A Ribalta, a qual João se referiu, era uma escola de artes que ficava no mesmo prédio da "Academia do Gael". Coincidentemente, outra academia de Muay Thai da cidade. Bianca, uma das aluna de artes, era a filha de 18 anos de Gael.

Uma menina doce, criativa e com o sonho de se tornar atriz. Ela namorava um dos lutadores da academia do seu pai, um tal de Duca. Era a única experiencia de relacionamento que ela havia tido em toda sua vida. Apesar de ter perdido a mãe muito cedo, Bianca era extremamente forte e dedicada, sempre cuidou de seu pai, bom, isso até Dandara, sua professora de Música, aparecer na vida do Mestre.

***

Um rapaz com cabelos meio compridos, calças um pouco rasgadas, apareceu na casa de Bianca pela manhã:

— Bom dia mestre! — Ele demonstrava respeito por Gael, e até certo medo. — Bom dia Bi!

— Filhaa! O menestrel de capiroto tá aqui! — O mestre avisou a filha, e provocou o vizinho.

— Ah, oi Pê, já to indo tá? deixa só eu pegar minha bolsa... — Gritou Bianca, de seu quarto. Os adolescentes se despediram de Gael e saíram.

Pedro era o melhor amigo de Bianca, se conheciam desde a infância, e sabiam quase tudo um do outro. Pedro também frequentava a Ribalta, mas seu foco, diferente do dela, era ser um Rock Star.

— Garanto que demorou por que tava mandando sms pro Duca né? — Pedro provocou a amiga.

— Tava mesmo, e daí? você sabe que eu gosto dele! — A moça respondeu, emburrada.

— Só porque você gosta dele não precisa fazer tudo que ele quer a hora que ele quer! —Continuou ele.

— Você fala isso porque nunca gostou de verdade de alguém! Quando isso acontecer você chama minha atenção, tá bom? — Disse Bianca, levemente irritada.

— Tá, também não precisa ficar estressadinha desse jeito! — Ele riu, e Bianca deu um tapa de leve em seu ombro, sorrindo em seguida. A tensão se aliviou por ali.

Enquanto os dois caminhavam conversando, um rapaz meio confuso acabou trombando com Pedro:

— Que isso, cara, não olha por onde anda não? — Disse Pedro, surpreso.

— Desculpa moça... O rapaz respondeu, sendo logo interrompido:

— Moça nada, cara, eu sou homem rapá! — Pedro começou a ficar irritado, já Bianca, apenas ria da situação.

— Eu não vi direito, desculpa cara. — O estranho se explicou. — Eu to procurando esse hotel aqui... — O rapaz mostrou um papel com o endereço para os novos conhecidos.

— Ah, é logo ali ao lado, duas casas daqui. — informou a moça, apontando para uma construção. Tinha um enorme sorriso em seu rosto.

— Ah, valeu mesmo, e foi mal aí pelo incidente cara — Ele deu um tapinha no ombro do cabeludo. Ia se retirando quando Bianca o perguntou:

— Espera! como é seu nome mesmo?

— João! E vocês são?

— Bianca, e esse é o Pedro. — Apresentou-se, e o amigo também.

— Obrigada Bianca, quebrou mesmo meu galho. Então a gente se vê por aí. Tchau. — O menino de olhos verdes se dispersou dos novos vizinhos rapidamente. O guitarrista mal esperou o menino sair para exclamar:

— Que cara maluco!

— E olha que pra ser mais doido que você é difícil hein? — Bianca disse, em tom de deboche com amigo. Ele fez uma falsa careta e os dois riram. Continuaram seu caminho até a Ribalta.