Na manhã seguinte, João acordou assustado com batidas na porta do seu quarto. Esfregou os olhos, e levantou para atender a porta, caminhando lentamente, ainda sonolento. Assim que abriu deu de cara com uma Bianca animada.

— Já que você não me deixou dormir ontem, nada mais justo do que eu interromper seu sono de domingo, não acha? — Ela sorriu pra ele, que ainda a encarava confuso. — Mas sério... Já que você reconheceu seu erro, eu me dei conta que tu tá assim por conta da Ká, e quis te ajudar...

— Tá, mas como você me acordando cedo no domingo pode ajudar? — Ele interrompeu.

— Ai seu bobo. Eu só te acordei por que não dava pra sair com você dormindo né! Agora vai tomar um banho que eu te espero aqui. A menina o empurrou em direção ao banheiro.

Alguns minutos depois João estava pronto. Bianca pegou no braço dele e o arrastou para fora. Os dois caminhavam sob um céu ensolarado. João já estava ficando cansado.

— Boa, além de me acordar cedo ainda me faz caminhar de uma cidade até a outra. Você sabe mesmo como animar as pessoas... — Ele debochou, e levou um pescotapa em seguida.

— Cala a boca! Se você não se comportar eu aborto a missão e te deixo aqui mesmo, pra voltar todo o percurso a pé, e sozinho.

— Calei! Tá ótimo assim, tá ótimo... — Ele revirou os olhos e continuou andando. A atriz deu uma leve risada.

— Bom, acho que chegamos...

João deu uma boa olhada no local, não pode deixar de se encantar. Bianca o levara á um parque, que estava frequentado por muitas outras pessoas, o que incomodou um pouco João. Antes que ele pudesse reclamar do movimento, Bianca o levou por um pequeno caminho, onde achou uma árvore meio afastada.

— Era só o que me faltava... Ser esquartejado por você no meio da mata!

— Para. Eu te trouxe aqui por que é onde eu gosto de ficar sozinha... E aqui nem é tão longe pra eu poder te assassinar. Não sou amadora do jeito que você pensa. — Ela retribuiu a ironia e os dois riram, se sentando aos pés da arvore em seguida.

— Minha mãe me trazia aqui quando eu era pequena. Depois que ela morreu, eu costumo vir sempre que to triste, me dá a sensação de estar mais perto dela. Aqui, toda tristeza some... — Ela lhe contava, enquanto João acariciava seu ombro. Os dois admiraram o lago em silêncio, por alguns instantes.

— Você tinha razão, aqui dá pra esquecer do mundo, e pensar só no presente. Eu aqui, nessa paisagem linda... E com você... — Ele tirou uma mecha de cabelo do rosto de Bianca, e os rostos foram se aproximando aos poucos, os lábios logo se encontraram. Aquele beijo não era tão quente como os que já haviam trocado. Tinha mais sentimento, ternura. Os dois sentiram que poderiam estar se gostando mais do que deviam. Mas aquele não era o momento para pensar nisso.

Bianca estendeu uma toalha de piquenique que havia levado em sua bolsa, e os dois comeram algo que ela tinha levado também. Em seguida, os dois deitaram ali, abraçados, observando o azul do céu. Sentiam a respiração e as batidas cardíacas um do outro. João admitia para si mesmo que a moça realmente sabia com faze-lo se sentir nas nuvens. Bianca cogitava que estar ali com ele era tão bom quanto estar sozinha, se não melhor. Bianca pegou uma polaroid em sua bolsa (que parecia ter muito mais espaço do que João pensava) e tirou algumas fotos espontâneas do nerd, que pareceu gostar da brincadeira e resolveu fazer o mesmo. Os sorrisos daquele dia foram eternizados nas fotos, e nas memórias dos dois.