ver com ela?

Meu pai suspirou.

–Tudo aponta que sim - Disse ele com a cabeça baixa.

Eu fiquei sem palavras. Uma profecia não era feita há muitos anos pelo o que me contaram.

–E o que vai acontecer agora? –Perguntei

– O máximo que podemos fazer é esperar –Disse Apolo- Devemos antes saber do que ela se trata.

Minha mãe enxugou lágrimas do rosto.

–E como era a profecia? –Disse ela

–Os filhos da Profecia serão convocados. -Comecei – Destruição e sua cria finalmente despertados. O descendente dos céus deve sair de sua prisão. Para colocar o mundo novamente em ilusão. A Noite e os dose devem juntos trabalhar. Para a vida e tudo existente preservar.

–Ela é meio confusa. –Eu disse

–Profecias são sempre confusas, mas também sempre se esclarecem no final. –Disse Apolo. – O importante agora é que você acorde seus amigos.

–Para que? –Perguntei

Apolo suspirou.

–Vocês terão uma audiência com os deuses.