Duca estacionou a moto em frente á um pub da cidade. Desceu, entrou no estabelecimento, logo sentando-se próximo ao balcão e pedindo uma bebida destilada. Ao lado dele sentou-se uma bela morena, bronzeada, que pediu o mesmo. Duca não deixou de reparar na moça, de ar melancólico, que logo o perguntou:

— Dor de amor é? — Um sorriso tímido e simpático ao mesmo tempo surgia em seu rosto.

— Dor de corno, só se for! — Duca retribui o sorriso, que não esboçava alegria nenhuma diante da situação.

— Então estamos no mesmo barco! — Ela levantou o copo, gesticulando para o desconhecido, bebendo em seguida o conteúdo. Duca tomou também e os dois pediram mais uma dose. Seguiram um pequeno diálogo, até a moça indagar:

— Eu me abrindo toda, e nem sei o nome do meu companheiro de bebedeira! — O fitou, esperando uma apresentação.

— Carlos Eduardo. — Dessa vez seu sorriso estava mais aberto — E você, companheira de "sofrência", como se chama?

— Natália. — Retribuiu com um sorriso mais empolgado. Continuaram bebendo e contando as lamúrias de suas vidas por um tempo. Até o momento em que Duca se aproximou aos poucos de Natália, olhando fixamente para seus lábios. A moça fazia o mesmo.

— Vamos esquecer tudo? — Carlos susurrou. A morena entendeu o recado e acenou que sim, vagarosamente, demonstrando todo seu desejo. Os dois deram um longo beijo, e quase incendiaram o local. Eles se levantaram, ainda se beijando. Natália interrompeu:

— Eu moro á uma quadra daqui! O que você acha da gente ir pra lá? — Sugeriu, com um sorriso malicioso. A malicia que agora também tomava conta dos pensamentos de Duca. O lutador não poderia rejeitar uma morena linda e esbelta como aquela. Além do mais, achava que Bianca já o traía com João, e isso poderia ser um passo para o ajudar a esquecer. Assim foram, cambaleando um pouco pelas ruas.

Depois da noite quente, Duca acordou, sem muita certeza de onde estava. Natália dormia. O atleta colocou a roupa, e saiu de fininho, sem ser notado. Pegou sua moto e rumou á Ribalta.

***

A noite tinha sido ótimo para Bianca, que por muito tempo não se lembrava de como era curtir entre amigos. Porém na manhã seguinte, o assunto do beijo entre ela e o nerd ainda martelava em sua cabeça. E ela sabia que continuaria ali por muito tempo, ou pelo menos até que ela tomasse uma atitude. E foi isso que ela resolveu fazer. Decidiu ser corajosa e explicar para o namorado o ocorrido. Se tinha uma coisa que Bianca odiava eram mentiras. Passou na academia do pai e encontrou Duca, os dois se aproximaram.

— Nossa, que cara péssima! — A moça não pôde deixar de observar.

— É que essa noite eu nem dormi direto... — Lembrou-se por um instante da noite passada, calando-se.

— É, eu também estive pensando na nossa briga. — Respondeu inconsciente sobre a noitada de Carlos. — E acho que a gente devia acertar tudo isso!

Duca ficou feliz com a possibilidade de se resolver com a atriz:

— Eu acho que a gente deve fazer as pazes sim, mas antes você podia me contar o motivo de você andar tão estranha e distante ultimamente, né?

Bianca sentia que não podia deixar uma relação de anos acabar assim, então explicou-lhe tudo:

— Tá bom! — engoliu á seco antes de contar-lhe — Eu e o João nos beijamos. Mas foi só um momento, por uma situação delicada. Eu nem correspondi... — Havia uma ponta de mentira nessa frase.

Duca bufou de raiva na hora, mas acabou se lembrando do que havia feito antes de estrar nesse diálogo. Se acalmou e resolveu aceitar a situação, antes que acabasse soltando informações sobre o "encontro" com Natália, e perder completamente a chance de reatar o namoro não era uma opção para ele.

— Eu sei que você não faria isso. — Disse com um sorriso amarelo. Sentiu um leve remorso por mentir. Não só desconfiara da moça, como já havia praticamente se vingado de algo que ela não fez.

Bianca o abraçou e eles selaram as pazes com um beijo. João, que estava indo para a Ribalta, observou a cena. Sentiu um aperto no peito. Seu corpo começou a ferver. Concluiu que fossem ciumes, mas não havia nada que ele pudesse fazer. Nunca havia sentido ciumes de alguém antes. Ás vezes de Karina, só que nem se comparava a isso. Pensou em passar direto sem ser percebido, mas logo foi surpreendido por Duca, que correu em sua direção, pegou na gola de sua blusa, e o ameaçou:

— Então quer dizer que você beijou a minha namorada? Assume cara, ou você vai se ver comigo! — bradou, ameaçando dar um soco.

— Beijei, e foi ótimo! — Falou destemido, e lançou um sorriso para Bianca, que observava perplexa a cena. — Mas fica tranquilo que ela nem correspondeu. Ela é doida por você. — Seu sorriso se fechou completamente agora. Por pouco os olhos não marejavam. Duca processou a informação durante alguns segundos, até Bianca pedir que ele soltasse o amigo. Assim o lutador fez, e João seguiu seu caminho, em passos apressados. Bianca se despediu do namorado e foi atrás de Johnny.