A mão de João deslizou pelas costas de Bianca, parando na nuca dela. O ritmo do beijo foi desacelerando aos poucos. eles se afastaram, sorrindo um para o outro. Nariz com nariz. Ela fechou os olhos por alguns segundos e se afastou um pouco mais.

— Tá tudo errado! eu... — Lhe faltaram as palavras.

— Dessa vez foi você que me beijou. Não adianta me culpar. — Ele alertou, e ambos riram.

— É isso que tá errado. Foi muito bom... — Ela encarou-o. Os sorrisos agora estavam maiores que nunca.
Ele pegou na nuca dela, entrelaçando os dedos em seus cabelos, a puxando para mais um beijo. Dessa vez, ele se levantou. Aos poucos foi apoiando as mãos nos quadris da moça.

Em seguida Eles ficaram se admirando, ali, um de frente para o outro. Ele levou as mãos até os cabelos dela, ao lado das orelhas. acariciando-a.

— Tá tudo bem? — Ele perguntou, se referindo ao problema da garota com Duca.

— Eu to... confusa. Eu fiquei muito chateada, magoada com o que ele fez. Dói só de lembrar. Mas quando eu to com você é... é muito bom. Eu não sei explicar.

— Não precisa, acho que eu entendo. Parece que os problemas desaparecem né? — A moça se viu mais uma vez perdida na intensidade daquelas pupilas verdes. Ele a abraçou, enterrando sua cabeça no cangote dela.

— E agora, como a gente fica? — Ele perguntou.

— A gente...fica! — Ela tocou a ponta do nariz dele com o dedo, sorrindo.

Já era tarde, Bianca teria que ir embora antes que Gael se preocupasse. João colocou os braços ao redor da cintura dela e eles caminharam assim até a porta. A moça deu um selinho nele e foi embora.

João deitou na cama e ficou refletindo sobre o dia maluco que vivera. Aliás, tudo acontecia de uma forma maravilhosamente louca quando estava com Bianca. Ele definitivamente gostava daquilo.

Karina chegou do treino tarde aquela noite, devido ao atraso de Gael perante a situação da briga. João tentou lhe dar um sermão:

— Bonito né dona Karina? Isso são horas?

— Nem vem bancar o preocupado, que o treino atrasou por causa do seu showzinho lá na academia. Eu que fiquei preocupada esse tempo todo. Cê tá bem? — Ela colocou as mãos no rosto dele para averiguar.

— Tô sim. Olha você toda cuidadosa, quem diria? — Ele disse rindo, e a irmã foi tirando as mãos de seu rosto, forçando uma expressão de raiva.

— E você brigando com um lutador, quem diria? Aliás, eu não entendi o que deu em você. Será que ganho uma explicação?

João contou toda a história para Ká, que não demorou muito para perceber que Bianca mexia com o irmão. Depois da longa conversa eles foram dormir.

***

No dia seguinte, Bianca acordou mais animada. Era um sábado, e ela tinha combinado de ir á praça José Wilker com Pedro. Assim que chegaram lá, se assentaram em um banco e a Menina contou tudo sobre a briga ao melhor amigo, que ficou surpreso:

— Caraca. Não acredito que o Duca fez isso. Nem acredito que o João começou uma briga com ele. Você tem certeza que isso aconteceu mesmo, e não foi um sonho seu não?

— Não, idiota. E por que eu sonharia com o João? — Ela perguntou, com cara de boba, que a denunciava á quilômetros.

— Bi, tá na cara que tem alguma coisa entre você e o João. Se essa parada que você me contou foi verdade, só comprova mais ainda minha teoria.

— Claro que é verdade! — Ela lhe deu um pescotapa.

— Eu sei, to te zoando. — Eles riram.

Enquanto isso, No Hostel, João se aproximou do colchão de Karina, e agitou-a na cama.

— Acorda Ká! — Ele gritou.

— Sai daqui. Volta pra cama e me deixa dormir, ô nerd. — Ela empurrou o braço dele.

— Poxa Ká! O dia tá lindo. Tava pensando em te levar pra tomar um sorvete. Aquele lá de flocos que você gosta. — Karina sentou-se, ainda sonolenta.

— Escuta aqui, quem é você, e o que fez com o meu irmão, aquele que não gosta de sair... Ah, já sei. Tudo culpa da Bianquinha né... — Ela o cutucou.

— Talvez! Mas gosto de passar tempo com você, mesmo toda rabugenta desse jeito.

— Tá bom, vou aceitar. Mas só pelo sorvete tá bom? — Ela o empurrou e eles riram.

Karina lavou o rosto, colocou uma roupa qualquer e os dois foram até a sorveteria. Em seguida decidiram sentar-se na praça. Acabaram encontrando Pedro e Bianca.

— Bom dia, flores do dia! — Pedro disse aos dois.

— A única florzinha que eu to vendo aqui é você! — Karina respondeu.

— Ah. A esquentadinha fica ainda mais esquentadinha de manhã! — Todos riram, exceto Ka. Os olhares de João e Bianca se encontraram em meio aos sorrisos.

— João, será que eu posso falar com você? — Bianca perguntou.

— Claro. A gente vai ali no balanço, pode ser? — João avisou Karina, que apesar de não querer ficar sozinha com Pedro, concordou, pensando no bem que a amiga fazia ao irmão.

Os dois sentaram-se, cada um em um balanço. Karina e Pedro observavam de longe, em um dos bancos.

— Tanta coisa aconteceu ontem que eu esqueci de agradecer por tudo que fez por mim ontem. Obrigada.

— Não precisa agradecer. Fiz por mim também. Há um tempo eu queria fazer aquilo com o lutador. Você só me ajudou a ter coragem. — Eles ficaram ali, se encarando. Bianca pegou na mão de João.

Lobão passou por ali de carro naquele momento. Estranhou o que viu. A imagem do esquisito com uma garota definitivamente o pegou de surpresa. Viu uma oportunidade de ter João e Karina em suas mãos, novamente.